Roupas "quarando" ao sol, como antigamente |
Elas chegam bem cedo --- antes das 6h30 --- e só vão embora ao final da tarde porque o trabalho, totalmente artesanal, exige atenção constante para que nenhuma roupa saia manchada do molho, explica a vice-presidente da Associação de Moradores do Nova Marília e coordenadora do grupo, Laudite Ferreira Gaia Vieira.
As peças são lavadas manualmente |
Casada e mãe orgulhosa de três filhas, a mais velha formada em Psicologia, a líder comunitária faz parte da associação há mais de 20 anos. Católica fervorosa, ela irradia otimismo ao falar da obra iniciada pela Irmã Dilma, religiosa falecida há cinco anos: “Ela plantou uma semente e nós continuamos a sua luta”.
Laudite conta que a lavanderia comunitária surgiu pelas mãos da freira que viu ali uma oportunidade de geração de renda para as mulheres pobres do bairro. Tudo é feito manualmente e com muito cuidado: “Não temos maquinário nenhum, só a centrífuga que ganhamos da primeira dama (Fátima Bulgareli). A gente faz todo aquele processo que a mãe da gente fazia antigamente, de separar as roupas, de colocar para quarar no sol e quando a gente passa, fica tudo branquinho”.
Salão lotado: clientes aprovaram o serviço |
O salão da lavanderia, abarrotado de roupas, cortinas e tapetes, é bem organizado e, a julgar pelo movimento, o trabalho caiu no gosto dos fregueses. “A gente tem uma tabela de preços e recebe roupa da cidade inteira”, comenta a coordenadora, citando que o quilo da roupa comum, lavada e passada, sai a 4 reais; só para lavar ou passar, fica em R$ 3,50; e cortinas, tapetes e edredons custam R$ 5,50 o quilo. Calça ou camisa social sai por R$ 2,90 a peça.
REFÉM DO CLIMA
O frio e a chuva atrapalham |
Mesmo assim, cada lavadeira consegue levar para casa, no fim do mês, pelo menos um salário mínimo. Além disso, a associação paga o INSS das mulheres para que estejam asseguradas contra qualquer adversidade.
Com 73 anos, dona Carmem é voluntária na cozinha |
As mulheres passam o dia na lavanderia onde fazem as refeições bem temperadas pelas mãos da voluntária Carmem Martinez Jorente, de 73 anos. Todos os dias ela prepara o almoço para as lavadeiras, com muito carinho. Na quarta-feira, o cardápio era composto de arroz, feijão, macarronada e bife de fígado bovino. O aroma podia ser sentido ao longe.
Na lavanderia comunitária todas lavam e passam, explica Laudite Ferreira: “As mulheres do bairro chegam procurando uma vaga e sempre que temos, nós encaixamos. Depois, eu ensino a lavar e passar e todas trabalham da mesma forma”. No entanto, a falta de uma secadora complica em dias frios ou chuvosos porque a roupa seca nos varais ao ar livre.
Segundo a coordenadora, nem chegaram a levantar o preço da secadora industrial necessária porque há outras prioridades. Entretanto, ressalva que se a lavanderia recebesse uma doação dessas seria uma ajuda muito grande.
Uma das lavadeiras, Aparecida Fátima de Oliveira, 53 anos, divorciada e mãe de três filhos, passava roupa na quarta-feira com a maior disposição: “Acho ótimo estar aqui. É esse dinheiro que me ajuda a sustentar meus filhos”, justificou.
Aparecida sustenta os filhos com o trabalho |
PROMOÇÕES
A ajuda da entidade aos moradores chega também no momento da dor: os associados do Fundo Mútuo contam com auxílio funeral para o enterro e aquisição do terreno no cemitério.
ESPERANÇA
Laudite mostra as camisas bem passadas |
* Reportagem publicada na edição de 07.08.2011 do Correio Mariliense
Adorei sua reportagem !!!E tbm de saber que muitas mulheres sustentam a casa neste tipo de trabalho, porque que hj a maioria das mulheres o que elas querem é ficar bem longe do tanque.Bjs e Parabens pela matéria!
ResponderExcluirQuerida Rita, obrigada pelo comentário. Adorei fazer essa reportagem e tornar público um trabalho tão digno dessas lavadeiras. Beijo grande!
ResponderExcluirParabéns pela matéria!
ResponderExcluirPropositiva, mostra um outro lado da cidade,
que livre das amarras políticas centra na cidadania suas forças.
daniel pestana mota