domingo, 30 de maio de 2021

COM CANAL DE VÍDEO, PROFESSOR SENSIBILIZA ALUNOS SOBRE A PRESERVAÇÃO AMBIENTAL.

 Por Célia Ribeiro

Durante incursões pelos vales no entorno de Marília, o professor de Língua Portuguesa, Elândio Robson Ferreira, encontrou duas realidades extremas: áreas completamente degradadas com esgoto escorrendo pelas cachoeiras e nascentes de água cristalina. Assim, nasceu a ideia de um projeto original: um canal de vídeo com imagens pouco difundidas como forma de sensibilizar para a importância da preservação ambiental.

Cachoeira no entorno da cidade

Bairrista confesso, o professor disse, em entrevista por vídeo ao JM, que ama Marília e que em 44 anos de vida se ausentou da cidade apenas por um curto período de três anos. Por isso, ficou incomodado quando alguns alunos de ensino médio, em uma escola pública, disseram que moravam “perto do bosteiro, perto do buracão”. Na realidade, moravam eram habitações populares próximas aos vales da cidade.

Professor Elândio

Elândio explicou aos adolescentes que havia muitas áreas degradadas, mas que poderiam ser recuperadas. Como ele costumava explorar os vales nos finais de semana, teve a ideia de registrar vídeos para mostrar o lado preservado do que chamavam de “buracões”. O professor que usou o meio-ambiente como tema de trabalhos na disciplina de Língua Portuguesa decidiu ir fundo na pesquisa, encontrando muitas surpresas pelo caminho.

“Quando os alunos falavam que moravam perto do bosteiro foi fácil entender isso, essa palavra tão pejorativa. É isso que eles conhecem. Eles veem esgoto ali sendo depositado naquele lugar que devemos chamar de vale. A realidade que eu vi, e que eles traziam, era de um depósito de esgoto”, destacou.

Professor durante exploração de fim de semana

O professor afirmou que, apesar do município ter concluído o sistema de tratamento do esgoto, não foi suficiente: “Essas obras funcionam, elas coletam esgoto e fazem o trabalho que tem que ser feito, mas não pegam todo o esgoto devido à falta de saneamento. Se as casas não têm coleta de esgoto, esse esgoto vai para algum lugar. Geralmente, essas moradias estão à beira de vales”, destacou.

Expectativa X Realidade

O professor criou o canal “Expedição: Vales e Cachoeiras de Marília e Região” no Youtube aonde registra tanto as áreas degradadas como as áreas preservadas. Seu objetivo é sensibilizar as pessoas, sobretudo os adolescentes em quem aposta como futuros cidadãos conscientes e dispostos a frearem a destruição do meio-ambiente. 

Elândio e amigos descobrindo novas áreas

“Eu mostro córrego poluído, queda d’água que virou cachoeira de esgoto, mas também comecei a ir atrás de mostrar lugares que estão preservados. Acredito muito nesta geração, acredito muito nos adolescentes, tenho esperança neles”, afirmou. Ele prosseguiu contando que os alunos se impressionam “quando mostro água limpa, cristalina, que nasce na propriedade rural. Digo para a garotada que os vales deveriam ser iguais e podem voltar a ser assim”.

Queda d’água documentada
 em vídeos

Elândio destacou que a questão habitacional merece ser tratada com muita atenção e que as construções em áreas de risco, que formam as favelas, precisam de um plano viável. Sem isso, o esgoto continuará a ser lançado nos vales e locais próximos a essas moradias que não contam com rede coletora de esgoto.

“Com muito cuidado, não tenho como deixar de falar de política”, comentou, assinalando que os textos de língua portuguesa sobre o tema ambiental servem para uma reflexão dos alunos que também reclamam da falta de áreas verdes de uso público para o lazer. “Hoje, estão se reunindo na área da represa Cascata”, observou, frisando que sempre orienta os estudantes a colocarem em prática o que aprenderam e fazerem sua parte não deixando lixo por onde passam.

De acordo com o professor, as áreas preservadas geralmente estão localizadas em propriedades particulares em que há um cuidado com as nascentes pela necessidade de irrigação das plantações e fornecimento de água aos animais. No entanto, esse pode ser um problema futuro: ele citou que a exploração imobiliária está chegando muito perto dessas áreas e que, se os proprietários quiserem fazer um loteamento, nem esses pequenos paraísos vão sobreviver. 

Por-do-sol em propriedade na região

Finalizando, o professor Elândio deixou uma mensagem à juventude: “Eles podem transformar o lugar em que eles moram, via reivindicações. Mas, não adianta cobrar ações urbanas e ambientais se eles estão jogando lixo, deixando latinha de refrigerante jogada. É preciso ter consciência ambiental e colocar em prática”.

Assista um dos vídeos do canal que mostra o Vale do Cascata: 


Para saber mais, acesse o canal no Youtube: Expedição: Vales, Cachoeiras de Marília e Região.

* Reportagem publicada na edição de 30.05.2021 do Jornal da Manhã


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