Por Célia Ribeiro
Família feliz: gravidez após duas adoções |
Nesta semana, a reportagem do JM
concluiu a primeira parte de uma matéria que mostrará quais etapas e
requisitos são necessários para a adoção, com depoimentos de profissionais do
Fórum e de famílias que encararam o desafio e a espera até conhecerem seus
filhos.
Integrantes do Setor Técnico de Serviço Social e Psicologia do Fórum de Marília, Ana Paula Ferreira de Castro e Adriana Garcia Stefani Cechet, respectivamente assistente social e psicóloga, informaram que a fila de espera varia muito. Atualmente, cerca de 100 pessoas, entre casais e solteiros estão habilitadas para a adoção.
O que mudou, nos últimos anos, é que não apenas casais heterossexuais como casais homoafetivos vêm cumprindo todos os requisitos e vários já adotaram. Em menor número, também, aparecem pessoas solteiras que desejam ter filhos. Segundo as profissionais, não há preconceito. A única pergunta que interessa é: qual a motivação para a adoção?
A princípio, o processo pode parecer longo demais. Entretanto, tudo tem uma razão de ser. O sistema é muito atento para não haver falhas e a adoção acontecer para as pessoas que estejam realmente prontas. Afinal, está em jogo a vida de crianças acolhidas em abrigos que passaram por diferentes situações. Dos bebês aos mais velhos, eles precisam de afeto e um ambiente seguro para se desenvolverem.
Fórum de Marília (Foto Edio Junior/JM)
Em primeiro lugar, os candidatos
devem procurar o Fórum de Marília, pessoalmente à Rua Lourival Freire, 120, das
13 às 17 horas ou por telefone (14) 3311-1141 e se inscreverem no curso online.
Em formato EAD (Ensino à Distância), ele tem três módulos e deve ser concluído
em até seis horas, após os candidatos responderem algumas perguntas.
Vencida esta fase, os candidatos passam por acompanhamento com uma dupla de psicólogo e assistente social que tem 45 dias para enviar o parecer. Em média, em até três ou quatro meses o processo é concluído com a sentença do juiz. Em caso positivo, os candidatos entram, oficialmente, para a fila de adoção por estarem habilitados legalmente.
Há algum tempo, não era comum casais homoafetivos adotarem em conjunto. Geralmente, um entrava com o processo e o outro pedia para ser incluído depois. Atualmente, tanto homens quanto mulheres estão adotando enquanto casais, ainda que não tenham casado de papel passado. Aliás, ter certidão de casamento não é exigência para ninguém.
Ana Paula e Adriana citaram o caso de duas mulheres que, ao preencherem a ficha de inscrição, não colocaram muitas exigências e informaram que pretendiam adotar mais de uma criança. Por isso, quando surgiram três irmãos (05, 07 e 08 anos) fora de Marília, elas foram acionadas e, prontamente, aceitaram os filhos. A família está sendo acompanhada pelas profissionais do Fórum.
Quanto mais exigências, maior o
prazo de espera. A maioria dos candidatos tem preferência por meninas, até dois
anos, brancas ou pardas. Em algumas situações, o tempo de espera pode chegar a
10 anos. No entanto, quem não limita muito a idade e aceita irmãos, por
exemplo, consegue mais facilmente o sonho de ter os filhos em casa.
Assistente Social Ana Paula e psicóloga Adriana |
MÉDICA RECEBEU DUAS FILHAS
Conforme disse, o desejo de adotar foi se materializando aos poucos, para ela e para o marido, também médico: “Quando ia à igreja, quando rezava, quando as histórias de adoção acabavam surgindo em momentos que a gente nem esperava. E aí, essa vontade de adotar foi crescendo no coração da gente. E devagarzinho, a gente foi buscando saber melhor, entender como era o processo de adoção”.
A médica destacou a inclusão dos filhos no sonho de aumentar a família: “Entre a primeira entrevista e a chegada das nossas filhas foi um processo de dois anos. Mas, até sair o processo de adoção foi um ano e meio, mais ou menos. Durante cada etapa, os nossos filhos eram convidados a pensar conosco, participavam, a gente escutava a opinião deles. A aceitação por parte deles foi algo que foi acontecendo de forma quase natural”.
Ela também falou sobre a adaptação:
“Como a chegada de qualquer filho, você precisa abrir espaço e elas tiveram que
conquistar o espaço delas. Eles tiveram que acomodá-las dentro do espaço deles
como filhos. Dividir mais a atenção e a fase de adaptação não é fácil, para nós
como uma família que se abre para a chegada de duas filhas novas, e não é fácil
para as meninas que chegam. São dois mundos muito diferentes que começam a se
unir”.
A médica finalizou deixando uma mensagem: “Para quem deseja adotar, o que diria é quando a gente pensa em adoção, a gente pensa apenas em uma maneira diferente do filho chegar até nós. Na minha percepção, os filhos vêm de uma única origem, que é Deus, independente de vir através de uma gestação da minha barriga ou vir através da adoção. Quem traz os filhos para a vida da gente é Deus. Sempre acreditei muito nisso. Sempre tive muita fé que nossa família seria formada pela vontade de Deus”.
GRAVIDEZ APÓS A ADOÇÃO
A advogada *Alice e o servidor público *Evandro estavam casados há 15 anos quando adotaram um menino de três anos. Mas, como pretendiam aumentar a família, continuaram na fila e adotaram, pouco tempo depois, um bebê de quatro meses. E, inesperadamente, ela engravidou dando à luz outro menino.
“Foi inspiração de Deus. Antes mesmo de nos casarmos nutríamos esse desejo e depois que casamos não foi diferente. Pensávamos em ter nossos filhos biológicos primeiro e depois adotar, mas como o tempo estava passando e não conseguíamos ter nossos filhos biológicos e sabíamos que a adoção demoraria anos para sair, resolvemos nos inscrever e aguardar os filhos chegarem na forma da vontade de Deus”, contou.
A advogada lembrou da surpresa da gravidez: “Foi um susto maravilhoso. Teríamos praticamente três bebês para cuidar, porque o nosso maior, apesar da idade, teve diagnóstico de paralisia cerebral e requer muitos cuidados. Não foi e não está sendo nada fácil até porque não temos familiares aqui em Marília e essa bendita pandemia complicou absurdamente nossa vida. Mas, é muito prazeroso vê-los crescer juntos e conviverem como irmãos”.
Ela concluiu falando sobre a experiência que viveu com um filho de três anos, com sérios problemas de saúde, um bebê que chegou com quatro meses de idade, e o caçula da gravidez inesperada: “Temos para nós que se trata de uma missão confiada por Deus. Se Deus colocar isso em seu coração o faça. É muito prazeroso você poder ajudar crianças a poderem ter uma chance de ter um lar, de ter amor de uma família e poder contribuir para o crescimento e desenvolvimento delas e ter uma perspectiva de um futuro melhor por poder contar com uma família que os apoiarão. Eles são muito carentes e têm muito amor para dar. Só é necessário amá-los e ajudá-los a superar as experiências ruins que tiveram”.
Leia, na próxima edição: a Lei da Entrega Legal, quando as mães desejam colocar os filhos para adoção ainda durante a gravidez, como o caso da atriz Klara Castanho, que repercutiu nacionalmente. As profissionais do Fórum dizem que é comum, mas preservado pelo sigilo. E também a história emocionante da mãe e da filha, hoje com 18 anos, que mostra como a adoção transforma vidas. Domingo, dia 10 de julho, nesta coluna!
Obs: os nomes foram trocados para preservar a privacidade das famílias.
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