domingo, 4 de outubro de 2020

CERÂMICA: A ARTE QUE VEM DO BARRO É TERAPÊUTICA E ATRAI TODAS AS IDADES.

Por Célia Ribeiro

Vem da pré-história a arte de moldar objetos em argila que, depois de secados no fogo, eram utilizados de diferentes maneiras. Milhares de anos se passaram e a cerâmica, como se conhece hoje, é ensinada em ateliês e escolas de artesanato, atraindo pessoas de todas as idades que buscam uma atividade diferenciada que exige paciência e guarda um componente de expectativa. Afinal, só após aberto o forno é que se pode conhecer o resultado final.

Nenhuma peça é igual a outra

Em Marília, a artista plástica Patrícia Garcia Muller Manzano é referência entre os ceramistas. Do primeiro contato com esta arte, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde se graduou, até a “Vila das Artes”, espaço que criou há 13 anos, ela tem sua trajetória profissional entrelaçada com a técnica que ensina para todas as faixas etárias: de crianças bem pequenas até idosos.

Patrícia Muller Manzano

Após a universidade, quando retornou a Marília, Patrícia lecionou no SESI. Para turmas de crianças ela ensinava a arte da cerâmica. Paralelamente, ela iniciou um ateliê em casa em sociedade com uma ceramista e do trabalho inicial ela deu prosseguimento na Vila das Artes quando a amiga se mudou de Marília. E lá se vão quase 15 anos.

Alunas no ateliê

“Sempre gostei muito e sempre me envolvi com todas as artes na Villa. Mas, a cerâmica sempre foi a minha parte de contribuição para as alunas”, comentou a artista plástica ao falar sobre o perfil dos ceramistas: “Quem vem para as aulas normalmente é quem tem interesse em uma atividade diferenciada. Muitas de minhas alunas já fizeram de tudo, já costuraram, já bordaram, e eu também tenho alunas que eram crianças, se interessaram pela cerâmica e continuam nesta atividade até hoje porque tem interesse artístico”.

Patrícia Muller observou que “tem gente que gosta de escultura e acho que a cerâmica seduz todas as idades. É uma atividade bem terapêutica porque você não vai fazer um trabalho em cima de uma base, por exemplo, em cima de uma madeira, de uma tela. Você constrói a base do seu trabalho, cria desde a forma, depois as cores, tem toda uma história de criatividade intensa. Vai criando passo a passo”.

ORIGINALIDADE

A ceramista destacou o aspecto da originalidade desta arte: “Nunca, jamais se consegue fazer uma peça idêntica a outra, por mais que você tente. Sempre surpreende porque vai para o forno e os resultados nem sempre são aqueles esperados. Tem uma coisa da força da pessoa naquela atividade”.

Vaso de cerâmica com suculenta

Ela prosseguiu afirmando que “cerâmica é para os fortes porque a gente tem que estar preparado para todos os resultados, grande parte agradável. Mas, às vezes, acontece uma quebra, um trinco, uma tinta que borbulha. Até o forno a gente meio que domina, mas ao entrar em contato com a alta temperatura é outra história”.

Há cerâmicas à venda na lojinha da Vila das Artes

E o que acontece diante de um resultado oposto ao esperado? Patrícia explicou que “todo defeito aqui pode virar um efeito. Às vezes, uma peça que está com um super defeito, ou trincou ou quebrou, de repente, vira algo muito mais interessante. A gente cria em cima do problema”. 

Conjunto para petiscar

Neste sentido, afirmou que é preciso respeitar o processo. Tudo tem seu tempo; hora de secar a peça, tem que ter o tempo dela porque se usá-la no forno antes de perder toda a água ela explode; o esmalte tem que ter muita paciência, também”. Algumas peças mais elaboradas exigem secagem muito lenta e outras mais rápidas. Do início até a peça ser finalizada, demora de um mês e meio a dois meses. 

A cerâmica permite criar com liberdade

Sobre o processo, ela explicou que “a partir da argila, a pessoa modela as peças. Algumas são colocadas em formas, outras modeladas manualmente. As peças mais feitas são peças relacionadas com a hora do lazer: petisqueiras, pratos, tigelas, tudo relacionado com gastronomia, tábua de queijos, potes pra patê etc”. Ela contou que tem aluno de tantos anos que “tem tudo em casa de cerâmica”.

As peças chegam a demorar 02 meses 

Patrícia disse que até crianças bem pequenas, desde bebês, podem aprender esta arte e que tem observado a chegada de alunos que querem se tornar ceramistas profissionais. Independente do objetivo, ela disse que tem muito carinho ao transmitir seus conhecimentos: “Falo todos os dias que tenho imenso prazer em ensinar e me realizo através do resultado, de perceber a alegria, a satisfação das pessoas. Isso me emociona. Cada vez que abro o forno e vejo que aquele processo finalizou de uma maneira incrível, falo que é meu auge”.

Detalhe de colar

A Vila das Artes está localizada à Rua Atílio Gomes de Melo, 64, bairro Fragata. No Instagram, o perfil da escola e ateliê é: https://www.instagram.com/viladasartes/

*Reportagem publicada na edição de 04.10.2020 do Jornal da Manhã




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