Por Célia Ribeiro
Encantando crianças do mundo inteiro, desde as primeiras versões de que se tem notícia, no século XIV, a fábula do “Chapeuzinho Vermelho” ganha contornos atuais quando se pensa nos perigos que rondam a infância, com predadores de toda ordem à espreita. Não existem mais florestas nas regiões densamente povoadas e muito menos o lobo-mau para devorar vovozinhas e garotinhas de capuz vermelho. No entanto, de maneira lúdica, as crianças podem aprender brincando sobre um tema tão sério.
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Na floresta urbana, Natália e os personagens infantis |
A opinião é da pedagoga Natália Arantes Sampaio, 26 anos, que junto com a mãe, Cibele Falcão Arantes, 53 anos, começou a confeccionar bonecos de pano por distração. O que era um passatempo, inspirado na avó Laieta, costureira de mão cheia, acabou se tornando um negócio de gente grande.
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Momento da transformação |
A explicação não poderia ser mais simples: as bonecas e bonecos são criados para aguçarem a imaginação dos pequenos. Por exemplo, uma boneca “04 em 01” reúne no mesmo corpo a vovozinha com a touca e os óculos característicos, a “Chapeuzinho Vermelho” com a cestinha de guloseimas, o lobo-mau e seu focinho pronunciado, e o caçador que leva apito e corda ao invés de espingarda. Em um jogo de tecidos os personagens aparecem e surpreendem!
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Lobo-mau: uma das facetas da multiboneca |
Tudo começou quando Natália pensou em presentear a sobrinha com um brinquedo diferente. Incentivada pela mãe, que além de bancária também costura e tem habilidade para trabalhos manuais, a pedagoga enveredou pelo caminho da criação. Com retalhos, sobras de materiais e outros aviamentos à mão, ela começou os primeiros trabalhos.
A princípio, os bonecos eram presenteados aos familiares e amigos próximos. Não tardou e começaram a chegar os pedidos graças à famosa propaganda boca-a-boca. Enfim, os bonecos escolheram sua criadora. A fama repentina, em função da criatividade e capricho dos trabalhos,cruzou fronteiras e Natália decidiu investir sério na confecção do artesanato que batizou de “Brincarte”.
SEGURANÇA
No período em que estagiou em escola infantil, Natália observou que as crianças têm pouco contato com o lúdico: “Não tem mais o brincar na rua. Tem criança que não conhece o lúdico, são muito século XXI”, disse, acrescentando que poder contribuir com o resgate de brincadeiras, ajudando as crianças a estimularem sua criatividade é um verdadeiro presente.
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Cibele: bancária, que adora costura, estimulou a filha |
Cibele observou, por sua vez, que junto com as brincadeiras que utilizam os bonecos como recurso, poderão ser trabalhados temas importantes: “Não existe lobo-mau, mas existe o aliciador de criança”, assinalou, numa referência aos pedófilos e outros predadores que fazem milhares de vítimas indefesas em todo o mundo.
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Chapeuzinho vermelho encanta as meninas |
Natália contou que pretende iniciar um projeto de contação de histórias nas escolas, de maneira voluntária. “Não é para vender bonecos”, fez questão de frisar. Aliás, como a visão comercial parece estar mesmo em segundo plano, em breve a “Brincarte” vai chegar alçar voos mais altos.
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Saci: em agosto, o folclore fica em alta |
É que a irmã de Natália, Luiza Sampaio, participa de um projeto ambiental na África para onde levou algumas bonecas que fizeram muito sucesso entre as crianças do lugar. A ideia é orientar, à distância, o passo-a-passo para que as mulheres de Cabo Verde confeccionem seus próprios modelos, inclusive usando espécies em extinção, como as tartarugas, no lugar do rosto das bonecas de pano.
O Correio Mariliense publicará, domingo que vem, a reportagem que está sendo feita com Luiza Arantes Sampaio e Marina Bughi Valério, estudantes de Medicina Veterinária e Direito da Unimar. As universitárias estão em Cabo Verde desenvolvendo o Projeto “Mar & Ilha”.
Nossa!!! Quando era pequena tinha essa boneca, minha tia que fazia, virava lobo, chapeuzinho e vovó! Na época ela tbm fez sucesso com essa idéia!!! Adorava!
ResponderExcluirBom dia, Adriana! Que bom que essa reportagem lhe trouxe boas recordações da infância. Apareça sempre por aqui. Um abraço
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