A cidade de Marília é reconhecida como importante polo educacional no interior paulista, atraindo estudantes de todo o País. Na zona oeste, a região do Campus Universitário também chama a atenção pelo paisagismo dos três campi ali instalados. No entanto, ao adentrar no espaço do Centro Universitário Eurípedes de Marília (UNIVEM), após passar pelo conjunto de prédios, os visitantes são surpreendidos pela reserva natural, berço de animais silvestres e rica em diversidade de espécies nativas.
Vista aérea do imponente jardim |
“A Liliam sempre colaborava conosco. Ela dava aula no SESI e vivia ganhando prêmios pelo seu trabalho. Na parte da tarde, vinha para o UNIVEM e me ajudava com o jardim. Foi assim que começamos”, recordou a artista plástica, que é esposa do reitor Luiz Carlos de Macedo Soares e atua voluntariamente na instituição.
(Esq.) Liliam Oliveira e Neusa Macedo Soares |
Escultura de Neusa Macedo no jardim florido (Foto Ivan Evangelista) |
AVENTURA
Neusa e Liliam contaram que as mudanças no paisagismo não foram bem recebidas por todos. Houve resistência por parte de alguns alunos que consideravam supérflua a substituição das plantas. A paisagista contou que havia muitas árvores condenadas pela ação de cupins e formigas, cujos galhos caíam quando ventava mais forte, colocando em risco as pessoas e, por isso, precisavam ser removidas.
Jardineiro cuida da área, repondo plantas |
Liliam disse que “era uma aventura que fizemos por muitos anos. E, ainda hoje, se for preciso, a gente faz de novo”. As duas guardam muitas lembranças daquela época, ano de 1993, em que tomavam café com os feirantes no CEASA: “Quando amanhecia, nós nos separávamos. Cada uma ia para um lado atrás das plantas. Depois, a gente pegava o carregador e lotava o caminhão. Chegamos a vir com quase mil mudas, entre pequenas, médias e grandes, em cada viagem”, comentou Neusa Macedo.
Neusa à frente de uma de suas esculturas de ferro |
O trabalho da dupla começou a ter visibilidade. Dos jardins na entrada do campus, passaram para as laterais e a parte de trás. Depois, foi a vez de colocar um pouco de verde no interior dos prédios. Hoje, são mais de 350 vasos de plantas espalhados nas áreas administrativa, educacional e espaço de convivência.
Crianças plantam mudas em evento ambiental |
ECONOMIA
Neusa Macedo lembrou que fizeram opção por “plantas que davam flores porque, como tem evento o ano inteiro na universidade, se gastava muito com a decoração. No passado, mandavam a floricultura fazer os arranjos e era caríssimo. Depois disso, em todos os eventos não gastamos um tostão. É uma economia. Toda decoração interna vem do jardim”.
As flores estão por toda parte, inclusive nos eventos |
Os galhos, folhas e raízes secos da floresta são aproveitados na produção de adubo. Na reserva natural, todo o material orgânico é decomposto e depois utilizado na nutrição dos jardins que também recebem mistura de resíduos de pó de café e chá, muito úteis para fortalecer as plantas.
Represa formada por minas canalizadas |
Reitor Luiz Carlos (esq.) no início do plantio do bosque |
Outra preocupação refere-se aos aceiros para impedir a propagação de fogo das queimadas, comuns no período de estiagem: “Fora tudo o que a gente renovou na parte de cima, com palmeiras, com coqueiros e muito verde, na parte de baixo, com o plantio de 3.000 árvores, a gente contribuiu para a recuperação da área. Lá não tem mais erosão e sim característica de floresta com animais silvestres, macacos, quatis, borboletas etc”, afirmou Liliam.
Eventos voltados ao meio ambiente recebem crianças no Univem |
Por sua vez, Neusa observou um efeito colateral positivo: “A gente contribuiu para recuperação de uma área da UNESP onde tinham plantado 10 mil mudas, veio o fogo e levou tudo embora. As sementes que os passarinhos comem aqui, jogam lá. Então, a mata da UNESP está se refazendo sozinha. A natureza se regenera. Se não colocar fogo, ela vai sozinha pra frente”. Por isso, no UNIVEM, nesta época do ano há um cuidado em fazer aceiros para conter eventuais focos de incêndio na mata.
RECICLAGEM
Para manutenção da imensa área verde, uma solução ambientalmente correta mostrou ser a escolha acertada: a universidade conta com um programa de reciclagem. Todo material que pode ser reaproveitado é recolhido e vendido com renda para a manutenção do paisagismo e da reserva florestal. Além de reduzir o descarte de lixo, a prática serve para estimular os colaboradores que levam para a instituição tudo o que pode ser reciclado, como papéis, papelão, garrafas, latas etc.
Fechando o ciclo, o que anos atrás era descartado, agora rende um bom dinheiro: “Tudo é vendido e o dinheiro utilizado na manutenção do jardim, com adubo, reposição de plantas e ração para os peixes da represa que combatem os pernilongos. É autossustentável”, frisou a artista plástica.
Bags armazenam os recicláveis: lucro mantém jardins, reserva florestal e represa |
** Fotos: Arquivo Univem
*Reportagem publicada na edição de 07.07.2019 do Jornal da Manhã
Que maravilha de trabalho, podiam montar também um criadouro de abelhas sem ferrão.
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