domingo, 27 de junho de 2021

MORADORES DO MARIA IZABEL ADOTAM ÁREA ABANDONADA EM PARCERIA PÚBLICO-PRIVADA.

Por Célia Ribeiro

Uma área de quase 1.000 metros quadrados, localizada estrategicamente no cruzamento das ruas Mecenas Pinto Bueno e Cláudio Manoel da Costa, no Jardim Maria Izabel, estava há anos abandonada. O mato alto tornou-se o habitat perfeito para a proliferação de insetos, roedores e todo tipo de animal peçonhento até que, alguns moradores, inconformados com a situação, foram atrás do proprietário e se surpreenderam ao saber que o terreno foi reservado à Prefeitura na época do loteamento do bairro e deveria abrigar uma área verde.

Maria e os tomatinhos

Segundo o contador Orisvaldo Quiquinato, integrante do grupo de moradores que se mobilizou, há cinco anos, nem a Prefeitura sabia da titularidade da área. Ao tomar conhecimento da iniciativa dos vizinhos em adotar a área, foi feita a regularização do terreno junto ao cartório e formalizada a parceria com a entidade constituída para este fim: a Associação dos Moradores do Bairro Jardim Maria Izabel.

“A gente passava por aqui e via o terreno abandonado”, recordou Quiquinato, citando que vários moradores do bairro tinham o desejo de ver o espaço revitalizado e utilizado pela população. Assim, foi elaborado um projeto que será apresentado e debatido com os moradores e, em seguida, será protocolado junto à prefeitura para darem início à mobilização da sociedade, através da população e empresas que queiram contribuir.

ARBORIZAÇÃO

Toda semana, os moradores se revezam nos cuidados do local em que foram plantadas árvores frutíferas (banana, amora, mamão, romã), mandioca, abóbora para conter o mato, tomate cereja e espécies nativas como pau-brasil e ipê. Os voluntários conseguiram a instalação de um poste de energia elétrica e o DAEM fez a ligação da água. Antes, os moradores improvisavam: “Eu trazia dois galões de 200 litros de água para irrigar as plantas. Uma vez, deixei aqui e roubaram”, lamentou Quiquinato. 

Área pública agora bem cuidada

E como houve outros furtos e depredação da área, os voluntários se cotizaram e fecharam o terreno que será aberto quando o projeto da área verde com equipamentos de uso comunitário estiver concluído. A ideia é manter um espaço bem arborizado, com bancos e postinhos de iluminação, playground e pergolado para que a população possa usufruir.

(Esq) Salim Margi e Orisvaldo Quiquinato

Quiquinato falou com entusiasmo do projeto elaborado por uma das voluntárias, a arquiteta e ex-secretária de Planejamento Urbano, Maria Cristina Bondezan e destacou a ajuda dos vizinhos no cuidado do espaço. E por falar em cuidado, o contador tem uma auxiliar de primeira hora: a netinha Maria que, aos seis anos, o acompanha junto com a vovó Sueli nos cuidados das terças-feiras.

Bananeira dando frutos

Quando surgem formigas, o trio dá um jeito de eliminá-las, irriga as plantas, retira o mato e limpa o terreno seguindo a rotina que cada voluntário se propõe. Como recompensa, quando há frutas maduras, os três colhem apenas algumas para que outras pessoas também possam usufruir do resultado dos cuidados coletivos.

Quiquinato observou que há um longo caminho pela frente. Conseguiram a formalização de uma ONG (Associação dos Moradores do Bairro Maria Izabel), constituindo a primeira diretoria e aprovaram o estatuto. A ideia é sensibilizar a comunidade para apoiar a iniciativa e incentivar moradores de outras regiões da cidade a também se organizarem para adotarem uma área pública.

“A rua é nossa. O bairro é nosso. É um coletivo e cada um tem que fazer sua parte”, destacou Quiquinato, assinalando que Marília sente falta de bolsões de mata, como o bosque “que é mata atlântica dentro da cidade. Isso diminuiria a temperatura e melhoraria a qualidade do ar. A cidade tinha que crescer com esse conceito de manter a mata nativa com biodiversidade e deixar uma cidade com menos concreto e menos cimento”.

Maria Más Rosa adora irrigar as plantas

ENTIDADE

O advogado Salim Margi está engajado no projeto desde o princípio. Foi um dos moradores inconformados com o abandono do local. Ele lembra, com tristeza, as dificuldades em obter apoio: “Às vezes surgem voluntários, mas falta comprometimento em dedicar algumas horas para ajudar a cuidar do espaço”.

Romã em destaque

Em compensação, alguns vizinhos, mesmo sem muito tempo, dedicam as horas livres para capinarem o mato e molharem as plantas. Por isso, ele está confiante em que o local, futuramente, será um espaço público arborizado, com equipamentos comunitários, com acessibilidade e que servirá de modelo de como a sociedade organizada pode fazer muito sem esperar tudo do poder público.

A Associação eleita em fevereiro de 2020 tem como dirigentes: Salim Margi (presidente), Maria Cristina Bondezan (vice-presidente), Márcio Liberato Macedo Jr (1º secretário), Orisvaldo Quiquinato (2º secretário), Diogo Henrique Farias (1º Tesoureiro), Mauro Mercadante Mortari (2º Tesoureiro). No Conselho Fiscal, como titulares estão: Mary Elisabeth Sampaio Oliveira Faria, Marcelo José de Macedo, Carmila Freitas do Amaral e como suplentes Sueli Esteves Quiquinato, Priscila Maria do Amaral Margi e Thais Cristina do Amaral Margi.

Entre os diversos objetivos da Associação, estão: a defesa, preservação e conservação do meio-ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; estimular e apoiar a defesa dos interesses comunitários fomentando o desenvolvimento do espírito associativo, buscando e oferecendo subsídios, sempre que possível, com recursos técnicos, materiais e humanos; encaminhar as demandas comunitárias aprovadas em assembleias ao poder público; defender o meio-ambiente, a qualidade de vida, a cidadania e os direitos humanos. 

Futura área de lazer para a população

Com a entidade formalizada, voluntários engajados e o exemplo do cuidado do espaço público sendo transmitido às crianças, como a pequena Maria Más Rosa, a área degradada de outrora tem tudo para se tornar um modelo e inspirar outras pessoas a tornarem seu bairro muito melhor. 

* Reportagem publicada na edição de 27.06.2021 do Jornal da Manhã

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