domingo, 26 de fevereiro de 2012

COM CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL, CRISTO REI É REFERÊNCIA EM QUALIDADE E MEIO-AMBIENTE.

Por Célia Ribeiro

No rigoroso inverno da cidade de Lyon, no começo do século XIX, a situação degradante de milhares de jovens lançados à própria sorte, após a revolução francesa, sensibilizou o Padre André Coindre que vislumbrou a criação de uma instituição destinada a abrigar e educar crianças e adolescentes. Dois séculos depois, a semente que germinou em julho de 1.827, dá cada vez mais frutos, sendo um deles em Marília: o Colégio Cristo Rei, referência como instituição de ensino, se diferencia por planejar o futuro das novas gerações com uma visão de longo alcance focada na sustentabilidade.

Os pequenos aprendem a valorizar a natureza
Da mantenedora IRSC “Irmãos do Sagrado Coração”, que fundou o colégio mariliense em 1.958, aos dias de hoje, ocorreu uma verdadeira revolução educacional. Em 2.006, o Cristo Rei foi a primeira instituição de ensino do Brasil (do maternal ao cursinho) a obter a certificação ambiental ISO 14001, após ter conquistado a certificação de qualidade ISO 9001 em 1.999, informou o gerente ambiental e coordenador do Ensino Médio, Luiz Célio de Oliveira.
Diretor Édio Mariani e o coordenador Luiz Célio
O processo lento e gradual exigiu empenho de toda a equipe para o cumprimento das rigorosas normas de certificação baseadas em padrões internacionais. Até chegar aos selos da família ISO, o colégio percorreu um longo caminho. No entanto, Luiz Célio ressalta que “para a escola, ser certificada com os selos 9001 e 14001 não é nosso fim. Como instituição, é muito mais um compromisso, um trabalho que a gente tem que desenvolver e, a cada dia, ter a certeza de fazer melhor que ontem”.

ENSINO NA PRÁTICA

A questão ambiental não é tratada apenas em sala de aula por uma única disciplina. No planejamento pedagógico, cada professor elabora seu material explicitando como o tema será enfocado. Indicadores monitoram o cumprimento das metas para assegurar que as ideias saiam do papel.
Casinha de caixas de leite: aprender brincando
A “Semana do Meio Ambiente” é um evento rico em que as experiências são compartilhadas. No entanto, é no dia-a-dia que os mais de 1.600 alunos, da pré-escola ao cursinho, aprendem   como contribuir com a preservação do planeta. Da coleta seletiva de lixo, uso racional da água,ao cultivo de legumes e hortaliças, passando pela destinação correta de materiais com alto poder de contaminação (caso das lâmpadas fluorescentes e resíduos da gráfica), a escola chama os alunos a participarem do processo.
A sustentabilidade é trabalhada em todas as disciplinas
O gerente ambiental explicou que durante cinco anos o Cristo Rei armazenou as lâmpadas fluorescentes queimadas. O estoque, devidamente protegido, chegou à impressionante marca de 1.400 unidades. Uma empresa certificada foi contratada para fazer a “descontaminação in company”, ou seja, deslocou o equipamento “papa-lâmpadas” para o colégio quando foram obtidos os subprodutos: mercúrio, reaproveitado na produção de novas lâmpadas e termômetros; pó à base de fósforo, usado em tintas refletivas; alumínio das ponteiras etc.

Luiz Célio conversa com aluno no intervalo
“O trabalho que eles fariam em 90 minutos, pedimos que fizessem numa manhã para podermos levar os alunos para acompanharem o procedimento”, contou Luiz Célio. Foi mais uma oportunidade dos professores trabalharem o tema em sala de aula.

No ano passado, o Cristo Rei também inovou ao utilizar o copo ecológico. Confeccionado com 100% de fibra vegetal virgem, procedente de madeira de reflorestamento, tem uma impermeabilização interna que permite a reutilização algumas vezes e se decompõe em poucos meses na natureza, além de poder ser reciclado como apara de papel. Conheça esse produto no site www.ecopo.com.br

GERAÇÃO CRISTO REI

“O grande diferencial do ser humano é que, da mesma forma que ele tem a capacidade de provocar a destruição, ele é o único capaz de retroceder, pagando, evidentemente, um preço”, observou o gerente ambiental, lembrando os reflexos da poluição na produção de alimentos, contaminação da água etc.

Separar o lixo: lição para a vida toda
Neste sentido, destacou a importância de investir na educação das futuras gerações: “Nós trabalhamos com um público que vai ser líder no futuro. Temos dentro da nossa clientela pessoas que, futuramente, serão empresários dando continuidade aos negócios da família ou abrindo suas próprias empresas com uma visão diferenciada”.

É a “Geração Cristo Rei” que, além da formação humanista que recebeu educação de primeiro mundo, baseada na solidariedade pregada pelos instituidores da mantenedora, terá uma nova consciência e poderá influir positivamente em favor da preservação do planeta.

Para conhecer melhor o colégio, seus projetos e sua estrutura, acesse: www.cristorei.com.br

* Reportagem publicada na edição de 26.02.2012 do Correio Mariliense

Gestão Ambiental na UFSCar

Até o dia 23 de março, estão abertas as inscrições para o curso de especialização em Gestão Ambiental, oferecido pelo Departamento de Engenharia Civil (DECiv) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O público alvo é composto por engenheiros, arquitetos, biólogos, geólogos, geógrafos, químicos e outros profissionais envolvidos com a questão do meio ambiente e gestão ambiental.
As aulas têm início no dia 23 de março e acontecem às sextas-feiras à noite e aos sábados durante o dia, com intervalos quinzenais. O término do curso está previsto para 14 de março de 2014.  Para a efetivação da inscrição os candidatos devem preencher ficha contida no site do curso www.devic.ufscar.br/gestaoambiental Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (16) 3351-8263.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

COM EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL ONG REVOLUCIONA O ATENDIMENTO AOS JOVENS

Por Célia Ribeiro

Numa época em que meninos e meninas se vêm diante de vários caminhos, sem noção da melhor escolha a seguir, uma instituição dirigida pelos colaboradores da Unimed de Marília, qual farol na escuridão do mar, pisca as luzes convidando os adolescentes a vivenciarem experiências que lhes servirão de alicerce para a vida adulta. É a Unijovem, ONG criada há nove anos, que ocupa posição de destaque entre as iniciativas exitosas de promoção dos adolescentes.
Adolescentes assistidos pela ONG
Em reportagem publicada dois anos atrás, o “Correio Mariliense” mostrou o trabalho da entidade mantida com recursos da cooperativa de médicos e administrada por seus colaboradores, que dedicam tempo e energia voluntariamente. A novidade é que a Unijovem passou por uma transformação com a chegada da consultora Maria Estela Monteiro, há um ano.

Estela Monteiro
Com vasta experiência, a assistente social e professora universitária conseguiu levar para a ONG uma proposta de geração de renda que por pouco não acabou: a fabricação de sabão artesanal (a partir de óleo usado) por um grupo da terceira idade. De quebra, aproveitou outro projeto de produção de sacolas retornáveis, utilizando embalagens de leite longa vida do grupo Bel Chocolates (Laticínios Hércules).

A ligação entre as duas áreas, aparentemente tão diferentes, Estela conseguiu nos cursos oferecidos aos adolescentes: Auxiliar Administrativo, Atendente e Vendas. Como trabalho de conclusão de curso, o famoso TCC, os jovens devem criar estratégias para vender os sabões e as sacolas, além de elaborarem planilhas de custos e rotinas administrativas. Ou seja, todos saem ganhando.

Para as famílias das nove idosas beneficiadas pelo projeto, a produção do sabão artesanal representa uma renda extra, entre 200 e 300 reais mensais. Elas  vendem a produção, a 50 centavos a unidade, aproveitando toda oportunidade, da espera no posto de saúde ao transporte coletivo, passando pelos mini-mercados dos bairros. Basta oferecer que a clientela é garantida.
Terceira idade valori\zada
No caso das sacolas retornáveis, a Bel Chocolates, mantenedora da Belajuda, forneceu a matéria prima (bobinas de embalagem Tetra Pak de Leite Hércules), o maquinário e comercializa a produção. Já há 2.000 unidades vendidas e o lucro será dividido entre as entidades.

SOLIDARIEDADE

 O projeto do sabão artesanal, iniciado por Estela Monteiro há alguns anos, só não naufragou devido ao apoio de parceiros, como a escola de idiomas Fisk. Campanhas entre os alunos arrecadavam óleo usado, além de custearem outra matéria prima, a soda. Agora, em instalações adequadas na Unijovem, a fabricação de sabão continua contando com o apoio da escola que ampliou sua participação ao conceder, também, bolsas de estudo integrais a grupos de adolescentes assistidos pela ONG.
Vendido a R$ 0,50, sabão gera renda



Segundo explicou Estela Monteiro, a Unijovem arcou com os custos do material didático para um grupo de 10 alunos, em 2011, e a escola Fisk deslocou um professor  para dar as aulas, uma vez por semana, na sede da ONG. A única diferença é que o curso normal tem 06 meses e o básico na Unijovem tem duração de 08 meses para que os adolescentes possam estar em condições de seguirem com os alunos do Fisk, na própria escola de idiomas, a partir do segundo livro.

A experiência deu tão certo que, em 2012, a ONG adquiriu os livros para a turma do segundo ano e a escola de idiomas manteve as bolsas de estudo: 100% para o livro no. 01 (aulas na Unijovem) e para o livro no. 02 (aulas no Fisk). Em 2013, quando a primeira turma chegar ao livro no. 03, a ONG pagará 50% do material didático e a partir do quarto livro, os alunos deverão arcar com esse custo. As bolsas do Fisk, no entanto, permanecerão integrais a todos os atendidos.
Óleo usado em estoque
Para a consultora de projetos, tudo foi pensado de modo que os adolescentes valorizem as oportunidades recebidas. Por exemplo, eles colaboram na fabricação de sacolinhas usadas pela Farmácia da Unimed (4.000 unidades mensais). Da mesma forma, auxiliam o grupo que confecciona as sacolas retornáveis da Bel Chocolates, cujo braço de responsabilidade social é a ONG  “Bela Ajuda”, composta por colaboradores da indústria.

 COMPROMETIMENTO

 Além dos cursos profissionalizantes, a Unijovem oferece diversos projetos culturais e esportivos para mais de 230 jovens, como as escolinhas de futebol de salão e basquete, grafite, teatro de rua, coral e música: “São projetos muito sedutores. Por isso, fazemos um acompanhamento do desempenho escolar do adolescente, verificando o boletim. Se ele tiver notas baixas, vamos chama-lo e adverti-lo que estará fora no semestre seguinte se não melhorar”, sentenciou Estela Monteiro.
Sacolas retornáveis de embalagem de Leite Hércules
Conforme disse, “a gente entende que para o jovem a ONG não pode ser mais importante que a escola. Tem que melhorar as notas para continuar. Para muitos, é melhor jogar basquete e futebol do que estudar. Mas, não é isso que o projeto quer. Nós queremos harmonia”. Por isso, a família tem papel fundamental. Os pais são chamados às reuniões e acompanham a evolução dos filhos.

Estela mostra sacolinha feita na ONG
SUSTENTABILIDADE

Na semana passada, uma boa nova chegou à Unijovem. Ao participar de uma reunião na Associação Comercial e Industrial de Marília, Maria Estela Monteiro levou as sacolas retornáveis  e os sabões artesanais. Na ocasião, estavam presentes representantes da Associação Paulista de Supermercados (APAS) que, junto com um grupo, visitou a ONG na última terça-feira.

Como resultado desse contato, uma parte do óleo usado, que alguns supermercados recebem dos clientes trocando por outro frasco de óleo novo, será repassada ao projeto do sabão. Além disso, há planos para alguns supermercados implantarem um cantinho sustentável com a venda de produtos alternativos, como os sabões artesanais e as sacolas retornáveis de entidades.

Pelo visto, esse é apenas o começo de uma nova e produtiva fase para a ONG que está promovendo, sem assistencialismo, os jovens de baixa renda de Marília. A Unijovem fica na Avenida Campinas, 67 (perto da Santa Casa). O telefone é (14) 32218388. Para mais informações, acesse o site www.unijovem.com.br
Um dos grafites da sede
As reportagens citadas nesta matéria podem ser conferidas aqui:  Belajuda - http://bit.ly/wy32yY , Estela Monteiro - http://bit.ly/zD8ToS , Unijovem - http://bit.ly/AlQKyL  e Fisk - http://bit.ly/zuPGvK 

 * Reportagem publicada na edição de 19.02.2012 do Correio Mariliense

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A MENINA DO DEDO VERDE: PAISAGISTA COLOCA FLORES POR ONDE PASSA, REAPROVEITANDO O QUE PODE.

Por Célia Ribeiro

O colorido das flores e a exuberância das plantas sempre chamaram sua atenção. Nas viagens de lazer ou a trabalho, enquanto a maioria das pessoas procura museus, igrejas ou outros pontos turísticos, a “menina do dedo verde”, como na obra clássica do francês Maurice Druon, sempre volta seu olhar para a natureza. Essa ligação umbilical com a terra deu frutos e hoje se manifesta no trabalho em que reaproveita tudo o que seria jogado fora, na hora de executar incríveis projetos paisagísticos.

Verde em pequenos espaços
Aos 42 anos, Aglays Damaceno, a bela arquiteta, mãe de dois adolescentes, transpira clorofila. Inquieta desde sempre, realizou o sonho de trabalhar com paisagismo assim que Marília abriu o curso de arquitetura. Formada na primeira turma, não parou mais. Seja como paisagista da Secretaria do Verde e Meio Ambiente, onde atua há 08 anos, seja em projetos para uma seleta clientela, nas poucas horas vagas, o amor pelo que faz brota nas mais diferentes formas.

Responsável por colocar flores nas rotatórias da cidade, é difícil passar por um destes pontos sem se encantar com o cuidado dos canteiros. Na frente do Tauste Norte, do Supermercado Confiança, nas EMEIS, postos de saúde e até atrás do novo ginásio de esportes da Avenida Santo Antônio, onde tem flor tem o toque de Aglays. Mas, nada lhe deu mais prazer que o plantio de 1.200 mudas de azaleia no jardim da Biblioteca Municipal: “Era um sonho antigo devolver as azaleias para a biblioteca. No inverno fica lindo”, comenta, desabrochando um sorriso.
Aglays Damaceno, arquiteta e paisagista
SUSTENTABILIDADE

A paisagista é categórica ao afirmar que “não existe terra velha”. Com pequenos ajustes, como colocação de húmus e utilização de adubos adequados (à venda nos supermercados da cidade), é possível recuperar qualquer planta. Quando algum cliente resolve reformar o jardim, ela pede autorização para retirar as plantas com torrão para replanta-las em outros locais. Com isso, muitas áreas públicas ganharam o reforço de canteiros coloridos sem custo para os cofres públicos.
Hidromassagem no jardim: relaxamento total
Aglays Damaceno tem observado uma mudança na postura dos clientes particulares. Segundo afirmou, eles estão mais receptivos ao emprego de materiais alternativos como os tapetes de pneu reciclado, vendidos em placas, que ficam ótimos em jardins. Com baixo custo, na faixa de 20 reais a placa, os tapetes ecológicos decoram sem agredirem a natureza, contribuindo para resolver o sério problema do descarte de pneus.

Vasos para hortaliças
Falando em alternativas, muitos materiais como garrafas PET têm seu uso difundido em hortas domésticas. E como espaço não é problema para quem deseja ter mais verde em casa, Aglays oferece soluções criativas para formação de hortas até em apartamento: cinco vasos de cerâmica numa parede da varanda e três tinas são suficientes para o cultivo dos principais temperos, como salsa, cebolinha, orégano, manjericão, manjerona etc.



PROJETOS INUSITADOS 

Pequenos corredores, um jardim de inverno ou até em volta de uma banheira de hidromassagem a “menina do dedo verde” coloca flores e plantas harmonizando o ambiente. Entre seus projetos, um destaca-se pelo inusitado: um médico pediu uma cama no jardim! Assim, foi criado um dos seus mais belos trabalhos em que, sob pergolado coberto com vidro, instalou a cama suspensa por fios de aço forrados por cordas. Ao redor, profusão de flores e plantas e a casinha da “Tulipa”, a tartaruguinha de estimação da família.

À esquerda, cama suspensa por fios de aço no jardim que convida ao descanso
O objetivo do projeto era criar um ambiente para o relaxamento, uma área para leitura em meio à natureza, sem sair de casa. Pedido feito, pedido atendido! O local, revela a paisagista, é o mais disputado da residência localizada no Jardim Aeroporto.

DICAS VERDES

Aglays Damaceno aproveitou para dar algumas dicas aos leitores do Correio Mariliense: para combater pulgões, basta plantar arruda no jardim; para afastar cães que costumam urinar nos canteiros, matando as plantas, a sugestão é colocar um pouco de pimenta do reino que não fará mal aos mascotes e preservará o jardim. Ela também costuma usar casca de laranja no aparelho elétrico no lugar das pastilhas de inseticidas porque não causa problemas à saúde, principalmente das crianças e pessoas alérgicas, e afasta os insetos naturalmente.

Plantar jabuticaba está na moda.
Na frente de casa, Aglays tem
um exemplar que já dá frutos.

Por fim, a paisagista explica que as orquídeas nunca morrem. É comum as pessoas jogarem os vasos fora quando acabam as flores. Ela disse que basta ter paciência e esperar alguns meses que as flores brotarão tão vivas e bonitas quanto antes. E nem vão precisar do seu “dedo verde”, como na história do menino francês que transformava tudo o que tocava.

Para saber mais sobre placas de pneus em forma de tapetes, na internet há várias opções como o site www.pisoleve.com.br


 * Reportagem publicada na edição de 12.02.2012 do Correio Mariliense 
















domingo, 5 de fevereiro de 2012

EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ONG DA ZONA NORTE INVESTE NAS CRIANÇAS PARA UM FUTURO MAIS VERDE

Por Célia Ribeiro

A brisa leve, que desalinha os cabelos, acaricia o rosto marcado por uma existência de lutas. Enquanto isso, os passarinhos se posicionam solenemente nas árvores, de frente ao velho portão de madeira, aguardando, tal como os músicos de uma orquestra, o momento de iniciarem sua apresentação. A diferença é que a única convidada não usa traje de gala: vestindo roupas simples e confortáveis, ela coloca na vitrine seu melhor sorriso antes de saudá-los com um sonoro “bom dia”. E o espetáculo começa!
Escola a céu aberto
Essa sinfonia de boas-vindas se repete todas as manhãs quando a aposentada Aoraci Dias Macedo Lacerda, 69 anos, abre o rústico portão de madeira de demolição que dá acesso ao paraíso incrustado no extremo da Zona Norte, no Jardim Primavera. É numa APP (Área de Preservação Permanente), berço de uma nascente de água, que funciona a ONG “Instituto Salve o Planeta Terra”, voltado à educação ambiental de crianças e adolescentes da periferia, mas que está aberto a toda a cidade.

Dona Aoraci e Rodrigo Más, vice-presidente da ONG
Com uma organização invejável, incluindo balancetes, registros de atas, contabilidade irretocável e muita transparência, a ONG existe há cinco anos, sobrevivendo sem subvenções oficiais. Graças aos voluntários, à ajuda de algumas empresas e, principalmente, à determinação de uma mulher de fibra que ama a natureza, a entidade acolhe meninos e meninas, todos os sábados, oferecendo-lhes educação ambiental com o objetivo de formar cidadãos dispostos a frearem a degradação ambiental.

O PRINCÍPIO DE TUDO

Com seu jeito delicado de ser, dona Aoraci conta como tudo começou. Da infância passada no Mato Grosso, ela guarda com carinho as lembranças da vida no campo: “Fui criada na roça, trabalhando na lavoura. Amo a natureza e acho que a natureza tem tudo a ver com a minha vida. Da falta desse convívio e o desejo de fazer algo pela natureza é que surgiu a vontade de criar a ONG”.

Crianças atentas às orientações
Muito religiosa, a presidente do “Instituto Salve o Planeta Terra” atuava nas pastorais da Igreja Católica quando teve um insight. Na Campanha da Fraternidade de 2.006, cujo tema era “Vida e Missão nesse chão”, ela percebeu que “as pessoas tinham muita dificuldade de falar sobre o meio-ambiente” quando estimuladas a discutirem as questões propostas pela igreja. Era o momento de mudar essa situação e investir na educação ambiental.

Tendo como braço direito o marido, falecido há dois anos, dona Aoraci começou pela vizinhança: “Fui pegando criança daqui e dali. Fiz a primeira reunião na horta do Cícero (a conhecida “Vinha do Senhor”) onde levei as crianças e a ONG foi nascendo. Acho que é coisa de Deus, mesmo”, recorda emotiva.

Atividades acontecem aos sábados de manhã
Atualmente, quase 60 crianças de 04 a 16 anos são atendidas. Com o apoio de voluntários da comunidade e parceiros como a ONG Origem, todos os sábados, o paraíso escondido na imensa área verde, berço de uma nascente de água, se transforma numa escola ao ar livre. Coral, desenho, pintura, artesanato, música e palestras são focados na educação ambiental de meninos e meninas da vizinhança, incluindo os que vivem na favela próxima.

“Quando eu chego aqui, parece que a alma da gente renova. Os passarinhos cantam muito, alegres. Se todos os seres humanos soubessem olhar para esse lado e ver a riqueza e a beleza que a natureza tem para nos oferecer, o mundo seria diferente”, filosofa.

Dona Aoraci registra as atividades

Todo sábado, às 9hs, as crianças são esperadas com ansiedade pelos voluntários que oferecem o suculento café da manhã. Na sequência, agrupadas por faixa etária, elas partem para as atividades programadas e, antes de irem embora, ao meio-dia, participam do almoço coletivo em que se confraternizam saudando a “Mãe Natureza”.

Detalhe da água que brota na área
Para arcar com os custos de manutenção, principalmente dos alimentos, dona Aoraci recebe o apoio da comunidade e de algumas empresas. O Walmart, por exemplo, permite que em alguns sábados a ONG distribua folhetos entre a clientela do hipermercado para arrecadar doações: “Às vezes, numa tarde, a gente consegue alimentos para dois ou três meses”, revela.

Mas, os itens frescos como pães, carnes, verduras e legumes, precisam ser comprados toda semana. A solução é tirar do bolso: “Uso parte da minha aposentadoria”, explica a simpática senhora. Ela faz questão de destacar que a ONG “nunca recebeu um centavo de dinheiro público”.

PLANTIO DE MUDAS

Neste sábado, a ONG promoveu mais um plantio de mudas. Já há 2.000 metros quadrados de verde e terreno recuperado, mas outros 10.000 metros quadrados ainda aguardam a vez. Com a ajuda dos ambientalistas da ONG Origem foram plantadas espécies nativas, acrescentando mais um toque de verde àquela vasta área.

Os pequenos aprendem o respeito à natureza
A recuperação da vegetação não é o único benefício. A sementinha que dona Aoraci planta no coração das crianças também começa a brotar: “Percebemos muitas melhorias nas crianças, principalmente de comportamento. Tinha umas que falavam muito palavrão e a gente foi trabalhando isso”, conta, orgulhosa. Na verdade, o que ela espera é que quando crescerem elas possam praticar o que aprenderam e repassarem para as futuras gerações os ideais de amor e respeito à natureza. “Estou aqui de passagem. Espero que eles tenham consciência que o planeta precisa de nós”, finaliza.

PARA AJUDAR

Para conhecer a ONG e contribuir, acesse: www.salveoplanetaterra.org.br  clicando em contato para enviar uma mensagem. Toda contribuição é bem-vinda.

* Reportagem publicada na edição de 05.01.2012 do Correio Mariliense