domingo, 22 de setembro de 2019

MOVIMENTO APOIA PROJETOS SOCIAIS E ATUA NO EMPODERAMENTO DAS MULHERES.

Por Célia Ribeiro

Elas têm idades, profissões e níveis socioeconômico e educacional diferentes. Mas, estão ligadas por uma linha invisível muito resistente: o desejo de evoluir e melhorar a comunidade em que vivem. São as 150 integrantes do Movimento “Mulher Cidadã”, iniciado há um ano e meio e que cresce em quantidade e qualidade, apostando no incentivo às ações de responsabilidade social e de utilidade pública.
Mulher Cidadã: reunião no Coworking Espaço 96
A reportagem do JM acompanhou uma reunião do grupo, na semana passada, no Coworking Espaço 96, onde são realizados os encontros. A diretora-executiva do local, advogada Adriana Tognoli, contou como tudo começou: “Mulher Cidadã surgiu do nosso ativismo de muitos anos. Pensamos em como trabalhar mais esse ativismo e unir as mulheres que tenham interesse em desenvolver vários trabalhos, não só com fins lucrativos, mas também trabalhos sociais”.

Conforme disse, “no início, trabalhamos mais a questão do empreendedorismo. Mas, entendi que o empreendedorismo é mais amplo e o ‘Mulher Cidadã’ consegue abraçar tudo.
Nós trabalhamos a divulgação profissional, os trabalhos sociais desenvolvidos, a utilidade pública”.
Delegada Rossana Camacho proferiu palestra no último encontro
Ela explicou que o movimento foi iniciado em conjunto com “Sandra Yamashita que estava administrando junto comigo o grupo porque ela é muito proativa e faz um trabalho muito bom. A Sandra é conhecida em todo o Brasil pelo trabalho de empreendedorismo que realiza. Como está à frente do Empretec do Sebrae, ela saiu da coordenação, mas continua no grupo”.

Adriana Tognoli observou que “o Mulher Cidadã é um movimento laico, apartidário, com fins de valorizar a participação da mulher nos mais diversos setores da sociedade”. Além disso, tem como objetivo alcançar o “desenvolvimento pessoal, profissional e social, promover ações de empreendedorismo e utilidade pública e incentivar o voluntariado e as ações inspiradoras”.
Adriana Tognoli, ao centro, com integrantes do movimento
REDE

Em menos de dois anos, foram realizados cinco encontros em que palestrantes convidadas abordaram os temas de maior interesse. No entanto, o grupo é muito ativo pelo aplicativo de celular WhatsApp onde são levantados os assuntos para debate. Por mensagens coletivas ou individuais, troca-se informação e orientação, além das participantes divulgarem suas atividades profissionais.

Segundo Adriana Tognoli, “todo o nosso trabalho é voltado para o fortalecimento tanto pessoal quanto profissional da mulher, sua autonomia, a valorização da mulher na sociedade, seja ela uma dona de casa que faz trabalhos voluntários e cuida dos filhos, seja ela uma empresária. Para nós isso não importa. O nosso grupo abraça todas as mulheres que queiram participar”.
Heloisa e o livro infantil

Várias mulheres também participam de ONGs e a troca no grupo é sempre rica. Um exemplo ocorreu quando a pedagoga Heloisa Ishii confeccionou o protótipo de um livro infantil em Libras (linguagem de sinais para deficientes auditivos) e ao postar no grupo foi contatada pela mãe de um menino de 11 anos, que se interessou em conhecer a publicação. Ele foi adotado aos seis anos e é deficiente auditivo.

A pedagoga contou que quando mãe e filho foram até sua residência, foi surpreendida pela reação da criança: “Até a terceira página ele ficou sentadinho. Depois da quarta página, ele se levantou e veio contar a história junto comigo. Ele olhava na minha mão e olhava nos desenhinhos do livro. Ele percebeu que era a língua dele”, recordou, emocionada. Agora, ela pretende patentear a criação e buscar parceiros para produção de mais unidades.

AMENDOEIRA EM FLOR

Dentro do “Mulher Cidadã” nasceu o projeto social “Amendoeira em Flor”, que se reúne no Espaço 96, todas as terças-feiras. Com a participação de nutricionista e psicóloga, o grupo conta com 16 integrantes: “O que a gente queria era fortalecer psicologicamente, emocionalmente, essas mulheres para que elas tivessem uma ação mais integrada, não só em relação ao empoderamento empresarial. A gente começou esse grupo mais focado na individualidade de cada uma. É uma terapia em grupo, uma conversa muito gostosa onde se troca informação e experiência”, explicou a psicóloga clínica Lorena Carvalho Carreiro.
Mulher Cidadã e Amendoeira em Flor
Integrantes após reunião.

A psicóloga destacou o entrosamento das integrantes citando que, recentemente, ao participar de um evento de uma comunidade de jovens adventistas foi arrecadada uma grande quantidade de ração e a pessoa que seria beneficiária não apareceu para retirar as doações. Lorena fez uma postagem no grupo e uma das participantes do “Mulher Cidadã” é dirigente de uma ONG que acolhe animais e estava, justamente, necessitando muito de rações. A ponte se fez rapidamente e a boa ação dos jovens encontrou o lugar certo.

Por sua vez, Camila Vieira de Abreu Bissoli, dona da “Divina Empada”, muito conhecida na cidade, encontrou no grupo o apoio para abrir uma loja física porque só vendia seus produtos junto a parceiros e em feiras livres. “Eu tinha muita insegurança sobre o comércio. Hoje, vejo que tem sido muito bom pra mim”.

Mas, nem só de delícias vive a empresária. Ela procura ajuda para um projeto social chamado “Uma boneca como eu”, a exemplo do modelo existente há 20 anos nos Estados Unidos. Conforme disse, será a confecção de bonecas de pano personalizadas com as características da criança não apenas portadora de alguma deficiência, mas também que tenha passado por um processo traumático como amputação de membros ou queimadura.
Os encontros acontecem no Espaço 96
No encontro da semana passada, a conversa girou em torno de inúmeros projetos pessoais, profissionais e comunitários de cada uma das participantes. E como os galhos da amendoeira, as boas novas devem se ramificar em valiosas ações de interesse social, além de contribuírem para o empoderamento feminino.

*Reportagem publicada na edição de 22.09.2019 do Jornal da Manhã 

4 comentários:

  1. Matéria maravilhosa pelo olhar sensível e competente da jornalista.

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    1. Querida Adriana, muito obrigada. Foi um prazer divulgar essa matéria.

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  2. Jornalista super competente e muito humanizada, sempre trazendo matérias que informam e nos dão esperança de um futuro melhor

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    1. Obrigada, Lorena querida. Espero continuar mostrando esses belos trabalhos. bjs

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