Por Célia Ribeiro
“Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo. E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo”. Impossível ler essa introdução e não cantarolar a música “Aquarela”, de Toquinho, que encanta gerações. Mas, para os alunos do curso de desenho da Vila das Artes, os traços vão muito além, dando vida a personagens que conquistam os amantes dos games em disputas emocionantes.
Personagem
com olhos expressivos
Para entender esse fenômeno, a
reportagem do JM foi à Vila das Artes conversar com o designer gráfico e
professor de desenho Thiago Carneiro de Mello. Aos 38 anos e jeitão de garoto,
ele é um artista autodidata que resolveu transmitir conhecimento a quem sempre
fez uns rabiscos e gostaria de aprender as técnicas para desenvolver suas
potencialidades.
Thiago em aula na Vila das Artes
E lá se foram seis anos como voluntário nos workshops e oficinas de desenho da escola pública até que foi convidado a trabalhar em uma loja de papelaria para desenvolver algumas atividades com os clientes. “Achei interessante dar aula. Foi um período que comecei a levar mais a sério a aula de desenho”, recordou.
Através de amigos em comum com a artista plástica Patrícia Muller, fundadora da Vila das Artes, Thiago aceitou o desafio de ensinar desenho aos frequentadores do espaço. O ano era 2010 e, de lá para cá, o que era um simples curso de desenho tornou-se referência para quem quer aprender ou aprimorar as técnicas.
MANGÁ
As histórias em quadrinhos japonesas, conhecidas por mangás, caíram no gosto dos jovens. E na Vila das Artes encontraram o lugar propício para se expandirem pelas mãos hábeis de meninos e meninas a partir dos 11 anos. Segundo Thiago, a aula de desenho é focada “em criação de personagens. O mangá é um estilo. Às vezes, a pessoa pode não ter interesse especificamente no mangá. Eu posso ajudar ela assim mesmo”, observou, destacando que o estilo do mangá deixa os olhos dos personagens maiores e mais expressivos.
João
e Gabriel concentrados nos desenhos
O professor observou que o desenho traz muitos benefícios: “A gente tenta trabalhar várias coisas diferentes. O desenho ajuda na concentração, na criatividade. Quando a gente vai criar um personagem, sugiro algumas ideias e eles vão construindo o personagem por conta própria”. Ele complementou afirmando que já teve “situações que a pessoa não consegue ter foco. Com o desenho, consegue um pouco mais e isso vai sendo lapidado, indo para outras áreas que ela tinha dificuldade”.
Arte
de Thiago Mello no Instagram
Thiago explicou que “o desenho é mais uma forma de se expressar. A pessoa vai escolhendo o que fazer. Tenho alguns alunos que trabalham com ilustração; alguns foram adiante, outros em algum momento acabaram desistindo”. E para quem permaneceu, o mundo dos games é desafiador.
Letícia
gosta de mangá e anime
O professor citou um aluno cujo trabalho evoluiu tanto que “assinou contrato com uma grande empresa de jogos, fora do Brasil. Olha o nível dele”, contou orgulhoso. Outro aluno está na área de desenvolvimento de jogos e, claro, Thiago faz questão de jogar os games em que ex-alunos atuaram seja no design, seja na criação de personagens.
João
mostra Pipo, seu personagem
Sobre inspirar novos talentos,
Thiago Mello assinalou que dar aulas de desenho “é gratificante demais.
Refletindo sobre tudo isso que tenho feito, acabo pensando qual seria o
objetivo maior e cheguei à concussão que, para mim, seria ter na nossa cidade
excelentes ilustradores e saber que, de alguma forma eu fiz parte disso, que
dei minha contribuição”.
FUTUROS TALENTOS
Na tarde chuvosa e fria de quinta-feira, com o aroma de pipoca no ar, três alunos estavam concentrados no curso da Vila: Letícia Vilela Fraga, 14 anos, finalizava um desenho no estilo anime (quadrinho japonês), João Antonio de Oliveira Calciolari, 12 anos, contou que cria personagens e pretende mergulhar no mundo dos games, além de ter um canal no Youtube e Gabriel Maldonado Nasraui, 11 anos, disse que gosta de desenhar e estava no curso para aprimorar sua técnica.
Personagem
criado pelo professor
De acordo com Thiago, para
desenhar basta ter vontade e disciplina para acompanhar as aulas, que começam
com forte embasamento teórico, e desenvolver atividades em casa. E para quem
deseja saber mais sobre o assunto, ele disse que a Vila das Artes está de
portas abertas: “Cada caso é um caso. Quem quer levar a sério precisa assumir
um compromisso de ter disciplina”, finalizou.
Outras informações podem ser obtidas na Vila das Artes, localizada à Rua Atílio Gomes, 64, bairro Fragata em Marília. Telefone (14) 34547345. Nas redes sociais: https://www.instagram.com/viladasartes/ Conheça o trabalho de Thiago no Instagram:@thiagomelloart
*Reportagem publicada na edição de 02.10.2022 do Jornal da Manhã
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