domingo, 14 de outubro de 2012

DOENTES E ABANDONADOS, VIRA-LATAS SÃO RECOLHIDOS, MEDICADOS E OFERECIDOS PARA ADOÇÃO.

Por Célia Ribeiro

Correndo de um lado para outro, alegres e brincalhões, alguns cães sem raça definida, conhecidos por vira-latas, chamam a atenção de quem passa pela praça próxima à Rua José Medina, na zona leste. São oito animais cuidados comunitariamente pelos moradores do entorno que levam ração, água e se cotizam para custearem as vacinas e os medicamentos. Infelizmente, esses vira-latas são uma gota no oceano quando se observa o grande número de cães abandonados que uma associação protetora luta para salvar em Marília.
Com cinco anos de atividades e gozando de boa reputação entre os usuários das redes sociais, a “Adote Animais Vira-Latas de Marília” sobrevive graças ao apoio de voluntários e à determinação da presidente, a advogada Lucimara Fernanda Costa, de 35 anos. Casada e mãe de um filho de 10 anos, ela tem um profundo amor e respeito pelos animais.
Fernada: amor pelos animais desde a infância
Filha única, desde a infância Fernanda mantém uma relação diferenciada com os bichos. “Sempre tive contato com animais. Cheguei a ter 26 gatos quando morava com meus pais. E não me lembro de nenhuma época da minha vida que não tenha tido cachorro em casa”, contou.

DESPESAS ELEVADAS

Antes de conhecer a “Associação Adote”, Fernanda recolhia das ruas os animais abandonados e doentes por conta própria: “Comecei a cuidar sozinha. Pegava o tanto que eu aguentava, que o marido permitia, deixava num espaço que sabia que eles estariam bem e cuidava todos os dias. Conforme ia doando, abria outra vaga, castrava, vacinava e doava, fazendo o rodízio”, recordou.
Inspirada pelo trabalho considerado modelo em proteção animal, realizado na cidade de São Carlos, de onde veio há 10 anos, Fernanda Costa se juntou ao grupo de voluntários interessados em tocarem o projeto que visa resgatar, cuidar, castrar, vacinar e na medida do possível oferecer os animais para adoção.

Atualmente, a associação utiliza uma chácara no Distrito de Padre Nóbrega: a casa rústica, sem acabamento, faz as vezes de abrigo. Assim que chegam, os animais são levados para o isolamento até que os exames veterinários atestem a inexistência de doenças contagiosas. Depois da quarentena, eles continuam sendo cuidados e, quando surgem interessados, são doados. Nas feiras de adoção, ou mesmo através do álbum de fotos disponível no Facebook, as pessoas podem contatar a entidade e adotar os animais.
Akita abandonado
Para arcar com as despesas mensais, que ultrapassam cinco mil reais, os cinco voluntários fixos da associação precisam usar a criatividade: promovem feiras de artesanato, vendem camisetas da entidade e realizam eventos beneficentes. A  instituição também recebe doações diversas da comunidade, seja em dinheiro, seja através do pagamento das contas das clínicas veterinárias, do fornecimento de ração ou da doação de medicamentos.

“Atualmente, estamos com 30 animais. Mas, já tivemos 78”, contou a militante. Ela coleciona muitas histórias tristes de cães que sofreram todo tipo de abuso e maus-tratos antes de serem jogados na rua. Um caso, em especial, emociona os membros da associação: o “Bocão”, cachorro que chegou muito magro, à beira da morte, tinha orelhas e rabo cortados e os dentes serrados pelo antigo dono!
Em poucos meses ele engordou 35 quilos: é alimentado à base de papinha e das caras rações pastosas porque não consegue comer a ração normal. Até para beber água o cachorro sofre, comentou Fernanda, informando que um veterinário da Universidade de São Paulo (USP) dará o tratamento gratuito para fechar os canais dos dentes do cachorro: “Nem água fria o Bocão consegue beber por causa da sensibilidade”, explicou.

 DEDICAÇÃO DIÁRIA
O trabalho dos voluntários é árduo: pela manhã e à tarde, o grupo se reveza para ir ao abrigo de Padre Nóbrega, distante 16 quilômetros de Marília. Quando chove, a lama é outro complicador que não chega a desanimar os cuidadores. Eles têm que limpar o local, medicar os animais doentes na hora certa (aplicando até injeções), colocar água e comida. Os voluntários também olham animal por animal para checar se não há parasitas.
Anúncios nas redes sociais, como Facebook, dão resultado

“Nossa maior dificuldade é a financeira”, acrescentou a presidente, destacando que muitos doadores anônimos contribuem com o trabalho, arcando com os elevados custos das clínicas veterinárias que chegam a mais de quatro mil reais. “Não temos desconto de nenhuma clínica veterinária. Se chegamos às 7h30 da noite, vamos pagar preço de plantão. O que eles fazem é dividir bastante e isso facilita”, explicou.
Sobre as adoções, Fernanda disse que os filhotes conseguem novos lares rapidamente. Já os animais adultos esbarram no preconceito da idade: “Erroneamente, as pessoas acham que os animais mais velhos não aprendem mais nada, que têm comportamento da rua e não vão se adequar a casa. Não é verdade. Muitos se adaptam. Eu peguei um cachorro adulto e parece que ele é meu desde filhote”.
Animais são cuidados, vacinados e castrados

Além dos mais velhos, outros animais permanecerão na entidade até a morte: “São animais doentes, que não andam, com câncer no maxilar etc”, informou a presidente, dizendo que até o mascote “Bocão”, pelas condições em que se encontra, não será colocado para adoção e será cuidado pelos voluntários enquanto viver.
 CONSCIENTIZAÇÃO

Para adotar um animal da entidade, além de ser maior de idade, o interessado deve assinar um termo de posse responsável. Os voluntários também realizam visitas aos novos lares para se certificarem que os animais estejam bem cuidados. Fernanda assinalou que as pessoas podem devolver os animais ou trocá-los por outros, se não houver adaptação. Mas, não podem abandoná-los na rua.
Aliás, esse é um trabalho a que a presidente da associação, como advogada, também se dedica. Ao receber denúncias de abandono e maus-tratos de animais, ambos considerados crimes, a entidade verifica e coleta provas para que os responsáveis sejam denunciados  e punidos na forma da lei.

No lado da prevenção, a entidade realiza palestras em escolas exibindo fotos de animais doentes e abandonados; depois ilustra com novas imagens da recuperação dos bichos. Fernanda foca suas apresentações na importância da posse responsável de animais. Além disso, em todas as oportunidades, são distribuídos folhetos informativos à população.
Os animais chegasm debilitados e precisam de muitos cuidados
Apesar da relevância do trabalho, as críticas são constantes: “Tem gente que passa e me vê cuidando de cachorro na rua e diz que eu devia cuidar de crianças. Mas, se esquece que esse é um problema de saúde pública. Ao cuidar de animais doentes, estamos evitando que sejam transmitidas doenças aos seres humanos”, concluiu.
PARA AJUDAR

A “Adote” aproveita sua ampla rede de contatos nas redes sociais para divulgar fotos de animais perdidos e anúncios de pessoas que tentam encontrar animais que se perderam. No período eleitoral, por causa dos rojões, houve mais de 50 cães desaparecidos. A maioria já foi localizada, felizmente.

Quem se interessar em colaborar com a “Associação Adote Animais Vira-Latas de Marília”, pode escrever para: adota_marilia@hotmail.com, telefonar para (14) 97840415 ou fazer doações de medicamentos e ração nas clínicas veterinárias parceiras: Planeta Animal (Rua Sorocaba, 91), Clínica CEDVET (Rua Álvares Cabral, 378), ou PET XV (Rua XV de Novembro, 1425).

FOTOS: M.ART’S E DOUGAS MOTTA – REVISTA D’MARÍLIA
* Reportagem publicada na edição de 14.10.2012 do Correio Mariliense

4 comentários:

  1. Adorei a matéria, muito bonito o trabalho que essas pessoas realizam com animais. Pena que muitos não seja valorizados como deveria. Mas o importante é que vcs do jornal abriram espaço para que o trabalho deles fosse divulgado! parabéns!

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    1. Olá, Valentina! Obrigada por seu comentário. Realmente, trata-se de um trabalho belíssimo que merece nosso aplauso. Um abraço!

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  2. Eu encontrei um gato "siames",ele e cinza branco,na rua setembrino cardoso maciel,no momento esta na minha casa garagem,ele se abrigou nela,pois cachorros da rua correm atras dele.Eu ja tenho dois gatos,nao posso adotar mais um,no momento estou desempregada.Mas senti tanta do do gatinho,dei agua raçao ecaixa com panos pra ele durmir.ele e grande deve pesar ums 3 a 4kg.esta sujo,tomou chuva e nao tem condiçoes de ficar na rua.Nao sei oque faço,peço um a orientaçao.Ana 14.99761.0390

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  3. Fernanda, pega o meu caso, reconhecimento de paternidade

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