domingo, 15 de maio de 2022

NO TERRÃO DA QUEBRADA, PROJETO SOCIAL TROCARÁ ÓLEO DE COZINHA USADO POR VERDURAS ORGÂNICAS.

Por Célia Ribeiro

Um local tomado pelo mato e habitado por animais peçonhentos, cheio de lixo e foco constante de queimadas, em menos de três anos foi transformado pelas mãos de um ativista que vislumbrou um futuro diferente na zona norte de Marília. Thiago Felipe de Campos é o nome à frente do “Terrão da Quebrada Julieta”, com projetos sociais como o “Sangue Bom” que iniciou uma campanha para trocar óleo de cozinha usado por alimentos orgânicos cultivados na horta comunitária do bairro. 

Vista geral da horta comunitária

Em entrevista ao JM, ele contou que o projeto social começou há três anos, com atividades voltadas às crianças do bairro, após obter autorização da Prefeitura ( Lei “Adote uma praça”), para cuidar do local. Com a ajuda de alguns moradores, aos poucos o lugar abandonado foi ganhando vida até o ponto em que Thiago decidiu avançar um pouco mais.

“A ideia de trocar o óleo pela verdura surgiu da minha vontade de fazer uma horta comunitária e ajudar o próximo. Mas, eu não queria vender o óleo e pegar o dinheiro da população. Aí veio a ideia de plantar e trocar esse alimento pelo óleo de cozinha. Ao mesmo tempo a gente vai ajudar o meio-ambiente, para que o óleo de cozinha não polua e também vai ajudar o próximo”, assinalou. 

Thiago, idealizador
do projeto

Aos 36 anos, vendedor autônomo de vestuário masculino, Thiago é um ativista incansável que carrega o sonho de transformar a realidade no seu entorno. Por isso, correu atrás de ajuda para a formação da horta e, com seu exemplo, estimula outros moradores a contribuírem com os cuidados que o cultivo de legumes e verduras exigem.

Ele explicou que o óleo usado será armazenado e vendido com a renda reinvestida na horta comunitária que já dá os primeiros resultados, com abobrinhas e morangas rapidamente brotando da terra. Assim que a produção começar a aumentar, os moradores do bairro poderão levar garrafas PET com óleo usado e escolherem que tipos de verduras ou legumes levarão para casa.

PREFEITURA

O chefe do Meio Ambiente da Prefeitura, Cassiano Rodrigues Leite, destacou a importância de iniciativas como a do Terrão da Quebrada: “Esse projeto engloba uma área gigantesca da Prefeitura, muito grande mesmo. É um sistema de lazer ao lado da nascente do Ribeirão dos Índios. Toda essa área estava degradada com mato muito alto, queimadas constantes e descarte de lixo que chegou a virar depósito de entulho dos caçambeiros. Precisou de intervenção da Cetesb para embargar essa área e parar esse descarte”, recordou.

Conforme disse, “o Thiago, morador do local, chamou a responsabilidade pra si, começou a cuidar dessa área, acabou com as queimadas e limpou a área. Era infestado de escorpiões. Ele criou um playground para crianças com recursos próprios dele e da população, através de rifas; criou campos de futebol de terra, quadra de vôlei para jovens, conseguiu uma academia ao ar livre. Ele foi desbravando, plantando, avançando”. Cassiano disse que há planos de recuperação de toda aquela região, com o desassoreamento de nascentes que estão sendo identificadas e, em breve, será instalada uma pista de mountain bike para as crianças.

 

Abóboras brotando
no terreno
Sobre os equipamentos de lazer da população, o chefe do Meio Ambiente lembrou que “o que estamos fazendo é resgatando a velha infância, o futebol no campinho de terra, a pista de bicicleta para a meninada andar, tudo o que for possível para resgatar a velha infância, de pé no chão com a molecada suja de terra”, em contraponto ao excesso de tecnologia presente nos dias atuais.

 Sobre a horta comunitária, Cassiano informou que a Prefeitura colaborou com o tombamento da terra, melhoria na composição do solo e doação de material para fazerem o cercamento da área, executado por Thiago e alguns moradores. Conforme disse, “era um sonho do Thiago de ajudar, mas que não fosse gratuito, que a população entenda que tem uma mensagem por trás disso”.

Neste sentido, ele lembrou que um litro de óleo pode contaminar um milhão de litros de água indiretamente e 25 mil litros diretamente: “A população traz o óleo e, em troca, leva um pé de alface ou o que quiser levar. E após vender o óleo, este recurso será investido na horta. É um ciclo. As pessoas levam o óleo e cuidam do meio ambiente, tirando esse material de grande impacto, principalmente, para o solo e para a água.”

DEGRADAÇÃO

O programa municipal “Minha Cidade é Verde” tem registrado inúmeras iniciativas populares, explicou o chefe do Meio Ambiente: “Temos tentado apoiar, de todas as formas, vários projetos. Todo projeto que, de alguma forma, cuida do meio ambiente, desenvolve o apelo social, que vai acabar com área degradada, seja atrás de hortas urbanas, arborização ou atividades físicas. Às vezes, a pessoa quer só um campinho de futebol onde está uma tonelada de lixo”. 

Cassiano Rodrigues Leite

Ele lamentou, no entanto, que já houve casos de a Prefeitura limpar a área e a comunidade não cuidar e voltar a depositar lixo. Por isso, destacou a necessidade de conscientização das pessoas como ocorre nas iniciativas que estão sendo apoiadas: “Não tem nenhum projeto que a gente olha para trás e fala que não deu certo”, frisou.

Segundo Cassiano, “a população entendeu o recado e está interessada em acabar com esses descartes. Ando muito na periferia, que é a mais afetada. A população tem participado desta gestão participativa em que estamos permitindo que as pessoas ocupem as áreas que lhes pertencem. As áreas públicas pertencem ao povo. Respeitando a característica da área estamos conseguindo avançar com projetos, protegendo nascentes, com hortas, plantios e parques” 

Primeiros legumes colhidos

Ele acrescentou que “são mais de 500 áreas para cuidar e dependemos muito da ajuda da população evitando as queimadas e o descarte de lixo, mas também, assumindo e se comprometendo em preservar o que está sendo feito, ocupando essa área com algum projeto ligado ao meio ambiente ou área social”.

Prosseguindo, Cassiano disse que “a ideia do Tiago é inovadora, da pessoa poder consumir um alimento gerado através de uma ação ambiental prática. Deixa de descartar óleo no meio-ambiente e, em contrapartida, vai levar o alimento para a mesa dos seus familiares e esse óleo vai voltar para a horta para gerar novos alimentos para as pessoas que continuarem agindo com essa sabedoria”.

 

Mutirão de plantio de árvores no local

O chefe do Meio Ambiente assinalou que “nós vamos caminhar ao lado do Tiago, observando esse plantio, procurando apoiar no que for possível, mas sempre permitindo que a população participe, que eles sejam envolvidos diretamente com a ação, justamente para promover a educação ambiental. De nada adianta a prefeitura fazer uma bela horta e virar as costas. Não vai adiantar. A pessoa não vai cuidar. Temos que deixar que os moradores de cada bairro se envolvam nas ações e entendam que as áreas públicas lhes pertencem”. 

Material de divulgação da campanha

Ele ressalvou que a Prefeitura precisa conceder autorização para os projetos para “que nenhuma legislação seja atingida de forma negativa, que nenhuma nascente seja prejudicada. Mas, de qualquer forma, estamos à disposição para dar esse suporte”. O contato da Secretaria do Meio Ambiente é (14) 34086700.

Leia AQUI sobre o grupo de ativistas que tem desenvolvido projetos ambientais em Marília.

*Reportagem pubicada na edição de 15/05/2022 do Jornal da Manhã


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