domingo, 27 de novembro de 2011

ARTESÃ SE INSPIRA EM CASCAS DE AMENDOIM, CAIXA DE FÓSFOROS E MATERIAIS RECICLÁVEIS

Por Célia Ribeiro

Depois de uma semana de trabalho duro, dois amigos organizam as tralhas de pescaria, verificam as iscas, conferem se há gelo suficiente para manter as cervejas geladas e só então colocam o bote na água. Tudo pronto para algumas horas de lazer que, com um pouco de sorte, podem render alguns peixes. A semelhança com a vida real para por aí: o barquinho dos pescadores é, na verdade, uma simples casca de amendoim.
Pescadores na casquinha de amendoim
Os pescadores de fim de semana são alguns dos inúmeros personagens saídos da imaginação da artesã Márcia de Oliveira. Psicóloga de formação e renomada jornalista, nascida em Botucatu e que adotou Marília para viver, ela transforma em arte muitas coisas aparentemente inservíveis: cascas de amendoim e castanhas, folhas secas, caixinhas de fósforo, cacos de azulejo e cerâmica, além de recicláveis como papelão, garrafas PET, garrafas long neck etc.

Criada numa grande família ---cinco irmãs e três irmãos--- Marcinha, como é mais conhecida, busca nas lembranças de infância a inspiração para seus trabalhos. Apesar de sempre ter feito artesanato, a exemplo da mãe e das irmãs, a artesã passou a se dedicar às artes em 2.000, quando se desligou do último jornal em que trabalhou como repórter.
Marcinha de Oliveira e suas criações
“Jornal toma muito tempo. Só tinha o domingo livre e neste dia eu queria descansar. Depois que eu saí do jornal eu tinha todo tempo do mundo. Em dois dias montei meu ateliê. Ficava o dia todo trancada produzindo”, conta lembrando, no entanto, que teve um insight em 2007 quando visitou uma irmã em Campo Grande. Como o artesanato é muito forte naquela região, Marcinha conseguiu comercializar algumas peças através de uma associação de artesãos. Ela viu ali a possibilidade de gerar renda com o hobby.

ENCOMENDAS

Aproveitando as vantagens da internet, atualmente a artesã produz muitas peças sob encomenda e despacha para todo o Brasil, com preços que variam de 15 a 80 reais. A arte sacra é um dos pontos fortes do seu trabalho. Os oratórios feitos em caixas de fósforo fazem o maior sucesso, assim como os santos muito solicitados por colecionadores. Fotos das criações estão disponíveis no seu perfil do Facebook.

Presépio do Laboratório Osvaldo Cruz
Rindo, ela conta que tem uma cliente de Marília com quem só mantém contato por e-mail e telefone. A moça costuma solicitar as peças, paga com depósito eletrônico e manda um mototáxi buscar os trabalhos. Nunca se encontraram pessoalmente. Coisas da vida moderna!

As miniaturas que a artesã cria chamam a atenção pela riqueza de detalhes. Sem usar lupa, ela consegue fazer peças muito originais: “A acuidade visual é uma coisa que você vai aprimorando quanto mais você faz”, comenta. Da mesma forma, a matéria-prima dos trabalhos é um diferencial: “Uma folha vira um presepinho. Eu sou uma catadora de coisas contumaz. As caixas, além de usar nos trabalhos, aproveito para mandar as peças para fora”, explica, revelando que tem clientes em São Paulo, Rio de Janeiro e estados do Nordeste.

Márcia de Oliveira faz questão de frisar que as peças são todas exclusivas. Ela conta que fez um curso de modelagem na Capital e domina a técnica para replicar os trabalhos a partir de um molde, mas se nega a fazê-lo: “Aí não é arte. Para fazer em série já tem a China”, observa a artista que, às vezes, tem trabalho para se desapegar das suas criações: “Alguns santos, como esse aqui (aponta para um São Judas) ficam dias comigo. Depois é duro quando vão embora”.

Oratórios na caixinha de fósforo
 Nesta época do ano, há muitos pedidos de presépios. Um deles, como da foto nesta página, está no Laboratório Osvaldo Cruz. As peças são produzidas segundo o tamanho que o cliente quiser, desde miniaturas que cabem na palma da mão.

 TERAPIA

O ateliê montado em casa, mais que uma fonte de renda é um local terapêutico. Afastada por problemas de saúde, Marcinha está em vias de se aposentar. Nascida com uma doença congênita (luxação coxofemoral), ela já fez 06 cirurgias, a última aos 19 anos, e está relutando em fazer mais uma. Aos 52 anos, a artista recorre a medicamentos para controle da dor, faz acompanhamento médico semestral e pratica hidroterapia.

Artesanato exclusivo
Os pescadores e outros personagens saídos das casquinhas de amendoim, caixas de fósforo, ou das massas de papietagem, são sua fonte de abastecimento, a energia que a artista precisa para viver com mais leveza, espalhando sua arte ao vento como as folhas que se soltam das árvores no outono, fechando o ciclo da vida.

 * Reportagem publicada na edição de 27.11.2011 do Correio Mariliense

TOME NOTA!

CHAPLIN DE SUCATA  

Conhecido pelos trabalhos em madeira, o artesão Abílio aceitou o desafio proposto pelo empresário Marcelo Diniz, um dos sócios-proprietários do tradicional Chaplin: criar um mascote, em tamanho natural, a partir de sucata. O resultado já pode ser conferido em dois bonecos (1,40 metro e 50 centímetros) que viraram atração no hall de entrada do restaurante.


Carlitos de sucata
 “Como temos trabalhado a questão da sustentabilidade, pensamos em linkar o tema na criação do Chaplin. As peças de bicicleta e automóveis foram encontradas em ferro-velho”, contou Marcelo, explicando que se inspirou no filme “Tempos Modernos” para criar o mascote do restaurante: “Queríamos mostrar as várias facetas do Chaplin”, assinalou.


domingo, 20 de novembro de 2011

ANTES DE CASAR, AMBIENTALISTAS REFORMAM APARTAMENTO COM GERAÇÃO MÍNIMA DE RESÍDUOS.

Por Célia Ribeiro

Como todo casal apaixonado que define a data do casamento, assim que começou a contagem regressiva, os pensamentos estavam voltados para a futura moradia. Neste caso, a diferença é que mais que um imóvel seguro e confortável, dois jovens queriam aplicar tudo o que aprenderam para provar que é possível construir ou reformar gerando um mínimo de resíduo, com baixo impacto ambiental.

Rafael e Sônia: bom começo
Os noivos, que sobem ao altar em abril de 2.012, são a analista socioambiental Sônia Cristina Guirado Cardoso e o engenheiro florestal Rafael da Silva de Souza, sócios na Consultoria Aviva – Estratégias de Sustentabilidade. Com determinação, eles assumiram os riscos para fazerem diferente, apesar de todo o trabalho que a empreitada demandou.

“Quando a gente idealizou a reforma do apartamento, começamos a pensar que a gente tinha a possibilidade de aliar a teoria com a prática nesta questão de geração de menos resíduos”, contou a analista, explicando que a partir de uma planilha de custos, iniciaram a pesquisa sobre o que fazer com os restos da construção bem como em relação à aquisição dos novos materiais.

Por incrível que pareça, a reforma do apartamento, de aproximadamente 60 metros quadrados, com a substituição de todo o acabamento, além de tomadas, lustres, luminárias, pias e armários, não necessitou da contratação de nenhuma caçamba. Os tacos, por conterem verniz e pregos, não poderiam ser destinados a fornos de pizzaria ou caldeiras, por exemplo. Assim, o casal encontrou uma família de baixa renda que retirou todo o piso e levou para a construção que está levantando na periferia.

Tacos retirados e doados
A mesma família aceitou as peças da cozinha e do banheiro (pias e vasos sanitários em bom estado), bem como os azulejos retirados com cuidado. Alguns armários foram desmontados e instalados em outro imóvel da família e uma porta de madeira maciça foi vendida para outro interessado que a aproveitou em sua obra.

CERTIFICAÇÃO

Vencida a etapa dos resíduos, Sônia e Rafael se debruçaram na escolha dos fornecedores dos novos materiais. A partir de alguns orçamentos detalhados na planilha de custos, foram em busca de informação sobre os fabricantes, para saber se possuíam certificações ambientais (ISO 14001, por exemplo) ou de responsabilidade social.

Pias, vasos sanitários e outros materiais
foram doados a uma família da periferia
Nesta fase, as dificuldades foram muitas. Segundo a analista, os funcionários das lojas de materiais de construção têm certa dificuldade para informar sobre os selos de certificação dos fabricantes. Os noivos tiveram que pesquisar, acessando sites das empresas, enviando e-mails etc, até que estivessem seguros da opção de compra privilegiando fornecedores que têm preocupação ambiental e social. “Tem alguns produtos com informação na embalagem sobre certificação. Mas, não informam qual o processo de certificação. Às vezes, não é toda a indústria que é certificada, mas só um processo”, justificou a analista.

As escolhas focadas na sustentabilidade são a base desta reforma tão especial. Sônia Cardoso contou que eles optaram pelos ventiladores para aproveitar o bom fluxo de ventilação do imóvel, além de serem mais econômicos que os aparelhos de ar condicionado. As lâmpadas foram pensadas para garantir luminosidade com economia. Da mesma forma, até as luminárias foram selecionadas de modo a iluminar melhor os espaços e os vasos sanitários são do sistema Ecoflush com duplo comando para liberação de água.

Sônia Cardoso
Diante disso, também a compra dos materiais exigiu um estudo sobre a localização dos fornecedores. “Primeiro, fizemos orçamentos com lojas no entorno do apartamento. Depois, fizemos nas lojas mais distantes. Quando a diferença de preço foi pequena, optamos por comprar perto de casa”, disse, explicando que a medida visou contribuir com a menor incidência de poluição dos caminhões transportadores, além do trânsito que está cada dia mais complicado na cidade.

O planejamento da reforma foi tão detalhado que o casal, antes de mais nada, visitou cada futuro vizinho para explicar que iria começar a obra, oferecendo materiais que poderiam ser retirados do local, além de se informarem sobre horários permitidos para a execução dos trabalhos. Mais que política de boa vizinhança, os jovens ambientalistas queriam fazer tudo da melhor maneira para que pudessem se mudar com tranquilidade.

ECONOMIA

A analista socioambiental disse que, colocando na ponta do lápis, todo o cuidado com a reforma não custou mais caro. Ao contrário, gerou economia em vários aspectos como a retirada de portas, armários e do piso de taco que não tiveram que pagar porque os beneficiários se incumbiram da tarefa.

Interior do apartamento
antes do início da reforma
Para ela, valeu muito a pena: “É uma vida nova. Vou casar. A partir da construção, a gente já começou uma vida nova, de olhar para o outro, do lugar onde a gente vai morar estar sendo feito sem prejuízo para o meio-ambiente, com impacto mitigado”, disse, acrescentando que se sente muito bem quando vê “que é mais fácil do que a gente imagina, que é possível”.

Finalizando, Sônia fez um apelo a que cada um faça sua parte. “Tem gente trabalhando com meio-ambiente que não separa o lixo de casa. Tem gente que fala que sustentabilidade é modismo. Mas, como pode ser modismo se estamos em novembro ainda usando blusas de frio? Alguma coisa está acontecendo com o clima, com o planeta. Por isso todos devemos fazer a nossa parte”.

Para conhecer a Aviva, acesse: http://www.aviva-br.com/

* Reportagem publicação na edição de 20.11.2011 do Correio Mariliense

domingo, 13 de novembro de 2011

VILA DAS ARTES: ONDE A IMAGINAÇÃO E A CRIATIVIDADE REVELAM A BELEZA DOS RECICLÁVEIS

Por Célia Ribeiro

À procura de um lugar onde conseguissem se expressar com toda liberdade, as cores encontraram o habitat ideal para se estabelecer. Algumas construções, numa grande área verde, compõem o lugar dos sonhos dos artistas: a Vila das Artes. Esse é o paraíso onde a criatividade anda de mãos dadas com a imaginação, transformando todo tipo de matéria-prima, incluindo os recicláveis, em obras de arte.

Izabel, Mariana e Patrícia
No coração do Fragata, bairro tradicional de Marília, a artista plástica Patrícia Muller fincou as raízes de um projeto que começou 10 anos atrás, na própria residência. Ela começou ensinando pintura para crianças e, quando se deu conta, havia 70 delas se revezando em uma única sala. Era hora de alçar voos mais altos e o imóvel na Rua Atílio Gomes de Melo, pertinho da Praça Athos Fragata, parecia sob medida.
 
Meninas aprendem a costurar

Assim, há seis anos, nasceu a Vila das Artes: um espaço democrático para as manifestações artísticas. Lá, todo mundo pode revelar seu talento nos cursos de pintura em tela e em tecido, artesanato, confecção de boneca, cerâmica, patchwork, costura, papietagem, mangá etc. As crianças formam o público principal, mas a Vila aceita todas as idades porque tem horários bem flexíveis para quem trabalha o dia inteiro.

ESCOLA DIFERENTE

O ateliê, repleto de tintas e pincéis, revela ainda um bom estoque de embalagens de plástico, vidro e papelão, além de jornais e revistas: “As crianças trazem de casa e damos toda liberdade para que elas criem o que desejarem a partir desses materiais”, explicou Patrícia, contando que os trabalhos são orientados pela pedagoga Mariana de Lucca e pela estudante de Pedagogia Izabel Brambatti.

Casinha feita de embalagem
longa vida

A Vila das Artes é uma escola muito diferente. No quintal, à sombra de um gigantesco Jambolão e das bananeiras, as crianças fazem a festa. Brincam na areia, plantam hortaliças em garrafas PET, se sujam no barro e se divertem na hora do lanche “quando tem contação de história”, explica Patrícia. A criatividade exala em todos os ambientes de modo que as crianças podem cantar e criar peças de teatro enquanto trabalham nas peças de artesanato ou aprendem costura.

Outro lado interessante é a integração entre os frequentadores do lugar. Por exemplo, tem o Grupo “Marília Baunilha Patchwork”, que se reúne às quintas-feiras, e as alunas dos cursos de bonecas e de cerâmica que mostram suas criações, umas às outras, arrancando aplausos dos colegas: “A alma da Vila é o relacionamento entre as pessoas, um valorizando o que o outro faz”, resume a idealizadora da proposta.
Artesanato à venda na lojinha

Além do ateliê, a Vila das Artes conta com uma lojinha onde são encontrados tanto peças produzidas pelos alunos, como trabalhos trazidos por outros artistas interessados em comercializar suas criações. É um local bem frequentado por pessoas atrás de presentes originais, bem como matérias-primas para os cursos, como os tecidos para Patchwork.
Cerâmicas de vários modelos

No próximo dia 20, a Vila das Artes estará aberta ao público, das 16 às 20h, para o evento de fim de ano. Haverá uma programação cultural e exposição de trabalhos de alunos a partir dos 04 anos de idade. Mas, não haverá interrupção dos cursos. Afinal, não tem como represar a arte. Para conhecer mais sobre esse trabalho, acesse: http://viladasartesatelieeloja.blogspot.com/


* Reportagem publicada na edição de 13.11.2011 do Correio Mariliense

DICA VERDE

CRYSTAL ECO

Aliar hidratação e bem-estar à sustentabilidade. Foi pensando assim que a Crystal, marca de águas da Coca-Cola Brasil, decidiu lançar no festival SWU, que acontece neste fim de semana, em Paulínia (SP), a garrafa Crystal Eco, que utiliza 20% menos PET que as versões anteriores e até 30% do PET feito a partir da cana-de-açúcar. Para o restante do mercado, a garrafa chegará a partir de janeiro. Para simbolizar mais este avanço tecnológico na sustentabilidade das embalagens, a Crystal convida os consumidores a torcerem as embalagens após o consumo, o que reduz em 37% o volume das garrafas e facilita transporte e armazenagem das garrafas 100% recicláveis. Outras informações: http://www.institutococacolabrasil.com.br/ (Fonte: Textual Serviços de Comunicação)


domingo, 6 de novembro de 2011

ESCOLA VERDE: PROFESSORES COMPROMETIDOS REVELAM A FÓRMULA QUE FORMA E TRANSFORMA ALUNOS

Por Célia Ribeiro

Com os portões sempre abertos, deixando à mostra as calçadas ecológicas bem cuidadas, uma instituição pública voltada à educação de jovens e adultos, encerra o ano letivo revelando a fórmula do modelo bem sucedido de “Escola Verde”: o comprometimento dos professores e a cumplicidade de funcionários. Focada no objetivo de formar e transformar o aluno dando-lhe as ferramentas para seguir adiante, a equipe do Centro Estadual de Jovens e Adultos (CEEJA) “Profa. Sebastiana Ulian Pessine” prefere olhar para os desafios do futuro a lamentar as dificuldades do passado.
(Esq) Benedita, Marquinhos e Professores Paulo, Maria Bernadete,
Sílvia , o coordenador João Paulo e Tânia
Um pouco do trabalho desenvolvido ao longo de 2.011, com estudantes na faixa etária de 16 aos 70 anos, a maioria trabalhadores de baixa renda, pode ser conferido durante o “Sarau do Saci”, realizado no dia 27 de outubro, quando uma série de atividades artísticas e culturais atraiu quase 300 pessoas à escola, na Rua 24 de Dezembro, 162.

Havia oficinas de culinária com pratos vegetarianos, exposição de artesanato, como ímãs de geladeira feitos com massa biscuit e sabão produzido com sobras de óleo vegetal, venda de sacolas ecológicas, apresentação de poesia, música, capoeira, teatro, além de exposição de temperos cultivados na horta orgânica, de onde saem legumes e verduras para os pratos dos alunos em refeições servidas pela manhã, tarde e noite.

Produção de sabão a partir do óleo
Segundo os professores Maria Bernadete Bonadio Gonçalves (Matemática), Sílvia Maria Paulo Guedes (Química), Paulo Roberto Borin Martins (Geografia) e o coordenador pedagógico João Paulo Francisco de Souza, a escola estimula “o desenvolvimento de ações que os alunos possam levar para o seu dia-a-dia e não só a conscientização. Eles são multiplicadores desse conhecimento e usam isso como meio de vida”.

O grupo citou o caso da reciclagem de óleo de cozinha: uma senhora da comunidade ministrou a oficina de produção de sabão. A partir desse ensinamento, além de pensarem nos benefícios ao meio-ambiente, muitos estudantes passaram a fabricar sabão em casa, gerando uma renda adicional à família. O mesmo ocorreu com a decoupage de sabonetes, através de uma oficina para o “Dia das Mães” e as aulas de artesanato com biscuit (ímãs de geladeira).

TEORIA & PRÁTICA

“A gente conseguiu mostrar a teoria na prática. Eles trabalharam, eles aprenderam”, assinalou o professor Paulo lembrando que “o perfil dos estudantes, que estão na idade adulta, é mais imediatista” . Dessa forma, foi necessário adequar o conteúdo a uma nova maneira de transmitir o conhecimento visando resultados práticos, acrescentou.
João Paulo e Prof. Paulo no
canteiro de temperos da hora orgânica
E por falar em didática, um dos desafios da escola é adaptar o material que vem pronto da Secretaria Estadual da Educação: “Precisamos de um material didático mais apropriado, mais contextualizado”, afirmou o coordenador pedagógico revelando que a equipe de professores faz adequações para que o conteúdo programático seja mais facilmente assimilado pela clientela.

Como as experiências têm sido bem sucedidas na CEEJA, a direção da escola encaminhou à Secretaria Estadual da Educação um documento mostrando os avanços registrados no estabelecimento, incluindo algumas sugestões que podem ser replicadas no ensino de jovens e adultos de todo o Estado.

Esta é uma escola diferenciada, em que o aluno faz o tempo dele. De manhã, tarde ou noite, é o aluno que se programa para o atendimento individual com o professor e os trabalhos em grupo: “É uma escola que atende às necessidades dos alunos. As duas principais características são o atendimento individualizado e a presença flexível”, explicou o coordenador.

Calçada ecológica bem cuidada
Segundo a professora Maria Bernadete, “a gente recebe inúmeros alunos com problemas de autoestima muito baixa porque perderam o emprego ou têm problemas na família. Então, a escola também é um lugar onde eles se apoiam”.

Na escola, que já mereceu duas reportagens na página “Marília Sustentável”, o resultado do envolvimento da equipe começa a aparecer: “Temos vários alunos que se destacaram na educação, na política; alunos que chegaram aqui praticamente só sabendo assinar o nome e saíram do ensino médio com a cabeça formada, sabendo opinar criticamente. Isso é revitalizador pra gente”, acrescentou o professor Paulo Borin.

SOS MATA ATLÂNTICA

No bolo de doces resultados, a cereja foi a participação do aluno Pedro Yoshiharu Okyama, escolhido como monitor da exposição da ONG “SOS Mata Atlântica”, em agosto, em Marília. Os organizadores pesquisaram a cidade e, através de reportagem do Correio Mariliense, conheceram o trabalho da CEEJA como “Escola Verde”. Do contato inicial surgiu o convite para que um dos alunos fosse treinado para a monitoria.
Pedro, de aluno a monitor da ONG
Assim, durante a presença da ONG no Bosque Municipal, professores e alunos desta escola tão especial sentiram aquele orgulho do reconhecimento: apresentando a exposição, o monitor saído da escola pública, encontrou uma oportunidade que aproveitou da melhor maneira. Isto porque, logo depois, ele seguiu com o grupo para trabalhar como monitor em outra exposição da ONG em Londrina/PR.

Para conhecer mais sobre a Escola de Sacis e vários projetos da instituição, acesse: http://revistadesacis.wordpress.com/ Veja, também, o blog da SOS Mata Atlântica: http://www.sama.org.br/

* Reportagem publicada na edição de 06.11.2011 do Correio Mariliense

DICA VERDE

UNIVEM APRESENTA “A ARTE DO CAFÉ”

O Centro Cultural Fundação Eurípedes – Univem, abrirá neste domingo (06/11), às 9h, a exposição “A Arte do Café”. Até o dia 12, o público poderá visitar o espaço e conhecer um pouco sobre o assunto. Foi convidado o barista Leandro Moeda que promoverá oficina de preparação e degustação da bebida. Para completar, belos trabalhos fotográficos de Ivan Evangelista Jr. em 24 painéis.

A artista plástica Neusa Soares, juntamente com a paisagista Liliam e a professora Ruti, prepararam um cantinho caboclo, com fogão à lenha, coador de pano, linguiça cabo de reio pendurada bem em cima da chapa do fogão, lamparina na mesa rústica de madeira e cortina de chita colorida. Local: Avenida Hygino Muzzi Filho, 529, Marília/SP.