sábado, 28 de setembro de 2019

PROJETO SOCIAL DOARÁ BONECOS INCLUSIVOS COM AS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS

Por Célia Ribeiro

Com a aproximação do dia 12 de outubro, o comércio registra um natural aumento na procura por brinquedos. No entanto, para algumas crianças, bonecas e bonecos padronizados, sem nenhuma imperfeição, não as representam. São crianças acamadas, portadoras de deficiências, em recuperação de queimaduras e acidentes que não se veem nos brinquedos produzidos em larga escala pela indústria.
Garoto com vitiligo e seu boneco

Pensando nessas crianças, a empresária Camila Vieira de Abreu Bissoli criou o projeto “Uma boneca como eu”, inspirado no modelo da norte-americana Amy Jandrisevits que distribui, por ano, quase 1.000 bonecas e bonecos, gratuitamente, a crianças que passaram por processos traumáticos, como queimaduras e amputações, ou doenças como o vitiligo (perda da coloração da pele) e o câncer.

Casada e mãe de um garoto de três anos, Camila divide seu tempo entre a “Divina Empada”, no bairro Maria Izabel, a participação no grupo de clown “Capilania Adorarte” que visita hospitais e asilos, e a estruturação do projeto que está na fase de captação de patrocínios e apoiadores para sair do papel.

Ela contou que sempre desejou “participar de algum projeto social. Só que eu queria algo que conseguisse, de alguma forma, impactar a vida de alguém”. Ela revelou ter ficado sensibilizada durante visitas a crianças na ala dos queimados: “Quando a gente chega, a criança está triste e a gente faz algumas coisas, como umas dancinhas e de alguma forma a gente tira o sorriso dela”, observou.
Esli e Camila na empadaria da família: solidariedade
Camila explicou que o grupo “sempre leva algum brinquedinho, alguma coisinha para dar a elas que ficam muito felizes. Só que as mães falam que é momentâneo. Elas ficam felizes enquanto a gente está lá e depois elas voltam para o mundo delas, principalmente os que estão na UTQ (Unidade de Terapia de Queimados), permanecendo longos meses internados dependendo da gravidade da queimadura”.
Esli já produz bonecas artesanais
Observando que as crianças hospitalizadas sempre estavam acompanhadas por um brinquedo, certo dia, Camila encontrou nas redes sociais o trabalho “A doll like me” da ex-assistente social norte-americana que começou doando uma boneca customizada para a filha da vizinha que tinha paralisia facial. Ao notar o efeito do presente, ela resolveu criar um projeto que não tem fins lucrativos e conta com doações para levar bonecas e bonecos sob medida a crianças de dezenas de cidades.

Conforme disse, “Amy observou que a boneca não era apenas um simples brinquedo, mas envolvia sentimento e o momento que a criança estava vivendo”. Camila acrescentou que “quando ganham essas bonecas, as crianças buscam se sentir especiais porque elas só veem bonecas perfeitas. Como ela vai olhar a boneca e ver que ela não tem nenhum problema?”
Camila com seu grupo de clown
SEMENTE

Determinada a levar sua ideia adiante, Camila contou com o apoio imediato da mãe, Esli Vieira, costureira do Ateliê Liss Encanto que produz bonecas de pano. Além disso, “uma pessoa que está fazendo tratamento para o câncer se prontificou a nos ajudar fazendo os moldes para as bonecas”, explicou.

A costureira, por sinal, descobriu o artesanato ao enfrentar uma depressão após a perda de sua irmã caçula e do pai: “Eu achava que não era capaz. Hoje, o que eu pego para fazer, eu faço; restauro meus móveis, faço caixas em MDF e adoro fazer minhas bonecas. Se pudesse, ficaria o dia inteiro só trabalhando nelas. Faço muitas roupinhas e adoro enfeita-las”, comentou Esli.
Bonecos da americana Amy

Camila informou que o projeto piloto dos bonecos já tem endereço certo. Trata-se de uma menina de 07 anos, Rafaella Bonfim Silvério, portadora de Encefalopatia Crônica, causada por meningite bacteriana: “Ela perdeu a fala e os movimentos motores. Acompanho a luta da Rafaella há muitos anos pelas redes sociais”. Consultada, a mãe se emocionou com a ideia e está ansiosa para que a boneca, com as características da filha, fique pronta o quanto antes.

PARA COLABORAR

A empresária informou que o custo de cada boneca ou boneco girará entre 50 e 100 reais, dependendo dos acessórios (cadeira de rodas de ferro, muletas, próteses de pernas ou bracinhos). Ela frisou que toda ajuda será bem-vinda, desde retalhos de tecidos, enchimentos para o corpinho, enfeites, até doações mensais de pequenos valores ou doação única. Artesãos também podem contribuir com acessórios.
Rafaella será a primeira beneficiada pelo projeto de Marília
Camila disse que liberou o piso superior da empadaria para o projeto. Lá serão instaladas as máquinas de costura, estoque e mostruários. Todo o trabalho será desenvolvido por voluntários e, após atender as crianças de Marília, a ideia é expandir o projeto para outros municípios. Em breve, serão promovidos eventos para divulgação do projeto e geração de renda para o pontapé inicial.

Para contribuir com o projeto que entregará bonecas e bonecos personalizados com as características das crianças, basta entrar em contato com Camila Bissoli no telefone (14) 997734132 ou na Divina Empada, localizada à Rua Thomaz Gonzaga, 185, no Jardim Maria Izabel, em Marília.

Ao consolidar o projeto, com a doação da primeira boneca feita sob medida para Rafaella, a empresária espera inaugurar um tempo em que centenas de crianças possam se sentir representadas com seus brinquedos, não apenas no dia 12 de outubro, mas por toda a sua vida.

*Reportagem publicada na edição de 29.09.2019 do Jornal da Manhã

4 comentários:

  1. Fantastico! Sucesso para o projeto e vou me esforcar ao maximo para poder colaborar.

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  2. Adorei este projeto , voluntario pode participar construi Bonecos inclusivos , eu adoraria bjo

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    1. Toda ajuda será bem-vinda. Basta entrar em contato com a Camila no telefone (14) 997734132

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