domingo, 20 de outubro de 2019

COM ESCALADA EM ROCHAS, GRUPO EXPLORA A NATUREZA NO ENTORNO DE MARILIA.

Por Célia Ribeiro

A paixão pelos esportes radicais e a preocupação com a preservação do meio-ambiente aproximaram um grupo heterogêneo que se dedica a explorar as belezas no entorno de Marília, em paredões de até 60 metros de altura. São os adeptos da escalada em rochas que têm no instrutor Bruno Magalhães Fortes uma das principais lideranças, desde a década de 90.
Escalar exige concentração
(Foto Ivan Evangelista Jr.)
Psicólogo, mergulhador, funcionário público, Bruno esconde seus 39 anos no jeito de garotão. Pai de dois filhos, os quais iniciou no esporte, ele fundou o Centro de Treinamento Indoor em parceria com a Power Team onde os adeptos dos esportes radicais dão os primeiros passos antes de enfrentarem as rochas.

Tudo começou no início dos anos 90: “Éramos estudantes universitários de Marília, Brasília e Tatuí. A gente se conheceu na faculdade por causa do rapel (descida de paredão na vertical com auxílio de cordas) que eu já praticava desde os 16 anos. Tinha um membro mais experiente que praticava escalada esportiva, que é a escalada direto na rocha, e nos convidou”, recordou Bruno.

Os estudantes resolveram aproveitar o antigo paredão do Polysport, como era conhecida a parede de concreto que restou da demolição do Viaduto da Rua das Roseiras, na Avenida Esmeralda. Eles instalaram 2.000 agarras e começaram a praticar a escalada, assim como abriram nova frente no Viaduto da Rua Bahia, onde até hoje utilizam como um projeto social aberto a todos que se interessam em experimentar o esporte com acompanhamento de instrutores e uso de equipamentos de segurança.

Grupo explora rocha na Serra de Avencas
(Foto Ivan Evangelista Jr.)
Com a demolição do paredão do Polysport, o grupo partiu para o entorno da cidade explorando locais em meio à natureza, como a Serra do Distrito de Avencas que, com 17 metros de altura, atrai muitos escaladores nos finais de semana. Embora pouco difundido, o esporte revelou alguns ícones como Júlio César, conhecido por Calango, verdadeira lenda da escalada em rocha.

EXPLORAÇÃO

Bruno (sem camisa) Foto Ivan Evangelista Jr
“O pessoal fala muito em risco por envolver altura. Mas, ele não tem muito risco desde que se saiba o que está fazendo e utilize os equipamentos de segurança”, observou Bruno. Conforme disse, “se a pessoa não sabe o que está fazendo, não vai sair do chão. Existe o fator medo e que se deixar aflorar, em qualquer via de escalada, a pessoa trava. Mas, em todo esse tempo nunca vi nenhum acidente”, afirmou.

Ele explicou que os escaladores instalam chapeletas nas rochas com grampos de expansão. Os adeptos do esporte sobem, aos poucos, ao encaixarem seus equipamentos nas argolas de sustentação. É preciso ter preparo físico e, principalmente, preparo mental, destacou Bruno. Em Marília, existem vários pontos aptos para o esporte, isto é, com as chapeletas instaladas pelos exploradores experientes que desceram os paredões com rapel preparando a infraestrutura.
Bruno fez questão de destacar o cuidado que os praticantes do esporte têm com o meio-ambiente: não fazem fogueira, não deixam lixo, não degradam e respeitam o habitat de pássaros e animais. “Se a gente estiver subindo um paredão e encontrar um ninho, imediatamente paramos e interditamos a via. A prioridade é do pássaro que está em sua casa”, frisou.
Imagem feita por drone por Ivan Evangelista Jr na Serra de Avencas
Além de Marília, o “Grupo Rocha Escalada”, que tem perfis nas redes sociais, costuma viajar para outros locais. Bruno citou Mineiros do Tietê, na região de Jaú, onde as rochas são famosas pelo desafio aos atletas. Em breve, os integrantes devem ir a Ribeirão Claro explorar alguns pontos identificados como ideais para a prática da escalada.

TREINAMENTO

Bruno explicou que o Centro de Treinamento Indoor foi criado para que qualquer pessoa possa praticar o esporte com segurança. Há várias crianças, como sua filha de cinco anos que, conforme disse, “no ano que vem vou levar pra rocha porque ela está bem fortinha e treina desde pequenininha”. Somente após três ou quatro meses, as pessoas podem tentar fazer a primeira escalada em rocha, sempre com os equipamentos de segurança necessários.
Centro de Treinamento Indoor: até crianças podem escalar
Não é um esporte barato porque a maior parte dos equipamentos tem que ser comprada fora do Brasil. Um kit inicial sai por mil reais para escalada esportiva. Já no treinamento indoor, apenas sapatilhas e saco de magnésio são suficientes.

Bruno e a filha que já iniciou no esporte
O escalador comentou, com tristeza, a poluição pelo despejo de esgoto em vários pontos visitados pelo grupo. “Temos em Marília 168 cachoeiras e a maioria está com esgoto. Dizem que em cinco anos, com o tratamento de esgoto, o problema será resolvido. Só que muitas cachoeiras vão desparecer até lá”, lamentou. Ele finalizou dizendo que espera uma maior atenção às belezas naturais da cidade que pretende investir no turismo.
Grupo se prepara para escalada

No Facebook, acesse: https://www.facebook.com/gruporochaescalada/ Para outras informações, o contato do Bruno é (14) 9.96006035. O Centro de Treinamento Indoor fica no Jardim Portal do Sol, à Rua Antônio Galina, 70, em Marília.









*Reportagem publicada na edição de 20.10.2019 do Jornal da Manhã


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