Por Célia
Ribeiro
“A palavra
convence. O exemplo arrasta”. Fiel a
esta máxima, a advogada Marta Suely Martins Silva, 63 anos, levou para dentro
de casa a vontade de fazer a diferença na vida dos menos favorecidos e envolveu
a família e os amigos nas ações sociais que pratica há mais de 40 anos. Dos
almoços comunitários em regiões carentes, à transformação de materiais que
seriam descartados, até a doação de roupas, brinquedos, cobertores e fraldas
geriátricas, ela segue contaminando de solidariedade o seu entorno.
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Marta e o boneco "Sassá" |
“Sou uma
pedinte e não tenho vergonha disso”, declarou, bem humorada, durante entrevista
ao JM em sua confortável residência na zona leste. Marta explicou que se
considera pedinte porque recorre aos amigos e familiares para obter a matéria
prima de seus trabalhos. Como exemplo, mostrou caixas de sapato encapadas com
folhas de revista e maletinhas confeccionadas
com potes de sorvete que abastece com kits de higiene para doação.
“Meus amigos
já sabem. Quando viajam, não usam os kits dos hotéis porque eu peço para me
trazerem. Tem tanta gente que precisa e receber uma maletinha dessas com
sabonete, shampoo, condicionador, touca de banho, hidratante e creme dental é
uma beleza”, justificou. Acostumada a visitar áreas de extrema pobreza, ela
leva sacolinhas feitas de retalho para que as meninas possam guardar pente,
elásticos de cabelo, fivelas etc.
A advogada disse
que nunca se conformou em ver a dificuldade alheia e permanecer de braços
cruzados. Ela começou visitando comunidades nos bairros afastados, barracos em
favelas e moradias quase inabitáveis. E nestas andanças, levava o casal de
filhos para que, desde pequenos, aprendessem o valor da solidariedade.
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Retalhos se tornarão mantas para os bebês
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“Meus filhos
foram criados assim. Um dia, desci no barraco da dona Maria, que catava
latinhas, e notei a vida difícil que ela levava”, recordou, contando como
começou a frequentar as áreas esquecidas pela sociedade. Além de conseguir
cestas básicas para matar a fome imediata, ela também organizava almoços
comunitários, com a ajuda de amigos, que chegaram a ter mais de 100 pessoas.
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Manta em fase final |
“Tem uma
lembrança que nunca me esqueço. A gente entregava um convite simples, em papel
sulfite, chamando a pessoa para almoçar conosco. Um dia, depois de alguns anos,
voltei a uma casa e, para nossa surpresa, a dona ainda tinha o convite todo
amarelado. Aos 81 anos, ela disse que aquele foi o único convite que recebeu em
toda a sua vida”, revelou, sem esconder a emoção.
SUSTENTABILIDADE
Marta se
recusa a jogar fora qualquer coisa que possa ser transformada. Se ganha um
calçado velho, ela manda a um sapateiro parceiro para colocar sola. O mesmo
vale para roupas que passam por reparos e são higienizadas antes da doação. Já
as tampinhas de plástico são a base do boneco que a advogada batizou de “Sassá”
confeccionado com a ajuda da amiga Elaine Nogueira de Matos Oliveira e que faz
a alegria dos meninos.
Contadora de
história do projeto “Viva e Deixe Viver” que atua no Hemocentro e hospitais de
Marília, Marta lamentou não ter muito tempo livre para contribuir com essa
atividade. Mas, através do artesanato solidário, consegue levar um pouco do seu
carinho a pessoas nestas instituições.
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Michele e Marta: exemplo vem do berço |
Para os
bebês, por exemplo, ela confecciona lindas mantas de retalhos doados pelo Sr.
Fabrício da Casa Ucles e algumas amigas. Habilidosa, Marta monta os
quadradinhos à mão que depois são costurados à máquina e finalizados com forro
de flanela, barrados e laçarotes: “Tem mães que não têm onde enrolar os bebês.
Levamos no Hospital Materno Infantil onde tem contação de história e os bebês
ficam quentinhos”, observou.
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Caixa de sapato forrada para os Kits de higiene |
Também para
os recém-nascidos, Marta entrega os gorros de lã que suas tias Maria Lúcia
Roland, 75 anos e Ester Roland de 81 anos confeccionam, como mostrou reportagem
desta página em janeiro: “Compro e ganho
lãs e elas nos ajudam com os gorrinhos que aquecem os bebês”, assinalou.
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Maria Lúcia Roland |
TAL MÃE,
TAL FILHA
Também advogada,
a filha Michele segue o exemplo da mãe. Voluntária no Projeto “Amor de Criança”
ela comemora a retomada gradual das atividades, pós-pandemia. Com muita
disposição, ela ajuda Marta nos trabalhos manuais e ainda encontra tempo para
mobilizar amigos em torno da arrecadação de fraldas geriátricas do grupo do
terço da Igreja Nossa Senhora de Fátima.
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Porta-trecos para as meninas |
Com a
aproximação do inverno, a preocupação se voltou aos moradores em situação de
rua. Por isso, Michele e Marta estão se organizando para promoverem uma
campanha junto aos amigos e conhecidos: “Tem previsão de cair a temperatura
para até cinco graus neste inverno. Já pensou essas pessoas dormindo ao relento?”,
observou a jovem advogada.
A ideia é
sair pelas ruas e, encontrando quem passa frio sob as marquises e praças,
entregar um agasalho e um cobertor. Elas sabem que muitos criticam esse tipo de
ajuda aos moradores em situação de rua. No entanto, dizem que poder aliviar o
sofrimento de alguém é melhor do que fechar os olhos e fingir que nada está
acontecendo.
Quem quiser
mais informações sobre as ações sociais da família ou contribuir com doações, o
contato de WhatsApp de Michele é (14) 9.98964746.
Leia a reportagem das professoras aposentadas que contribuem com as ações sociais da advogada Marta Martins AQUI
*Reportagem publicada na edição de 21/05/2023 do Jornal da Manhã
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