Alicerçado sobre os ideais de solidariedade de seus instituidores, o Educandário Bento de Abreu Sampaio Vidal, de tempos em tempos, é submetido a verdadeiros testes de resiliência. Em 2014, recebeu um ultimato para deixar a área pertencente à Santa Casa de Misericórdia de Marília que ocupava desde sua fundação. Em 2016, transferiu-se para uma sede provisória, no Patronato, mantendo grande parte do trabalho voltado aos meninos de 5 a 18 anos. Agora, devido à Lei Federal 13.019/14, corre o risco de deixar para fora nada menos que metade da clientela.
Crianças almoçam na entidade: refeições balanceadas |
Vários garotos conseguiram emprego após curso de panificação do Educandário |
Dessa forma, o Educandário manteria os funcionários atualmente cedidos pelo município (professores, cozinheiras, assistente social etc) e alimentação para continuidade das atividades aos 100 inscritos. Os meninos, a partir de cinco anos, são assistidos no período do contra-turno escolar: chegam para o café da manhã, participam de atividades pedagógicas, aulas de informática e esportes, tomam banho, almoçam e vão para a escola. Os que estudam pela manhã chegam para o almoço após as aulas e permanecem na entidade para as oficinas profissionalizantes e prática esportiva.
Procurada, a administração municipal manifestou-se com a seguinte nota da Assessoria de Imprensa: “A Prefeitura de Marília, por meio da Secretaria Municipal de Educação, informa que manterá a parceria com as entidades, como Juventude Criativa, Eurípedes Barsanulfo e Educandário Bento de Abreu, atendendo aos alunos matriculados na Rede Municipal de Ensino, cumprindo assim o que determina a lei”.
CRIMINALIDADE
“Os meninos de 13, 14 anos são os mais vulneráveis e não podem ficar na rua”, observou o presidente do Educandário. Conforme disse, nesta faixa etária, os adolescentes precisam de ocupação, orientação e preparação para o mercado de trabalho que são oferecidos na instituição. Se não tiverem esse apoio, eles correm os riscos oriundos da violência cada vez mais em evidência.
Pré-adolescentes correm o risco de ficarem fora da entidade |
Destacando a infraestrutura do prédio atual, o presidente lembrou que o Educandário conta com “quadra esportiva coberta, cozinha completa, padaria moderna, salas de aula, sala de informática equipada, banheiros novos, campo de futebol etc. O dever da educação é do município, do Estado e da União. Como entidade, somos parceiros”.
Irmão Agenor e presidente Pedro Alves em frente à entidade |
SOLIDARIEDADE
Em 2017, durante seis meses, o Educandário não recebeu alimentos do município, o que foi suprido graças aos voluntários, empresas parceiras e clubes de serviço, como o Rotary Clube Alto Cafezal. As despesas são muito altas, apesar do respaldo da Prefeitura. Dessa forma, se nada for feito, quando sair o chamamento para os convênios e os alunos da rede estadual estiverem excluídos, mais do que nunca, o Educandário terá que se reinventar para não deixar essa clientela necessitada à própria sorte.
Além do imenso amor ao próximo, o que mantém a chama da esperança acesa são os frutos que não param de se multiplicar ao longo de seis décadas: “Outro dia, um senhor de São José dos Campos nos contatou através do Facebook do Educandário. Ele contou que se casou, constituiu família, formou seus filhos e era muito grato à entidade por onde passou na infância. Temos muitas histórias como essa. E isso nos dá motivação para não desistirmos”, contou o presidente.
Panificadora: preparação para o mercado de trabalho e fonte de alimentos |
Como a ave mitológica fênix, que renasceu das cinzas, o Educandário ainda acredita em uma solução a médio prazo. Por isso, faz planos inovadores como a formação de uma horta orgânica e promoção de curso de panificação para as mães dos meninos atendidos, como fomento à geração de renda.
Almoço servido nesta semana |
Atualmente, crianças e adolescentes participam do curso ministrado por padeiro certificado que já garantiu vagas no mercado de trabalho a vários deles. Aprendendo a selecionar os ingredientes, porcioná-los e vê-los mudar de forma transformando-se em alimentos, os meninos e pré-adolescentes, moradores das regiões mais carentes das zonas norte e sul, levam para casa uma importante lição: com a orientação adequada, suas mãos podem ser transformadoras e criarem o futuro que tanto sonham!
* Reportagem publicada na edição de 11.02.2018 do Jornal da Manhã
Excelente texto e reportagem, Celinha! Beijão !
ResponderExcluirQuerido Marcos, obrigada. Apareça sempre por aqui. É uma honra. Grande beijo
Excluirfui dentista por 30 anos do educandário
ResponderExcluirOlá, Dr. Celso! Seja sempre bem-vindo aqui. Abraço
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