Por Célia Ribeiro
O setor
financeiro, com seus números e cálculos complicados, perdeu para as artes
plásticas uma profissional que deixou as ciências exatas pelos pincéis, tecidos
e, principalmente, pelos recicláveis que ganham vida nova em belas peças de
decoração. Aos 35 anos, Andréia Salles Gonçalves é um exemplo da nova geração
de artesãs que se dedicam a transformar materiais inservíveis, com muita
criatividade.
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Amdréia no ateliê de casa |
Andréia
começou a manifestar o gosto pelo artesanato desde menina. Não costumava
brincar de boneca, mas quando via uma parede neutra lá ia a pequena colar
adesivos. Se um vaso estava velho e descascado, ela tratava de encontrar uma
maneira de reforma-lo pintando com cores vibrantes ou colando massinhas de
modelar. A artista estava, assim, ensaiando os primeiros passos neste mundo
surreal.
Com o passar
dos anos, a artesã expandiu seus horizontes deixando fluir a criatividade ao
redecorar cômodos das casas de amigos e familiares. Mas, quando se casou o
interesse pelo artesanato ganhou novos contornos e sua residência virou um
laboratório onde, até hoje, testa soluções inovadoras como os lustres feitos de
sobras de canos de PVC, quadros de rolos de papel higiênico ou luminárias de
barbante.
A VIRADA
Na
adolescência, Andréia conciliava a vida profissional com a paixão pelas artes.
Formada em Segurança do Trabalho, também atuou, por mais de 10 anos, na área
financeira: “Sou de extremos. Quando trabalho, eu me dedico 100% porque sou
perfeccionista”, contou explicando a causa de uma forte crise de estresse que a
levou à emergência do hospital.
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Vista da entrada do ateliê aguça a curiosidade |
“Pensei que
fosse morrer. Meus braços formigavam, apaguei mesmo”, recordou explicando que,
naquele momento, decidiu parar com tudo e se dedicar a algo mais leve que
pudesse garantir-lhe uma fonte de renda. “Meu forte são os quartinhos de bebê”,
disse citando o pontapé inicial das atividades do ateliê que finalmente montou
na entrada de casa, na zona oeste.
Com o tempo,
as encomendas foram aumentando impulsionadas pela famosa propaganda
boca-a-boca. E a saída natural foi organizar o trabalho no ateliê onde amostras
de produtos ficam em exposição. Da experiência financeira, ela aproveita os
conhecimentos para gerenciar seu pequeno negócio pesquisando fornecedores para
reduzir os custos e oferecer produtos a preços competitivos.
Ela lamentou
a falta de opção para encontrar matéria prima com preços acessíveis em Marília.
A diferença de custo de uma cola, item básico, chega a 100% quando comprada
pela internet. “Eu tenho que ganhar. Mas, todo mundo também merece ter uma casa
bonita. Por isso, pratico um preço justo nos meus trabalhos”, assinalou.
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O colorido do tecido dá vida nova aos caixotes de feira |
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Cores vibrantes dão um toque especial aos caixotes |
E pensando
em democratizar o acesso ao artesanato, Andréia se prepara para uma nova empreitada:
nas próximas semanas estará com seu ateliê numa tenda da Feira do Pôr-do-sol:
“Vou levar um pouco de tudo e principalmente dos artigos feitos com
recicláveis, como os caixotes de madeira, garrafas PET, rolos de papel
higiênico etc, para as pessoas verem que não precisam jogar fora muitas coisas.
Basta ter imaginação que coisas bonitas podem ser feitas”.
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(Esq.) Luminárias de PVC
forrado de tecido e de barbante |
Sonhando com
um mundo colorido, a artesã também dedica um pequeno espaço do seu tempo a
repassar os ensinamentos que aprendeu testando técnicas. Individualmente ou em
pequenos grupos, ela atende adultos e crianças que saem do ateliê levando suas
criações: “Já estou pensando num espaço maior e, com isso, ampliar as aulas”.
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Até o fogão pode ficar especial: ideia que artesã
incorporou na cozinha da sua casa |
Finalizando,
Andréia mostrou-se feliz com a valorização crescente da arte com recicláveis:
“Às vezes, a pessoa pinta a casa usando dezenas de latas de tinta e quando vai
fazer um jardim não pensa que pintando as latas e parafusando na parede pode
ter hortas suspensas ou belos jardins com flores na mesma lata que seria jogada
fora”. Como ela diz: “É só olhar bem que dá para aproveitar um pouco de tudo”.
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"Bolo" de fralda
faz sucesso |
O ateliê da
artesã, batizado de “Andréia Fiz Arte”, fica na Rua Santo Marco Gravena, 107.
Seu telefone é (14) 97691918.
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