domingo, 1 de dezembro de 2019

ACOLHIMENTO: HEUREKA RECEBE CRIANÇAS CARENTES COM DÉFICIT DE APRENDIZAGEM.

Por Célia Ribeiro

Segundo o IBGE, existem no Brasil 45,6 milhões de pessoas com deficiências, sendo 3,5 milhões de crianças até 14 anos. Se no passado os casos de autismo, déficit de atenção, hiperatividade etc, raramente eram diagnosticados precocemente, hoje é possível acolher, diagnosticar e acompanhar as crianças desde cedo quando os resultados mostram-se animadores. Um dos trabalhos iniciados em Marília é o do Espaço Integrado Heureka, da neuropsicopedagoga clínica Rita de Cássia de Campos Andery.
Maria Clara realiza atividades

Após vários anos atuando em Minas Gerais, ela trouxe a proposta do Heureka para a cidade adotando uma tabela social de modo a oferecer a famílias de baixa renda a oportunidade de seus filhos também receberem o tratamento multidisciplinar adequado. Ela explicou que realiza atendimento particular, “mas nenhuma mãe que vem me procurar fica sem atendimento. Nem que seja um valor simbólico”, frisou.

Rita no Heureka de Marília
Rita Andery disse que o “Heureka é um projeto de amor”, antes de tudo. Ela se emocionou ao relatar casos de crianças e jovens que passaram pelo Centro com ganhos significativos em qualidade de vida. Para tanto, ela mantém parcerias com profissionais de várias áreas como neurologista, psiquiatra, fonoaudióloga, psicóloga, terapeuta ocupacional, nutricionista etc.

“Encontramos uma forma de humanizar, cada vez mais, o trabalho desenvolvido com crianças, jovens e adultos que apresentavam dificuldades de aprendizagem, transtornos, distúrbios, superdotação ou necessitavam de reforço escolar de forma abrangente e equitativa através do carinho, afetividade, dedicação, preparação técnica, conhecimento científico e compromisso contínuo”, destaca o portal do Heureka.

Segundo Rita Andery, “a neuropsicopedagogia trabalha de forma mais profunda com a dificuldade de aprendizagem. Quando a criança vem sem laudo, sem estar diagnosticada, eu faço o processo de diagnóstico. Como neuropsicopedagoga clínica eu posso diagnosticar. Não posso laudar porque só o médico pode laudar uma criança com autismo, um tipo de transtorno biológico”.
Garoto realiza atividades com acompanhamento
Conforme disse, “essa criança é trabalhada junto comigo no seu desenvolvimento. Eu a encaminho a uma neurologista que trabalha em parceria comigo. Dependendo do caso, a criança precisa ser medicada ou é um caso para psiquiatria. E aí, depois de medicada, se for o caso, essa criança continua comigo, semanalmente, e eu vou trabalhar onde está detectado o problema”.

Ela prosseguiu, explicando que “são realizados exercícios e testes montados para cada necessidade, de acordo com todas as normas existentes”. As ocorrências mais comuns são de dislexia, disortografia e dislalia (distúrbios na fala). Entre as disfunções de aprendizagem encontram-se o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDH), Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno Opositivo Desafiador (TOD).

DESCOBERTA TARDIA

Em São Sebastião da Bela Vista (MG), o Heureka chegou a atender 100 crianças e adolescentes. Da longa vivência na área, Rita que tem vários títulos no currículo, incluindo Mestrado e leciona no EAD de Gestão Educacional da UNIMAR, coleciona muitas histórias. Entre elas, uma chama a atenção por envolver mãe e filha autistas.
Foto de arquivo do centro em MG

Rita Andery contou que “o último diagnóstico que fiz foi em um adulto. A pessoa viveu a vida inteira com isso e sofreu. Eu cuidava da filha dela, que é autista. E ela foi minha aluna de Psicopedagogia. Ela começou a olhar para a filha e para ela e depois de um ano e meio me procurou para atendê-la. Ficamos três horas em atendimento. Ela contou sua história e tudo o que viveu”, recordou a profissional.

Após concluir o relatório e encaminhar a aluna, de 30 anos, para o neurologista, teve a confirmação de que era portadora de Transtorno de Espectro Autista. Atualmente, a ex-aluna encontra-se em acompanhamento em Minas e a professora demonstra orgulho ao afirmar que “ela será uma psicopedagoga espetacular” quando se formar.

A profissional observou que sempre houve casos de deficiências. O que faltava era diagnóstico precoce. “No meu tempo isso já existia. Não tinha neuropsicopedagogo clínico. A gente escutava que fulano não batia bem, eram comentários negativos”, destacou citando o preconceito movido pela falta de informação.

Ela acrescentou que “antes se colocava tudo em uma cumbuca só. Provavelmente, uma criança podia ser arteira, mesmo, mas muitas vezes podia ser autista, hiperativa ou ter outro transtorno. A criança, muitas vezes, era rotulada como péssimo aluno que não gostava de estudar”. Conforme disse, o problema é mais comum do que se pensa e afeta alunos das redes pública e privada. O que diferencia é a procura mais rápida por encaminhamento adequado.

O Espaço Integrado Heureka funciona na Rua Alfeu Cesar Pedrosa, 96, Bairro Fragata. Informações: anderyrita@gmail.com Fotos: Arquivo do Heureka  com autorização de uso de imagem.

* Reportagem publicada na edição de 01.12.2019 do Jornal da Manhã

2 comentários:

  1. Parabéns Rita pelo seu trabalho com dedicação e generosidade. Parabéns Celinha pela sensibilidade da matéria.

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