CARINO SOCIAL: PROJETO IMPACTA A VIDA DE CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE

Por Célia Ribeiro

“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. A frase do pacifista e ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, nunca foi tão atual. É através da educação que se rompe o círculo vicioso de gerações aprisionadas pela pobreza e pela falta de perspectiva. Pensando nisso, um projeto social oferece a crianças em situação de vulnerabilidade social, na zona norte de Marília, as condições para que, como as borboletas, rompam os casulos e voem rumo a um futuro diferente da vida herdada de seus pais e avós. 

Professor Henrique em aula de violão

O Projeto Carino Social, criado e mantido pela indústria “Carino Ingredientes”, funciona desde 2018 em um espaço cedido pela Mitra Diocesana, ao lado da Paróquia de Santa Antonieta. Inicialmente em parceria com o Projeto Semear, grande incentivador e apoiador desta iniciativa, o “Carino Social” passou a andar com as próprias pernas após a pandemia, explicou a coordenadora Mali Napoleone.

 

Flauta é um dos instrumentos das aulas de música

Conforme disse, ao mapear a região em busca de um local para o projeto, a empresária Cristina Spressão Doretto, CEO da empresa, encontrou o salão utilizado pela paróquia em atividades de rotina, como eventos comunitários e catequese. Assim, após um aporte de recursos para ampliação da estrutura física, o espaço passou a acomodar as atividades sociais de segunda a sexta-feira até às 18h, enquanto a paróquia pode contar com um prédio totalmente reformado para suas atividades no período noturno e nos finais de semana. 

(Esq.) Angela Elisa e Mali 

A coordenadora do projeto explicou que 40 meninos e meninas, de 06 a 14 anos, participam das atividades, diariamente, no período da tarde. São oferecidos desde reforço escolar até aulas de música (flauta, violão e coral), artes, além de capoeira e judô. Falando nisso, já há quatro judocas confederados, sendo que um garoto do projeto conquistou uma medalha de bronze no Campeonato Paulista de Judô.

 TRANSFORMAÇÃO

 Antes de coordenar o Projeto Carino Social, Mali Napoleone foi voluntária na ONG Projeto Semear. Ela explicou que o objetivo é promover a transformação através da educação, da cultura e do esporte. Por esta razão, a seleção de crianças e adolescentes foi realizada de modo muito criterioso para atingir os mais necessitados.

 Como exemplo, ela citou os moradores do bairro “Marina Moretti”, uma das regiões mais carentes de Marília, também localizada na zona norte. Para que as crianças pudessem ser atendidas, o projeto disponibilizou transporte gratuito e, com isso, as crianças chegam às 13h30 e retornam às 17h30 para casa após participarem de diferentes atividades. 

Aula de capoeira com a contramestra Michele

“A Cristina disse que gostaria de trazer essas crianças e percebeu que esse esforço não ia partir dos pais, dos responsáveis. A maioria nem tem pai ou uma figura masculina. As mães que trabalham não conseguem ficar em casa para cuidar das crianças e elas ficam na rua”, observou a coordenadora enfatizando o esforço para introduzir essa parcela de crianças no projeto. 

(Esq.) Mali, Rosimar, Regina e Cristina Doretto

Mali Napoleone disse que a CEO da Carino Ingredientes é envolvida em causas sociais desde a década de 90 e que “desde que trabalhava na Dori, ela conta que tinha o sonho de ter esse projeto social”. A coordenadora assinalou que proporcionar as condições para que as crianças tenham acesso a uma educação de qualidade, com reforço nas disciplinas que têm dificuldade, e acompanhamento profissional, fará toda a diferença no futuro.

REDE DE APOIO

Um dos pontos destacados pela coordenadora do Projeto Carino Social foi a formação de uma rede de apoio em torno dos alunos. A coordenadora pedagógica Angela Elisa Busetto contou que eles “chegam no projeto cheios de história. Ficam ansiosos para contar as novidades da escola, para compartilhar com a gente”. 

Crianças recebem reforço escolar

A profissional está em contato permanente com os estabelecimentos de ensino e com o CRAS (Centro de Referência da Assistência Social) em um monitoramento muito importante sobre as condições dos assistidos: “A gente consegue elencar o que está acontecendo com cada pai, por que a criança não está vindo. De algum lado a gente recebe alguma informação e troca”, pontuou Mali Napoleone. 

Trabalho em grupo 

Apesar dos benefícios, algumas famílias não compreendem o seu alcance. Emocionada, a coordenadora contou que, recentemente, uma mãe retirou a filha de pouco mais de 10 anos sob alegação “de que ela precisava da menina para ajudar no serviço doméstico. Mas, ela é apenas uma criança”, desabafou. 

Aquecimento antes das atividades físicas

Ela acrescentou que o projeto também tem o suporte do curso de Psicologia da Unimar: “A gente oferece tudo o que tem. Nem sempre conseguimos o apoio dos pais para continuidade ao tratamento, por exemplo, como levar a criança para fazer uma sondagem”. 

Menino exercita a criatividade em desenhos coloridos

Mali finalizou dizendo que, apesar de alguns revezes, o saldo é muito positivo, citando o  nível de voluntários que o Projeto Carino Social atraiu, como Rosimar Bortolini, que é doutora em Educação pela UNESP e professora assistente do Departamento de Educação Especial da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP de Marília e Regina Colucci, psicanalista e voluntária social. 

Troca de faixa na capoeira no Teatro Municipal

Aos poucos, o sonho da empresária Cristina Doretto de impactar o futuro de crianças em situação de vulnerabilidade social, através da educação, se tornou realidade. E os frutos poderão ser conhecidos nos próximos anos quando os pequenos que receberam acolhimento, suporte pedagógico, acesso à cultura, à arte e aos esportes, terão, finalmente, desatado o nó que os prendiam ao passado em preto e branco.

Para saber mais, acesse as redes sociais do projeto: Instagram (@carinosocial) e Facebook (carinosocial). O endereço do projeto é Rua João Dal ponte, 853, no Jardim Santa Antonieta. Sobre a empresa: https://carinoingredientes.com.br/

 *REPORTAGEM PUBLICADA NA EDIÇÃO DE 04/06/2023 DO JORNAL DA MANHÃ

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