domingo, 24 de outubro de 2021

COM PROJETOS SOCIAIS E AMBIENTAIS, ESCOLA PÚBLICA SE APROXIMA DA COMUNIDADE.

 Por Célia Ribeiro

 “A escola da experiência é a mais educativa”, já dizia o dramaturgo francês Molière no século XVII. Em Marília, a Escola Estadual “Antônio Augusto Neto” desenvolve projetos ambientais e sociais atraindo a comunidade em um modelo exemplar que objetiva ofertar ensino público de qualidade sem esquecer do compromisso com as causas sociais e a sustentabilidade ambiental.

 

Abraço simbólico expressa o amor à natureza

No último domingo, a reportagem esteve na escola para acompanhar o plantio de mudas de espécies frutíferas ao lado da quadra esportiva. Na oportunidade, o professor de Geografia e ambientalista Gustavo Perez Pereira Andrade e o professor articulador da “Escola da Família” José Ítalo de Oliveira Bonini, ajudaram a médica, integrante do Coletivo Agroflorestal “Amor e Liberdade” e voluntária da “Escola da Família”, Franciane Pelegrino Rodrigues e suas filhas Livia e Alice na atividade. 

Professor Gustavo e a médica Franciane durante plantio

Incrustada em uma grande área no coração do Parque São Jorge, Zona Sul da cidade, a escola atende alunos do 5º ano ao ensino médio. Com muito espaço, a instituição precisa de recursos para manutenções, como troca de vedação de vidros, maçanetas das portas etc. No entanto, os professores e funcionários não se deixam abater pelas limitações e realizam atividades que aproximam a escola da comunidade.

ESCOLA DA FAMÍLIA

O professor Ítalo explicou que a “Escola da Família”, que tem como supervisor o professor Francisco de Paula Paes, funciona todos os sábados e domingos com a participação de estudantes universitários de diferentes cursos. Os portões são abertos para a comunidade que pode praticar esportes que não tenham contato direto, por conta da pandemia, como tênis de mesa, arremesso na cesta de basquete, além de dama, dominó, xadrez, entre outros. 

Professor Ítalo (à direita) na entrega de cesta básica com alunos

Na fase mais crítica da pandemia, a escola permaneceu fechada, como todos os estabelecimentos na quarentena. No entanto, algumas ações sociais de suporte a famílias cadastradas continuaram. O professor Ítalo disse que, com a ajuda de amigos arrecada alimentos, além de materiais de limpeza e itens de higiene pessoal, montando cestas que são entregues aos mais necessitados.

Saguis habitam a árvore frondosa da escola

Na hora da entrega, o professor sempre leva um grupo de alunos para que vejam a realidade daquelas pessoas. Mas, o auxílio não é apenas de cestas básicas completas. Conforme disse, um senhor muito carente precisava de ajuda para erguer o muro da casa simples na periferia. Um universitário do projeto doou as placas de concreto e agora haverá um mutirão para a execução da obra.

 

Momento de descontração na “Escola da Família”

O professor também está frente da arrecadação de roupas usadas que são doadas a duas instituições religiosas, uma católica e outra espírita: a Igreja Santa Izabel e o Centro Espírito Luz, Fé e Caridade. O objetivo é estimular a solidariedade para socorrer quem mais precisa, sobretudo neste período de pandemia com o desemprego em alta. 

Vasta área verde da escola

Por sua vez, os universitários costumam dar depoimentos para os alunos da escola procurando motivá-los a estudar focando em seus objetivos. O professor Ítalo citou exemplos de alunos que só frequentaram escolas públicas e que ingressaram em universidades renomadas como UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e Unesp. Teve o caso de uma jovem formada em Direito, no Univem, que passou direto no difícil exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

 

Prof. Ítalo auxilia a médica e sua filha no plantio

Ao contar seus exemplos de vida, como se dedicaram e persistiram para alcançarem o sonho de ingressarem em uma universidade pública de qualidade, os universitários do projeto “Escola da Família” dão uma injeção de motivação nos pequenos que logo terão que decidir qual caminho trilhar.

 BOSQUE

 Uma das coisas que mais chama a atenção para quem entra na escola é a área verde. Árvores como pau-brasil, jacarandá mimoso e ipês atraem saguis e muitos pássaros que cantam tão alto e com tamanha alegria que fica impossível decifrar qual espécie dá o melhor show no alto das árvores imponentes. 

Sagui mora na escola

O impacto da degradação ambiental está acabando com os biomas, alertou o professor Gustavo explicando a invasão dos mamíferos e aves à zona urbana: “Ararinha, maritaca e anu, andorinha, tesourinha, pica-pau e bem-te-vi estão aparecendo na avenida onde plantamos árvores”, assinalou.

 Integrante do Coletivo Agroflorestal “Amor e Liberdade”, ele explicou que o grupo de voluntários realiza o plantio de mudas em várias partes da cidade. A ideia da escola foi para motivar nos estudantes, a partir dos 10 anos, a terem uma maior consciência ambiental. Ele disse que os Bombeiros que fazem palestras sobre queimadas, por exemplo, também poderiam ir às escolas estaduais porque as escolas municipais já têm uma boa interlocução com a corporação na área ambiental.

 O professor Ítalo disse que a escola aproveitou a entrada da primavera para estimular ainda mais as práticas de preservação da natureza. Conforme disse, durante o ano há várias programações alusivas às datas: por exemplo, neste mês, o foco é o “Outubro Rosa” alertando sobre o câncer de mama. 

Por outro lado, o professor Gustavo observou que “a questão do meio-ambiente não é só a questão da natureza, de plantar árvore porque eles vão lá e arrancam. Tem quem deprede o bem público. Isso é uma questão social, como a falta d’água que não é só problema ambiental porque se faltar água não se faz nada”. Ele defendeu a proteção das nascentes e disse que o Coletivo deve realizar plantios também nestas áreas.

 Finalizando, ele destacou que é necessário ter uma atuação ampla que envolva a comunidade, começando com a educação das crianças quanto à poluição, lixo, queimadas etc para conquistar a consciência ambiental que influenciará as futuras gerações e contribuirá para a preservação do meio-ambiente.

 A Escola Estadual “Antônio Augusto Neto” está localizada à Rua Carlos Santilli, 245, no Parque São Jorge, Zona Sul de Marília.

*Reportagem publicada na edição de 24.10.2021 do Jornal da Manhã

Curso de Oratória com mentoria individual.
Perca o medo de falar em público!
Informações WhatsApp (14) 991645247
Presencial e online

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seja bem-vindo(a). Seu comentário será postado, em breve.