Originários
do sul da Europa e muito populares na Inglaterra vitoriana e na Rússia, os
azulejos hidráulicos ainda são feitos à mão, um a um, a partir de um molde de
bronze. Bonitos, raros e resistentes, eles são garimpados em pleno século XXI e
agora podem ser encontrados em modernas construções que, além da beleza,
valorizam o reaproveitamento de materiais minimizando a degradação ambiental.
O charme do lavabo com pia e gradil antigos |
Em Marília,
a arquiteta Ângela Torres, referência em construções sustentáveis, tem visto
aumentar o interesse pelo uso de materiais de demolição nas obras que projeta
para clientes da cidade e da região. O público que a procura é diversificado:
jovens casais, famílias numerosas ou até quem quer um teto para viver sozinho.
Em comum,
seus clientes desejam uma casa bonita e confortável, empregando materiais
exclusivos que aliam a rusticidade das construções de outrora com pinceladas de
modernidade. Dessa forma, o cimento queimado do piso pode ser entrecortado com
peças cerâmicas gerando mosaicos originais. O gradil da fachada do casario
antigo vai para dentro do novo imóvel e cria um nicho todo charmoso. Enfim, são
infinitas as possibilidades.
Gradil de demolição dá um toque especial ao mezanino |
POLUIÇÃO AMBIENTAL
“Imagine
jogar nos lixões e nos aterros sanitários pedaços de madeira, ferro, azulejos e
outros materiais antigos que são muito resistentes e demorariam anos para se
decomporem”, observa Ângela Torres. Além de evitar o desperdício de dinheiro, o
que seria entulho pode ser bem empregado em projetos arrojados e exclusivos.
Ângela Torres é referência em construções sustentáveis |
Segundo ela, o tempo para execução da obra é o mesmo das construções convencionais. Tudo depende do garimpo dos materiais que exige muita paciência. “No interior é muito mais fácil e barato conseguir as peças. Em São Paulo, por exemplo, os depósitos de materiais de demolição vendem bem mais caro porque a procura está aumentando a cada dia”.
Ângela disse
que está sempre atenta quando percorre os bairros e vê uma reforma ou
demolição. “Pergunto se querem vender as portas, se vão aproveitar as telhas,
os tijolos etc”, comentou, citando que, há pouco tempo, ao ver a retirada dos
gradis de uma construção antiga, próxima ao Jardim Aquarius, imediatamente
avisou seu cliente que aproveitou o material na obra em andamento.
Da mesma
forma, ao projetar um conjunto de lojas, nas imediações do ao Shopping
Esmeralda, a arquiteta sugeriu a venda dos materiais de demolição retirados do
prédio antigo. Com isso, a proprietária economizou um bom dinheiro e muitas
pessoas puderam aproveitar o que seria entulho jogado fora, poluindo a
natureza.
A beleza incomum do azulejo hidráulico no piso à direita |
Do alto, a visão do piso de cimento queimado na sala ampla. |
No caso de
tijolos e areia, o problema é ainda mais sério: “Hoje se retira areia dos rios
que estão todos poluídos. Os tijolos têm química. Por isso, recomendo aos meus
clientes comprarem areia de Panorama, do Rio Paraná, porque do Rio Tietê tem
muita poluição”. Por essa razão, os tijolos antigos são mais puros e
resistentes, ponderou.
MEMÓRIA
Por outro
lado, a arquiteta defende medidas de apoio à preservação das construções
históricas da cidade. Conforme disse, não adianta o casarão ser tombado pelo
Patrimônio Histórico se restarem aos proprietários os custos de restauração e
manutenção. Como exemplo, citou o primeiro sobrado de Marília, localizado na
Rua D. Pedro: “No dia em que entrei lá eu chorei de ver o estado daquilo. Dá agonia.
Tem uma escada de madeira, toda entalhada, que valeria uma fortuna e tudo está
abandonado, sem preservar a memória da cidade”, finalizou.
Cadeiras de varanda "retrô" dão um toque especial ao imóvel que reaproveitou materiais |
Para entrar
em contato com a arquiteta Ângela Torres, escreva para: angelct@ig.com.br ou ligue: (14) 81229796.
Neste blog há reportagens sobre construções sustentáveis
publicadas nas edições de 06 e 13 de maio de 2.012.
Belíssima reportagem, Célia! Destaque para o descaso pela preservação da memória do casarão da Rua D. Pedro. Adoro aquele prédio, mesmo do jeito que está.
ResponderExcluirBeijos,
Eneida
Adorei... sinto tanta vontade de ir nestes lixões pq o que não serve para uns é totalmente útil para outros.
ResponderExcluirOlá, Renata!
ExcluirMuitas pessoas descartam objetos em bom estado. Infelizmente, não temos a cultura da preservação. Beijos, querida!
Eneida, querida, muito obrigada!
ResponderExcluirRealmente, é uma pena a falta de memória da nossa cidade. Beijão e apareça sempre aqui!