EDUCADORA REVELA SEU TALENTO EM PEÇAS CRIATIVAS PARA DECORAÇÃO

Por Célia Ribeiro

Após 50 anos, o barulho alegre de crianças correndo pelo pátio deu lugar ao silêncio. Uma vida dedicada à educação infantil, no entanto, também moldou uma artista talentosa que cria peças originais para decoração de interiores. Dirce Crepaldi, que acompanhou várias gerações no Colégio Criativo, é uma artesã de primeira linha cujos trabalhos são disputados pela beleza e sensibilidade que transmitem.

Dirce Crepaldi

Em entrevista ao blog, nesta semana, Dirce Crepaldi falou sobre a transição da educação para o artesanato. Apaixonada pela educação infantil, ela foi auxiliar, professora, coordenadora e diretora. Após a aposentadoria, resolveu dar asas à imaginação e tirar o turbilhão de ideias da cabeça, transformando-as em objetos que chamam a atenção pela delicadeza e bom gosto.

Com cinco pós-graduações no currículo, Dirce Crepaldi recebeu convites para atuar como consultora. Afinal, cinco décadas de experiência a transformaram em referência na educação infantil. Mas, ela declinou. Preferiu estudar mais, só que os seus cursos foram direcionados à arte.

Delicadeza do detalhe

Lembrando o período do colégio, a artista afirmou que “a coordenação foi uma escola e tanto na minha vida pessoal e profissional. Foram anos em que pude me desenvolver muito através de cursos e viagens. A chegada do sistema Positivo também foi um marco daquela época”.

Ela prosseguiu afirmando que “a pré-escola foi meu berço na educação, onde busquei  me profissionalizar enquanto educadora da infância. Eu sabia dessa responsabilidade porque a criança se forma desde o ventre e quando essa criança chegava na escola, já andando, balbuciando algumas palavrinhas, era nossa missão desvendar aquele ‘ser humaninho’ que chegava. E para isso tinha que ter bons professores.”

Colar de mesa

Dirce afirmou que “a infância é o chão que o adulto vai caminhar. O principal tempo da vida do ser humano é a infância. É o período que vai ajudar a desenvolver a questão intelectual, motora, afetiva, emocional. E para isso ele tem que receber estímulos que o ajudem. Ele tem as suas questões hereditárias, mas era esse meio que ia favorecer esse ser humano de uma forma que ele pudesse se desenvolver bem. Essa responsabilidade eu tinha muito e por isso eu trabalhava muito bem na formação dessas professoras”.

Do colégio, a artista guarda as mais lindas lembranças e destaca que nas festividades temáticas já mostrava criatividade na formatação dos eventos e, também, colocando a mão na massa ao ajudar na elaboração das decorações que encantavam crianças e adultos.

NASCE UMA ARTISTA

Arranjos variados

“A arte sempre esteve presente. Era meu primeiro sonho. Queria fazer artes plásticas na Faculdade de Belas Artes. Mas, as condições financeiras  da época não me possibilitaram e parti para outra área, que nem foi pedagogia. Foi licenciatura em ciências, que me deu base para fazer outras coisas”, revelou.

Cada peça é única

Ela contou que desde criança manifestava a veia artística: “Pegava o anil da minha mãe, que usava nas roupas, para tingir o barro e fazer casinhas para brincar”. Dirce explicou que começou a desenhar quadriculando as figuras, o que dava muito trabalho. Com o tempo, a habilidade se consolidou e passou a fazer sem o apoio do quadriculado.

Guirlanda para o Natal

Conforme disse, as ideias brotavam, mas falta técnica: “Comecei a fazer cursos de arranjos de flores permanentes, de plantas desidratadas, de fios embalados, de cerâmica e até de design de interiores, dois anos, no Senac”. O resultado de tanta dedicação pode ser visto em trabalhos como guirlandas, arranjos, colar de mesa, escapulários de porta etc.

Dirce comentou que não precisa muito investimento para ter um espaço bonito e acolhedor, da sala de casa ao ambiente corporativo, como uma sala de reunião de empresas, objetos posicionados estrategicamente podem dar nova vida ao lugar.

Matéria prima para as peças

Ela afirmou que “as pessoas pensam que o design de interiores é só para pessoas com posse. E na verdade não é. Uma casa, por mais humilde que ela seja, quando entra, se vê organização, limpeza, harmonização, não importa o poder aquisito da pessoa. De repente é só fazer uma pequena mudança e transforma o local”.

“O artesanato ainda não dá muito lucro e só agora estou conseguindo vender para reinvestir”, contou, assinalando que possui obras à pronta entrega e também faz sob encomenda. Cada peça é única e só é liberada para o cliente após passar pelo crivo rigoroso de suas filhas e de duas amigas que atuam como “avaliadoras” informais.

Colar de mesa está em alta

Dirce descreveu o momento atual  como de “sonhos que estão sendo realizados, oportunidade de redescobrir o que ficou adormecido, sobretudo nos 10 anos de direção. Estou me redescobrindo e descobrindo outras formas de transformar a criatividade, daí a importância de muitas técnicas no decorrer desses três anos, que me dediquei mesmo para que eu apresente um trabalho belo e que  venha trazer boas coisas.”

Colar de mesa em várias versões

Ela assinalou que “além da beleza visual, que o trabalho deixe impregnado o carinho, o amor, a dedicação;  que as pessoas consigam perceber e sentir isso porque, quando eu faço uma peça, eu não faço em meia hora e nem em série. Minhas peças são únicas, e demoro até três dias. Enquanto não está agradando aos meus olhos e  sentimentos, eu não consigo terminar a peça. Descobri a liberdade de me expressar, de fazer o que eu quero. O artesanato significa liberdade de ser  e de fazer”.

Escapulário de porta

Perfeccionista,  Dirce Crepaldi colocou nos planos de 2026 aprimorar ainda mais sua técnica. Com três focos principais: peças em papel machê, conhecida arte milenar, colar de mesa e arranjos com plantas desidratadas, ela pretende visitar lojas de materiais de construção e escritórios de arquitetura para dar visibilidade aos seus trabalhos que unem beleza e originalidade.

Para entrar em contato com a artesã, o telefone é (14) 997391220. Nas redes sociais, acesse https://www.instagram.com/dircecrepaldi 

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