domingo, 5 de setembro de 2021

DESIGNER CRIA JOIAS AFETIVAS COM DNA HUMANO E CINZAS DE CREMAÇÃO DE ANIMAIS.

Por Célia Ribeiro

O corte do cordão umbilical, que liga o bebê à mãe, é um dos momentos mais emocionantes do parto. Não à toa, muitas famílias guardam o “coto”, quando ele endurece e cai, entre as lembrancinhas que vão do primeiro corte de cabelo ao dentinho de leite. Agora, esses materiais com DNA humano podem ser eternizados nas chamadas joias afetivas.

Árvore da vida: fragmentos de coto umbilical e fios
 de cabelo com pedras ametista e pirita

Em Marília, a psicóloga Cláudia Ramos Conrado Scalco descobriu esse segmento por acaso. E, em plena pandemia, acabou se interessando por estudar o design de joias afetivas com o objetivo de elevar as lembranças a um outro patamar: concreto, em forma de pingente, para ser pendurado perto do coração.

Pingente com pêlos de cãozinho

A psicóloga trabalha com população em situação de rua e a carga emocional desta atividade ficou mais pesada com a ameaça do Covid ceifando vidas em um nível jamais visto. Por isso, ao conhecer o conceito das joias afetivas, o interesse foi instantâneo. Através de cursos, ela foi se especializando e hoje atende não apenas clientes de Marília, mas de todo o Brasil, através do Instagram.

A psicóloga e designer de joias afetivas Cláudia Ramos

Em entrevista ao JM por videoconferência, Cláudia contou que o processo demanda tempo e muita sensibilidade. Da concepção da ideia, ao desenvolvimento do projeto, passando pela escolha dos materiais que serão implantados, vai um bom tempo. Depois, ela parte para a confecção da peça, o que exige atenção máxima porque são várias etapas e um pequeno deslize pode significar um erro difícil de corrigir.

EMOÇÃO

Cláudia contou que se emociona ao entregar cada joia: “É incrível ver os olhinhos da pessoa brilhando. Não tem dinheiro no mundo que pague esse bem que consigo fazer para as pessoas”, assinalou. Conforme disse, a maioria dos clientes pede para utilizar coto umbilical, dentinhos, fios de cabelo, mas também “há os que levam cinzas de cremação de animais de estimação que viveram anos com a família e viraram estrelinha”.

Fragmentos de dente da mãe e cabelos
de três filhos em dois pingentes

Os formatos dos pingentes variam muito. E como a designer frisou, “nenhum sai exatamente igual ao outro” por serem artesanais. Teve um caso de uma cliente de São Paulo que enviou um dente da filha e cabelos de três netos e pediu a produção de duas joias iguais porque queria presentear a mãe das crianças com uma peça igual à sua. E lá foi a Cláudia tentar atender todos os pedidos, da cor de fundo, à escolha das pedras preciosas e até a grafia dos nomes.

A designer disse que cada vez mais pessoas estão procurando confeccionar peças para eternizar recordações de seus PETs, sejam pêlos dos que estão vivos ou cinzas de cremação dos que se foram. 

Mas, nem só de DNA humano vive esse segmento. Cláudia explicou que tudo pode ser implantado nas peças. Se foi uma viagem inesquecível, coloca-se conchas e areia da praia, por exemplo; ou um pedaço do vestido de noiva e até flores do buquê da cerimônia. 

PROCESSO

Cláudia Ramos contou que o processo começa com uma conversa com o cliente para saber suas expectativas e ser concebido o projeto: “São várias etapas, escolhemos o formato do pingente, se vai ter brilho, qual a cor do fundo, tipo de pedras e materiais que serão implantados”. 

A produção exige muita concentração

Na execução, tem o processo mais delicado que exige precisão milimétrica, aplicação de resina de poliéster, necessidade de aguardar o tempo de secagem de cada fase e depois vem o acabamento, com lixamento e polimento da peça que é entregue com uma argolinha em ouro ou prata para ser pendurada em correntes.

Independente do tipo de material a ser implantado, Cláudia destacou o cuidado que dedica a cada trabalho: “Faço com muito amor e muito respeito pelo material afetivo. Por enquanto, só fiz de pessoas vivas. Mas, estou com uma encomenda sobre uma mãezinha que faleceu e a filha guardou uma mecha de seus cabelos”.

Paralelamente, ela continua pesquisando novas formas de eternizar lembranças nas peças que cria, como o uso de leite materno, cujos experimentos têm apresentado bons resultados, formando o fundo de pingentes em que outros elementos serão implantados dando às mães uma joia para ser usada pela vida toda.

Para conhecer mais sobre esse trabalho, acesse: https://www.instagram.com/elora.joiasafetivas/  ou WhatsApp (14) 997622524

*Reportagem publicada na edição de 05.09.2021 do Jornal da Manhã

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2 comentários:

  1. Tanta sensibilidade, só poderia ter vindo de um coração desses. Parabéns Claudinha, maravilhoso, trabalho incrível.

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