“AMOR DE MÃE” DIVERSIFICA ATENDIMENTO E PEDE AJUDA PARA AMPLIAR O PROJETO SOCIAL

 Por Célia Ribeiro

O processo da fala se inicia nos dois primeiros anos de vida quando o bebê consegue identificar alguns sons e passa a se comunicar. Para os casos de atraso, profissionais precisam entrar em ação tratando o problema o mais cedo possível, como ocorreu com um garotinho que chegou à ONG Amor de Mãe sem falar uma palavra, aos seis anos de idade. 

Aula de xadrez exercita a concentração

Essa é apenas uma entre inúmeras situações extremas que a instituição se depara no dia a dia. Atuando para proporcionar desenvolvimento integral às crianças do Jardim Califórnia e Argolo Ferrão, na zona oeste de Marília, a ONG atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, realizando um trabalho de fôlego estendendo o apoio às famílias. 

Aula de música ao ar livre

Próxima de completar 20 anos, a Associação Amor de Mãe sobrevive graças à garra das fundadoras Tammy Regina Gripa e sua mãe, Marluci, e o apoio de parceiros que vislumbraram na entidade um oásis de esperança para centenas de crianças e adolescentes impactados com reforço escolar, esporte, cultura, lazer e arte. 

Tammy Gripa, presidente da ONG

Como este blog já publicou,  a luta da instituição é diária: “Sobrevivemos graças à providência divina”, comentou a presidente Tammy Gripa. Conforme disse, se o trabalho já era difícil, depois da pandemia ficou ainda mais desafiador porque um dos reflexos do isolamento social foi o atraso no desenvolvimento escolar. 

Acompanhamento pedagógico

“Com a pandemia, essa criança não teve aula durante dois anos. Havia aulas online, mas a maioria das mães não sabia como lidar com isso e a criança estacionou. Quando voltou, a criança estava na série dois anos à frente, mas sem as mínimas condições. Se a criança estava no primeiro ano, voltou da pandemia no terceiro ano, só que não estava alfabetizada”, relatou.

Ela prosseguiu explicando que, por esta razão, uma psicopedagoga foi integrada à equipe formada por coordenadora, assistente social, psicóloga, pedagogos, educadores sociais, recepcionista, assistente administrativo, faxineira, cozinheira e professores de cultura e esporte, responsáveis por 220 crianças e adolescentes de 06 a 15 anos. Para os que praticam esporte, o atendimento vai até os 18 anos. 

Atividades artísticas no dia a dia

APRENDIZADO

A janela de oportunidade para evitar a evasão escolar é estreita. E somente um olhar atento de quem leva sua missão a sério é capaz de resgatar as crianças que, pela dificuldade em acompanharem as disciplinas, se tornam desinteressadas e rebeldes. 

Atividades esportivas na quadra da entidade

Tammy contou o caso de uma adolescente de 13 anos cuja escola enviou uma carta relatando problemas de comportamento: “A professora disse que a garota não participava das aulas, desobedecia e ficava se maquiando na sala de aula. A psicopedagoga fez uma entrevista com ela e descobriu que a menina não sabia nada. Então, a falta de interesse era porque ela não conseguia acompanhar o que a professora ensinava”. 

Esporte desde os primeiros anos

Ela afirmou que “a psicopedagoga está fazendo um trabalho com essa menina para que ela possa deslanchar e acompanhar o grupo”, acrescentou a presidente, citando que são comuns esses casos de crianças com problemas na escola. A ONG realiza o atendimento no contraturno escolar de modo que todos possam ter acompanhamento pedagógico, além de acesso ao esporte, à cultura e ao lazer.

Tammy explicou que um grupo de crianças chega cedo, toma o café da manhã, realiza as atividades escolares e depois participa das oficinais de música como flauta, canto coral, ukulelê, percussão, jazz, ballet e esportes como futebol, basquete e tênis de mesa. Na sequência, almoçam e vão para a escola. Já os que estudam de manhã chegam por volta de meio-dia e, após almoçarem, participam das atividades, recebem o lanche da tarde e vão para casa. 

Arte e cultura a partir dos 06 anos

Para manter essa estrutura com café da manhã, almoço e café da tarde para 220 crianças e adolescentes, a entidade conta com a ajuda do poder público, através da participação em chamamentos, empresas parceiras, venda dos produtos da padaria da ONG que produz bolos, pães, salgados etc, e eventos beneficentes.

PARCERIAS

Tammy Gripa destacou a importância de parcerias com universidades. No caso da UNESP, estudantes de Fonoaudiologia, acompanhados da professora, realizam atendimentos semanais. Foi por este trabalho que o menino, citado no início dessa reportagem, começou a falar: “Em menos de dois anos, ele que não falava nada, nem para pedir água, hoje está ótimo e é um dos mais falantes do grupo”, contou visivelmente emocionada. 

Produção da padaria vai para mercados da cidade

Já a UNIMAR também oferece suporte, principalmente da psicologia. “Tudo o que precisamos somos atendidos. Recebemos crianças com muitos problemas e não podemos virar as costas”, assinalou a presidente. Da parte da Prefeitura, ela fez questão de agradecer o apoio do prefeito Vinicius Camarinha: “Estão sempre de portas abertas e somos gratos por isso”.

Ela citou e agradeceu o apoio do Tauste Ação Social, do Supermercado Confiança, do Escritório Gomes Altimari, que realiza todo o atendimento jurídico, da Grespan que fornece farinha para a padaria, da Havan pelo troquinho solidário, da Vértice Medicina do Trabalho, pelos exames dos colaboradores na admissão e demissão, entre outros apoiadores. 

Hora de brincar e gastar energia

Os voluntários são muito importantes para a ONG. Tammy contou sobre uma psicóloga que está desenvolvendo um trabalho com a equipe. E os planos são de dar um atendimento ainda maior às famílias, sobretudo às mães que são arrimo de família e estão esgotadas tendo que trabalhar para sustentar os filhos e lidar com todos os desafios sozinhas. 

Alimentação para 220 crianças: desafio

"Estamos precisando de uma boa nutricionista que nos oriente na parte do lanche porque percebo que o lanche acaba ficando mais com carboidrato e a gente gostaria de diminuir oferecendo opções mais acessíveis para 220 crianças”, afirmou a presidente.

Ela acrescentou que o almoço é bem equilibrado com “carne todo dia porque a criança precisa de proteína, legumes e verduras com temperos naturais, sem conservantes. O lanche é nossa maior preocupação porque aqui não tem suco de saquinho ou em pó”, observou.

AMPLIAÇÃO

A Associação Amor de Mãe começou sem nada em 2007, como registrado em reportagem deste blog. Por isso, é preciso pensar na sua ampliação para continuar atendendo a população vulnerável em suas demandas, observou a presidente. Segundo ela, no início do ano foi inscrito um projeto pela Lei Rouanet em que as empresas destinam parte do imposto a pagar para entidades. 

Veja como ajudar

Assim, foi aprovado o projeto para captar 5 milhões de reais que serão utilizados na construção de mais salas, incluindo o espaço destinado ao atendimento dos pais, cobertura da quadra esportiva etc. No entanto, desde fevereiro não entrou um centavo e o prazo termina em 31 de dezembro deste ano. 

O futuro começa agora

“Se o empresário entendesse que não vai tirar dinheiro da empresa dele, que vai doar parte do que pagaria de qualquer forma no imposto, nós conseguiríamos captar o que foi aprovado pela Lei Rouanet. O contador de cada empresa vai saber qual a parte que destinará e o dinheiro vem direto para a nossa conta, quando emitimos o recibo que a empresa utilizará na declaração do imposto”, explicou.

Apoiar esse projeto é investir no futuro das crianças

Finalizando, Tammy deixou uma reflexão: “Fico preocupada com o futuro da nossa cidade, do nosso País, do mundo. Após a pandemia, as pessoas ficaram abaladas e a fuga são as mídias sociais onde os pais se esquecem dos filhos, que também ficam nas mídias sociais. Existe um isolamento e um monte de problema psicológico. Uma pequena porcentagem está caindo aqui e queremos que essas crianças cresçam normais e sejam profissionais que queiram estudar, trabalhar e crescer. Mas, se estiverem do jeito que estão, o problema será feio no futuro. O ‘Amor de Mãe’ é tão pequeno, mas pode ser maior se tiver pessoas que acreditam no nosso trabalho”.

Para mais informações, entre em contato: (14) 34225525, Rua João Franco Nascimento, nº 320, Jardim Califórnia, em Marília/SP.

 Leia outras reportagens da ONG clicando nos anos: 2010, 2013, 2019, 2020, e 2023


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