Numa das regiões mais distantes da zona sul, o dia começa bem cedo para uma família de pequenos horticultores. Antes de ouvir o galo cantar, às 4 horas da madrugada, o rapaz de 30 anos pula da cama para iniciar a lida no campo: a primeira tarefa é a ordenha das vacas da propriedade em que trabalha, onde também arrenda um pedaço de terra para cultivar legumes e verduras. Só então, ele pode se dedicar ao novo negócio que toca em parceria com a esposa, um irmão e a cunhada, cheio de esperança de vencer na vida.
Família trabalha sob o sol forte |
“A gente começou pequeno, há uns dois anos, perto da BR 153”, conta Maurício que, na manhã de terça-feira preparava os canteiros para receber as mudas armazenadas cuidadosamente à sombra no terreno. Em pouco tempo, ele notou que a alface, rúcula, salsa, cebolinha, quiabo, jiló, vagem, entre outras hortaliças e legumes, encontravam comprador certo, mas esbarravam na falta de espaço para expansão.
Maurício prepara novos canteiros |
Foi quando os irmãos localizaram a área onde já existiu uma horta orgânica, fizeram as contas e decidiram apostar no novo desafio. Com muita vontade de vencer, os quatro arregaçaram as mangas sem se importarem com a longa jornada de trabalho. Enquanto Maurício e Cláudia moram longe, Almir e Cristina passaram a habitar a casa simples existente na área, a fim de proteger o empreendimento.
AMOR À TERRA
Habituados ao cultivo da terra, Maurício e Almir, juntamente com as esposas, dividem as tarefas. Tudo é feito com muito cuidado, sem utilização de produtos químicos. O adubo, por exemplo, vem ensacado da propriedade rural em que Maurício trabalha e não custa nada: é o esterco do gado.
Mudas prontas para o plantio |
“Quando a gente sai pra vender, a primeira coisa que as pessoas perguntam é se a gente usa veneno. Aqui, só coisa natural. Por isso, nossa verdura dura tanto na geladeira”, explica Maurício, o mais comunicativo da família. Por enquanto, a produção da primeira horta está sendo entregue em trailers de lanche. Mas, eles sonham alto: “Quando começar a produzir aqui, a gente pensa em levar para a feira, também”.
E a horta terá que render bem, a julgar pelas expectativas de Cristina Nakati, descendente de japoneses: “Vai ter que sustentar duas famílias”, afirmou sorrindo, antes de convocar o marido e os cunhados para voltarem ao trabalho. Eles tinham muito a fazer antes colherem o fruto do seu suor.
FAZENDA EXPERIMENTAL DA UNIMAR
Na edição de 23 de outubro de 2011, o Correio Mariliense registrou a preocupação com a produção orgânica de alimentos, na reportagem sobre o curso de Engenharia Agronômica da Unimar: “O produtor tem que ter lucro, tem que visar o lado econômico, mas também o social e o ambiental. O produtor hoje tem que conseguir produzir, ter lucro, mas preservando o meio ambiente e preservando a saúde e a integridade do trabalhador rural”, destacou o professor Ronan Gualberto, na oportunidade.
Alface hidropônica cultivada na Fazenda Experimental da Unimar |
* Reportagem publicada na edição de 08.04.2012 do Correio Mariliense
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