domingo, 7 de novembro de 2021

MARILIA VERDEJANTE: A HERANÇA DE UMA CIDADE ARBORIZADA PARA AS FUTURAS GERAÇÕES.

Por Célia Ribeiro

Imagine-se caminhar 1.720 quilômetros em um único dia, carregando 100 vezes o seu peso. Essa é uma característica das formigas que percorrem um quilômetro por dia e são conhecidas pelo seu trabalho silencioso, porém eficiente. Em Marília, um grupo está fazendo algo parecido, avançando milhares de quilômetros num setor antes esquecido: organizados, seus integrantes conseguiram mobilizar a comunidade, sacudir o poder público e colocar sementes melhoradas em um solo antes árido e triste.

(Esq) Cassiano, Leandro e Fernando

Como resultado desse movimento, que está ganhando força e visibilidade, foi criado o “Bosque dos Ipês Amarelos”, no Jardim Aquarius e, no último dia 30, nasceu o “Bosque das Flores” na Vila Altaneira. Mas, o céu é o limite quando se fala na disposição desses ambientalistas: no próximo dia 11 de novembro, será dado o pontapé inicial do plantio de um corredor de espécies frutíferas na estrada que liga Marília a Vera Cruz com o objetivo de incentivar o ecociclismo. 

Várias espécies foram plantadas dia 30/10/21

Além disso, a zona sul ganhará mais um bosque de ipês no Jardim Domingos de Léo, a Via Expressa Sampaio Vidal-Nova Marília será inundada pelos ipês coloridos, e a zona norte terá seu “Bosque dos Pássaros” com espécies frutíferas. Isso sem falar nos planos de apoiar hortas urbanas e contribuir com a revitalização de mais de 500 áreas públicas abandonadas.

Para registrar essa ebulição toda, a coluna entrevistou por videochamada o jornalista da TV Record e idealizador do “Bosque das Flores”, Fernando Garcia, o chefe do Meio-Ambiente e principal nome da área no setor público, Cassiano Rodrigues Leite e o interlocutor do Programa Município Verde Azul, Leandro Silva.

Cuidado na hora de depositar a muda

Eles fazem parte de um grupo que se comunica via aplicativo WhatsApp e tem o sugestivo nome de “Marília Sustentável”, o mesmo desta coluna e blog que completou 11 anos em 2021. São 50 pessoas de várias áreas que têm em comum o desejo de contribuírem para transformar Marília numa cidade como Maringá e Londrina, referências na arborização urbana.

Funcionários públicos da Prefeitura e do DAEM, representantes de ONGs, clubes de serviço, Polícia Militar Ambiental, Corpo de Bombeiros, coordenadores dos projetos Plantas e Peixes, Doce Futuro, Agrofloresta e Eco Estação (coleta seletiva), jornalistas, entre outros, estão em contato permanente compartilhando informações e promovendo mobilizações para as ações concretas, geralmente realizadas em mutirão nos finais de semana.

Várias pessoas participaram da ação ambiental

BOSQUE DAS FLORES

A ideia do “Bosque das Flores” tem um pai conhecido. O jornalista Fernando Garcia é um amante da natureza. Já foi entrevistado nesta coluna, há um ano,  quando falou sobre os conceitos de sustentabilidade que aplica em sua casa, no bairro Altaneira. Em contato com Cassiano Rodrigues ele contou sobre a grande área pública abandonada há 30 anos no seu bairro e manifestou a vontade de ver o local transformado em um bosque para a comunidade.

A parte mais difícil foi conseguir as mudas, explicaram Fernando e Cassiano. Para o trabalho braçal, felizmente, eles encontraram apoio. Na parte da limpeza e preparação do terreno, contaram com a ajuda da Prefeitura que forneceu maquinário e mão de obra.

As crianças também aderiram ao plantio

Perfeccionista e curioso, o jornalista foi estudar sobre o assunto, se debruçando em manuais da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) nas horas livres. E confirmando o ditado segundo o qual “quando a intenção é nobre o universo conspira a favor”, chegou ajuda de primeira linha com o engenheiro florestal Cauê Santos e a engenheira agrônoma Larissa Miyanuti.

Fernando Garcia explicou que ele foi guardando as mudas que conseguia, junto com Cassiano, na sua residência do bairro Altaneira. Ele aproveitou para fazer o trabalho de rustificação, que é a aclimatação das mudas acostumadas à sombra antes de serem colocadas diretamente no sol. Este período é importante e responsável pelo bom desenvolvimento das plantas.

Maquinário da Prefeitura 

Com todo o planejamento possível, foi então marcada a data do plantio após terem preparado o solo com irrigação das covas e colocação de hidro gel, uma substância que ao receber água se expande garantindo a umidade do solo por mais tempo. E por falar em solo, ele foi corrigido e adubado para receber as espécies: 27 mudas de ipê roxo, 15 de ipê amarelo do serrado, 05 de ipê amarelo da Mata Atlântica, 12 de ipê branco, 03 mudas de jacarandá e de madeiras em extinção, como 03 mudas de cedro rosa, 03 de pau-brasil e 03 de mogno brasiliense. No entorno, foram plantadas 15 mudas de hibiscos.

MINHA CIDADE É VERDE

Segundo Cassiano Rodrigues, está sendo desenvolvido em Marília o projeto “Minha cidade é verde” com várias frentes de atuação: “Estamos nesta frente de trabalho, através da gestão participativa, trazendo a população para nos ajudar a melhor o meio-ambiente, que é de todos”, frisou. 

Conforme disse, foram organizados grupos temáticos, com o apoio do poder público, como Doce Futuro, Agrofloresta, Plantas e Peixes e Eco Estação: “Colocamos a primeira engrenagem da coleta seletiva para girar; colocamos a engrenagem do projeto nascentes para desenvolver também e chegou a hora da arborização urbana, com o período de chuvas”.

Cassiano destacou o trabalho de equipe e fez questão de elogiar o engajamento do jornalista Fernando Garcia: “Ele se tornou um grande parceiro, foi atrás de mudas, fez trabalho braçal, espantou vacas na área e muito mais”, assinalou. O chefe do Meio Ambiente também ressaltou o empenho de Leandro Silva que está lado a lado no acompanhamento dos projetos.

No entanto, frisou que a participação da população é essencial para o sucesso da empreitada: “A Prefeitura entra com o maquinário, faz a limpeza, mas quando a gente vê a população ajudando, cuidando, é muito gratificante porque estamos fazendo nossa parte como cidadãos.”

FUTURAS GERAÇÕES

Leandro Silva disse que quanto maior o desafio, mais se sente motivado e que tem sido gratificante participar desta transformação na área ambiental da cidade. Por sua vez, Fernando Garcia lembrou que o que está sendo feito será aproveitado pelas gerações futuras que poderão usufruir de muitas áreas verdes e de espaços que estão sendo revitalizados neste trabalho de formiguinha.

“As pessoas estão muito envolvidas. Notei que aumentou a autoestima das pessoas no meu bairro e que estão querendo ajudar”, observou o jornalista explicando que o DAEM instalou uma torneira para a irrigação das mudas e que todo trabalho voluntário é bem-vindo.

Cassiano Rodrigues ressalvou, entretanto, que as pessoas que quiserem revitalizar áreas públicas ociosas em seus bairros devem procurar a Prefeitura para obterem as informações e orientações necessárias. Ele citou casos de plantios de árvores de grande porte sob fios da rede elétrica e que terão que ser eliminadas, infelizmente.

“Podem querer não um bosque, mas uma horta urbana a exemplo do que ocorre em São Paulo. Há várias maneiras de aproveitar esses espaços públicos. Mas, tudo tem que ser feito com critério e, principalmente, com a participação da comunidade para garantir sua manutenção”, finalizou. 

Para maiores informações, ligue para: (14) 3408-6700

Leia reportagem sobre Fernando Garcia AQUI

*Reportagem publicada na edição de 07.11.2021 do Jornal da Manhã

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