Habitado por famílias de trabalhadores da indústria, o Jardim Alimentação I, na Zona Oeste, conseguiu uma proeza: preservar os hábitos de antigamente, quando os vizinhos se conheciam e passavam juntos os finais de semana, como uma grande família. Tudo começou com a ideia de revitalização de uma faixa de terras do loteamento que estava tomado pelo matagal e seus hóspedes indesejáveis (cobras, insetos, roedores, escorpiões etc). Graças à união entre alguns vizinhos, o local hoje abriga uma área de lazer comunitária, cercada pelo verde de dezenas de árvores frutíferas, com direito a mesas, bancos e até um fogão à lenha.
Jacas orgânicas fazem a alegria das crianças |
Domingo de manhã, nem bem o sol nasceu, os moradores da Rua Odair Vidoto Manzon já traçam os planos para o dia que será desfrutado num ambiente simples, porém acolhedor. É que bem em frente às suas casas eles contam com um espaço privilegiado, construído com muito trabalho e paciência.
Aves criadas para consumo dos vizinhos |
O operador de máquina Geraldo Matias da Silva, 55 anos, conta como tudo começou: há 13 anos, com a criação do loteamento que deu origem ao bairro, uma faixa de sete metros de largura por 40 metros de extensão, que deveria ser ocupada com reflorestamento, estava abandonada. O mato alto e os animais peçonhentos incomodavam demais a ponto de alguns vizinhos decidirem agir por contra própria.
Geraldo Matias foi o pioneiro. Começou limpando uma área em frente à sua casa, plantou mudas de árvores frutíferas e, à medida que o local ia tomando vida, se reuniu com outros vizinhos que aprovaram a ideia e passaram a cuidar do terreno em frente às suas moradias. Um instalou mesinhas de madeira com bancos, outro colocou uma churrasqueira e o próprio Geraldo construiu um fogão à lenha.
Sr. Geraldo e o fogão à lenha: almoços comunitários nos fins de semana |
ALMOÇOS COMUNITÁRIOS
Abusando da criatividade, Geraldo Matias foi dotando o espaço que lhe coube cuidar com as facilidades da vida moderna: com uma mangueira pega água de casa e abastece a pia do lugar, além de garantir água às criações. Isto porque, com o passar do tempo, ele percebeu que daria para criar galinhas, patos e codornas para consumo dos vizinhos nos almoços comunitários feitos ali mesmo, no fogão à lenha.
Sr. Ronildo caprichou no colorido de bancos e mesa da sua área |
Dezenas de árvores frutíferas onde havia mato e animais peçonhentos |
O que se vê ali é um clima de muita cordialidade e amizade entre os vizinhos. A dona Dora Pedro do Nascimento, por exemplo, costuma emprestar uma panela bem grande, destas de restaurante, para o pessoal preparar pratos deliciosos como a galinhada caipira cujo aroma desperta todo o bairro.
Galões com óleo de fritura: cuidado com o meio-ambiente |
“A molecada entra aqui e se diverte”, contou Geraldo Matias, explicando que a instalação do alambrado foi necessária para manter a ordem e evitar a invasão de vândalos. Como ele entra no trabalho às 14h, diariamente, aproveita o período da manhã para capinar o local e manter a organização do espaço desfrutado entre os moradores das imediações.
Ele disse que precisou enfrentar a incredulidade de muita gente: “Teve uns e outros que riam de mim e que debochavam, no começo. Mas, agora eles se arrependem”, comentou todo orgulhoso do seu trabalho.
ARTISTA
Ao lado do Geraldo, um vizinho chama a atenção pela criatividade com que organizou a área em frente à sua residência. O também industriário Ronildo Doro, 45 anos, casado e avô, é um artista de mão cheia. Além de construir vários móveis de uso próprio, criou na marcenaria improvisada da garagem as mesas e bancos da área de lazer do seu paraíso.
(Esq) Ronildo e o amigo apicultor Lau Gomes, registrados por Ivan Evangelista |
Utilizando um pirógrafo, adquirido pela internet, Ronildo aproveita restos de madeira que encontra no caminho até o trabalho para gravar belas frases nas placas. Ele fez tanto sucesso que muitos amigos costumam solicitar encomendas, algumas vezes mandando a frase pronta, mas na maioria das vezes eles deixam ao gosto do artista.
Detalhe da placa na árvore diz tudo. (Foto: Ivan Evangelista) |
Depois da arte, o que ele mais gosta de fazer é reunir a família e os amigos, incluindo os vizinhos que tiveram a iniciativa de cuidarem do lugar em que vivem. Aproveitando a brisa fresca e a sombra das árvores frondosas, o artista busca inspiração para continuar criando. Qual será a frase da próxima placa?
* Reportagem publicada na edição de 05.08.2012 do Correio Mariliense
Que belo exemplo de cidadania,respeito e realização.Tomara que muitos outros se espelhem e copiem!!!!!!
ResponderExcluirÉ isso aí, Wania. Exemplo a ser seguido. Abraços
Excluirola fiquei muinto contente com a publicação no jornal de nossa area de lazer e mostrando para as pessoas que este muinto lindo depende de cada um de nos pra ficar ainda mais lindo. tudo que voce da a natureza ela te devolve em dobro quando damos coisas boas ela nos presencia com coisas maravilhosas assim que aprendemos com ela. e nossa crianças vao aprender e preservar para que o mundo do futuro seja maravilhoso. muinto obrigado por tudo ao jornal correio marilhence grande abraço Wania Lombardi
ResponderExcluirronildoro de jesus doro
Ronildo, que belo exemplo vcs deram à cidade. Voltarei aí, mas para momentos de lazer com vcs. Abraços
ExcluirComo sempre é uma reportagem melhor que a outra.
ResponderExcluirÉ mais um exemplo de que é possível termos uma cidade melhor, a população da cidade tem consciência da sustentabilidade, de um ambiente melhor para nós e as futuras gerações.
Basta a prefeitura, os vereadores olharem com um pouco mais de carinho que tem jeito. Imagine se Marília tivesse seu tratamento de esgoto 100% e seu aterro controlado, seria um exemplo de cidade e a colocação de Marília no Município Verde e Azul estando em colocação bem melhor obtendo recursos do governo fomentando projetos e mais melhorias para a cidade a cada ano.
Sandro Ap. Medeiros
Caro Sandro, é sempre bom lê-lo por aqui. Obrigada por suas palavras. Concordo 100%: a população pode surpreender se tiver condições de agir. Abração!
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