Por Célia Ribeiro
Garrafas
PET, restos da construção civil, pneus velhos e outros materiais inservíveis
foram a matéria-prima empregada na revitalização de uma das mais bonitas áreas
da Zona Leste, na Rua 21 de Abril. Durante
dois meses, sob o sol forte, um grupo de estudantes dedicou tempo e energia
para transformar os jardins do Educandário “Bento de Abreu Sampaio Vidal”, numa
bela demonstração do que a criatividade e a solidariedade são capazes.
Batizado de “Olhar
Verde”, o projeto original da ONG Unijovem, mantida pelos colaboradores da
Unimed de Marília, estava no papel há tempos, explicou a auxiliar de Projetos Sociais,
Camila Rodrigues da Silva. Faltava a oportunidade de identificar interessados
em apoiarem a iniciativa, o que aconteceu quando a consultora da entidade,
Estela Monteiro, que também é professora universitária, lançou o desafio aos
alunos do curso de Pedagogia da UNIESP.
Coincidentemente,
os futuros pedagogos precisavam cumprir horas de trabalho voluntário e a
proposta caiu como uma luva. Foi dessa forma que cerca que 20 estudantes foram
conhecer a Unijovem e 10 deles resolveram abraçar o “Olhar Verde”, a partir de
março deste ano. “Nós viemos não só por causa das horas. A gente queria ajudar
e ainda mais sabendo que usaria recicláveis”, assinalou Luverci Luque de
Andrade, residente em Vera Cruz.
Camila
observou que a proposta do “Olhar Verde” é revitalizar áreas públicas
privilegiando a sustentabilidade ambiental e que a escolha do Educandário
ocorreu após um levantamento de locais que necessitariam deste trabalho. Assim,
a ideia é dar continuidade adotando novas áreas daqui em diante.
MENINAS FORTES
O grupo,
formado basicamente pelas meninas (apenas um aluno participou), literalmente
colocou a mão na massa. Uma vez por semana, durante 06 horas, os estudantes
capinaram o mato, pintaram as muretas, plantaram flores e ervas e instalaram um
caminho com cascalhos e restos da construção civil onde as garrafas PET, cheias
de água e anilina colorida, contribuíram para a harmonização do visual.
Os calos nas
mãos são a parte visível das lembranças daquelas tardes, contou sorrindo a
estudante Suely Escorce Munhoz. “Muita gente não acreditava que a gente
conseguiria, porque erámos só meninas, praticamente”, disse, acrescentando que
o resultado deixou todos muito felizes: “Senti que estava fazendo um ato de
cidadania em benefício da sociedade”.
Já Nilze
Silva Segantin revelou o desejo de retornar ao Educandário, desta vez para
explicar aos alunos da instituição como fizeram o novo jardim para que eles
possam trabalhar na manutenção e, quem sabe, usar a ideia para melhorar praças
e outras áreas públicas da cidade. A semente que lançaram, acreditam os
universitários, tem tudo para germinar e brotar em forma de melhorias dos
espaços verdes de Marília.
Por sua vez,
Vânia Guedes Januário disse que o exemplo do Educandário pode ser seguido por
grupos de moradores, vizinhos, que quiserem revitalizar as praças nos bairros: “Com
garrafas PET, cacos de telha, pneus etc, dá para fazer muitas coisas. É só
querer”.
A convite do
Correio Mariliense, as estudantes de Pedagogia acompanhadas de Camila Rodrigues
voltaram aos jardins da instituição filantrópica na quarta-feira. Com os olhos
brilhando de alegria, contaram que o espaço estava muito diferente de quando o
viram pela primeira vez. “Trabalhamos duro aqui. E essa experiência poderemos
passar aos nossos futuros alunos para que repliquem a ideia e ajudem a
transformar os espaços públicos”, pontuou Luverci.
De acordo
com a auxiliar de Projetos Sociais da Unijovem, Camila Rodrigues da Silva, a
ONG doou parte do material utilizado, como as tintas e a anilina que coloriu as
garrafas PET. Já os recicláveis foram levados pelos próprios estudantes que
agora estão aptos a replicarem a ideia e contribuírem para que o “Olhar Verde”
chegue a outros pontos da cidade.
Ela elogiou
o comprometimento dos alunos que voltam à faculdade com uma nova visão de
solidariedade e cidadania. Participaram da revitalização do Educandário: Adélio
de Oliveira Caetano, Izabel Escorse Munhoz Amaral, Luverci Luque de Andrade,
Nilze Silva Segantin, Priscila Pereira dos Santos, Raquel Messias de Oliveira
Silva, Roberto Luís Moura, Sonia Regina de Oliveira, Suely Escorse Munhoz e
Vânia Guedes Januário.
* Reportagem publicada na edição de 14.07.2013 do Correio Mariliense
Excelente matéria, parabéns, novamente, pelo seu trabalho esbelto que visa enfatizar trabalhos voltados ao bem comum, e que às vezes passam despercebidos entre a maioria das pessoas, mas são de suma importância para uma sociedade mais igualitária!
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