Por Célia Ribeiro
A notícia da chegada de um bebê é motivo de alegria e celebração na família. Mas, para muitas mães de baixa renda, com vários filhos pequenos, a gravidez também vem cercada de preocupações. Há amor em abundância, mas e os primeiros cuidados? Por isso, o trabalho das voluntárias do Departamento Infantil André Luiz, do NEAP (Núcleo Espírita Amor e Paz), é um dos mais importantes na rede de proteção social de Marília.
(Esq)
Margarida, Eliíde, Sonia e Carol
Ao longo do ano, as gestantes
participam de encontros mensais, quando recebem orientações da médica pediatra
Dra. Zilda Tosta Ribeiro e da odontopediatra Dra. Simone Martelato que fala
sobre a amamentação. Além disso, a nutricionista Michelle Righetti Morossato
explica como manter uma alimentação mais saudável, mesmo com poucos recursos.
A única exigência é a carteirinha de pré-natal, como forma de garantir o acompanhamento da gestação nas unidades de saúde, explicou a coordenadora Maria Carolina Peres Ruano. Assim, na época do parto, as gestantes recebem uma bolsa de maternidade contendo vários itens de enxoval, que vão de mantas, lençóis, toalhas de banho e cobertores até casaquinhos e fraldas descartáveis. De janeiro a abril deste ano já foram entregues 100 enxovais.
Peças
de enxoval para as mamães
Muitas peças de roupas são novas, mas
há algumas seminovas que passam por um processo de higienização. E, como a
solidariedade parece ser contagiante, há pessoas que preferem contribuir de
longe, sem pertencerem à entidade: são artesãs talentosas que confeccionam
mantas de retalhos e roupinhas de lã, tão úteis no outono e inverno, como
casaquinhos, gorros, meias e sapatinhos.
BRECHÓ FINO
Brechó
com roupas de qualidade: fonte de renda
As voluntárias presentes na
quarta-feira falaram com emoção sobre o trabalho com as gestantes que requer tempo
e dedicação. É que, para oferecer
assistência às mamães, a instituição mantém um brechó muito organizado que
lembra uma loja de shopping center.
As peças estão impecáveis, limpas e passadas antes de irem para os cabides. Nada de banca com peças jogadas, como geralmente se vê em bazares populares. O brechó do Departamento Infantil André Luiz é diferenciado: a voluntária Margarida, por exemplo, adora separar as doações que chegam e leva para sua casa para lavar e passar. Só então, as peças recebem a etiqueta de preços e vão para as araras.
Margarida na “lojinha” da entidade
E por falar nisso, Margarida acabou se tornando uma especialista em vendas. Carol contou que “ela bate o olho na pessoa e já sabe o que combina, o que fica bom. Não dá outra: a roupa fica linda e a cliente vai embora feliz”. Não raras vezes, elas separam um tempo para formar conjuntinhos: embora as roupas sejam de baixo preço (algumas custam só cinco reais), são produtos de boa qualidade.
É com a venda dessas doações, que
vão desde roupas, calçados, utilidades domésticas, eletrodomésticos etc, que a
ação social tem condições de prosseguir, destacou a coordenadora, assinalando
que “não temos outra fonte de renda”. Só não aceitam móveis por falta de espaço
para estocar.
Mantimentos para socorro
emergencial
Os clientes do brechó e as mamães recebem acolhimentos diferenciados: Quem vai comprar e, dessa forma, ajudar na geração de renda para o projeto social, é bem atendido com uma vendedora voluntária disposta a fazer tudo para que os clientes encontrem o que procuram.
Já as mamães são recebidas em um cantinho do café, na cozinha, onde podem tomar um chá com bolacha e descansar antes de receberem as doações. “Quando a gente gosta de uma pessoa não recebe na cozinha? Por isso, pensamos em criar um cantinho do café para que as mamães se sintam bem acolhidas aqui”, explicou Carol Ruano.
A sensibilidade das voluntárias é tamanha que elas não ignoram as dificuldades de quem as procura. Elas contaram várias histórias como a de uma gestante de risco, na quinta gravidez, que não tinha o que comer naquela semana. Por isso, a entidade mantém um estoque pequeno, mas estratégico, com itens não perecíveis como arroz, feijão, óleo, macarrão, sardinha, sachê de molho, leite e bolachas para doar a quem mais precisa.
Bolsas
de maternidade prontas para entrega
A coordenadora explicou que “não
entregamos cesta básica, mas temos sempre alguma coisa para socorrer. Então, a
gente encaminha essas gestantes para outras instituições que dão cesta básica
que é o Centro da Rua XV de Novembro e o Centro perto da Galeria Atenas. Eles
mandam gestantes para nós e nós mandamos para eles”.
SEM PRECONCEITO
Carol Ruano destacou que todas respeitam as gestantes e não fazem perguntas incômodas do tipo “por que engravidou de novo?”. Lá é um local para dar orientação e suporte às mulheres em situação de vulnerabilidade social e não julgar. “Outro dia recebemos aqui um pai com duas filhas, uma de 15 e outra de 16 anos, as duas grávidas. Ele chorou ao pedir ajuda”, recordou.
Encontro
de gestantes antes da pandemia
Na medida do possível, além das
gestantes e bebês, o projeto contribui com outros membros da família. Assim, a
mãe que vai com filhos pequenos acaba levando algumas coisas para eles, também.
Geralmente, as gestantes chegam com vários filhos bem pequenos.
Roupas de qualidade a preços acessíveis
Além disso, muitas mulheres que abriram lojinhas na garagem de casa, durante a pandemia, vão à entidade comprar roupas para revender na periferia. Para elas, o preço é simbólico como uma forma de ajudar “a complementar a renda dessas famílias que têm pessoas desempregadas”, explicou a coordenadora.
Para apoiar esse projeto social,
todas as doações são bem-vindas: roupas, calçados, acessórios, eletrodomésticos
etc, em bom estado. Quem gosta de fazer roupinhas de bebê em tricô ou crochê
também pode doar casaquinhos, gorros e sapatinhos de lã.
As mamães que tiveram bebês e as roupas seminovas não servem mais também podem entregar as doações na entidade que fica localizada à Rua Cel. José Braz, 682, esquina com a Rua Bonfim, telefone (14) 997129706. O brechó funciona às terças e quintas-feiras, das 8 às 10h30 e das 13h30 às 17h e às sextas-feiras das 8h às 10h30.
Leia AQUI outra reportagem sobre a entidade na pandemia.
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