Célia Ribeiro
O ano de 2013 foi muito fértil em matéria de reportagens sobre as boas práticas que inspiram iniciativas inovadoras, tanto na área de responsabilidade social quanto em sustentabilidade ambiental.
Anônimos foram revelados e outros, já conhecidos dos leitores, puderam mostrar novas ações neste ano que se encerra. Como nos anos anteriores, gostaria de compartilhar com vocês esta retrospectiva, dividida em duas partes.
Para começar, em janeiro, temos o exemplo do casal de analistas de sistemas que faz compostagem em casa e, de quebra, dá um belo exemplo às filhas adolescentes: lixo zero
Em feveiro, duas reportagens merecem destaque: a "Turma do Bem" na qual cirurgiões-dentistas adotam crianças carentes para realizarem gratuitamente o tratamento odontológico e as vovós que fazem sabão artesanal a partir de óleo usado, na Unijovem, projeto mantido pelos funcionários voluntários da Unimed.
Com cinco reportagens, o mês de março apresentou o caminhoneiro que trouxe mudas de árvores nativas da Amazônia e criou um paraíso ecológico na pequena propriedade que comprou, após muito esforço; e o viveiro de plantas medicinais que a Secretaria Estadual da Agricultura mantém em Marília.
Em abril, o setor de restauração mostrou como peças antigas podem ser preservadas ganhando vida nova pelas hábeis mãos do ex-ourives Aurélio Fiorini da "Restaura Brasil". E por falar em beleza, vale reler a reportagem sobre as talentosas meninas do grupo "Marília Baunilha & Patch" que se reunem na Villa das Artes para criar maravilhas em patchwork.
A preocupação em inserir os deficientes físicos no mercado de trabalho foi tema de reportagem de maio, com a AADEF. No mesmo mês, a delicadeza da contadora de história Maria Cristina Paoliello encantou a todos com o trabalho voluntário que leva por toda parte.
Encerrando a primeira parte da retrospectiva 2013, temos em junho os 10 anos da Semana Jovem mostrando o envolvendo dos jovens católicos; e o esforço do apicultor Wenceslau Gomes Soares, o Lau, em salvar abelhas que estão morrendo envenenadas por "Espatódeas" no bairro Lorenzetti.
Na sequência, vocês poderão conferir a segunda parte da Retrospectiva 2013.
Boa leitura e boas festas!!!
As boas notícias estão de volta! Sustentabilidade, Responsabilidade Social, Solidariedade: o mundo pode ser melhor! Fale conosco: blogmariliasustentavel@gmail.com
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
PROGRAMA CONECTA 3ª IDADE À REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES
Por Célia Ribeiro
Vinte e
cinco passos separam a linha imaginária do conhecimento de dezenas de homens e
mulheres que quebraram a barreira do preconceito e se aventuraram por um mundo
de possibilidades infinitas: a internet. Na última sexta-feira, dia 13, como um
presente antecipado de Natal, um grupo de 38 formandos dos cursos de “Informática
para Terceira Idade” receberam seus certificados no auditório da Biblioteca
Municipal de Marília.
Contendo
dois módulos (básico e avançado), os cursos têm duração de seis meses cada um e
acontecem no Telecentro, criado pela Prefeitura de Marília em parceria com o
Banco do Brasil, em 2010, e no posto do programa “Acessa São Paulo”, mantido
através de convênio com o Governo do Estado, informou o responsável Pedro Matos
Teixeira.
Pedro explica o passo-a-passo aos alunos |
De jeans e
camiseta, o jovem instrutor desenvolveu um método original para prender a
atenção dos alunos contribuindo para desmistificar a relação dos idosos com os
computadores. Apesar dos equipamentos antigos, o projeto faz maravilhas com
duas aulas semanais: no curso básico os alunos aprendem do zero, desde ligar os
equipamentos, digitar no teclado e o manuseio do mouse, por exemplo, até criar
pastas e salvar arquivos.
Encerradas
as aulas do curso básico, os alunos mudam de sala e passam a ter uma aula por
semana, com duração de duas horas, no Posto do “Acessa São Paulo”, também na
biblioteca. “No curso ‘Terceira Idade On’ fazemos um apanhado do que é mais
utilizado na internet, como sites de buscas, redes sociais (Facebook),
segurança na internet com precaução para os vírus, uso de e-mail, um pouco de
Youtube para que possam baixar e assistir vídeos na internet, além de manuseio
de dispositivos móveis como descarregar fotos de celular e câmeras digitais etc”,
explicou Pedro Matos.
Programa vitorioso mesmo com equipamentos obsoletos. São 25 passos da entrada da biblioteca até esta sala de aula. |
Entusiasmado,
ele destaca o envolvimento da equipe formada pelos instrutores André Sanches
Cibantos Junior e Mônica Camiatto: “Eles chegam sem nada, entram no básico e saem
do avançado já fazendo tudo. O importante é que isso muda a vida da pessoa
quando ela conhece a internet”, assinalou.
O instrutor
citou o caso de uma aluna que revende produtos Natura e que começou a aplicar
os conhecimentos profissionalmente: “Antes, ela tinha que ir à casa da
supervisora para enviar os pedidos. Hoje, não. Ela fez um cadastro no site da
Natura e faz tudo sozinha, compra, emite boleto de cobrança para pagamento etc”,
contou.
ENTUSIASMO JUVENIL
A maioria dos
formandos deste ano tinha mais de 60 anos. Mas, enquanto aguardavam o início da
solenidade, na sexta-feira, pareciam adolescentes tamanha a ansiedade. No rosto
de cada um o sorriso largo com a alegria estampada diante de mais um desafio
vencido: “Gostei muito de aprender a usar a internet. Tenho Facebook e
encontrei um monte de amigos para conversar e passar o tempo”, contou o
aposentado Joaquim Bento dos Anjos, 68 anos. Ao seu lado, Lioko Kussumoto de
Alcântara, 64 anos, explicou que “sabia um pouquinho, mas aprendi bastante aqui”,
disse, acrescentando que também tem perfil nas redes sociais.
Aos 65 anos,
a aposentada Maria Cardoso da Silva afirmou que a “internet é importante porque
é uma forma de a gente ter mais conhecimento e passar o tempo. Para quem não
sabia nada como eu, foi ótimo. Agora quero continuar estudando para saber mais”.
Mãe de sete filhos, ela revelou que adquiriu um computador pessoal assim que
começou a frequentar as aulas e que a cada dia fica mais encantada com esse
novo mundo que se descortinou.
Por sua vez,
a professora aposentada Creuza Borges de Oliveira, de 60 anos, comentou às
gargalhadas que “era analfabetinha em internet” e que se matriculou para adquirir
novos conhecimentos. “Não estou pós-graduada, mas melhorei muito”, disse,
ressaltando o ambiente agradável das aulas: “O convívio social é fundamental.
Aqui temos harmonia e estudar de novo é muito bom”, finalizou.
FILA DE ESPERA
No dia 13 a
internet para a terceira idade chegou a 200 formandos (8ª turma do básico e 5ª
turma do avançado). No entanto, a fila de espera é grande, com 250 pessoas na
lista aguardando a oportunidade de mergulharem no fascinante mundo da internet.
“Quando começamos, tínhamos 20 vagas e com pouca divulgação apareceram mais de
100 pessoas. Diante da grande procura pensamos em abrir uma sala só para isso
que foi o Telecentro. A Anadir Hila, secretária municipal de Governo na época,
fez a conexão entre a Prefeitura e o Banco do Brasil que doou os computadores
enquanto o município cedeu local e funcionários”, recordou Pedro Matos.
Os
interessados em ingressarem nos cursos, independentemente da idade, podem
procurar a Biblioteca Municipal à Avenida Sampaio Vidal, 245 ou telefonarem
para (14) 34547434 para André ou Pedro.
domingo, 8 de dezembro de 2013
TAIKO: A CULTURA MILENAR JAPONESA LEVA ALEGRIA AOS ASILOS
Por Célia Ribeiro
O ritmo cadenciado das vigorosas batidas no tambor hipnotiza. “Timu
dum dum”, a batida do coração, como é conhecida essa percussão, atravessou os
tempos preservando a milenar cultura japonesa. Disciplina, concentração e
coordenação motora são requisitos essenciais aos tocadores de tambor. Mas, o
grupo “Requios Gueino Dokokai Eisá Taiko”, da Associação Esportiva e Cultural
Okinawa de Marília, agregou outra qualidade: a solidariedade.
Taiko: crianças encantam idosos |
A solidariedade entra nas apresentações em instituições
filantrópicas: “O nosso trabalho é o voluntarismo, o amor à arte, que nos faz
seguir em frente. Somos convidados pelas entidades para apresentarmos a dança e
o toque dos tambores. No dia 23 de novembro, através de um convite da Sra.
Fátima Nakashima, também voluntária do projeto ‘Adote um Idoso’, fomos nos apresentar
no Lar São Vicente de Paula e acreditamos ter deixado alegria aos idosos”, afirmou
Tyoko.
Ela lembrou que a
Associação Okinawa, formada por descendentes de japoneses há 62 anos, tinha um
sonho de trazer para Marília algo que ajudasse na preservação da cultura. Dessa
forma, quando o então presidente Carlos Saito conheceu o trabalho da
professora Hatsue Omine lhe fez o convite para iniciar o projeto na cidade.
Os instrumentos são confeccionados em
Presidente Prudente e para que o grupo esteja sempre atualizado, monitores da
Associação Okinawa são enviados para São Paulo, periodicamente, para aprenderem
novas músicas e coreografias a fim de replicarem os conhecimentos entre os
demais integrantes. A professora Hatsue realiza visitas para supervisionar e
manter a qualidade do trabalho.
APRESENTAÇÕES
Atualmente, cerca de 80 crianças e
jovens integram o grupo de Taiko. Eles são divididos segundo a fase de
aprendizagem e, com isso, há desde iniciantes até os veteranos que realizam
apresentações mais elaboradas. “Já estivemos na Casa do Caminho, também, e a
emoção dos idosos é grande quando começam a tocar os tambores”, relatou a
diretora.
“A cultura japonesa valoriza muito o
idoso. É muito difícil encontrar um descendente de japoneses nos asilos. A família
ampara”, observou Tyoko Takahashi Higa, acrescentando que “é muito bom podermos
levar alegria aos asilos, dar uma distração aos idosos. E para nossos jovens,
estamos incutindo neles a importância de se valorizar os idosos”.
Participam crianças a partir dos 06 anos |
O Grupo de Taiko conta com sete membros na Comissão Organizadora. Além de Tyoko, fazem parte: José Roberto Tukasan (coordenador e atual presidente da Associação Okinawa), Hideo Higa (apresentador), Creusa Mitiko Tukasan, Mihoko Kogawa, Luci Emi Hamada e Lucia Nagay (responsáveis pela comunicação e monitoria). Há participação ativa de pais de alunos que colaboram como José Carlos Miazato (divulgação).
“O som do tambor de Okinawa mexe muito com a sensibilidade do ouvinte, chegando a arrepiar ou emocionar, como diz o ditado popular: ‘os ancestrais estão contentes’ pois esta sensação de arrepio se compara à primeira vibração que sentimos no período fetal no ventre da mãe quando nascemos e ouvimos, pela primeira vez, o coração da mãe bater. A energia do coração da mãe é a energia que se perpetua e nos acompanha ao longo de nossas vidas”, finalizou Tyoko Takahashi Higa.
“O som do tambor de Okinawa mexe muito com a sensibilidade do ouvinte, chegando a arrepiar ou emocionar, como diz o ditado popular: ‘os ancestrais estão contentes’ pois esta sensação de arrepio se compara à primeira vibração que sentimos no período fetal no ventre da mãe quando nascemos e ouvimos, pela primeira vez, o coração da mãe bater. A energia do coração da mãe é a energia que se perpetua e nos acompanha ao longo de nossas vidas”, finalizou Tyoko Takahashi Higa.
CURIOSIDADES
No Japão feudal, taikos eram frequentemente usados para
motivar as tropas, para ajudar a marcar o passo na marcha e para anunciar
comandos e anúncios marciais. Ao se aproximar ou entrar no campo de batalha o taiko yaku (tocador de tambor) era responsável
por determinar o passo da marcha, usualmente com seis passos por batida do
tambor (batida-2-3-4-5-6, batida-2-3-4-5-6).
De acordo com uma das crônicas históricas (o Gunji Yoshu), nove conjuntos de
cinco batidas serviam para levar um batalhão à batalha, enquanto nove conjuntos
de três batidas aceleradas três ou quatro vezes e seguidas pelos gritos
"Ei! Ei! O! Ei! Ei! O!" era a chamada para avançar e perseguir o
inimigo.
No Brasil e no mundo há diferentes grupos formados
por crianças, jovens e adultos japoneses ou não.
O
taiko, tradicional tambor japonês, é um elemento da cultura nipônica que ganha
cada vez mais adeptos e admiradores no Brasil. O ritmo enérgico resgata a
cultura dos samurais e empolga pais, filhos e avós, reunindo diferentes
gerações na cadência de uma mesma batida. Em sua edição de janeiro, a Made in
Japan identificou 117 grupos de taiko no Brasil. (Fonte: Made in Japan)
domingo, 24 de novembro de 2013
ÁLCOOL E DROGAS: A LUTA DIÁRIA DE QUEM QUER SAIR DAS RUAS.
Por Célia Ribeiro
A chegada de um novo interno à Fumares (Fundação Mariliense de Recuperação Social), entidade retratada na reportagem de domingo passado, é acompanhada com curiosidade pelos 65 internos. Muitos estão ali pela terceira ou quarta vez e suas histórias são muito parecidas: depois de chegarem ao fundo do poço, finalmente aceitam ajuda e mudam-se para a entidade em busca do recomeço.
A
alimentação dos internos, à base de carne, frango, verduras, legumes e frutas,
é outro fator que merece destaque. Com horta orgânica cultivada no local, não
faltam produtos de qualidade sempre frescos. O excedente supre 32 entidades que
recebem as cestas de hortaliças semanalmente, incluindo-se as unidades da Casa
do Pequeno Cidadão, escolas, creches e asilos.
ÁLCOOL E DROGAS
Arrastando a
velha sandália de pneu cujas tiras teimam em se despregar do solado gasto, o
homem de cabeça baixa e costas curvadas tem o olhar embaçado. O sol a pino
castiga a pele curtida e ele não se reconhece e nem ao lugar aonde chegou. Aparentando
setenta e poucos anos, o homem não lembra o próprio nome, de onde veio e nem
quando nasceu. Ao cruzar o portão, mais uma vez, ele sabe apenas que vai travar
uma dura batalha para encontrar sua essência, aquilo que era antes de perder-se
no mundo.
Ampla área verde: lugar de recomeçar. |
A chegada de um novo interno à Fumares (Fundação Mariliense de Recuperação Social), entidade retratada na reportagem de domingo passado, é acompanhada com curiosidade pelos 65 internos. Muitos estão ali pela terceira ou quarta vez e suas histórias são muito parecidas: depois de chegarem ao fundo do poço, finalmente aceitam ajuda e mudam-se para a entidade em busca do recomeço.
No entanto,
com o passar do tempo, a abstinência de álcool e drogas os desafia a procurarem
a liberdade deixando para trás todo o trabalho desenvolvido com afinco pela
equipe da instituição que, como não poderia deixar de ser, experimenta uma sensação
de impotência e tristeza por ter perdido mais uma batalha para a sedução das
ruas.
Trabalho no campo: terapia. |
“É muito
triste ver que, depois de alguns meses aqui, onde eles têm tudo para viverem
com segurança e conforto, acabam pedindo para sair. Ninguém prende ninguém.
Eles têm o direito de sairem na hora que quiserem, bastando assinar o termo de
desligamento. Mas, a gente fica arrasado quando isso acontece”, afirmou o
presidente da Fumares, Paulo Roberto Vieira da Costa.
FILA DA REPOSIÇÃO
Quando os
moradores de rua aceitam ajuda e ingressam na Fumares, eles recebem roupas e
calçados, lençóis, cobertores e travesseiros limpos e em bom estado. Toda
sexta-feira, quando toca a sirene, os internos fazem fila para reabastecerem
seus estoques de materiais de uso pessoal: sabonete, creme dental, escova de
dente, papel higiênico, aparelho de barbear e uma caixa de fósforos para os
fumantes.
Refeitório onde são alimentados com refeições balanceadas |
Os quartos
são limpos e equipados com armários e ventiladores onde se acomodam poucos
internos em cada unidade. Na verdade, eles vão aos quartos apenas para dormir
porque durante o dia há inúmeras atividades coletivas que funcionam como
terapia ocupacional. Assim, revezam-se para limpeza dos quartos, dos banheiros
dotados de chuveiros de água quente, da cozinha e das áreas comuns, praticam jardinagem,
trabalham na horta, cuidam dos frangos etc.
No fim do
dia, podem se distrair com jogos de sinuca ou relaxarem assistindo os programas
na TV de LCD de 50 polegadas com antena SKY, mostrada na reportagem passada. O
objetivo é manter os internos ocupados enquanto são providenciados documentos e
contatados seus familiares (quando possível) para que possam voltar à vida em
sociedade.
Frangos descongelando para o almoço |
O apoio
espiritual é muito valorizado, explicou o presidente da instituição. Ele informou
que há atividades com a presença de
religiosos tanto evangélicos como de católicos. São celebradas missas e
realizados cultos em que a palavra de Deus é apresentada aos ex-moradores de
rua como um bálsamo a lhes aliviar as dores da alma.
COMEMORAÇÕES
Paulo Vieira
da Costa destacou a participação de voluntários que visitam a instituição e
desenvolvem atividades educativas e recreativas. “Essa integração com a
comunidade é muito importante. Eles sentem que tem gente que se preocupa com
eles”, observou, contando que logo um grupo de internos irá a Aparecida do
Norte, acompanhado de monitores.
Uma indústria alimentícia doa uniformes e calçados usados de seus funcionários |
As datas comemorativas
também são lembradas na Fumares: na “Semana Santa” teve bacalhau no almoço e na
Páscoa os internos foram presenteados com chocolate. Além disso, uma vez por
mês, um proprietário de padaria da zona sul doa um bolo e a entidade
providencia salgadinhos e refrigerantes para a comemoração dos aniversários.
Só faltam as cortinas nos quartos, mas que chegarão em breve. |
Frutos amadurecendo: a natureza responde aos cuidados. |
Casa,
comida, roupa lavada, cama quente, apoio espiritual, lugar seguro. O que falta
aos internos que insistem em voltar às ruas após alguns meses? A resposta é
complexa. Mas o principal vilão, segundo o presidente da Fumares, é a dependência
química. “Estamos trazendo o N.A. (Narcóticos Anônimos) e reativando o A.A.
(Alcoólatras Anônimos), além de enviarmos alguns internos para tratamento no CAPS-AD
(Centro de Apoio Psicossocial – Álcool e Drogas)”, explicou o presidente. É um
paliativo, reconhece, mas melhor que nada.
Jogo de sinuca nos momentos de lazer |
Conforme
disse, “se em clínicas particulares, onde se paga para recuperar um dependente
químico é difícil conseguir a cura, porque muitos voltam a consumir drogas,
imagine aqui onde não temos estrutura para tratamento. A Fumares não é um lugar
para receber dependentes químicos. Para eles, teríamos que ter uma estrutura
maior, com mão-de-obra especializada etc”.
Segundo
Paulo Vieira da Costa, como a Fumares está localizada numa área ampla, às
margens da Rodovia Marília – Assis, no futuro o município poderia obter
recursos federais e estaduais para construir naquele espaço uma comunidade
terapêutica com a ajuda da sociedade: “Creio que um projeto desses teria o
apoio dos clubes de serviço, da indústria e de todos que gostariam de contribuir
com uma causa nobre”, observou.
Verduras e legumes frescos abastecem a Fumares e mais 32 instituições |
Enquanto o
projeto não sai do papel, “a Fumares vai continuar recebendo todos que dela
precisarem, fazendo seu trabalho com todo empenho para devolver a dignidade a
esses homens. Queremos não só dar comida, roupa limpa e documentos. Queremos
dar a oportunidade para que deixem o passado errante para trás e iniciem uma
nova caminhada”, finalizou o presidente.
LEIA AQUI A PRIMEIRA PARTE DESTA REPORTAGEM, PUBLICADA NO DIA 17.11.2013
domingo, 17 de novembro de 2013
MORADORES DE RUA: O RESGATE DA DIGNIDADE DE QUEM PERDEU TUDO.
Por Célia Ribeiro
Na tarde de
sábado, depois do almoço caprichado onde não faltam carne e verduras colhidas
na hora, a soneca é interrompida pelo burburinho que se ouve no pátio. O
futebol está para começar e todos se dirigem à sala de TV em busca do melhor
lugar. O aparelho de 50 polegadas, tela de LCD de última geração, conectado a
uma antena parabólica da Sky transforma o espaço em uma sala de projeção
confortável onde as torcidas são bem vindas, independente dos times do coração.
Esse
conforto, comum aos grupos de amigos que se juntam em chácaras, bares e restaurantes
na hora do futebol, também está disponível aos 65 internos da Fumares (Fundação
Mariliense de Recuperação Social). A sala ampla e arejada com a ajuda de
ventiladores possui equipamentos modernos de som e imagem onde os ex-moradores
de rua assistem os noticiários, os filmes e o
esporte que é paixão nacional.
Criada em
1974 pelo ex-prefeito Pedro Sola, a Fumares enfrentou todo tipo de crise e nem
sempre é bem vista por quem defende uma rápida solução para o grave problema
social que representam os migrantes. No entanto, há oito meses, a
entidade está experimentando uma profunda reformulação que começou pela reforma
de suas instalações passando pelo acolhimento digno e humano àqueles que
desejam mudar de vida.
“A Fumares
está aberta à comunidade. Qualquer pessoa pode vir aqui, nem precisa marcar
hora. Pode ver com seus próprios olhos como os internos são tratados. Pode
conversar com qualquer um deles, sem nossa presença”, assinalou o presidente
Paulo Roberto Vieira da Costa. Técnico de telecomunicação por profissão, tem em
seu currículo o trabalho social junto à comunidade católica da zona norte e a
experiência de ter gerido o Projeto Vida Nova voltado aos dependentes químicos.
Paulinho,
como é conhecido, se emociona ao narrar as inúmeras histórias que presenciou. “Quando
aqui cheguei o maior desafio era humanizar a Fumares. No meio de um monte de
problema que tinha eu olhava o semblante dos internos e via a tristeza, o
abatimento, percebia que não tinha vida”, recordou.
TRANSFORMAÇÃO
Ressaltando contar com o apoio
do secretário Helio Benetti e do prefeito Vinicius Camarinha, o presidente da
Fumares reuniu a equipe (monitores, motoristas, assistente social, psicóloga e
cozinheiros) e estruturou o plano de salvamento da entidade criada para acolher os
moradores de rua, resgatar-lhes a dignidade, providenciar a documentação necessária
e encaminhá-los aos seus familiares para a vida em sociedade.
Apesar da
determinação, a missão é das mais difíceis. Paulinho fala com tristeza das
batalhas perdidas: “Muitos ficam aqui dois ou três meses, ficam sóbrios,
conseguem os documentos e pedem para sair. Aqui, eles têm total liberdade.
Podem ir embora à hora que desejarem. Infelizmente, muitos voltam para a bebida
e as drogas. Em poucos dias, perdemos tudo o que conseguimos fazer nestes meses”.
Há casos de
internos que estão pela quarta ou quinta vez na Fumares. O presidente assinalou
que as rondas da Assistência Social percorrem as ruas de Marília e convidam os
desabrigados para irem à Fumares ou ao Centro POP, no antigo Albergue São José.
Alguns aceitam e são recebidos dignamente, com banho, roupas limpas e
alimentação. Mas, muitos se acostumaram à vida errante, de estarem em um novo
lugar a cada dia e se recusam a serem encaminhados.
Paulinho fez
questão de frisar que não se usa violência de qualquer tipo para recolher os andarilhos. “Se algum dia me pedissem para fazer uma coisa dessas eu iria
para casa na hora”, observou, mostrando-se indignado pelas críticas que a
entidade recebeu diante das denúncias de espancamento de moradores de rua. “Até de trabalho escravo nos acusaram”, disse, convidando a reportagem a conversar, livremente, com os internos
sem a presença de funcionários.
TERAPIA OCUPACIONAL
Quem aceita a ajuda
não tem tempo ocioso. Os internos se revezam na limpeza da instituição e na
horta orgânica de onde sai uma produção capaz de atender a entidade e ainda
fornecer legumes e verduras fresquinhos, toda semana, a 32 instituições entre
asilos, creches, Casa do Pequeno Cidadão, associação de moradores que produzem
sopão etc.
Pela segunda
vez na Fumares, Elias de Souza, 42 anos, é natural de Bauru e viveu nas ruas
por tanto tempo que nem se lembra. Para ele, trabalhar na lavoura é a melhor
parte: “Passa o tempo que a gente nem vê”. Ele elogiou a entidade e disse que
nem dá para comparar com o período de privação passado ao relento.
Sem notícias
da família, Edson de Oliveira Cavalcanti, 51 anos, chegou praticamente cego à
entidade. Conseguiu a cirurgia de catarata e está em recuperação. Há 10 meses interno, ele
agradece pela oportunidade de sair da rua que nem mesmo sabe por quanto tempo
frequentou. Pouco antes do almoço de terça-feira ele se distraía vendo os colegas
disputarem uma animada partida de sinuca enquanto jogava conversa fora com um
companheiro de quarto. A vida está bem diferente agora.
NA SEMANA
QUE VEM, DIA 24, VAMOS MOSTRAR O DIA-A-DIA DOS INTERNOS E OS AVANÇOS DA DIREÇÃO E FUNCIONÁRIOS DA FUMARES PARA RESGATAREM A DIGNIDADE DOS EX-MORADORES DE RUA.
domingo, 10 de novembro de 2013
LIMPEZA VERDE: JOVEM EMPRESÁRIA INOVA EM NEGÓCIO FOCADO NA SUSTENTABILIDADE.
Por Célia Ribeiro
Enquanto dedicava-se ao trabalho, Mayra armazenava conhecimentos para o futuro, principalmente em relação às inúmeras dificuldades. “Um negócio é isso: você vai mexendo, vai mudando, vai aprimorando, até que as coisas dão certo. Não pode é desistir, e isso eu aprendi muito bem. Tem que seguir em frente, acordar todo dia cedo e encarar a luta, encarar as dificuldades e os problemas”, assinalou.
DETERMINAÇÃO
Conforme disse, a Planet Limp “possui um programa de limpeza verde considerado o que há de mais tecnologicamente avançado em termos de limpeza. Esse programa pode contribuir em até 30% da pontuação necessária para as empresas que buscam a certificação Leed-EB (Leadership in Energy and Environmental Design), que é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países”, informou Mayra que é certificada pelo Instituto Norte-americano “Green Clean Institute”.
A lembrança
do verde, dos pés de limão carregados, ficou marcada na infância feliz que
dividiu com dois irmãos. Símbolo da esperança, a cor tornou-se inspiração na
hora de escolher o layout da empresa que fundou, há quatro anos em Marília. Para
a jovem empresária Mayra Di Manno, 33 anos, foi questão de tempo transformar o
tino comercial, dos tempos em que saía para vender limão com o avô, em um
negócio de gente grande que aposta na qualidade dos serviços sem descuidar do
meio-ambiente.
Preocupação ambiental: conceito inovador na cidade |
De fala
mansa e pausada, Mayra surpreende seus interlocutores tão logo começa a
discorrer sobre um assunto que domina como poucos: o setor de limpeza
profissional. Ex-executiva de duas grandes empresas multinacionais, onde
trabalhou por 10 anos, na Capital, sonhava ter sua própria empresa.
“Fui
aprendendo como o negócio funcionava, atuei como diretora comercial nestas
empresas, e quando saí, tinha juntado algum dinheiro e resolvi voltar para
Marília para realizar o meu sonho. E assim nasceu a Planet Limp. O conceito que
eu trouxe para Marília foi resultado do meu aprendizado junto a estas empresas,
um aprendizado muito rico e que me possibilitou encarar este desafio”,
explicou.
Mayra Di Manno |
Generosa, a
empreendedora recorda com carinho as lições que aprendeu: “Meu antigo patrão
era um sujeito idealista, acreditava muito no potencial e na força das ideias.
Ele tinha, por exemplo, alguma ideia que a princípio parecia sem pé nem cabeça,
mas a implantava junto à empresa e a coisa dava certo. Às vezes dava errado, íamos
melhorando aqui e ali até acertar”.
Enquanto dedicava-se ao trabalho, Mayra armazenava conhecimentos para o futuro, principalmente em relação às inúmeras dificuldades. “Um negócio é isso: você vai mexendo, vai mudando, vai aprimorando, até que as coisas dão certo. Não pode é desistir, e isso eu aprendi muito bem. Tem que seguir em frente, acordar todo dia cedo e encarar a luta, encarar as dificuldades e os problemas”, assinalou.
A empresária
também faz coro às críticas que o setor produtivo derrama sobre a burocracia
reinante no País. Segundo ela, “se você quer ser um empresário neste Brasil de
hoje, você tem que ser um lutador num ringue de boxe. É pancada de tudo quanto
é lado. Mas, você vence pela resistência, desde que não desista quando as
dificuldades começarem a aparecer”, ensinou.
A Planet
Limp, instalada à Rua Bandeirantes, 113, começou tímida. Apenas Mayra e uma
funcionária. A persistência valeu a pena: quatro anos depois, são mais de 60
colaboradores e as vagas continuam crescendo. Ela recorda que deu muito
trabalho divulgar o conceito inovador da empresa porque muitos achavam
tratar-se de agência de emprego.
“A Planet
Limp oferece serviços de limpeza doméstica (residencial), limpeza comercial,
limpeza pós-obra, zeladoria, portaria e recepção, pequenos reparos, jardinagem,
limpeza pós-festa, limpeza de piscinas, limpeza de vidros e o nosso mais
recente serviço, lavanderia”, explicou acrescentando que recentemente foi
inaugurada uma loja, anexa, em que são comercializados produtos e equipamentos
de limpeza.
LIMPEZA VERDE CERTIFICADA
“Em São
Paulo, não se contrata uma empresa que não tenha um certificado de limpeza
verde, ou seja, uma garantia de que a empresa se preocupa com o meio ambiente e
sua preservação. Portanto, eu já vim pra cá com essa consciência. Aqui em
Marília parece que não há muito essa preocupação ainda. Mas, se uma empresa
deseja crescer, ela deve se preocupar com isso, é essencial”, observou Mayra.
A empresa
foca em três aspectos para desenvolver seu trabalho: treinamento de pessoas,
produtos eficientes e não agressivos ao meio ambiente e equipamentos corretos. A
empresária garantiu que todos os funcionários “recebem orientações sobre
economia de água, produtos, equipamentos, materiais e energia, além de
orientações sobre elevação da produtividade na execução das tarefas. Um dos
principais enfoques da empresa é justamente evitar o desperdício nos serviços
executados, trazendo aos clientes economia de recursos e excelente qualidade”.
Conforme disse, a Planet Limp “possui um programa de limpeza verde considerado o que há de mais tecnologicamente avançado em termos de limpeza. Esse programa pode contribuir em até 30% da pontuação necessária para as empresas que buscam a certificação Leed-EB (Leadership in Energy and Environmental Design), que é um sistema internacional de certificação e orientação ambiental para edificações, utilizado em 143 países”, informou Mayra que é certificada pelo Instituto Norte-americano “Green Clean Institute”.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Com uma
visão humanista do negócio, Mayra vai além: “Não podemos nos limitar apenas à
prestação de serviços ou venda de produtos. Temos o dever de zelar pelo
ambiente que nos cerca, temos que melhorar nossa sociedade para que todos nós
cresçamos juntos, mesmo porque, ninguém cresce sozinho. E a Planet Limp tem
realmente essa consciência, tanto que investimos nos nossos funcionários,
queremos que eles cresçam junto com a empresa. Não é só a empresa que precisa
crescer, nosso pessoal tem que acompanhar. Investimos no nosso material humano,
fornecemos curso, capacitamos, treinamos, promovemos as pessoas a postos de
mais responsabilidade, com maior salário”, fez questão de frisar.
Capacitação na "Amor de Mãe": futuro melhor para mulheres da comunidade |
A empresária
contou que a partir de 2014 vai mirar no apoio aos projetos sociais. A primeira
experiência já começou, com a capacitação de mulheres da comunidade do entorno
da Associação “Amor de Mãe”, no Jardim Califórnia. Há duas semanas, um grupo
está sendo treinado e após o curso, além do certificado, as que se destacarem
serão contratadas pela Planet Limp.
“Estou
realmente muito empolgada, pois é algo que envolve tanto a nossa empresa, que
poderá contar com pessoal qualificado para o trabalho, como também a própria
cidade e principalmente, as pessoas que estão participando do curso. É nessas
pessoas que eu penso. Eu as quero verdadeiramente inseridas no mercado de
trabalho, tendo seu salário e sua independência pessoal. Isso significa muito
pra elas. E, para mim, é extremamente gratificante participar disso”, finalizou
a empresária.
A
capacitação da Planet Limp na “Associação Amor de Mãe” conta com o apoio da Câmara
Municipal de Marília, através da Assessoria de Relações Institucionais que foi
criada na gestão do presidente Dr. Luiz Eduardo Nardi, em maio deste ano, para
colaborar com o fomento de projetos sociais na cidade.
Serviço:
A Planet Limp está localizada à Rua Bandeirantes, 113, telefone (14) 34221722.
Conheça mais em: www.planetlimp.com.br
domingo, 3 de novembro de 2013
EDUCANDÁRIO: MOBILIZAÇÃO TENTA IMPEDIR FECHAMENTO.
Por Célia Ribeiro
Quando os
olhinhos assustados do menino viram a imponente construção, pela janela do
ônibus que o trouxe de São Paulo, emoções desencontradas invadiram-lhe a alma.
Junto com outros 40 garotos, órfãos como ele, o pequeno iniciava naquela manhã
uma nova fase da sua vida no Educandário Bento de Abreu Sampaio Vidal. Passados
50 anos, Francisco Santana, professor de marcenaria, continua na entidade que
luta para não fechar as portas com o apoio da Sociedade São Vicente de Paulo, da
Associação dos Amigos do Educandário e de voluntários.
Desde sua
criação, em 1957, o Educandário acolheu e cuidou de mais de 3.000 meninos formados,
em sua maioria, por órfãos. Até o ano 2000, a entidade foi mantida
exclusivamente pela Santa Casa de Misericórdia de Marília, explicou o diretor,
Irmão Agenor Lima Rocha. Com a crise que assolou os hospitais filantrópicos, a
instituição começou a receber auxílio da Prefeitura através do fornecimento de
funcionários e alimentação para os cerca de 150 meninos.
Em 2006, com
o agravamento da situação financeira, um grupo de voluntários decidiu criar a
Associação dos Amigos do Educandário que realiza eventos beneficentes para
apoiar a obra iniciada por Bento de Abreu. O pioneiro foi buscar no Canadá os
primeiros religiosos da Congregação São Vicente de Paulo que lutam para impedir
que esse importante projeto social feche as portas.
Isto porque,
a partir de 2014, a Santa Casa de Misericórdia que detém a posse da imensa área
em que está instalado o Educandário, pretende reaver o imóvel. Os religiosos
foram comunicados da decisão. No entanto, não aceitam encerrar essa obra
humanitária que deu formação a milhares de meninos órfãos e de famílias
extremamente pobres.
No último
dia 30 de outubro, uma reunião no refeitório da entidade representou um sopro
de esperança aos presentes: Antônio Celso Lopes, presidente do Conselho
Metropolitano da Sociedade São Vicente de Paulo, anunciou a disposição de a
SSVP assumir o Educandário como um de suas obras unidas, a exemplo do Asilo São
Vicente de Paulo.
Para tanto,
serão mobilizados recursos para a construção de um novo prédio em área que se
encontra em estudos, na zona sul, graças à SSVP, Associação dos Amigos do
Educandário e voluntários da comunidade. “O que precisamos é de mais prazo para
desocuparmos as instalações atuais. Se em 2014 a Santa Casa autorizar nosso
funcionamento, ao fim do ano que vem teremos condições de mudarmos para novo
prédio e mantermos o atendimento aos meninos”, assinalou o Irmão Agenor.
COMOÇÃO
Na reunião
da semana passada, com a presença do promotor Isauro Pigozi, dos vereadores
Cícero do Ceasa e delegado Wilson Damasceno, vicentinos, empresários,
voluntários e religiosos, o clima era de comoção. Todos que usaram a palavra
apresentaram sugestões para enfrentamento do problema visando impedir o fim do
Educandário. “Cuidamos daqui durante 55 anos e agora estamos perdendo nossa
casa”, desabafou, desolado, o diretor da instituição.
Sensibilizado
com a situação, Antônio Celso Lopes anunciou que apresentaria a proposta para
que a SSVP assumisse o Educandário como uma de suas obras unidas, três dias
depois, na Conferência Nacional que seria realizada em Brasília. A resposta
positiva foi recebida com muitas orações pelo Irmão Agenor que revelou a aprovação
da proposta, em primeira mão, ao blog “Marília Sustentável” na tarde deste
domingo (03/11).
Ele disse
que a corrida contra o relógio já começou. Na próxima semana haverá reunião com
os pais. Como estava tudo caminhando para o encerramento das atividades, as
crianças seriam distribuídas para outras entidades da cidade. O fato novo
gerado pela SSVP muda a situação e a luta será por garantir a matrícula em
2014, nas mesmas instalações, desde que a Santa Casa autorize novo prazo e a
Prefeitura mantenha o mínimo de funcionários e a alimentação.
TRABALHO EXEMPLAR
As 137
crianças de 5 a 16 anos chegam de ônibus ao Educandário logo cedo. Tomam café
da manhã, realizam tarefa escolar com monitoramento de professoras, fazem um lanche,
participam de atividades esportivas, tomam banho, almoçam e vão para a escola.
Depois da aula seguem para casa, também com o transporte escolar.
Anteriormente,
além de 150 meninos, havia 30 adolescentes em cursos de panificação e marcenaria,
no período da tarde. Mas, com as mudanças, eles foram dispensados. “Passaram
pelo Educandário mais de 3000 meninos. Em quase 60 anos nunca houve uma
denúncia, um problema de violência ou maus tratos contra as crianças. Aqui eles
sempre receberam orientação, formação, alimentação e carinho”, observou o
diretor da entidade.
O desafio de
dar prosseguimento à obra sonhada por Bento de Abreu, ainda que com outra
denominação, é o que move um grande número de apoiadores. Agenor Lima agradeceu
aos vereadores Wilson Damasceno e Cícero do Ceasa, presentes à reunião
decisiva. “Antes de ser vereador, Damasceno sempre nos ajudava pelo Rotary. O
Cícero, também, muitas vezes vinha trazer verduras da horta comunitária da zona
norte. Agora, esperamos contar com o presidente da Câmara, Dr. Nardi, que nos
ajudou na reforma da marcenaria, para mantermos o Educandário de pé, intercedendo
por nós junto à Santa Casa e à Prefeitura”, finalizou.
Obs: As fotos da entidade são de arquivo do Educandário.
domingo, 27 de outubro de 2013
DA HORTA PARA A MESA: CRESCE A VENDA DE VERDURAS SEM AGROTÓXICOS EM MARÍLIA.
Por Célia Ribeiro
Em busca de
qualidade de vida, onde a preocupação com a saúde merece cada vez mais atenção,
os consumidores têm se mostrado exigentes na hora de escolherem o que levar à
mesa. Neste contexto, a agricultura orgânica, também conhecida como agricultura
biológica, cresce a índices invejáveis, da ordem de 20% ao ano no Brasil,
segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em Marília, a venda direta dos
horticultores que apregoam a produção natural (sem agrotóxicos) também cresce a
olhos vistos, como na pequena área às margens da Via Expressa, na zona sul.
No terreno
arrendado em 2012, dois irmãos e suas esposas, cultivam legumes e verduras sem
uso de defensivos agrícolas ou fertilizantes químicos. Embora não possam ser
considerados orgânicos, já que essa terminologia exige certificação, a produção,
que sai de madrugada da terra direto para a banca na movimentada via de acesso
à cidade, vem crescendo e atraindo consumidores até de bairros distantes.
Em abril do
ano passado, “Marília Sustentável” dedicou uma edição para contar a história
dessa família simples que tira da terra o seu sustento. Esta semana, fomos
conferir como estava a área arrendada com dificuldade e a surpresa foi ver o
verde tomando conta de tudo em um evidente sinal de progresso.
Maurício da Silva Novaes, o irmão Almir, a esposa Cláudia e a cunhada Cristina no preparo dos canteiros em 2012. |
Cristina
Kimi Nakadashi Cardoso, que mora na propriedade com a família, mal teve tempo
de conversar tamanho o movimento na banca de verduras. Ela atendia o casal
Nilda Gonçalves e Nivaldo da Silva, moradores do Nova Marília, que eram só
elogios à horta: “Sempre compramos aqui. Além de ser fresquinha, colhida na hora,
a verdura é bem mais barata”, explicou a dona-de-casa.
Na
sexta-feira, estavam à venda cheiro-verde (R$ 1,50), alfaces crespa, lisa,
mimosa e americana imperial (R$ 2,50), couve manteiga, chicória, almeirão,
coentro, berinjela, abobrinha etc. Tudo colhido momentos antes. A venda direta acontece
de segunda a sábado, desde cedo até o fim da tarde. Aos sábados e domingos, os
agricultores levam a mercadoria para as feiras da zona sul. Mas, se no domingo
alguém bater palma na casa, Cristina manda avisar que não perde a venda!
EXPANSÃO
Com
estimativa de crescimento em torno de 20% ao ano no Brasil, a agricultura
orgânica é um fenômeno no mundo inteiro. Em muitos países, como Estados Unidos,
Japão e Austrália já existe um programa específico para regular e desenvolver
esta atividade. Na agricultura orgânica são usados somente esterco animal,
rotação de culturas, adubação verde, compostagem e o controle biológico de
pragas e doenças para o desenvolvimento sustentável.
Área às margens da Via Expressa, na Zona Sul, está repleta de canteiros. |
Para saber mais sobre agricultura orgânica, acesse: www.agricultura.org.br
e www.organicsnet.com.br
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