Como todo casal apaixonado que define a data do casamento, assim que começou a contagem regressiva, os pensamentos estavam voltados para a futura moradia. Neste caso, a diferença é que mais que um imóvel seguro e confortável, dois jovens queriam aplicar tudo o que aprenderam para provar que é possível construir ou reformar gerando um mínimo de resíduo, com baixo impacto ambiental.
Rafael e Sônia: bom começo |
“Quando a gente idealizou a reforma do apartamento, começamos a pensar que a gente tinha a possibilidade de aliar a teoria com a prática nesta questão de geração de menos resíduos”, contou a analista, explicando que a partir de uma planilha de custos, iniciaram a pesquisa sobre o que fazer com os restos da construção bem como em relação à aquisição dos novos materiais.
Por incrível que pareça, a reforma do apartamento, de aproximadamente 60 metros quadrados, com a substituição de todo o acabamento, além de tomadas, lustres, luminárias, pias e armários, não necessitou da contratação de nenhuma caçamba. Os tacos, por conterem verniz e pregos, não poderiam ser destinados a fornos de pizzaria ou caldeiras, por exemplo. Assim, o casal encontrou uma família de baixa renda que retirou todo o piso e levou para a construção que está levantando na periferia.
Tacos retirados e doados |
CERTIFICAÇÃO
Vencida a etapa dos resíduos, Sônia e Rafael se debruçaram na escolha dos fornecedores dos novos materiais. A partir de alguns orçamentos detalhados na planilha de custos, foram em busca de informação sobre os fabricantes, para saber se possuíam certificações ambientais (ISO 14001, por exemplo) ou de responsabilidade social.
Pias, vasos sanitários e outros materiais foram doados a uma família da periferia |
As escolhas focadas na sustentabilidade são a base desta reforma tão especial. Sônia Cardoso contou que eles optaram pelos ventiladores para aproveitar o bom fluxo de ventilação do imóvel, além de serem mais econômicos que os aparelhos de ar condicionado. As lâmpadas foram pensadas para garantir luminosidade com economia. Da mesma forma, até as luminárias foram selecionadas de modo a iluminar melhor os espaços e os vasos sanitários são do sistema Ecoflush com duplo comando para liberação de água.
Sônia Cardoso |
O planejamento da reforma foi tão detalhado que o casal, antes de mais nada, visitou cada futuro vizinho para explicar que iria começar a obra, oferecendo materiais que poderiam ser retirados do local, além de se informarem sobre horários permitidos para a execução dos trabalhos. Mais que política de boa vizinhança, os jovens ambientalistas queriam fazer tudo da melhor maneira para que pudessem se mudar com tranquilidade.
ECONOMIA
A analista socioambiental disse que, colocando na ponta do lápis, todo o cuidado com a reforma não custou mais caro. Ao contrário, gerou economia em vários aspectos como a retirada de portas, armários e do piso de taco que não tiveram que pagar porque os beneficiários se incumbiram da tarefa.
Interior do apartamento antes do início da reforma |
Finalizando, Sônia fez um apelo a que cada um faça sua parte. “Tem gente trabalhando com meio-ambiente que não separa o lixo de casa. Tem gente que fala que sustentabilidade é modismo. Mas, como pode ser modismo se estamos em novembro ainda usando blusas de frio? Alguma coisa está acontecendo com o clima, com o planeta. Por isso todos devemos fazer a nossa parte”.
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* Reportagem publicação na edição de 20.11.2011 do Correio Mariliense
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