Entre um drible e outro que termina com o chute em direção ao gol, balançar a rede sempre é motivo de comemoração. No entanto, o que antecede esse momento é mais valioso e seu aprendizado acompanhará os meninos por toda a vida: mais que ensinar futebol para 120 garotos do Jardim Califórnia e adjacências, o professor Rui Vieira de Souza ajuda a formar cidadãos responsáveis em um projeto social que sobrevive graças à ajuda da comunidade.
Treino na quinta-feira (12) na Vila Coimbra |
Na época da morte do irmão, Juan tinha seis anos e por pouco ele e outros meninos não foram atingidos. Ao final do treino que o JM acompanhou, ele brincava de bola com alguns amigos quando revelou o desejo de ser um craque como tantos que passaram pelas mãos do professor Rui.
Formado em Educação Física e em Farmácia, o treinador fala com orgulho dos 32 anos de atividades do seu projeto social: “É a escolinha de futebol mais antiga. Por aqui já passaram muitos craques que jogam em grandes clubes no Brasil e no exterior”, contou. Um deles é Diogo Pereira, 29 anos, que joga no Vietnã.
Diogo acima e à direita, ao lado do goleiro |
“É uma escolinha que ajuda as crianças a saírem das ruas, forma homens capazes de seguirem seu futuro. Nem todos se tornam profissionais. Mas, tem alguns que continuam no esporte, em outras áreas”, frisou. O atleta afirmou que a oportunidade dos meninos frequentarem a escolinha, que tem disciplina e exige frequência no colégio e boas notas, contribui para a formação de verdadeiros cidadãos.
LUTA DIÁRIA
Com 120 garotos que frequentam os treinos às terças, quartas e quintas no horário do contra turno escolar, o professor Rui disse que poderia receber um número muito maior de alunos se tivesse patrocinadores. Para manter a estrutura, que inclui uniforme e inscrições para competições, o treinador está sempre de chapéu na mão pedindo ajuda.
Diogo Pereira é ídolo no Vietnã |
Segundo o treinador, os pais ajudam quando podem. Dos 120 garotos que frequentam a escolinha de futebol, regularmente, apenas 20 têm uniforme. Falta para os outros 100 meninos. Uma camisa custa 89 reais e ainda precisam de calção, meião etc. Por isso, toda ajuda é bem-vinda.
“Fazemos das tripas o coração pela sobrevivência e manutenção da escolinha pois enquanto estiver uma criança na rua desassistida, estaremos aqui prestando o nosso serviço de resgate da cidadania voluntariamente”, frisou. Neste sentido, o treinador fez um apelo a que profissionais liberais, empresários, comerciantes e qualquer pessoa que se sensibilizar apoie o projeto contribuindo com qualquer valor.
O professor Rui explicou que “nosso projeto era pra ser mais abrangente desde o início, há 32 anos, mas por falta de recursos até hoje não conseguimos implantá-lo totalmente. Hoje, desenvolvemos o futebol em todas as categorias de Base: Sub 7,9,11,13,15,17 e 18 anos no masculino”. O projeto previa Sub 20, 23, sênior e super sênior, e esportes adaptados para terceira idade e deficientes físicos e intelectuais.
Juan, Robson e Lucas com o professor Rui |
Finalizando, o treinador lembrou das despesas necessárias a enviar os meninos para testes, além dos materiais utilizados no dia a dia (uniformes, bolas, chuteiras, redes, traves etc). Para colaborar com o projeto social, podem ser feitos depósitos para: Bradesco, Agência 0002, Conta 1014318-7 em nome de Rui Vieira de Souza. A escolinha funciona no Poliesportivo da Vila Coimbra e o telefone de contato é (14) 998600020.
SONHOS
Professor Rui mostra fotos de ex-alunos |
*Reportagem publicada na edição de 15.12.2019 do Jornal da Manhã
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