domingo, 15 de janeiro de 2023

PROFESSORAS APOSENTADAS DOAM GORROS DE LÃ EM CROCHÊ PARA MATERNIDADES E ASILOS

Por Célia Ribeiro

Desde os anos em que viveu na Capital, onde aposentou-se como professora do ensino fundamental, Maria Lúcia Roland nunca se conformou em ver o sofrimento alheio de braços cruzados. Aos 75 anos, ela demonstra um vigor invejável enquanto conta como os trabalhos manuais que executa, junto com a irmã Ester Roland, de 81 anos, deram um novo sentido à sua vida.

Maria Lúcia Roland

“A gente aprende que tem que dividir, repartir, cooperar”, disse em entrevista ao JM na tarde chuvosa de quarta-feira. Na confortável residência que divide com a irmã, também professora aposentada, nas imediações do Hospital Espírita, Lúcia mostrou alguns dos trabalhos que confecciona; gorros de lã para bebês das maternidades do HM e da Gota de Leite e para idosos abrigados nos asilos.

A matéria prima chega pelo coração generoso de amigos e conhecidos. Lãs de cores variadas são transformadas pelas mãos habilidosas das irmãs: “As lãs fininhas de bebês vão para gorrinhos das maternidades. Agora, as lãs grossas, coloridas e principalmente de cores fortes, são para os gorros dos velhinhos”, explicou.

A professora revelou que após se aposentar foi trabalhar em classes especiais do Hospital Darci Vargas em São Paulo: “Vi uma dura realidade. Tinha de tudo: crianças com leucemia, com diabetes tipo 1, com doença renal que precisava de transplante, Aids etc”. Convivendo com as crianças hospitalizadas que frequentavam as aulas das classes especiais, ela não perdia uma oportunidade de ajudar. 

Doações do grupo “Algodão Doce” à Gota de Leite

“Eu sempre fui de pedir. Quem eu conhecia e podia ajudar eu falava da situação e sempre tinha apoio. Certa vez, a dona do restaurante em que eu comia por quilo doou tantas roupas e calçados que demorei cinco dias para levar tudo”, contou. Após separar todos os itens, as peças foram doadas a quem mais precisava no hospital.

ARTESANATO

Com a solidariedade correndo nas veias, quando retornou a Marília, a professora aposentada buscou maneiras de continuar ajudando as pessoas. Devido aos conhecimentos de costura, produz lindas peças que são doadas para os bazares das entidades beneficentes. Além disso, procura reciclar objetos que seriam descartados e, com isso, vidros de conservas e caixas plásticas são pintados e doados para a UAPEM (União dos Aposentados de Marília) que sorteia os brindes em seus bingos. 

Gorros das irmãs para bebês e idosos

Um dos destaques do artesanato são os quadrinhos do Espírito Santo. A base é feita com sobras de madeira que o marceneiro amigo da família corta no tamanho e formato que precisa. Ela sempre tem vários em casa para doação às entidades que geram renda com esses objetos nos seus bazares. 

Lãs de doação

Falando em aproveitamento, a professora contou que lendo uma reportagem do Jornal da Manhã sobre a ONG que cuida de gatinhos e mantém o projeto “Tampinhas de Bigode”, resolveu juntar tampas plásticas para o projeto: “Eu peço para os vizinhos e amigos. E do bar aqui perto eu peço para guardarem os lacres das latinhas que entrego na ACC (Associação de Combate ao Câncer), acrescentou.

 

Virgínia Balloni (presidente), Rosalita Soffener (tesoureira)
e enfemeira Patrícia Gilio na Gota de Leite

Maria Lúcia disse que não sabe quantos itens já produziu e doou, lembrando da fase difícil do auge da pandemia, em 2020: “Ficamos trancadas em casa. A gente só falava com a família por telefone. Farmácia e mercado entregavam as compras. Teve um dia em que eu saí para dar uma volta de carro com minha irmã e voltei chorando de ver o comércio fechado, parecia uma cidade fantasma”, assinalou.

 

Quadrinhos de Espírito Santo com base em madeira

Esse foi um período muito difícil. Mas, os cuidados valeram a pena: “Nem gripe a gente pegou. Ainda hoje tomamos muito cuidado. Por exemplo, só vamos à farmácia aos domingos depois do almoço quando não tem quase ninguém”.

 

Vidro reciclado
Para ela, ter aproveitado o período do isolamento social para produzir gorros de lã foi terapêutico: “Fizemos mais de 300 gorros. Perdemos a conta. Mas, foi importante ter uma ocupação, uma distração para atravessar aquele período tão difícil”, frisou, lembrando que na mesma época perdeu uma grande amiga e incentivadora das ações sociais que era Sílvia Muniz.

Agora, com a pandemia sob controle, mas ainda fazendo vítimas fatais, sobretudo na terceira idade, Maria Lúcia e a irmã Ester seguem firmes nos trabalhos manuais preparando o estoque de gorros que vão aquecer bebês e idosos no inverno.

 Quem desejar contribuir com as lãs, as doações podem ser entregues na empresa Sonadar Piscinas, localizada à Rua Bahia esquina da Rua Pedro de Toledo, aos cuidados de Patrícia Sparapane, no horário comercial.

 GOTA DE LEITE

 A Maternidade e Gota de Leite, com atendimento 100 por cento destinado ao SUS, doa kits de enxovais às pacientes que necessitam. Por isso, recebe da comunidade doações de roupas de bebê novas e usadas em bom estado, fraldas, itens de higiene etc. Os gorrinhos das irmãs Ester e Maria Lúcia são um exemplo de itens que compõem os kits. 

Kit da Gota de Leite entregue às mamães

“Agradecemos essa senhora por lembrar da Gota para essas doações que são entregues às famílias carentes quando seus bebês nascem na nossa maternidade. A entidade agradece esse ato de amor ao próximo “, afirmou a presidente, Virgínia Maria Pradella Balloni. Quem quiser contribuir, a entidade está localizada à Avenida Nelson Spielmann, 630, próximo à Matriz de São Bento.

*Reportagem publicada na edição de 15/01/2023 do Jornal da Manhã

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