domingo, 27 de março de 2022

ONG "ALIMENTO SIM, FOME NÃO" COMPLETA 21 ANOS ASSISTINDO QUEM MAIS PRECISA

Por Célia Ribeiro

Diferenciadas são as pessoas que, convivendo em um ambiente de extrema pobreza, não se conformam com o sofrimento alheio, arregaçam as mangas e conseguem contribuir para mudarem a situação. Foi assim que o jovem Amauri Gonzaga, morador da periferia, iniciou um dos mais importantes e longevos projetos sociais de Marília: a ONG “Alimento Sim, Fome Não”. 

Amauri Gonzaga passa orientações na entrega de alimentos

Tudo começou em 2001, recordou o presidente e fundador da entidade, em entrevista à coluna, nesta semana: “Eu morava no Parque das Vivendas, zona oeste, uma região muito carente. Moravam muitas famílias necessitadas, pessoas que trabalhavam com recicláveis, ajudantes de pedreiro, boia-fria na lavoura. Eu via as pessoas naquela situação e tive a ideia de juntar  alguns amigos que cantavam música sertaneja, samba, pagode e música gospel”, para um show em uma escola. 

Controle das famílias cadastradas

Com um ofício embaixo do braço, lá foi Amauri conseguir autorização para que a escola do bairro sediasse o evento beneficente, cuja entrada era um quilo de alimento não perecível. A primeira empreitada fez tanto sucesso que o grupo resolveu formar uma entidade para amparar quem mais precisava, aliando solidariedade e diversão.

Ele lembrou que era trabalhoso organizar os eventos e também a logística no final dos shows: cantores, músicos e voluntários se reuniam após cada apresentação para separarem “os alimentos vencidos e os que estavam bons”, isto é, no prazo de validade, para montarem as cestas básicas que eram entregues às famílias previamente cadastradas. 

A Kombi precisa de 2 mil reais para sair da oficina

Amauri disse que o envolvimento dos voluntários foi fundamental: “A gente tinha muita empatia pelo sofrimento dessas pessoas, por ver a luta e o sofrimento delas. Aquela região, que já não moro mais lá, ainda é um local bem carente. Depois, mudei para o Nova Marilia III e que também é um local onde mora muito catador de recicláveis e famílias pobres. Tem família que passa necessidade praticamente todos os dias”, observou. 

Show de 2003, no início do projeto social

Residindo do outro lado da cidade, o presidente da ONG procurou as famílias carentes da zona sul para formação de um novo cadastro. Atualmente, são 289 pessoas assistidas, regularmente, além de 770 pessoas atendidas com cestas básicas, doadas pela comunidade e empresas como supermercado Kawakami, leite entregue pela Secretaria da Assistência Social de Marília, biscoitos doados pela Marilan, pães, bolos e legumes doados pelo Tauste etc.

 CRISE ECONÔMICA

 Amauri Gonzaga disse que, desde o início da ONG, a fase mais difícil começou em 2020 com a pandemia. Ele contou que a entidade começou a ser procurada por pessoas desesperadas sem terem o que comer. Foi quando instituíram o chamado “caderno emergencial” para registrar os atendimentos das pessoas que viam ali a última chance de levarem alimento para casa. 

Longas filas para receber os alinentos

O presidente calcula que 1.800 famílias tenham sido cadastradas, emergencialmente, e que graças à solidariedade da comunidade e o apoio de várias empresas, a ONG tem conseguido assistir os mais necessitados, seja nos bairros da zona sul quanto nas zonas norte e oeste. 

Doação de legumes

Além da zona sul, o bairro Maracá também conta com uma base da ONG onde são distribuídos alimentos e leite, duas vezes por semana. No bairro e adjacências, já são 99 famílias assistidas. Além de alimentos não perecíveis e leite, essas pessoas recebem pães, bolos, biscoitos, agasalhos, calçados e legumes.

Amauri disse que a luta é diária para manter a ONG de portas abertas. Ele destacou que “nem na pandemia nós paramos. Apenas deixamos de fazer as visitas, mas continuamos entregando os alimentos para as famílias”, para o que conta com os 12 membros da diretoria e voluntários, totalizando 35 pessoas.

Conforme disse, os gastos são elevados: a Kombi, que faz o transporte das doações, está na oficina há dias e necessitará de dois mil reais para quitar os reparos no motor. Além disso, há despesas com água e energia elétrica (480 reais), aluguel da sede (800 reais), combustível (680 reais), materiais de limpeza (120 reais), sacos plásticos reforçados para montagem das cestas básicas (180 reais) etc.

O presidente disse que há muitos voluntários que passaram a colaborar com a entidade após terem sido ajudados no passado. No entanto, com o agravamento da crise econômica, “muitas pessoas que nos ajudaram antes, hoje estão vindo buscar ajuda. A situação está muito complicada”, lamentou.

 

Pães e bolos
Ele destacou, entretanto, que as doações de alimentos diminuíram muito: “Tem gente que parou de doar porque pensa que a pandemia acabou. Mas, ela não acabou. Precisamos muito de doações”, assinalou. Por sorte, o projeto social tem o apoio de várias empresas como Tauste, Kawakami, Marilan, Construtora Menin, Replan, WebLine, Lanchero Alimentos, entre outros.

Amauri Gonzaga fez questão de agradecer o apoio da secretária Vania Lombardi, da Assistência Social, não só pela doação de leite e cestas básicas, como apoio às ações da ONG. Um exemplo é a futura horta comunitária que será formada em uma área de 500 metros quadrados no Jardim Maracá, nomeada de “Terra Prometida”.

Em parceria com a Unimar e a Secretaria da Agricultura do Município, a horta contará com a participação das famílias do Jardim Maracá e imediações para o cultivo de legumes e hortaliças que ajudarão a complementar as refeições.

A ONG “Alimento Sim, Fome Não”, está localizada à Rua Cândida de Souza Gemeinder, 496, no Jardim Nacional (zona sul). Para saber mais sobre a entidade, acesse a rede social: https://www.facebook.com/alimentosimfomenao/

*Reportagem publicada na edição de 27/03/2022 do Jornal da Manhã

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