Correndo
de um lado para outro, alegres e brincalhões, alguns cães sem raça definida,
conhecidos por vira-latas, chamam a atenção de quem passa pela praça próxima à
Rua José Medina, na zona leste. São oito animais cuidados comunitariamente
pelos moradores do entorno que levam ração, água e se cotizam para custearem as
vacinas e os medicamentos. Infelizmente, esses vira-latas são uma gota no
oceano quando se observa o grande número de cães abandonados que uma associação
protetora luta para salvar em Marília.
Com
cinco anos de atividades e gozando de boa reputação entre os usuários das redes
sociais, a “Adote Animais Vira-Latas de Marília” sobrevive graças ao apoio de
voluntários e à determinação da presidente, a advogada Lucimara Fernanda Costa,
de 35 anos. Casada e mãe de um filho de 10 anos, ela tem um profundo amor e
respeito pelos animais.Fernada: amor pelos animais desde a infância |
DESPESAS ELEVADAS
Antes
de conhecer a “Associação Adote”, Fernanda recolhia das ruas os animais
abandonados e doentes por conta própria: “Comecei a cuidar sozinha. Pegava o
tanto que eu aguentava, que o marido permitia, deixava num espaço que sabia que
eles estariam bem e cuidava todos os dias. Conforme ia doando, abria outra
vaga, castrava, vacinava e doava, fazendo o rodízio”, recordou.
Inspirada
pelo trabalho considerado modelo em proteção animal, realizado na cidade de São
Carlos, de onde veio há 10 anos, Fernanda Costa se juntou ao grupo de
voluntários interessados em tocarem o projeto que visa resgatar, cuidar,
castrar, vacinar e na medida do possível oferecer os animais para adoção.
Atualmente,
a associação utiliza uma chácara no Distrito de Padre Nóbrega: a casa rústica,
sem acabamento, faz as vezes de abrigo. Assim que chegam, os animais são
levados para o isolamento até que os exames veterinários atestem a inexistência
de doenças contagiosas. Depois da quarentena, eles continuam sendo cuidados e,
quando surgem interessados, são doados. Nas feiras de adoção, ou mesmo através
do álbum de fotos disponível no Facebook, as pessoas podem contatar a entidade
e adotar os animais.
Akita abandonado |
Para
arcar com as despesas mensais, que ultrapassam cinco mil reais, os cinco
voluntários fixos da associação precisam usar a criatividade: promovem feiras
de artesanato, vendem camisetas da entidade e realizam eventos beneficentes.
A instituição também recebe doações diversas da comunidade, seja em
dinheiro, seja através do pagamento das contas das clínicas veterinárias, do
fornecimento de ração ou da doação de medicamentos.
“Atualmente,
estamos com 30 animais. Mas, já tivemos 78”, contou a militante.
Ela coleciona muitas histórias tristes de cães que sofreram todo tipo de
abuso e maus-tratos antes de serem jogados na rua. Um caso, em especial,
emociona os membros da associação: o “Bocão”, cachorro que chegou muito magro,
à beira da morte, tinha orelhas e rabo cortados e os dentes serrados pelo
antigo dono!
Em
poucos meses ele engordou 35 quilos: é alimentado à base de papinha e das caras
rações pastosas porque não consegue comer a ração normal. Até para beber água o
cachorro sofre, comentou Fernanda, informando que um veterinário da
Universidade de São Paulo (USP) dará o tratamento gratuito para fechar os
canais dos dentes do cachorro: “Nem água fria o Bocão consegue beber por causa
da sensibilidade”, explicou.
DEDICAÇÃO
DIÁRIA
O
trabalho dos voluntários é árduo: pela manhã e à tarde, o grupo se reveza para
ir ao abrigo de Padre Nóbrega, distante 16 quilômetros de Marília. Quando
chove, a lama é outro complicador que não chega a desanimar os cuidadores. Eles
têm que limpar o local, medicar os animais doentes na hora certa (aplicando até
injeções), colocar água e comida. Os voluntários também olham animal por animal
para checar se não há parasitas.Anúncios nas redes sociais, como Facebook, dão resultado |
“Nossa
maior dificuldade é a financeira”, acrescentou a presidente, destacando que
muitos doadores anônimos contribuem com o trabalho, arcando com os elevados
custos das clínicas veterinárias que chegam a mais de quatro mil reais. “Não
temos desconto de nenhuma clínica veterinária. Se chegamos às 7h30 da noite,
vamos pagar preço de plantão. O que eles fazem é dividir bastante e isso
facilita”, explicou.
Sobre
as adoções, Fernanda disse que os filhotes conseguem novos lares rapidamente.
Já os animais adultos esbarram no preconceito da idade: “Erroneamente, as
pessoas acham que os animais mais velhos não aprendem mais nada, que têm
comportamento da rua e não vão se adequar a casa. Não é verdade. Muitos se
adaptam. Eu peguei um cachorro adulto e parece que ele é meu desde filhote”.Animais são cuidados, vacinados e castrados |
Além
dos mais velhos, outros animais permanecerão na entidade até a morte: “São
animais doentes, que não andam, com câncer no maxilar etc”, informou a
presidente, dizendo que até o mascote “Bocão”, pelas condições em que se
encontra, não será colocado para adoção e será cuidado pelos voluntários
enquanto viver.
CONSCIENTIZAÇÃO
Para
adotar um animal da entidade, além de ser maior de idade, o interessado deve
assinar um termo de posse responsável. Os voluntários também realizam visitas
aos novos lares para se certificarem que os animais estejam bem cuidados.
Fernanda assinalou que as pessoas podem devolver os animais ou trocá-los por
outros, se não houver adaptação. Mas, não podem abandoná-los na rua.
Aliás,
esse é um trabalho a que a presidente da associação, como advogada, também se
dedica. Ao receber denúncias de abandono e maus-tratos de animais, ambos
considerados crimes, a entidade verifica e coleta provas para que os
responsáveis sejam denunciados e punidos na forma da lei.
No
lado da prevenção, a entidade realiza palestras em escolas exibindo fotos de
animais doentes e abandonados; depois ilustra com novas imagens da recuperação
dos bichos. Fernanda foca suas apresentações na importância da posse
responsável de animais. Além disso, em todas as oportunidades, são distribuídos
folhetos informativos à população.
Os animais chegasm debilitados e precisam de muitos cuidados |
Apesar
da relevância do trabalho, as críticas são constantes: “Tem gente que passa e
me vê cuidando de cachorro na rua e diz que eu devia cuidar de crianças. Mas,
se esquece que esse é um problema de saúde pública. Ao cuidar de animais
doentes, estamos evitando que sejam transmitidas doenças aos seres humanos”, concluiu.
PARA
AJUDARA “Adote” aproveita sua ampla rede de contatos nas redes sociais para divulgar fotos de animais perdidos e anúncios de pessoas que tentam encontrar animais que se perderam. No período eleitoral, por causa dos rojões, houve mais de 50 cães desaparecidos. A maioria já foi localizada, felizmente.
Quem
se interessar em colaborar com a “Associação Adote Animais Vira-Latas de
Marília”, pode escrever para: adota_marilia@hotmail.com,
telefonar para (14) 97840415 ou fazer doações de medicamentos e ração nas
clínicas veterinárias parceiras: Planeta Animal (Rua Sorocaba, 91), Clínica
CEDVET (Rua Álvares Cabral, 378), ou PET XV (Rua XV de Novembro, 1425).
FOTOS: M.ART’S E DOUGAS MOTTA – REVISTA D’MARÍLIA
* Reportagem publicada na edição de 14.10.2012 do Correio Mariliense
FOTOS: M.ART’S E DOUGAS MOTTA – REVISTA D’MARÍLIA
Adorei a matéria, muito bonito o trabalho que essas pessoas realizam com animais. Pena que muitos não seja valorizados como deveria. Mas o importante é que vcs do jornal abriram espaço para que o trabalho deles fosse divulgado! parabéns!
ResponderExcluirOlá, Valentina! Obrigada por seu comentário. Realmente, trata-se de um trabalho belíssimo que merece nosso aplauso. Um abraço!
ExcluirEu encontrei um gato "siames",ele e cinza branco,na rua setembrino cardoso maciel,no momento esta na minha casa garagem,ele se abrigou nela,pois cachorros da rua correm atras dele.Eu ja tenho dois gatos,nao posso adotar mais um,no momento estou desempregada.Mas senti tanta do do gatinho,dei agua raçao ecaixa com panos pra ele durmir.ele e grande deve pesar ums 3 a 4kg.esta sujo,tomou chuva e nao tem condiçoes de ficar na rua.Nao sei oque faço,peço um a orientaçao.Ana 14.99761.0390
ResponderExcluirFernanda, pega o meu caso, reconhecimento de paternidade
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