O impacto da
poluição na degradação ambiental do entorno de Marília será mensurado, a partir
de 2.013, num dos mais sérios trabalhos de pesquisa já realizados na região: a
ONG Origem coletará amostras em córregos e rios para dimensionar o tamanho de
um problema conhecido por todos. Os estudos pretendem apontar as reais
condições da contaminação por agrotóxico e metais pesados e servir como
subsídio para a implantação de políticas visando minimizar ou, se possível,
remediar os efeitos das agressões registradas até o momento.
Rio Tibiriçá, antes do Ribeirão dos Índios, será um dos pontos de coleta. |
Leme e Suzana à frente dos estudos |
Antes de
embarcar para Salvador, quinta-feira, onde buscará apoio à pesquisa de Marília,
Suzana concedeu entrevista exclusiva ao Correio Mariliense, acompanhada de
Antonio Leme. Ela contou que quando trabalhou no “Instituto Baleia Jubarte” e
nas pesquisas sobre a vida marinha deparou-se com análises cujos resultados da
“causa mortis” eram inconclusivos. Foi então que iniciou as pesquisas sobre a
relação da poluição química e a mortalidade de animais marinhos.
CUSTOS ELEVADOS
Idealista,
paralelamente à atividade de consultora ambiental, Suzana Más Rosa encontrou na
ONG Origem a parceria perfeita. Ao ingressar no grupo, a troca de informações
com Leme e demais membros resultou na ideia do estudo científico. No entanto,
devido aos custos elevados, o trabalho só poderá sair do papel com apoio
financeiro (estima-se entre 20 a 30 mil reais) enquanto o apoio científico
deverá vir da parceria com universidades.
Imagem de satélite de um dos pontos do Palmital/Tibiriçá |
Segundo ela,
cada análise de pesticida, por exemplo, custa em torno de mil reais. “Se a
iniciativa privada ou alguém se sensibilizar com a causa e que entenda a
importância de um levantamento como esse, do bem que fará para cidade, toda
ajuda será bem-vinda”, assinalou.
ETAPAS
Segundo
Leme, a “Avaliação da Saúde Ambiental de Marília” começará com a visita aos
pontos de coleta de material. As áreas serão marcadas no GPS e avaliados itens
como a acessibilidade aos locais para preparação do trabalho de campo. Na fase
de coleta de materiais, serão recolhidas amostras de água, sedimentos e peixes
(quando houver) para identificar níveis de pesticidas, agrotóxico e metais
pesados.
Serão recolhidas amostras de água, de sedimentos e de peixes. |
Por sua vez,
Suzana Más Rosa assinalou que as informações corretas são necessárias para
“tentar encontrar soluções e com isso fazer um apelo aos órgãos públicos, às
empresas que poluem, aos poluidores, para tomarem medidas de precaução e de
remediação, se possível, porque quem polui tem que se responsabilizar por fazer
a limpeza”.
Rio do Peixe, após o Córrego do Pombo, é um dos locais escolhidos, mas de difícil acesso para a equipe de pesquisadores. |
“O avião que
pulveriza agrotóxico acaba com as abelhas, com os pássaros, destrói os elos da
cadeia alimentar, o equilíbrio ecológico, além de causar problemas à saúde
pública”, observou Leme. Já Suzana explicou que “existem poluentes que
conseguem alterar o código genético da pessoa” e são apontados como causadores
do câncer. No caso dos metais pesados, de resíduos industriais, é ainda mais
sério: “Chumbo, cadmio, mercúrio, arsênio etc, usados em indústrias
metalúrgicas, são acumulativos e não se degradam”.
Eles
afirmaram que “o que já foi lançado está no meio ambiente e não tem o que fazer.
A partir da detecção desses problemas poderá se exigir o tratamento de efluentes
das indústrias. Não pode mais ter indústria que não trata seus efluentes e que
os lança ‘in natura’ na rede de esgoto, que vai chegar ao rio mais próximo onde
coletamos a água que vamos beber, que irriga as plantações, que usamos para
cozinhar o alimento”.
Locais serão marcados no GPS e haverá levantamento para checar as condições de acessibilidade. |
Pelo
cronograma da Origem, o projeto deverá ser iniciado no princípio de 2.013 com a
divulgação dos primeiros resultados no fim do primeiro semestre. Agora, o
desafio é formalizar as parcerias com universidades e conseguir o auxílio
financeiro para os ambientalistas fincarem os pés nas margens dos rios e
córregos e desvendarem a real situação da poluição ambiental de Marília.
Obs: Fotos do arquivo pessoal de Antônio Luiz Carvalho Leme
* Reportagem publicada na edição de 25.11.2012 do Correio Mariliense