domingo, 28 de agosto de 2011

GRUPO DE ESTUDOS CAPACITA MULTIPLICADORES NA COMUNIDADE PARA COMBATER O ÁLCOOL E AS DROGAS

Por Célia Ribeiro

Quem passou dos 40 anos deve recordar a espécie de “batismo” que lançava os rapazes na vida adulta: eram autorizados a experimentarem o cigarro e a bebida alcoólica e, não raras vezes, iniciavam sua vida sexual, em locais de má reputação, levados pelo pai ou tio mais velho. Os tempos mudaram e com a modernidade vieram novos hábitos, invariavelmente nocivos, que levam meninos a mergulharem em águas turbulentas sem boia ou colete salva-vidas.

Para desespero dos pais do século XXI, essa realidade não afeta apenas os meninos. As garotas, inspiradas no glamour de suas artistas favoritas, amadurecem antes da hora querendo parecer adultas. Como os rapazes, elas também estão consumindo álcool ainda na puberdade, chegando à beira do precipício que representa a dependência química, primeiro do álcool e depois das drogas ilícitas.
Na DDM, reuniões quinzenais do grupo de estudos

Para refletir sobre esse quadro sombrio, além de louváveis iniciativas de entidades beneficentes e organizações não governamentais (ONGs), a comunidade mariliense ganhou um grupo que tem se debruçado sobre a problemática para estudar as causas e prevenir o uso indevido de drogas entre os jovens.

Com reuniões quinzenais na sede da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o grupo de estudos é coordenado pelo psicólogo Antônio Carlos Gelsi, do Núcleo de Apoio Multidisciplinar (NAM) da delegacia, que conta com a participação da assistente social Cássia Giandon (do NAM) , da psicóloga e conselheira tutelar, Maria Aparecida Soares de Melo, de membros da Pastoral da Sobriedade e da Pastoral da Família (da igreja católica), entre outros.

Segundo Gelsi, o grupo foi iniciado pela Dra. Marília Mazeto, que trouxe a proposta do curso de formação de multiplicadores na comunidade. Com 20 capítulos, os trabalhos iniciados no fim de 2.010 já estão no 11º, e são destinados a “capacitar conselheiros e lideranças comunitárias para a prevenção ao uso de álcool e drogas ilícitas”.

Bebida cada vez mais cedo (Foto Google Imagem)
O psicólogo afirmou que quando o NAM aceitou o curso percebeu que “os conhecimentos iriam acrescentar muito, sendo um aprendizado a mais porque nós mexemos muito com a dependência química entre os casos envolvendo a violência doméstica; ou o agressor é usuário ou a própria vítima”, assinalou.

Antônio Carlos Gelsi informou que “um dos pontos fortes do nosso trabalho no grupo de multiplicadores é atacar também as drogas lícitas que são o cigarro e o álcool”. Conforme disse, pesquisas indicam que “o álcool faz mais mal à sociedade que propriamente as drogas ilícitas”.

O psicólogo observou que a sociedade deve se mobilizar para alcançar medidas e campanhas contra o álcool nos moldes do que já foi conseguido em relação ao cigarro. “A gente acredita que é um trabalho um pouco mais lento e demorado porque a indústria da bebida é muito mais forte e a população não vê o álcool como uma droga”, disse.
Socializando conhecimento
Ele prosseguiu citando que a sociedade encara as bebidas alcoólicas como algo inofensivo, “que faz parte da cultura, das famílias comemorarem através da bebida. Até em festa de criança tem bebida alcoólica para os adultos. O pessoal acha normal e nas geladeiras das casas tem cerveja disponível. Por isso, a criança e o adolescente crescem sabendo que a bebida é uma coisa natural e eles vão fazer uso disso”.

Finalizando, o psicólogo disse que “tem família que controla, mas tem família que não consegue controlar o jovem e impor limites”. Como resultado, os casos de alcoolismo estão se multiplicando sob os olhares espantados das famílias.

CRACK AOS 08 ANOS

Gelsi e Maria Aparecida
Conselheira tutelar há 03 anos, a psicóloga Maria Aparecida Soares de Melo fala com tristeza dos casos que acompanhou envolvendo crianças e adolescentes. Um dos mais chocantes foi o do menino, de apenas 08 anos, que está internado para tratamento: é viciado em crack! A mãe, usuária de drogas e soropositiva (HIV), não tem a menor condição de assistir o filho; o irmão mais velho enveredou para o mundo do crime e está detido.

A psicóloga classificou de “muito grande a vulnerabilidade em que se encontram essas famílias” e que o que “leva as crianças a estarem inseridas no mundo das drogas demandaria políticas públicas que não são suficientes para atender a demanda. Muitas vezes, você se vê de mãos amarradas porque tem que trabalhar coisas bem anteriores com essas famílias”, desabafou.

Como conselheira tutelar, Maria Aparecida acompanhou inúmeros casos de crianças em situação de risco. Em sua opinião, “teria que trabalhar as políticas públicas, a educação, o envolvimento dessas famílias para que elas estejam realmente inseridas em um programa de assistência, de trabalho, para se comprometerem realmente com os filhos colocados na escola, tendo acesso à saúde”.

Ela revelou um dado estarrecedor: “Antigamente, falava-se em 12 ou 13 anos; hoje, como conselheira a gente vê que na prática isso está em 08 anos. Temos o caso de uma criança envolvida com crack, com drogas pesadas e você vai ver, a família está toda desintegrada e a mãe não tem condição psíquica, física ou emocional para lidar com seus próprios filhos que são dependentes. Esse é um caso que choca bastante”.

Ela elogiou o trabalho da Pastoral da Sobriedade da igreja católica que tem um trabalho inovador já documentado em abril pelo Correio Mariliense: “Eu fui a um congresso em que se falou que é preciso ter uma base religiosa” para apoiar as famílias.

Casada e com 03 filhos, a conselheira tutelar disse que a complexidade do problema é tamanha que será preciso pensar também no depois: “Essas famílias ficam meses, um ano em tratamento e depois quando elas retornam não temos um aparato, não temos suporte para recebê-las”.

DAMASCENO QUER FISCALIZAÇÃO

Vereador Delegado Wilson Damasceno
O vereador Wilson Damasceno (PSDB) conhece bem os reflexos do avanço do álcool e das drogas entre os adolescentes. Com a experiência adquirida em uma sólida carreira como delegado de Polícia, o vereador apresentou um requerimento, na última segunda-feira, solicitando informações sobre a fiscalização quanto ao ingresso de crianças e adolescentes em bares, boates e chácaras onde são promovidas festas universitárias regadas a álcool.

 “Não tem nenhum tipo de fiscalização. A molecada está solta no mundo. Quando tem denúncia, a fiscalização vai ao local verificar, mas penso que teríamos que ter um trabalho integrado, uma força tarefa envolvendo o Conselho Tutelar, o Juizado de Menores e a Polícia Civil”, assinalou o vereador que também é diretor do Conselho Municipal de Entorpecente (Comen).

Para o vereador, “tem pais que não conseguem segurar os filhos na adolescência e tem os pais omissos. Quando acontece isso, há necessidade de uma intervenção do poder público”.

DADOS ALARMANTES 
Meninas bebem tanto quanto os meninos (Foto Google Imagem)

Informações veiculadas no portal http://adroga.casadia.org/alcoolismo/alcool_e_adolescencia.htm  dão conta de dados alarmantes. Um estudo piloto com adolescentes usuários que buscaram atendimento ambulatorial mostrou que o uso de drogas se iniciou, em média, aos 11 anos com o consumo de álcool, o uso regular aos 13 anos, evoluindo para o uso do tabaco (12 anos), maconha (13 anos), inalantes (13 anos) cocaína via inalatória (14 anos), crack (14 anos), alucinógenos (15 anos) e cocaína endovenosa (16 anos). Na amostra estudada, embora o álcool tenha sido a primeira droga consumida, foi a última a apresentar uso problemático (Scivoletto, Henriques Jr. & Andrade, 1997).

De acordo com dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), pesquisa com estudantes de 1º e 2º Graus de 10 capitais brasileiras, 65% dos entrevistados afirmaram consumir bebidas alcoólicas, dos quais 50% iniciaram o uso entre os 10 e 12 anos de idade (Galduróz, Noto & Carlini, 1997).

 Reportagem publicada na edição de 28.08.2011 no Correio Mariliense

domingo, 21 de agosto de 2011

EM BUSCA DE PARCEIROS, ENTIDADE EM FASE DE REATIVAÇÃO É ESPERANÇA PARA DIABÉTICOS

Por Célia Ribeiro

Sábado à noite, numa casa de classe média na zona sul de Marília/SP, um adolescente se prepara para sair com a turma. Como a maioria dos garotos da sua idade, fica indeciso diante de qual roupa usar, demora para acertar o cabelo com gel e capricha no perfume, afinal a noite promete. A diferença é que, à parte, ele prepara uma mochila com alimentos, insulina e todo o kit para medir a taxa de açúcar no sangue: Bruno Henrique Barros, 16 anos, é diabético.

Ana Paula e Bruno: muita disciplina
Com um belo porte físico, o garoto sorridente tem um bom humor incrível. Dificilmente alguém notaria que ele é portador de uma doença que acomete milhões de crianças e adolescentes e que, se não controlada, pode ter consequências nefastas como a cegueira, chegando à morte. Para a família, o choque inicial representou o momento de virar o jogo e encarar a doença para que ele tenha o máximo em qualidade de vida, apesar das restrições.

 “Descobrimos a doença há 09 anos. Ele tinha só 07 anos e eu perdi o chão”, conta a mãe, Ana Paula Brandão que precisou de apoio psicológico e só foi aceitar o fato dois anos depois. “É uma vida toda regrada. Não pode passar do limite, tem que comer nos horários certos para não ter hiper ou hipoglicemia”, acrescentou.

Segundo ela, sua preocupação natural de mãe vem com uma dose maior de insônia: “Eu me preocupo muito. Tem os perigos do cigarro, da bebida e converso com ele todo dia sobre sexo, explicando que ele tem que se cuidar”, afirmou Ana Paula. Ela observou que o esforço físico e a alimentação têm que ser calculados para não ter uma oscilação brusca no nível de açúcar no sangue.

Bruno tem diabetes tipo 1, mais comum em crianças, adolescentes e jovens adultos. Por isso, várias vezes por dia faz o teste de glicemia e injeta sozinho a insulina subcutânea: “São três agulhadas por dia”, explicou. O seu “kit de sobrevivência”, guardado na mochila da qual não se separa, tem tudo o que ele precisa, incluindo documento com informação sobre sua doença para o caso de ter um mal estar na rua, longe de casa e diante de estranhos.

“No começo era difícil, aquela agulha grande incomodava”, recordou o garoto que sonha um dia poder usar um dispositivo de última geração que libera insulina diretamente ao sinal de uma oscilação no nível de açúcar no sangue. É a bomba de infusão subcutânea que custa entre 15 e 30 mil reais, com manutenção mensal de mil reais que poucos têm condições de comprar.

VITÓRIA NA JUSTIÇA

Carol e Valéria: vida nova com a bomba de insulina
A história da administradora Valéria de Baptista Narimatsu era parecida com a do Bruno. As diferenças são que ela descobriu a doença aos 15 anos, passou pelos percalços do garoto, mas graças à intervenção de uma entidade de apoio aos diabéticos conseguiu, por via judicial, que o governo custeasse a bomba de infusão e todos os insumos.

“Nunca tive vergonha de ter diabetes. Sempre fui controlada”, disse Valéria que afirmou ter vivido da melhor maneira possível, apesar das limitações, até que descobriu a doença na filha mais velha. Hoje com cinco anos, Carol tinha apenas três quando foi diagnosticada com diabetes tipo 1. Foi quando a mãe decidiu buscar ajuda para que a filha, tão pequena, não tivesse que passar por todo o transtorno das agulhadas diárias.

A administradora conheceu a ADIM (Associação dos Diabéticos de Marília), onde é uma das diretoras, que está sendo reativada exatamente para dar suporte aos portadores da doença e ajuda-los a garantirem seus direitos.( Leia quadro nesta página)

 Valéria contou que desde a adolescência procurou ter uma vida o mais próximo do normal, com algumas exceções: por exemplo, nunca dormiu sozinha e sempre se alimentou nos horários corretos. Mas, “quando a Carol ficou doente a casa caiu. Pensei, ela é muito pequenininha para ter essa responsabilidade. E fui em busca de um tratamento melhor para ela”.

 Ao saber da bomba de infusão, no final do ano passado, a administradora conseguiu apoio do advogado da ADIM para entrar na justiça. Conseguiu a liminar e hoje ela e a filha usam o mecanismo que representa uma espécie de libertação: “A bomba é uma maravilha. Eu falo que sem a bomba não sou mais ninguém. Ela fica conectada no abdômen, tem um cateter e aí tudo o que eu como eu calculo e libero a insulina. Se eu chupo uma bala e tem 03 carboidratos, libero a insulina equivalente”, explicou.

Detalhe da bomba de insulina e do sensor na pele
No caso da filha, com orientação da médica Jesselina Haber, conseguiu que o colégio onde a menina estuda (Realize) tivesse um papel essencial. As professoras preenchem um diário com informações sobre todos os alimentos ingeridos e liberam a insulina pela bomba quando necessário. O conjunto da bomba de infusão tem que ser retirado a cada 03 dias para reposição dos insumos e um sensor, também preso à pele, deve ser retirado a cada 06 dias.

Cada equipamento custou 13 mil reais, informou Valéria que fez uma ressalva: “No caso da bomba de infusão, a gente pode até fazer um esforço, vender um carro, sei lá. O duro é arcar com os insumos que custam 1.000 reais por mês, para cada uma”. A decisão judicial obriga o governo a arcar com todos os custos.

ENTIDADE PROCURA PARCEIROS 

Apesar de Marília ter um bom respaldo médico aos portadores de diabetes, uma entidade, cujas atividades estavam paralisadas nos últimos anos, está sendo reativada para dar visibilidade à problemática e amparar os doentes com auxílio nutricional, psicológico, físico e jurídico, entre outros.

A vice-presidente da ADIM, Maria José Peres conhece a realidade de perto por ter um familiar diabético. Sensibilizada, junto com os demais diretores (Florêncio Peixoto, presidente; José Reinaldo Peres, tesoureiro e Valéria de Baptista Narimatsu, secretária) está lutando pela estruturação da ONG que foi fundada há 10 anos.

Para tanto, procura parceiros para conseguir uma sede onde profissionais voluntários atuarão na assistência aos pacientes. Segundo ela, no NGA existem cerca de 1.200 diabéticos cadastrados, mas a cada mês surgem cerca de 40 novos casos da doença. “O tratamento do diabético é um dever do Estado. Só que chega certa idade que ele para de atender e a pessoa tem que entrar na justiça para conseguir os insumos. Aí entra a ADIM para dar continuidade a esse direito que ele possui, de continuação do tratamento”, afirmou Maria José.
Maria José, vice-presidente da ADIM

O diabetes não tem cura, ele tem tratamento, controle médico, nutricional e físico”, observou a vice-presidente que é analista de cargos e salários da FAMEMA (Faculdade de Medicina de Marília). Conforme disse, o diabetes tipo 1 que acomete mais crianças e jovens, é a ausência total de insulina, causada pela deficiência  do pâncreas obrigando a se fazer o controle diário da glicemia (taxa de açúcar no sangue).

No caso do diabetes tipo 2, é o paciente não insulinodependente “quando o pâncreas ainda tem uma quantidade de insulina que dá para controlar (peso, atividade física, medicação via oral). “Se tomar todos os cuidados, o paciente poderá ter uma via normal”, destacou.

Segundo Maria José, a entidade está pronta para entrar em atividade e procura parceiros entre empresários, sociedade civil, laboratórios farmacêuticos etc. A primeira necessidade é a sede. Ela calcula em torno de 1.500 a 2.000 reais o custo do aluguel de um imóvel para instalar a entidade, com sala para cirurgião dentista, psicólogo, assistente social etc. A partir da estruturação da sede, ela acredita que a ADIM poderá andar com suas próprias pernas.

Na parte jurídica, além dos processos para conseguir bombas de infusão (tem mais uma paciente na fila), a ADIM também luta para obter insumos  como as lancetas usadas nos testes de glicemia. “Tem casos que o doente usa 10 lancetas por dia e o governo dá só três. Cada frasco custa 80 reais”, disse. Suplementos nutricionais também são outra necessidade.

Indignada, ela destacou que “não é o Estado que pode definir até quando o paciente terá tratamento. Então, se não tivermos esse grupo de apoio, essa ONG, não temos como lutar contra essa doença e lutar por uma boa qualidade de vida desses pacientes”. Quem quiser mais informações ou colaborar, pode ligar para: (14) 97568683 e 96318626 ou entrar em contato pelo e-mail: associacaodiabeticosadim@gmail.com


A DOENÇA E SEUS RISCOS

Segundo o portal do Ministério da Saúde, DIABETES MELLITUS é uma doença de causa múltipla que ocorre quando há falta de insulina ou ela não atua de forma eficaz, causando um aumento da taxa de glicose no sangue (hiperglicemia). A insulina é produzida pelo pâncreas e é essencial para que nosso corpo funcione bem e possa utilizar glicose (açúcar) como principal fonte de energia.

Os tipos mais frequentes são: Tipo1 - Diabetes Mellitus Insulinodependente. Geralmente ocorre em crianças, jovens e adultos jovens e necessita de insulina para o seu controle.
Tipo 2 - Diabetes Mellitus Não Insulinodependente: é o tipo mais frequente de Diabetes, aparece geralmente após os 40 anos de idade. Tem ainda a diabetes gestacional: é o tipo que aparece na gravidez, sobretudo se a mulher: tem mais de 30 anos, tem parentes próximos com Diabetes, já teve filhos pesando mais de 4 Kg ao nascer, já teve abortos ou natimortos, é obesa ou aumentou muito de peso durante a gestação.

COMO SE MANIFESTA

Sobretudo no Diabetes tipo I e no tipo II descontrolado: Tem muita fome (Polifagia)
No Diabetes tipo I ou tipo II descontrolado: perda de peso
No Diabetes tipo II: ganha peso, Urina muito (Poliúria), urina doce, desânimo, fraqueza, cansaço físico
Estes sintomas são os mais frequentes e eles não aparecem isolados. No Diabetes tipo I eles surgem de maneira rápida e no Diabetes tipo II eles podem estar ausentes ou aparecem de forma lenta e gradual:
* Tem muita sede (Polidipsia)
* Lesões de difícil cicatrização principalmente nas pernas ou nos pés
* Infecções frequentes (pele, urina e dos órgãos genitais)
* Alterações visuais.

(Fonte: www.saude.gov.br )

* Reportagem publicada na edição de 21.08.2011 do Correio Mariliense

domingo, 14 de agosto de 2011

"POSSO AJUDAR?": VOLUNTÁRIOS DOAM TEMPO PARA ORIENTAR PACIENTES NA SANTA CASA DE MARÍLIA

Por Célia Ribeiro

Desde as primeiras horas da manhã, é grande o movimento no entorno da Santa Casa de Misericórdia de Marília, na zona leste. Com passos rápidos, muitos pacientes chegam ansiosos para identificarem o setor onde receberão atendimento. Nesta hora, uma figura incorporada nos últimos três meses à rotina hospitalar aparece como um verdadeiro anjo da guarda: o voluntário acolhedor.

Com um sorriso no rosto e muita serenidade, os voluntários começaram a atuar na orientação aos pacientes há cerca de três meses, revela a assistente social Cristiane de Oliveira, 33 anos. São trabalhadores, donas-de-casa, estudantes e até funcionários da Santa Casa que se dispuseram a doar parte do seu tempo para garantir o bem-estar de todos aqueles que chegam ao hospital.

Jaqueline orienta aposentado

Referência para mais de 60 municípios, a Santa Casa é um hospital de nível terciário que desenvolve procedimentos de alta complexidade nas áreas de: oncologia, ortopedia, cirurgia cardíaca e hemodinâmica, neurologia, neurocirurgia, terapia renal substitutiva, tratamento de queimados, entre outros.

Em 2.010, a instituição registrou 71% de atendimento aos usuários do SUS, o que explica o grande volume de pacientes vindos de muitas cidades. Para esse público, que muitas vezes não conhece o hospital, os imensos corredores, as novas alas e departamentos acabam se transformando num labirinto, apesar de todo o esforço das equipes da portaria que prestam a primeira orientação.

Segundo informações da assistente social, a ideia do Programa “Posso Ajudar” vem sendo amadurecida desde 2010. Após vários estudos, chegou-se ao formato atual que prevê o recrutamento dos interessados, a aplicação de um processo seletivo e treinamento para os aprovados que conhecem a rotina hospitalar e recebem orientação dos profissionais de diferentes áreas.

Cristiane de Oliveira conta que “os voluntários, devidamente identificados, ficam nas principais entradas do hospital para orientarem os pacientes que vêm fazer qualquer tratamento”. Conforme disse, “nós percebemos que os pacientes ficavam meio perdidos aqui”. Com os voluntários, eles recebem ajuda para chegarem ao local desejado, subir ou descer pelo elevador etc.

No entanto, a assistente social ressalta que o treinamento é rigoroso e feito com muito critério. Por exemplo, os voluntários sabem que não podem empurrar cadeiras de roda, nem auxiliar o paciente a subir na maca. Para essas tarefas há profissionais de saúde habilitados.

VONTADE DE AJUDAR

Cristiane Oliveira, assistente social
Na quinta-feira, a equipe do “Correio Mariliense” acompanhou a voluntária Jaqueline Kelly do Carmo Lemos. Aos 33 anos, casada e mãe de dois filhos, ela é estudante do curso Técnico de Enfermagem e, apesar da rotina atribulada com a família e os estudos, encontrou tempo e vontade para ajudar.

“No fim do dia eu me sinto muito feliz por ter podido ajudar alguém”, comentou a voluntária que, minutos antes, orientava o aposentado José Catarino, de 77 anos, vindo da cidade de Campos Novos Paulista para um atendimento no setor de Oncologia. Ele aproveitou para elogiar a iniciativa do hospital: “Estão de parabéns. É muito bom ser bem recebido e atendido”, afirmou.

Cristiane de Oliveira informou que vários funcionários da Santa Casa colaboram com o programa: “Eles também se sensibilizaram”, disse. A carga horária máxima é de 04 horas semanais, como prevê a lei do voluntariado, que pode ser cumprida de uma vez ou fracionada em 01 hora por dia, explicou a assistente social.

Grupo em visita à horta da zona norte
 Mas, o programa de voluntariado da Santa Casa não se resume ao acolhimento. Atualmente, mais de 50 pessoas atuam de alguma forma para tornar mais confortável o período de internação e tratamento. Cristiane de Oliveira citou os grupos “Viva e Deixe Viver”, “Clínica da Alegria” e “Terapeuta do Riso”: “São voluntários que fazem visita nos leitos, leem para os pacientes, contam histórias etc”, acrescentou.
As entidades recebem a visita dos funcionários do hospital

Paralelamente, os funcionários da Santa Casa costumam visitar entidades beneficentes para conhecerem os projetos em desenvolvimento e, dessa forma, colaborarem com a instituição. Na quarta-feira, um grupo esteve na Horta Comunitária “Vinha do Senhor”, do Jardim Santa Antonieta, de onde saíram muito bem impressionados.

Segundo a assistente social, eventos internos, realizados ao longo do ano, geram renda como nas apresentações culturais das “Pratas da Casa” em que o ingresso é o alimento levado como doação. Toda a arrecadação é destinada a uma instituição filantrópica que foi previamente visitada pela equipe.

E a julgar pela empolgação dos funcionários, em breve mais novidades serão incorporadas ao processo de melhoria do acolhimento da Santa Casa. Como disse a assistente social, “de passinho em passinho, a gente chega lá”. Para conhecer mais sobre a entidade, acesse: http://www.santacasamarilia.com.br/

* Reportagem publicada na edição de 14.08.2011 do Correio Mariliense

DICA VERDE: EXPOSIÇÃO DA MATA ATLÂNTICA

O projeto “A Mata Atlântica é aqui – exposição itinerante do cidadão atuante”, da Fundação SOS Mata Atlântica, chega a Marília na semana que vem. No período de 17 a 21 de agosto, um caminhão adaptado pela ONG estará no bosque municipal com uma programação que inclui palestras, oficinas, jogos educativos, entre outras atividades gratuitas, das 10 às 16 horas.

De acordo com o material informativo, “a exposição está em seu terceiro ciclo anual, com novo layout e atividades que destacam o relacionamento que as pessoas têm com o meio ambiente, mesmo em grandes cidades, e que incentivam a adoção de pequenas ações importantes para a conservação da Mata Atlântica. O projeto teve início em maio de 2009 e, desde então, mais de 80 cidades brasileiras já o receberam. Neste novo ciclo, o projeto passará por 43 cidades das regiões sul, sudeste e centro-oeste. Depois de Marília, o caminhão sairá do estado de São Paulo e seguirá para Dourados (MS)”.









Segundo informações encaminhadas pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, o projeto é patrocinado pelo Bradesco Cartões, Natura e Volkswagen Caminhões e Ônibus e conta com o apoio da secretaria de Marília na mostra realizada na cidade.















HSBC ABRE SEU PRIMEIRO CENTRO DE TREINAMENTO SUSTENTÁVEL DA AMÉRICA LATINA

Com o investimento de R$ 12 milhões, o HSBC adota conceitos de sustentabilidade na reconstrução do seu Centro de Treinamento, em São José dos Pinhais (PR). No local serão realizadas atividades com foco em capacitação e engajamento dos colaboradores para a sustentabilidade, como workshops, visitas guiadas, caminhadas ecológicas e oficinas de reflorestamento. Em um estágio mais avançando, clientes, fornecedores e a comunidade local também serão convidados a participar das dinâmicas. O valor total investido inclui projetos de engenharia, construção e reforma dos edifícios, aquisição de equipamentos e gestão de novos cursos.

Centro inédito na América Latina
 Para Cláudia Malschitzky, superintendente-executiva de Sustentabilidade do HSBC as medidas ecoeficientes adotadas na reforma contribuirão também com a redução de impactos ambientais: “Elas serão responsáveis pela redução de aproximadamente 50% de energia elétrica e de água potável. A utilização de aquecimento solar e de água da chuva para os sanitários, ar condicionado com alto rendimento e baixo consumo, iluminação adequada para cada ambiente são os principais fatores para conseguir esses resultados”.(Fonte: Assessoria de Imprensa HSBC Bank Brasil S.A)







domingo, 7 de agosto de 2011

MULHERES SUSTENTAM OS FILHOS COM LAVAGEM ARTESANAL DE ROUPAS EM LAVANDERIA COMUNITÁRIA

Por Célia Ribeiro

Roupas "quarando" ao sol, como antigamente

Na manhã gelada de quarta-feira, os varais cheios de roupas coloridas e um quarador próximo ao alambrado não deixam dúvida: chegamos à lavanderia comunitária da zona sul. Instalado estrategicamente em frente à Paróquia Santa Rita de Cássia, no bairro Nova Marília, o sistema de lavagem manual de roupas vem de longos anos e garante o sustento para inúmeras mulheres de baixa renda que tiram dali, pelo menos, um salário mínimo por mês.

Elas chegam bem cedo --- antes das 6h30 --- e só vão embora ao final da tarde porque o trabalho, totalmente artesanal, exige atenção constante para que nenhuma roupa saia manchada do molho, explica a vice-presidente da Associação de Moradores do Nova Marília e coordenadora do grupo, Laudite Ferreira Gaia Vieira.

As peças são lavadas manualmente
Casada e mãe orgulhosa de três filhas, a mais velha formada em Psicologia, a líder comunitária faz parte da associação há mais de 20 anos. Católica fervorosa, ela irradia otimismo ao falar da obra iniciada pela Irmã Dilma, religiosa falecida há cinco anos: “Ela plantou uma semente e nós continuamos a sua luta”.

Laudite conta que a lavanderia comunitária surgiu pelas mãos da freira que viu ali uma oportunidade de geração de renda para as mulheres pobres do bairro. Tudo é feito manualmente e com muito cuidado: “Não temos maquinário nenhum, só a centrífuga que ganhamos da primeira dama (Fátima Bulgareli). A gente faz todo aquele processo que a mãe da gente fazia antigamente, de separar as roupas, de colocar para quarar no sol e quando a gente passa, fica tudo branquinho”.

Salão lotado: clientes aprovaram o serviço
O salão da lavanderia, abarrotado de roupas, cortinas e tapetes, é bem organizado e, a julgar pelo movimento, o trabalho caiu no gosto dos fregueses. “A gente tem uma tabela de preços e recebe roupa da cidade inteira”, comenta a coordenadora, citando que o quilo da roupa comum, lavada e passada, sai a 4 reais; só para lavar ou passar, fica em R$ 3,50; e cortinas, tapetes e edredons custam R$ 5,50 o quilo. Calça ou camisa social sai por R$ 2,90 a peça.

REFÉM DO CLIMA

O  frio e a chuva atrapalham
A renda da lavanderia comunitária, onde oito mulheres trabalhavam nesta semana, é dividida em três partes: um terço vai para as trabalhadoras, um terço para aquisição de material de limpeza e um terço para manutenção da lavanderia, como custeio da conta de energia elétrica e o pagamento de um vigia, uma vez que o local exige segurança pelo grande volume de roupas dos clientes.

Mesmo assim, cada lavadeira consegue levar para casa, no fim do mês, pelo menos um salário mínimo. Além disso, a associação paga o INSS das mulheres para que estejam asseguradas contra qualquer adversidade.
Com 73 anos, dona Carmem é voluntária na cozinha

As mulheres passam o dia na lavanderia onde fazem as refeições bem temperadas pelas mãos da voluntária Carmem Martinez Jorente, de 73 anos. Todos os dias ela prepara o almoço para as lavadeiras, com muito carinho. Na quarta-feira, o cardápio era composto de arroz, feijão, macarronada e bife de fígado bovino. O aroma podia ser sentido ao longe.

Na lavanderia comunitária todas lavam e passam, explica Laudite Ferreira: “As mulheres do bairro chegam procurando uma vaga e sempre que temos, nós encaixamos. Depois, eu ensino a lavar e passar e todas trabalham da mesma forma”. No entanto, a falta de uma secadora complica em dias frios ou chuvosos porque a roupa seca nos varais ao ar livre.

Segundo a coordenadora, nem chegaram a levantar o preço da secadora industrial necessária porque há outras prioridades. Entretanto, ressalva que se a lavanderia recebesse uma doação dessas seria uma ajuda muito grande.

Uma das lavadeiras, Aparecida Fátima de Oliveira, 53 anos, divorciada e mãe de três filhos, passava roupa na quarta-feira com a maior disposição: “Acho ótimo estar aqui. É esse dinheiro que me ajuda a sustentar meus filhos”, justificou.

Aparecida sustenta os filhos com o trabalho


PROMOÇÕES

 A Associação de Moradores do Nova Marília tem a lavanderia comunitária como um de seus projetos. Há muitas outras ações que beneficiam a população carente do bairro. São promovidos bazares, quermesses e, às sextas-feiras, voluntárias trabalham na panificadora da entidade produzindo pães, roscas, beliscões etc, vendidos ali mesmo. Toda a renda das promoções serve para financiar a ajuda aos mais necessitados.

 De um botijão de gás, ao remédio para doenças cardíacas, até fraldas e alimentos, cada caso é estudado e quase sempre as pessoas saem de lá socorridas. Parte do dízimo da igreja Santa Rita de Cássia também ajuda na manutenção dos atendimentos sociais, assinala a vice-presidente da entidade.

 Aos associados, a entidade oferece aulas de karatê e violão. Já houve aulas de bordado, mas uma das dificuldades é encontrar voluntários dispostos a colaborar: “A gente gostaria de ter aulas de ginástica, de yoga, no fim da tarde. Mas, faltam professores voluntários”, assinalou.

A ajuda da entidade aos moradores chega também no momento da dor: os associados do Fundo Mútuo contam com auxílio funeral para o enterro e aquisição do terreno no cemitério.

ESPERANÇA
Laudite mostra as camisas bem passadas

 Apesar de tanto trabalho, a líder comunitária mantém o sorriso iluminando o rosto quando fala das ações sociais: “Lutamos com muita dificuldade. Mas, estamos firmes porque a gente acredita que um dia será melhor que o outro”. Ao lado do oratório e do cartaz da Irmã Dilma, fonte inspiradora, ela conta que toda segunda-feira o grupo realiza uma oração com reflexão sobre a Bíblia para que a semana comece bem. E finaliza com a seguinte mensagem: “Gostaria de pedir que o povo tivesse mais fé em Deus porque é a coisa mais importante da nossa vida. É através de Jesus e de Maria que conseguimos tudo”.

* Reportagem publicada na edição de 07.08.2011 do Correio Mariliense


PODAS DRÁSTICAS: SECRETÁRIO NOTIFICOU COLÉGIO

Secretário Mário César: indignação
“A Secretaria não concorda, não apoia e não permite poda drástica na cidade”. A afirmação foi feita pelo secretário municipal do Meio Ambiente, Mário Cesar Vieira Marques, ao comentar a reportagem veiculada domingo passado, neste blog, sobre a poda radical de árvores no entorno do Colégio Sagrado Coração de Jesus, na Rua Paraná.
Citando a legislação vigente, o secretário manifestou sua indignação com o ocorrido, informando que o colégio, que teria usado mão-de-obra terceirizada, “sem conhecimento nem participação da Secretaria do Meio Ambiente” foi notificado, “ficando pendente a multa, por árvore, se houver dano permanente às árvores”.
Multa se a árvore
não se recuperar
 Mário César assinalou que a secretaria “orienta os munícipes no seu Programa de Arborização Urbana, mostrando-lhes os benefícios proporcionados pela presença de árvores no ambiente urbano, seja nas redes de ensino, seja ao público em geral, com publicações específicas. Por outro lado, não abre mão do poder de fiscalização, com notificações para cumprimento da lei, que determina que haja uma árvore em cada lote urbano - trabalho que vem sendo realizado em todos os bairros da cidade - e multas aos infratores”.
Finalizando, o secretário informou que desde 2.005, “são plantadas cerca de sete mil mudas por ano, em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura, Viveiro Municipal e também a CPFL, com doações de espécies nativas adequadas ao ambiente urbano”.