Por Célia Ribeiro
Diferenciadas são as pessoas que, convivendo em um ambiente de extrema pobreza, não se conformam com o sofrimento alheio, arregaçam as mangas e conseguem contribuir para mudarem a situação. Foi assim que o jovem Amauri Gonzaga, morador da periferia, iniciou um dos mais importantes e longevos projetos sociais de Marília: a ONG “Alimento Sim, Fome Não”.
Amauri Gonzaga passa orientações na entrega de alimentos |
Tudo começou em 2001, recordou o presidente e fundador da entidade, em entrevista à coluna, nesta semana: “Eu morava no Parque das Vivendas, zona oeste, uma região muito carente. Moravam muitas famílias necessitadas, pessoas que trabalhavam com recicláveis, ajudantes de pedreiro, boia-fria na lavoura. Eu via as pessoas naquela situação e tive a ideia de juntar alguns amigos que cantavam música sertaneja, samba, pagode e música gospel”, para um show em uma escola.
Controle
das famílias cadastradas
Com um ofício embaixo do braço, lá
foi Amauri conseguir autorização para que a escola do bairro sediasse o evento
beneficente, cuja entrada era um quilo de alimento não perecível. A primeira
empreitada fez tanto sucesso que o grupo resolveu formar uma entidade para
amparar quem mais precisava, aliando solidariedade e diversão.
Ele lembrou que era trabalhoso organizar os eventos e também a logística no final dos shows: cantores, músicos e voluntários se reuniam após cada apresentação para separarem “os alimentos vencidos e os que estavam bons”, isto é, no prazo de validade, para montarem as cestas básicas que eram entregues às famílias previamente cadastradas.
A
Kombi precisa de 2 mil reais para sair da oficina
Amauri disse que o envolvimento dos voluntários foi fundamental: “A gente tinha muita empatia pelo sofrimento dessas pessoas, por ver a luta e o sofrimento delas. Aquela região, que já não moro mais lá, ainda é um local bem carente. Depois, mudei para o Nova Marilia III e que também é um local onde mora muito catador de recicláveis e famílias pobres. Tem família que passa necessidade praticamente todos os dias”, observou.
Show
de 2003, no início do projeto social
Residindo do outro lado da cidade,
o presidente da ONG procurou as famílias carentes da zona sul para formação de
um novo cadastro. Atualmente, são 289 pessoas assistidas, regularmente, além de
770 pessoas atendidas com cestas básicas, doadas pela comunidade e empresas
como supermercado Kawakami, leite entregue pela Secretaria da Assistência
Social de Marília, biscoitos doados pela Marilan, pães, bolos e legumes doados
pelo Tauste etc.
Longas filas para receber os alinentos
O presidente calcula que 1.800 famílias tenham sido cadastradas, emergencialmente, e que graças à solidariedade da comunidade e o apoio de várias empresas, a ONG tem conseguido assistir os mais necessitados, seja nos bairros da zona sul quanto nas zonas norte e oeste.
Além da zona sul, o bairro Maracá
também conta com uma base da ONG onde são distribuídos alimentos e leite, duas
vezes por semana. No bairro e adjacências, já são 99 famílias assistidas. Além
de alimentos não perecíveis e leite, essas pessoas recebem pães, bolos,
biscoitos, agasalhos, calçados e legumes.
Conforme disse, os gastos são elevados: a Kombi, que faz o transporte das doações, está na oficina há dias e necessitará de dois mil reais para quitar os reparos no motor. Além disso, há despesas com água e energia elétrica (480 reais), aluguel da sede (800 reais), combustível (680 reais), materiais de limpeza (120 reais), sacos plásticos reforçados para montagem das cestas básicas (180 reais) etc.
O presidente disse que há muitos voluntários que passaram a colaborar com a entidade após terem sido ajudados no passado. No entanto, com o agravamento da crise econômica, “muitas pessoas que nos ajudaram antes, hoje estão vindo buscar ajuda. A situação está muito complicada”, lamentou.
Pães e bolos
Amauri Gonzaga fez questão de agradecer o apoio da secretária Vania Lombardi, da Assistência Social, não só pela doação de leite e cestas básicas, como apoio às ações da ONG. Um exemplo é a futura horta comunitária que será formada em uma área de 500 metros quadrados no Jardim Maracá, nomeada de “Terra Prometida”.
Em parceria com a Unimar e a
Secretaria da Agricultura do Município, a horta contará com a participação das
famílias do Jardim Maracá e imediações para o cultivo de legumes e hortaliças
que ajudarão a complementar as refeições.
A ONG “Alimento Sim, Fome Não”, está localizada à Rua Cândida de Souza Gemeinder, 496, no Jardim Nacional (zona sul). Para saber mais sobre a entidade, acesse a rede social: https://www.facebook.com/alimentosimfomenao/
*Reportagem publicada na edição de 27/03/2022 do Jornal da Manhã
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