domingo, 4 de março de 2018

COLETOR DE LIXO DÁ EXEMPLO COM INICIATIVA BEM SUCEDIDA DE COLETA SELETIVA.

Por Célia Ribeiro

Quando o despertador toca, com seu som estridente, pouco antes do dia clarear, ele sabe que terá pela frente um dia desafiador. Afinal, terá que cruzar Marília de um extremo ao outro, registrar o ponto às 7h e tomar a condução que o levará para os bairros da zona norte. Mas, esta é apenas a primeira etapa do longo dia de trabalho que se encerrará ao anoitecer, em meio aos resíduos descartados pela cidade. Seu nome: Ângelo Moreira. Sua profissão: coletor de lixo!
Angelo e seu pai: exemplo de cidadania
Acompanhado do pai, Valdeir Aparecido Moreira, funcionário público aposentado, o moço de 34 anos e sorriso fácil conquista pela simpatia. A dupla é responsável pelo projeto inovador chamado “Reciclart” que coleta materiais recicláveis nos bairros, na FAIP e FAEF como mostrado na reportagem passada, e ainda contribui com entidades assistenciais.

Seguindo a máxima de que “o pouco, com Deus, é muito”, o coletor e seu pai recolhem os recicláveis, separando-os corretamente para a venda que lhes garante um reforço no orçamento doméstico. O dinheiro, na faixa de R$ 1.500,00 brutos, ainda é dividido com quem precisa. A APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) já recebeu uma pequena doação da Reciclart.
Recicláveis são transportados na velha Kombi
Além disso, roupas, calçados e cobertores descartados no lixo são levados para a casa do aposentado onde a esposa “lava e passa tudo, deixando em ordem para a gente levar nas entidades”. Isso mesmo: o que muita gente joga fora, por não saber onde entregar a doação, os dois aproveitam para que outros necessitados sejam beneficiados.

A JORNADA

No fim da tarde da última terça-feira (27), Ângelo e Sr. Valdeir estavam na Praça Pau Brasil, na rotatória de acesso ao Campus Universitário (Jardim Acapulco), como de costume. Lá, enquanto recolhiam os materiais depositados pela vizinhança, contaram como tudo começou. Segundo Ângelo, o seu trabalho na Secretaria do Meio Ambiente e Limpeza Pública vai das 7 às 13h. Depois do almoço, ele mal descansa e já inicia o percurso com a velha Kombi pelos bairros cadastrados. De manhã, a missão fica a cargo do pai.
Diariamente, a dupla está nos pontos de coleta nos bairros.
O cronograma da Reciclart prevê: Jardim Itaipu, Parati, Portal do Sol e Guarujá (segunda-feira). Jardim Acapulco (terça-feira), Campus da FAIP (quarta e quinta-feira), e Jardim Novo Horizonte e São Domingos (sexta-feira). Além disso, eles recolhem os recicláveis de alguns condomínios e levam as pilhas e baterias, deixadas nos pontos móveis, para o SENAC que faz a destinação correta.

“Trabalhando na coleta de lixo eu cansei de ver quanta coisa boa as pessoas jogam fora”, relatou explicando a indignação por assistir o desperdício de tudo que poderia ajudar outras pessoas. Assim, teve a ideia da coleta seletiva que, segundo ele, recebeu o apoio do ambientalista e ex-secretário do Meio Ambiente, Ricardo Mustafá.

Ângelo afirmou que teve respaldo da Prefeitura  desde o início da atual gestão. Nos contatos fornecidos aos interessados constam seu número de celular (14 – 996648215) e o telefone da Secretaria (34086700). Ele também elogia a disposição da Prefeitura em estudar a implantação da coleta seletiva com critério “porque tem mais de 1.000 catadores na cidade e se vier uma empresa de fora muita gente vai ficar sem trabalho”, observou.
No ponto de coleta do Jardim Acapulco, aproveitaram para limpar o local.
Em contato com a Assessoria de Imprensa do prefeito Daniel Alonso, a resposta foi: “A Prefeitura de Marília, por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e de Limpeza Pública, informa que os ecopontos já foram projetados e estão em processo de licitação para a implantação. A coleta seletiva será implantada no município assim que os ecopontos estiveram instalados, sendo esta a grande prioridade da Secretaria do Meio Ambiente”.

MISSÃO

Trabalhando ao ar livre (na traseira do caminhão coletor de lixo), sob sol e chuva, frio e calor insuportável, Ângelo não desanima e tem orgulho da profissão. Nem mesmo o fato de morar no bairro Nova Marília, zona sul, e trabalhar no final da Avenida República, zona norte, é capaz de diminuir seu bom humor.
Angelo e Sr. Valdeir vêem a utilidade  do que é descartado todo dia

“Cada dia é um dia. Nunca sabemos o que vamos encontrar”, disse explicando que a experiência de separar o lixo no trabalho foi útil na hora de pensar em um trabalho alternativo que ajudasse o meio-ambiente e, ao mesmo tempo, pudesse contribuir com um reforço no seu orçamento familiar assim como do pai aposentado.
Recibo de doação à APAE

“A gente vê que as pessoas estão ajudando. Tem muita gente separando os recicláveis e trazendo nos pontos móveis. Estamos divulgando bastante e quanto mais as pessoas souberem mais poderemos recolher de reciclável. Nós fazemos o trabalho e ganhamos, mas também ajudamos quem precisa e tem muitas pessoas precisando”, frisou.

No ano passado, a dupla inovou ao promover um sorteio de brindes para quem doasse os recicláveis. E, pelo visto, as ideias continuam brotando. Ângelo contou que tem planos para 2018 e agradeceu a solidariedade dos marilienses: “Vemos que quando a gente tem boa intenção, as pessoas colaboram e nós ficamos felizes porque o que pode ser útil não vai mais parar no lixão”.

RECICLÁVEIS

A Reciclart coleta plástico, latas de alumínio, papelão, óleo usado, embalagens diversas, metais, pilhas, baterias, vidro, roupas, calçados e cobertores. Os contatos são: (14) 996648215 com Ângelo e (14) 34086700 com Fabiana (recado). 

4 comentários:

  1. Conheci esse projeto através de sua reportagem, Celia Ribeiro. Estive na última sexta feita levando produtos recicláveis no Novo Horizonte. Fui recebida com um sorriso e muita atenção. Maravilhoso poder participar dessa iniciativa. Sucesso, Sr. Angelo.

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    1. Nelice, que bom saber disso! Realmente, é uma iniciativa que merece todo apoio. Beijão

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  2. Conheço e e admiro o trabalho iniciado pela Reciclart! Isso mudou bastante o nosso sistema doméstico de descarte. Netos aprendem em casa e na escola o que, numa cidade como a nossa Marília,o poder público já deveria ter iniciado esse tipo de coleta ou incentivado o seu início por meio de parcerias, ha décadas! Nosso acúmulo de lixo não seria tão assustador!

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    1. Sonia, creio que o mais importante neste trabalho é provar que dá para cuidar do meio ambiente com um pouco de boa vontade. Iniciativas como do Angelo e equipe Reciclart mereciam ser mais valorizadas. Grande abraço

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