domingo, 28 de março de 2021

COM CRESCIMENTO DO ABANDONO DE CÃES, ONG LUTA PARA MANTER RESGATE.

 Por Célia Ribeiro

 Desde o agravamento da crise econômica, praticamente todas as instituições sem fins lucrativos registraram aumento das demandas por atendimento enquanto os recursos minguavam, dia após dia. No entanto, um setor tem sido afetado duplamente: o de proteção animal. Afinal, além do crescimento do abandono de pets pelas ruas, as entidades ficaram impedidas de realizar eventos de geração de renda enquanto os custos com medicamentos, clínicas veterinárias, ração e aluguel do canil não param de subir.

 

Helena e os cães no recreio 

Conforme o JM publicou nesta página, domingo passado, o GARRA (Grupo de Apoio, Resgate e Reabilitação Animal) tem ajuda da voluntária Marta Lucia Prado Takahashi que coleta, separa e vende recicláveis com renda em prol da entidade. Esta é uma importante fonte de receita. Mas, ainda há muito a ser feito para apoiar uma ONG que sobrevive apenas com ajuda da comunidade.

 Segundo a presidente, Helena Barradas, professora de 34 anos, os voluntários são preciosos para a instituição manter-se de pé. São cerca de 10 pessoas, na faixa de 20 a 50 anos, a maioria mulheres, que se revezam nos trabalhos da ONG. Antes da pandemia, eles também contribuíam com eventos como pedágios, feiras de sobremesa, bingos, jantares etc, que hoje estão proibidos devido às regras da Fase Emergencial decretada pelo Governo de São Paulo.

 

Alto custo para manter o canil

Conforme disse, “nós temos recursos e voluntários limitados. Então, infelizmente, nosso trabalho acaba sendo limitado também. A falta de apoio do poder público também prejudica um pouco. Não recebemos apoio financeiro ou de ração do poder público. Hoje alugamos uma chácara e pagamos 1.400 reais de aluguel. Juntando com outras despesas fixas, ultrapassamos os dois mil reais, fora atendimentos, consultas, exames, troca de coleiras, vermífugos. O custo é bem alto e, talvez, essa seja nossa maior dificuldade”.

 

Voluntária doa seu tempo e atenção

AGRAVAMENTO

 A presidente do GARRA afirmou que as últimas estatísticas indicavam 5 mil cães abandonados em Marília, número que vem aumentando, diariamente, devido às dificuldades financeiras das famílias: “Aumentou tanto o número de adoções, inclusive de cães adultos, mas também o número de abandonos. Muitas pessoas perderam o emprego, tiveram que se mudar, morar com familiares e, infelizmente para muitas delas, os pets não são prioridade ou têm importância suficiente para serem incluídos nos novos rumos que a família toma”.

 

Geiza, voluntária 

Com mais trabalho, só um pequeno exército de voluntários para dar conta. E o trabalho é duro: “Todos os dias fazemos limpeza das baias, troca de água e ração, carinho nos cães que têm o período de ‘recreio’ enquanto limpamos as baias, medicação para os que tomam remédio controlado ou estejam fazendo algum tipo de tratamento. Parece pouca coisa, mas são 30 baias e uma casa, então, para cuidar de tudo isso precisamos investir muito tempo e energia. Quando temos mais voluntários num dia só, conseguimos fazer mais coisas, como dar banho nos cães, cortar grama, dentre outros tipos de atividade”.

 Localizado no Distrito de Padre Nóbrega, o canil representa uma das maiores despesas fixas (1.400 reais mensais). Mas, a entidade também tem que arcar com outros custos: “Os medicamentos de uso contínuo nós ganhamos, mensalmente, de padrinhos que se solidarizam com a causa. Quando resgatamos um animal, o processo é passar pela clínica, fazer os exames iniciais e depois ser encaminhado ao abrigo”, explicou Helena Barradas.

 

Frei Joaquim adotou o Pedrinho

Ela prosseguiu citando que a Divisão de Zoonoses libera quatro castrações mensais e as demais são pagas pela ONG. Também há despesas com vacinas: “No primeiro ano, são duas doses de V10 importada para adultos e três doses para filhotes. Depois, uma dose anual de V10 e antirrábica e vermifugamos todos a cada 04 meses”.

 A presidente do GARRA assinalou que “em geral, os cães que já estão conosco não apresentam machucados. Mas, muitos são idosos e, então, começam a apresentar tumores e outros tipos de enfermidades típicas da idade e de muitos anos passados nas ruas. Às vezes, recolhemos cadelas de crias ou já com ninhadas. Isso envolve um custo maior com medicamentos, exames e, muitas vezes, a situação é crítica, com verminose, desnutrição e outras doenças”.

E os gastos vão aumentando: “Também há custos com coleira repelente para evitar

transmissão de Leishmaniose. Essas coleiras são caras e devem ser trocadas, em geral, a cada 04 meses. Felizmente, conseguimos encoleirar todos de julho para cá, mas os primeiros já
precisaram ter a renovação de coleira. Ou seja, é praticamente um gasto fixo”.

 COMO AJUDAR

 Helena afirmou que “todo tipo de ajuda é bem-vinda. Pode ser com mão de obra, fazendo manutenção no abrigo, limpando, cortando grama, outros tipos de reparos; pode ser doando ração, dinheiro, remédios, roupas para brechó realizado por amigos parceiros da causa, recicláveis, óleo de cozinha; podem também dar banho nos cães, ir brincar com eles; divulgar o nosso trabalho e nossas campanhas também é muito importante”.

Casal adotante

A presidente assinalou que “nós estamos situados em Padre Nóbrega, mas evitamos passar o endereço abertamente devido a abandonos no portão. Então, sempre que alguém deseja visitar o abrigo, nós combinamos com a pessoa e passamos a localização. Todos são bem-vindos. Mas, infelizmente, é preciso ter esse tipo de cuidado porque há muita gente que se aproveita da informação para abandonar seus animais”.

 Helena explicou que o processo de adoção é simples e existem dezenas de cães de várias idades à espera de um lar: “Nós fazemos uma pequena entrevista, para conscientizar o possível adotante e saber qual cão seria mais indicado para ele. Precisamos saber se a casa tem espaço para o cão ficar. Se for filhote, haverá espaço para ele quando crescer?”

 

Toda ajuda é bem-vinda

Além disso, avaliam se há abrigo contra sol, chuva e frio, “se a família está consciente dos custos envolvidos em manter um animal de estimação e também pedimos foto e vídeo do local onde o animal ficará. Com as perguntas, o nosso objetivo é reduzir ao máximo a possibilidade de devolução”, assinalou.

A presidente da ONG explicou que quem tiver denúncias de maus tratos aos animais deve procurar a Polícia Militar Ambiental (14)35921200 “que verifica as denúncias e é acompanhada por um médico veterinário para checar se a situação procede”. Já para animais machucados, atropelados, que estejam na rua, deve-se acionar o telefone 193.


Para outras informações sobre a ONG e como ajudar essa causa, acesse:
https://www.garramarilia.org.br/

 *Reportagem publicada na edição de 28.03.2021 do Jornal da Manhã

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