Por Célia Ribeiro
À primeira impressão, a mulher alta, loira de olhos claros e voz firme chama a atenção pela convicção com que defende suas ideias. Concluindo o segundo mandato na presidência da ACC (Associação Combate ao Câncer de Marília), Maria Antônia Antonelle, imprimiu uma gestão profissional à entidade, amarrando parcerias e iniciando importantes projetos em benefício de centenas de portadores de câncer e seus familiares.
Joia mistura força e leveza |
Mas, ela tem outras facetas pouco conhecidas: primeiro, a de atleta de alto rendimento que jogou voleibol profissionalmente, defendendo times como o Corinthians e o Palmeiras, que resultaram em alguns problemas nos ombros e nos joelhos. A segunda faceta é de design de joias que rodou o mundo expondo peças da sua joalheria autoral, além de correspondente internacional em publicações dedicadas ao setor.
Maria Antonelle expôs em Nova York em 2019 |
Para entender essa metamorfose ambulante, como diria Raul Seixas, é preciso voltar algumas décadas no tempo: Maria Antonia, que aqui será chamada apenas de Maria Antonelle, seu nome conhecido no ramo da joalheria, ingressou cedo na Caixa Econômica Federal. Naquela época, a instituição investia muito em capacitação e ela foi convidada a fazer um curso de avaliador de penhor.
Anel “Red Carpet” inspirado nas passarelas do Oscar |
Ela se encantou e decidiu estudar mais. Alguns cursos foram pagos pela CEF, mas muitos foram bancados com seus próprios recursos. Assim, ela estudou na Universidade Federal de Ouro Preto, aonde fez pós-graduação em gemologia (estudo das pedras preciosas) com especialização em diamantes e também nos Estados Unidos.
AVENTURA
Cada vez mais apaixonada pela gemologia, Maria Antonelle passou de avaliadora a instrutora para capacitar funcionários da CEF na compra de ouro. E lá foi ela para as áreas de garimpo na região Amazônica. Em entrevista ao JM, ela falou das aventuras em áreas de conflito, das viagens em aviões pequenos, apelidados de “cai-cai” porque viviam se acidentando, e do treinamento de campo para os colegas no posto avançado da Caixa Federal que tinha concessão para comprar ouro direto dos garimpeiros.
Anel inspirado na Cúpula da Rocha (Jerusalém- Israel) |
No entanto, em 2.003, quando era auditora na área de penhor da CEF, Maria Antonelle foi surpreendida pela aposentadoria precoce. Como ela havia solicitado a inclusão de insalubridade no tempo de avaliadora, já que manipulava ácidos fortes usados para testar os metais, acabou recebendo uma aposentadoria especial, aos 48 anos.
Pulseira luz, Coleção "Desigual" |
“Primeiro, achei que minha vida tinha terminado. Levantava e não sabia para onde ir”, contou, acrescentando que resolveu, então, voltar a estudar. Em 2009, uniu o amor pela gemologia com a vontade de desenhar e se matriculou num curso de design de joias do Senac de São José do Rio Preto.
Coleção Jujubas, inspirada nas balas coloridas da infância |
Antenada, ela começou a frequentar feiras de joalheria e, em pouco tempo, já estava escrevendo artigos para revistas especializadas. Das feiras no Brasil, ela iniciou uma incursão internacional e acabou se tornando correspondente de publicações, inclusive uma revista de Londres.
Mar Morto (Jordânia): viagens, sua grande paixão |
A criação de joias, paralelamente, tornava-se mais interessante e suas peças, pouco a pouco, se destacaram em feiras de Nova York, Londres, Paris (Museu do Louvre) , Hungria, Itália, Iugoslávia, Rússia, entre outros. Em Dubai, por sinal, houve um interessado em comprar sua coleção inteira. Mas, seguindo a máxima de que cada peça tem seu valor, sua história, ela não aceitou a oferta.
Convite de exposição em Londres |
“Minha joalheria é autoral. Nunca faço uma peça igual à outra”, revelou. Maria Antonelle só lamenta não ter aprendido a confeccionar as peças que, dependendo do tipo, após desenhar, escolhe o ourives a quem confia o ouro, a prata, as esmeraldas, os diamantes e demais pedras preciosas que se destacam em suas criações. A maioria das peças é feita à mão. Mas, há peças com parte manual e parte feita em fundição (fábrica). Mas, sempre peças exclusivas.
A inspiração para o design vem das viagens de turismo que faz pelo mundo. Suas grandes paixões são viajar, geralmente sozinha, e fotografar. Antes da pandemia, ela estava com tudo pronto para passar dois meses percorrendo a Índia (já visitou várias vezes), Vietnã, Camboja, Laos, Miamar e Tailândia aonde esteve três vezes.
Suas joias foram expostas em Dubai |
Ela explicou que quando viajava para as feiras internacionais, procurava dar um tempo até iniciar a criação de nova coleção para não ter nenhum tipo de influência. Por isso, suas peças são elogiadas pela originalidade. A coleção “Desigual”, por exemplo, baseada no DNA humano, foi toda confeccionada à mão após um intenso processo criativo. Brincos, anéis, pulseiras e colares se destacam pela nobreza dos metais e das pedras preciosas.
Anel da Coleção "Desigual" |
Atualmente, segundo Maria Antonelle, as pessoas já não usam joias para ostentar. Há um processo de ressignificação e algumas pessoas estão pegando peças antigas, juntando várias joias em busca da confecção de uma nova peça que traga mais que o valor material, que conte uma história e tenha o valor sentimental.
NOVA FASE
Maria Antonelle disse que sempre fez trabalho voluntário e que, no fim de 2014, ao retornar de uma viagem à Índia, recebeu o convite para ocupar a vice-presidência da ACC. De lá para cá, ela se dedicou muito à instituição, deixando seu trabalho como design de joias em segundo plano, sobretudo nos últimos 04 anos em que esteve à frente da presidência da entidade.
O desenho e a joia finalizada |
Quanto ao futuro, ela adiantou que pretende realizar um antigo sonho que é fazer cursos de ourives, mirando instituições em Portugal, aonde há ótimas escolas de joalheria. “Eu gostaria de ter começado antes e ter aprendido a fazer”, disse. No entanto, observou que, para ser um bom ourives precisa de uns 25 anos de prática e que ela “não tem mais olho para cravar pedra”.
Toda beleza em peças exclusivas |
Depois de uma vida tão cheia de emoções e desafios, Maria Antonelle ainda tem muito fôlego para aprender e continuar criando, seja em que área for: “Sempre é tempo de recomeçar e de aprender coisas novas, de empreender, inclusive. Na pandemia, teve gente que deitou no sofá e morreu de depressão. E teve gente que foi à luta, que fez cursos e aprendeu”.
Para saber mais sobre o trabalho de design de joias de Maria Antonelle, acesse seu Instagram: @maria.antonelle.
*Reportagem publicada na edição de 16.05.2021 do Jornal da Manhã
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