domingo, 24 de julho de 2022

ESTUDANTE DESENVOLVE SISTEMA AUTOMATIZADO PARA CULTIVO DE HORTALIÇAS

Por Célia Ribeiro

Imagine entrar na área de hortifrútis de um supermercado, se dirigir a uma gôndola iluminada com lâmpadas de LED e escolher um pé de alface ainda em desenvolvimento com as raízes imersas em uma solução de água e nutrientes. Parece ficção científica. Mas, esta colheita está muito perto de se tornar realidade graças a um estudante de Engenharia Agronômica que tem criado soluções compactas e acessíveis para o cultivo de hortaliças e legumes. 

As verduras em ponto de colheita

Everson Cardoso da Silva sempre gostou da vida no campo. Ele conta que desde pequeno sentia vontade de trabalhar na área, mas o destino o levou para o outro lado: ele atua na produção de filmes. Com o passar do tempo, vendo as dificuldades dos pequenos agricultores, ele decidiu cursar Agronomia na Universidade de Marília (Unimar) para colocar suas ideias em prática.

 

Estufa de hortaliças
Foi assim que nasceu um projeto revolucionário de hidroponia. Na estufa, com ambiente totalmente controlado, o solo é substituído por água com uma solução nutritiva que garante o desenvolvimento das plantas. Ele construiu sozinho uma estrutura de 5,4 metros quadrados (1,70 metro de comprimento por 3,00 metros de altura) onde a mágica acontece em meio a um sistema automatizado que custou menos de cinco mil reais.

No teto da estrutura, o painel solar fotovoltaico garante a captação da luz solar que é convertida em energia e armazenada em uma bateria que liga a bomba para dispensar água com nutrientes, automaticamente. Uma câmera inteligente registra tudo no interior da estufa e, se aumentar muito a temperatura e cair a umidade do ar, um aviso é disparado no celular de Everson a tempo de ajustar o fornecimento da água.

Em entrevista ao JM esta semana, o estudante explicou que os canos com diâmetros variados têm capacidade para 250 mudas de hortaliças, além de vasos pequenos que ficam na parte inferior da estufa e se beneficiam da irrigação automática e da proteção contra insetos, o que elimina a necessidade de usar defensivos agrícolas. 

Everson no interior do seu experimento

PRODUTIVIDADE

Os primeiros experimentos foram realizados há dois meses, no andar superior da casa do estudante, na zona norte. Everson disse que se surpreendeu com o rápido desenvolvimento das hortaliças e também de tomate e morango. Por não ter ideia de como seria, ele plantou todas as mudas de uma vez e, 25 dias depois, as hortaliças estavam tão grandes que encobriram a tubulação.

 

Raizes aparentes da mudinha
“Agora, aprendi a lição. Coloco as mudas aos poucos e conforme vão crescendo, transfiro as plantas para os canos de cima até que cheguem ao último nível e estejam prontas para colheita”, assinalou.

 A primeira colheita, muito farta, ele entregou à mãe que distribuiu entre os vizinhos: “Minha ideia não é vender verduras. Uso este experimento para desenvolver outros projetos. Por exemplo, tem gente pedindo para fazer uma estufa menor, para colocar em um quintal. Dá para reduzir a metragem. Porém, os equipamentos utilizados como placa solar, bomba, reservatório, bateria, câmera etc, são os mesmos”.

Ele afirmou que encontrar soluções para quem quer plantar é sua maior motivação: “Soube de um agricultor que perdeu 8 mil pés de alface, em Londrina, por causa de fortes chuvas.  Em Padre Nóbrega, um agricultor que tem uns 4 alqueires de verdura está trocando tudo pela hidroponia por causa do menor risco de perda, menor gasto com funcionários etc”.

 Everson explicou que estudou muito o projeto antes de tira-lo do papel e que uma das preocupações era o risco de faltar energia e parar a bomba fazendo com que em três ou quatro horas se perdesse uma grande quantidade de hortaliças: “Ao apostar na energia solar esse problema está resolvido. Tenho captação suficiente para quatro dias se chover direto. De dia, a bateria carrega e armazena. À noite o ciclo se inverte. No dia seguinte, repõe a energia que foi usada. Caso a claridade não seja suficiente, posso ligar na energia elétrica e tudo funciona. Mas, até hoje, o meu painel solar tem sido mais do que suficiente”.

 

Tomatinho em ponto de colheita
A utilização de energia fotovoltaica é uma importante opção no campo. O estudante comentou que “quando falta luz na cidade, em poucas horas volta ao normal. Na zona rural, às vezes, só volta a energia no dia seguinte. Ou seja, se tiver estufa e ficar sem energia para a bomba, vai perder tudo”.

Everson também falou sobre a qualidade da produção: “O legal é não precisar usar defensivos agrícolas. Mas, tem que estar sempre de olho e manter a porta da estufa fechada para não entrar nenhum inseto”. E como os experimentos têm dado certo, ele quer expandir ao máximo essa ideia que alia qualidade com baixo custo de produção.

Quanto à ideia da gôndola de supermercado, do início desta reportagem, o estudante disse que é seu próximo passo: “Quero ver as pessoas escolhendo as verduras vivas, ainda se desenvolvendo com as raízes nos tubos recebendo os nutrientes. Elas vão poder pegar o que querem, colocar no saquinho e passar no caixa. Chegando em casa, se quiserem, podem deixar as verduras em água limpa por três ou quatro dias e elas se manterão frescas”. 

Destaque para o painel solar no teto
O que falta para a ideia sair do papel? Parceiros! E sobre isso o estudante de agronomia já está pesquisando, ao visitar supermercados para projetar o protótipo da primeira gôndola. A ideia é que os agricultores que trabalham com hidroponia forneçam as hortaliças aos supermercados que, ao invés de coloca-las em área refrigerada, as manterão vivas nos tubos hidropônicos ao alcance dos consumidores. 

Painel de controle ao fundo

Para saber mais sobre o estudante de Agronomia, seu Instagram é https://www.instagram.com/eversonsilvaagronomia/ e o telefone é (14) 997044831

Leia reportagem sobre a Agronomia da Unimar publicada em 2011 neste blog, acessando AQUI

 *Reportagem publicada na edição de 24/07/2022 do Jornal da Manhã


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