domingo, 11 de junho de 2023

ONG QUE ACOLHE MORADORES EM SITUAÇÃO DE RUA TERÁ PROJETO PARA A INFÂNCIA

Por Célia Ribeiro

Para muitos, eles são invisíveis. Para outros, um problema que o poder público tem obrigação de resolver. Mas, para os voluntários da Assistência Social Dr. Bezerra de Menezes, os moradores em situação de rua são seres humanos que precisam da mão estendida quando lhes resta apenas um fiapo de dignidade. Por isso, mesmo na pandemia, o trabalho não parou. Apenas mudou de formato, conforme explicou a presidente, Andréia Cristina Cirolli Ribeiro, quando anunciou uma boa nova: a entidade iniciará um projeto destinado às crianças.

 Fila para receber doações entregues por voluntários

Para entender o alcance do trabalho da instituição mantida pelo Centro Espírita Luz, Fé e Caridade, localizado na Rua Maranhão nº 242, no centro de Marília, basta analisar os números: até a pandemia, eram servidas 120 refeições diárias, além de banho, com entrega de roupa limpa, três vezes por semana.

“Quando tudo fechou, até tentamos continuar o atendimento. Mas, não teve jeito e precisamos pensar em uma maneira de não deixar nossos irmãos sem assistência”, recordou a presidente. Segundo ela, “ninguém entendia bem o que estava acontecendo. Nunca passamos por uma situação dessas e, realmente, foi um baque muito grande”.

Andréia Ribeiro, presidente

Andréia Ribeiro disse que “eles são discriminados e não têm nada. A gente promovia o alimento e o banho, que é o mínimo de dignidade que a pessoa tem na vida, que é um prato de comida e o banho com uma roupa limpa que a gente distribui”. Mas, com o isolamento social, foi necessário buscar alternativas para não desamparar essas pessoas.

Ela contou que a diretoria da entidade se reuniu e optou por levar até os moradores em situação de rua itens de higiene pessoal, máscara e álcool gel, roupas e cobertores, além de café da manhã aos sábados: “Tivemos a ideia do delivery. Se eles não podiam mais vir, diariamente, decidimos levar até eles”.

Foram selecionados os voluntários fora do grupo de risco, sem comorbidades, acrescentou a presidente. Assim, eles orientavam quanto à importância da higiene, com a entrega de sabão para lavagem das mãos, por exemplo. Paralelamente, a entidade começou a ser procurada por famílias impactadas pela crise sanitária e iniciou o cadastramento e entrega de cestas básicas para suprir a fase mais difícil.

Bazar da pechincha gera renda

“Ficamos com os portões fechados, mas nosso trabalho triplicou”, assinalou a presidente. Ela informou que chegaram a entregar 70 cestas básicas para as famílias em um único dia. E para atender quem mais precisava, foi estabelecido o critério de doar uma cesta por família por 04 meses. Assim, após os 120 dias, as famílias atendidas inicialmente davam lugar para que outras famílias pudessem receber os alimentos no ciclo seguinte de mais 04 meses.

Voluntários organizam as doações

Andréia observou que “o desemprego ficou evidente. E muitos trabalhadores informais também perderam sua fonte de renda na pandemia, o que agravou o problema e fez aumentar a procura por ajuda”. 

Entrega de cestas básicas na sede da ONG

A presidente não disfarçou a emoção ao lembrar de como a equipe de voluntários trabalhou arduamente: “Não pudemos fazer os almoços comemorativos em datas especiais, como a gente fazia. Mas, na Páscoa conseguimos arrecadar chocolates e levar até eles. Também fizemos kits de roupas íntimas, embrulhamos para presente e entregamos no Natal. Foi muito gratificante ver a reação deles. Muitos pediam para orarmos para eles”. 

Moradores em situação de rua recebem roupas limpas

DESAFIO

A presidente da Assistência Social Dr. Bezerra de Menezes disse que os trabalhos foram retomadas há um ano. Mas, caíram muito as doações da comunidade, o que impossibilitou a volta dos almoços diários. Ela observou que a Prefeitura, “através da Secretaria da Assistência Social, tem meios de ajudar essa população com o Centro POP e o restaurante Bom Prato. Mas, o banho e o corte de cabelo ainda eram muito importantes”.

Cobertores para doação

Se antes da pandemia havia refeições diárias, café da manhã aos sábados e banho com troca de roupas três vezes por semana, atualmente, a entidade oferece café da manhã aos sábados e banho com corte de cabelo às quartas-feiras. Paralelamente, alguns idosos de baixa renda e com problemas de saúde continuam sendo atendidos com cestas básicas permanentes.

A presidente adiantou, com exclusividade ao JM, um novo sonho em gestação. Denominado “Projeto Conviver”, destinado às crianças de 06 a 15 anos da zona norte, ele funcionará aos sábados com equipe de voluntários em uma chácara doada à instituição que providenciou as reformas e ampliações necessárias na área construída.

Andréia Ribeiro afirmou que “o morador de rua, quando chega nesta situação, é muito difícil dele sair; envolve uma outra área de profissionais, terapeutas, de medicina, de recuperação. Nosso papel é impedir que muitos cheguem. Vamos buscar a criança, atuando na prevenção. Quando se trabalha a criança, vai ter uma estrutura que ocupará o tempo dela com coisas saudáveis. Não terão tempo de sair da escola e ficar livres para fazerem o que quiser, com acesso a coisas não recomendáveis”.

120 refeições diárias antes da pandemia

O cadastramento já foi iniciado com 15 famílias e 36 crianças, com previsão de início das atividades em julho. Para tanto, a entidade conta com o apoio da diretoria e de voluntários comprometidos em contribuírem para um futuro saudável e seguro para meninos e meninas que serão assistidos.

Entrega do café da manhã e kits de higiene nas praças

Para ajudar a entidade a manter seus projetos as pessoas podem doar roupas limpas e em bom estado para o bazar da pechincha que funciona todas as terças-feiras, das 7h às 9h e é importante fonte de renda;  dinheiro através de PIX para o CNPJ 19.699.086/0001-10 ou alimentos não perecíveis para as cestas básicas. No Instagram acesse: Assistência Social Dr. Bezerra de Menezes

*Reportagem publicada na edição de 11.06.2023 do Jornal da Manhã

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