sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

APESAR DA QUEDA NAS DOAÇÕES, ONG "AMIGOS DO BAR" É REFERÊNCIA NA ASSISTÊNCIA SOCIAL.

Por Célia Ribeiro

 No Japão, do século XIII ao século XIX, os samurais eram conhecidos como “aqueles que serviam”, guerreiros leais de uma classe aristocrática. Na cidade de Marília do século XXI, um descendente de japoneses trava uma verdadeira luta para conseguir ajudar as famílias que mais precisam. Tadaumi Tachibana também serve ao liderar um grupo muito especial de voluntários na ONG “Amigos do Bar”, cujo trabalho se destacou desde o início da pandemia.


Parte dos voluntários do “Amigos do Bar”

Representante comercial, Tadau, como é mais conhecido, parece ter rodinhas nos pés. Ou é adepto de algum veículo de teletransporte tal sua capacidade de estar em quase todos os lugares. Incansável, vive em busca de apoio para arrecadar doações de alimentos a fraldas, passando por medicamentos e até equipamentos hospitalares que são emprestados, sem custo, aos doentes.

Conforme várias reportagens registraram desde março do ano passado, o trabalho da entidade, originada num grupo de amigos que se reunia para aperitivar, tem sido essencial ao proporcionar gêneros de primeira necessidade a centenas de famílias. Para se ter uma ideia, já foram entregues 1.500 cestas básicas formadas por doações da comunidade, de empresas e de anônimos que depositam valores sem se identificarem na conta da ONG.

Tadau na entrega de brinquedos

No entanto, nuvens negras estão sendo avistadas, segundo palavras do Tadau em entrevista à coluna por WhatsApp. Em viagem de descanso com a esposa Pilar, filhos e netos, ele se mostrou preocupado com o que vem pela frente diante da crise econômica que fez minguar as doações tanto de alimentos quanto de dinheiro.

Conforme disse, “todos os meses, a gente recebia doações, nem que fossem cinco litros de leite, alguns pacotes de macarrão. No fim de novembro, chegamos a ficar 10 dias sem receber absolutamente nada”. Além disso, os depósitos em dinheiro na conta da ONG também caíram pela metade o que agravou ainda mais a situação.

Tadau lembrou que “no começo da pandemia, a gente conseguia montar uma cesta com menos de 50 reais.  Hoje, pagamos de 95 a 100 reais pelos mesmos itens. Ou seja, um aumento de 100 por cento enquanto o salário continua o mesmo”. Para complicar, prosseguiu, ano que vem tem eleição e o empresariado costuma segurar investimentos diante das incertezas da política.

O presidente do “Amigos do Bar” disse que enquanto as doações começaram a cair a demanda aumentou na mesma proporção: “Meu número de telefone acabou ficando público e um passa o contato para o outro. Por isso, recebo diariamente pedidos de doações”. No entanto, frisou que se deparou com alguns aproveitadores e acabou “caindo em conversas” de quem disse que estava passando fome e na verdade era mentira. “A gente fica muito triste com essas coisas porque deixamos de ajudar uma família que precisava mais”, frisou.

Cestas básicas prontas para doação

INDICADORES

Tadau contou que no primeiro semestre a ONG fez uma campanha para arrecadar fraldas infantis e geriátricas tendo conseguido 25 mil fraldas. Já no segundo semestre, ao repetir a campanha o número caiu para 5 mil: “Como o Tauste nos doou 3.200 fraldas, significa que conseguimos apenas 1800 fraldas de doação”, lamentou.

Doação de roupas no inverno

Outro exemplo das dificuldades foi a arrecadação de brinquedos. No “Dia das Crianças” o grupo conseguiu 1.500 brinquedos entre novos e usados, enquanto na promoção do Natal o número caiu para menos de 500.

Tadau atribuiu esse cenário não apenas ao agravamento da crise econômica, mas também à situação mais controlada da pandemia, com a vacinação em massa. “No ano passado houve uma comoção geral, despertou um sentimento de solidariedade. O povo brasileiro é muito solidário e todo mundo se prontificou a ajudar. Na minha casa chegava cebola, tomate, gente ligando para depositar valores e tudo de pessoas esclarecidas. Conseguimos muita credibilidade. Apesar do grupo chamar ‘Amigos do Bar’ nosso maior patrimônio é a credibilidade”, acentuou.

 Alimentos do evento Jardins dos Ipês

Neste sentido destacou a ajuda de várias empresas como supermercados Tauste, Confiança, Kawakami, Hidráulica Santo Antônio, entidades como OAB, Unimed, Projeto Semear, O Circo, Juventude Criativa, Assistência Social Bezerra de Menezes, Casa do Médico, entre outros que muito contribuíram nas campanhas do grupo.

Ele citou uma promoção da Academia Fitness Esmeralda que arrecadou alimentos suficientes para montar dezenas de cestas básicas. O mesmo ocorreu com a corrida de Mountain bike Jardim dos Ipês, promovida pela empresa LEI Incorporadora, cujo valor da inscrição foi revertido em alimentos que o “Amigos do Bar” doou a famílias necessitadas.

NATAL

Com muitos planos para 2022, incluindo um grande projeto social, que será objeto de reportagem futura, Tadau revelou que suas últimas ações foram o fechamento mais emocionante do ano: com a esposa Pilar e voluntários vestidos de Papai Noel e personagens infantis ele acompanhou a entrega de brinquedos para crianças internadas no Hospital Materno Infantil.

Fraldas da campanha

Essa é uma ação do “Amigos do Bar” desde 2016 e que, realmente, mexe com o coração do  voluntário: “Só de ver os olhinhos brilhando quando a criança recebe o presente, não tem preço. É muito emocionante. Dá uma paz e uma alegria interior inacreditáveis que não tem como explicar”.

A ONG está sediada na Rua Rio Grande do Sul, 234. Para saber mais, acesse: www.amigosdobar.org.br Para contribuir com doações em dinheiro, o PIX é: CNPJ 37613040000119

 Leia outras reportagens do "Amigos do Bar" acessando AQUI e AQUI

* Reportagem publicada na edição de 24/12/2021 doJornal da Manhã

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