domingo, 30 de dezembro de 2012

RETROSPECTIVA 2012: AS BOAS PRÁTICAS DE EMPRESAS, ENTIDADES E CIDADÃOS, NAS ÁREAS SOCIAL E AMBIENTAL.


Por Célia Ribeiro

O ano que se encerra foi marcado pela criatividade e determinação de pessoas que ousaram sonhar alto e fazer a diferença. Nas áreas da filantropia e da responsabilidade social, inúmeros exemplos serviram para estimular quem estava com a ideia guardada sem coragem de tira-la do papel. Já no campo da sustentabilidade ambiental, o Correio Mariliense estampou dezenas de bons exemplos inspiradores.
Das 60 postagens do blog selecionamos algumas reportagens para ilustrarem cada um dos 12 meses. Os arquivos de todas as matérias, com muitas imagens inéditas que não entraram nas edições impressas, estão disponíveis neste blog. Para ler os textos, clique no link do mês correspondente.
A todos que nos acompanharam pelo jornal e pela internet, desejamos um Feliz Ano Novo! Que a solidariedade ao próximo e a preocupação com o planeta possam ocupar um lugar de destaque em nossas vidas. Boa leitura e até 2013!

Lau e o mel na varanda
Doce mel: O ano começou com a bonita história de amor à apicultura de dois amigos. Foi na infância que Wenceslau Gomes Soares (Lau), 73 anos, e Dirceu Manzon, 70 anos, se encantaram com a criação de abelhas. Durante toda a vida, através de tentativas bem e mal sucedidas, aprenderam as lições da atividade tornando-se referência na produção de mel, própolis, cera e pólen em Marília.

Luiz Célio e aluno no recreio

Cristo Rei: Vale recordar o trabalho do tradicional colégio que se diferencia por planejar o futuro das novas gerações com uma visão de longo alcance focada na sustentabilidade. “Para a escola, ser certificada com os selos 9001 e 14001 não é nosso fim. Como instituição, é muito mais um compromisso, um trabalho que a gente tem que desenvolver e, a cada dia, ter a certeza de fazer melhor que ontem”, afirmou o coordenador Luiz Célio.

O trabalho digno e solitário, no quintal.
Imigrante japonês: Atrás do portão principal, um corredor repleto de vasos e plantas variadas conduz aos fundos da moradia revelando aos visitantes os segredos da arte milenar em bambu. Como seus antepassados, sentado no chão e, em profundo silêncio, o imigrante japonês mantém o semblante tranquilo: afinal, ele atravessou o mundo para estar ao lado de sua amada e começar uma nova vida no país tropical. Sem falar português, Yukio Sasagawa ganha a vida fazendo artesanato em bambu e é um exemplo de superação.

Alunos têm visitas de campo
SENAC: Durante dois anos e meio, um grupo seleto de alunos de faixa etária, origem e níveis de escolaridade distintos, prepara-se para conquistar o emprego dos sonhos. Enquanto o relógio avança rumo a 2.014, data limite para que os municípios implementem a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sob pena de ficarem órfãos dos recursos federais, os estudantes do Curso Técnico de Meio Ambiente do SENAC sabem que serão disputados pelo mercado, tanto no setor público como na iniciativa privada. O SENAC saiu na frente ao criar um curso bem estruturado de onde estão saindo profissionais preparados para atuarem em uma área essencial.

Visitas especiais no paraíso da arquiteta Angela Torres
Ecologia: O paraíso perdido do filme existe na zona leste: a Shangri-la, na verdade, é a propriedade onde vivem a arquiteta Ângela Torres, seu marido, o engenheiro agrônomo Fábio e o filho Enrico. Em menos de quatro anos, eles transformaram o lugar num santuário ecológico aonde o respeito ao meio-ambiente vem em primeiro lugar. Dedicada às construções sustentáveis, há 10 anos, a arquiteta levou para casa as ideias que oferece aos clientes: reaproveitamento do que for possível, desperdício zero e uso racional dos recursos naturais.
Trabalho dos voluntários começa bem cedo
Amor solidário: Quando tímidos raios de sol despontam no horizonte e as ruas estão quase desertas, um grupo especial de pessoas já está de pé, com disposição invejável, para encarar uma longa jornada de trabalho. Às 6h30, a sede da “Delícias do Amor Solidário” abre as portas para que donas de casa, aposentados e profissionais da ativa coloquem para funcionar uma padaria diferente, ao lado do Hospital Espírita de Marília. Extremamente bem organizada e instalada segundo as rígidas normas da Vigilância Sanitária, a padaria nasceu da solidariedade de voluntários que resolveram profissionalizar a produção de alimentos visando a geração de renda.

Cozinha do hotel que vende o óleo para produção de biodiesel
Sun Valley: Um dos melhores hotéis da região, cuja reputação foi construída ao longo dos anos, implantou o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) tornando-se referência para outros estabelecimentos do setor hoteleiro. O Quality Hotel Sun Valley, privilegiado pela ampla área verde e construção horizontal, foi o primeiro a se adequar às exigências da lei que, a partir de 2.014, não dará trégua àqueles que deixarem tudo para a última hora. Não é de agora que a questão ambiental está na pauta do hotel, explicou o proprietário Fernando Ribeiro, citando que o lixo reciclável é separado e doado à Cotracil e há dois anos, todo o óleo residual é vendido para produção de biodiesel.

Voluntários da Missão Louvor & Glória
Casa do Bom Samaritano: Uma casa antiga e acolhedora, localizada estrategicamente em frente à igreja Matriz de São Bento, na Avenida Pedro de Toledo, tem atraído homens e mulheres que perderam quase tudo. Como um farol sinalizando para os náufragos, a fachada estampa em letras garrafais o nome autoexplicativo: “Casa do Bom Samaritano”, lugar que oferece amor, cuidados e a ajuda necessária para resgatar a dignidade de todos que baterem à porta. O projeto, criado e mantido pela Fundação Missão Louvor & Glória, ligada à igreja católica, foi inspirado em Madre Teresa de Calcutá.

Belinha e sua arte com recicláveis
Arte com recicláveis: Toda manhã, os privilegiados moradores do Jardim Acapulco são brindados com uma experiência sensorial única. E o clima bucólico inspira uma artista da terra que escolheu o lugar para viver e reproduzir o ambiente da infância, de pé no chão e cumplicidade com a natureza. Izabel Cirillo, a Belinha, extrai dali a energia para criação de peças originais: garrafas de vidro são pintadas e adornadas com tampas feitas com sobras da construção civil, como pastilhas, ou com papel machê a partir de jornais e revistas velhos; garrafas PET são aproveitadas para o plantio de temperos e formam divisórias de ambiente; os pneus das brincadeiras de infância ganharam cores vibrantes e abrigam florzinhas coloridas no jardim.

Comida de qualidade: atendimento digno a quem precisa.
Compaixão: Nas manhãs de domingo, bem antes do vai-e-vem frenético que toma conta da Avenida das Esmeraldas, solitários ou em grupo, necessitados de toda ordem rumam em direção ao socorro que lhes garantirá alimento para o corpo e para a alma. Localizada na Rua José Alberto Gonçalves, 120, vizinha ao Shopping Esmeralda, a “União Espírita João de Camargo” acolhe a todos, independente do credo, realizando um importante trabalho social que visa resgatar homens e mulheres da situação de vulnerabilidade em que vivem.

Árvore de Natal feita com garrafas de vidro: originalidade
Chaplin: As mãos habilidosas de duas irmãs, acostumadas a encantarem seus familiares com criações inusitadas, passaram os últimos meses trabalhando duro para que outras famílias pudessem mergulhar no clima natalino de uma maneira diferente: refletindo sobre a importância da preservação ambiental. O resultado da empreitada ainda pode ser visto no Chaplin Restaurante e Pizzaria que inovou ao utilizar garrafas PET, garrafas de vidro, potes de conserva, rolhas de vinho, rolos de papel higiênico, entre outros materiais recicláveis, na decoração de fim de ano. Eneida Felipe de Melo e Cleide de Melo Diniz são as responsáveis pela concepção e montagem da decoração que surpreende pela criatividade e bom gosto.

Lago do "Caminho da Roça"
Caminho da Roça: No Distrito de Padre Nóbrega, em uma área preservada formou-se um pedacinho do paraíso na Terra onde as crianças aprendem a respeitar a natureza e os adultos renovam seu compromisso em defesa do meio ambiente. A “Fazendinha Caminho da Roça”, como é conhecida, nasceu do sonho acalentado pela professora aposentada e consultora de jardinagem e paisagismo, Lílian Aparecida Marques de Oliveira, que vislumbrou a possibilidade de implantar uma reserva natural na propriedade, de 48.000 metros quadrados, que serviria para difundir a educação ambiental.

* Retrospectiva publicada na edição impressa do Correio Mariliense de 30.12.2012

domingo, 23 de dezembro de 2012

HORTA LITERÁRIA: ESCOLA PÚBLICA MODELO CONQUISTA PRÊMIO DO INSTITUTO CIDADANIA BRASIL PARA MARÍLIA.

Por Célia Ribeiro

A escola dos sonhos, cujos horários flexíveis permitem que cada aluno aprenda segundo seu ritmo, em que o verde é reverenciado, a começar pela horta orgânica, encerrou 2012 projetando Marília no cenário educacional: o Centro Estadual de Educação de Jovens e Adultos (CEEJA) “Profa. Sebastiana Ulian Pessine” conquistou o primeiro lugar, no estado de São Paulo, do “Prêmio Construindo a Nação” promovido pelo Instituto Cidadania Brasil com apoio do SESI e Fundação Volkswagen.

Atividades realizadas na horta orgânica da escola
Em março de 2013, os dedicados professores, acompanhados de dezenas de alunos de 16 a 70 anos, estarão na Capital para a solenidade de premiação na concorrida Sala São Paulo. Na oportunidade, receberão o reconhecimento oficial ao projeto “Horta Literária” que movimentou a escola durante o ano e chegou à comunidade com ações extramuros que levaram poesia, música, artes e solidariedade.

Segundo o coordenador pedagógico, João Paulo Francisco de Souza, 32 anos e mestre em Literatura, o projeto inscrito no concurso envolveu mais de 20 professores e todos os estudantes. Cada disciplina foi trabalhada segundo um enfoque tendo a horta da escola como base. “Durante a semana, fazíamos a divulgação no blog e na escola para os alunos irem se preparando. Os professores desenvolveram os temas em sala e nos dias das oficinas preparávamos uma aula aberta na horta”, explicou.

Alface cultivada naturalmente é usado
nas refeições da escola
Conforme disse, os assuntos surgiam naturalmente: “Da literatura para a genética, para a botânica, a questão do solo etc. Ao final das oficinas, sempre tinha uma degustação de verduras e legumes ou chás de erva cidreira e hortelã colhidos na hora”. Por sua vez, a professora de Química, Ana Paula Garra explicou que um dos eixos do projeto abordou “a química dos alimentos”, a importância da alimentação equilibrada e saudável utilizando os exemplos da horta orgânica do estabelecimento escolar.

 O coordenador pedagógico disse que o nome do projeto (Horta Literária) surgiu da ideia de aproveitar a horta nas oficinas literárias, e que com a participação dos professores de todas as disciplinas o trabalho ganhou novas dimensões. Ele assinalou que não havia preocupação com a série dos alunos: todos eram preparados sobre os temas, realizavam trabalhos individuais e coletivos de modo que o conhecimento fosse acessível a todos, independente do estágio em que se encontravam (ensino médio ou de 5ª a 8ª série do ensino fundamental).

Aluna com os professores Fábio, Paulo e João
João Paulo afirmou que através da interdisciplinaridade o projeto permitiu “levar todos os alunos ao mesmo conhecimento, mesmo que eles não tivessem atingido aquele índice na série deles”. E destacou o envolvimento dos docentes que usaram muita criatividade para atraírem a atenção dos estudantes motivando-os em cada etapa das atividades programadas.

DESCOBERTAS

Mestre em Biologia, o professor Fábio José Lisboa falou com empolgação sobre a experiência. Durante o ano, ele utilizou a “Horta Literária” para abordar um tema complexo: o Projeto Genoma. “A genética é o resultado da interação ambiental”, disse. Já o professor de Geografia, Paulo Roberto Borin Martins apontou as oficinas pedagógicas, as exposições e outros recursos como sendo fundamentais para conseguirem o envolvimento dos alunos.

Colheita envolve professores e estudantes
 Aos 61 anos, a auxiliar de enfermagem aposentada Maria Valci de Lima concluiu, orgulhosa, sua formação na última terça-feira. Fazendo planos para a viagem da premiação, ela era só elogios à escola e aos professores: “Achei que fizeram um trabalho excelente. Aqui eu tive contato com pessoas de todas as idades e até os alunos com necessidades especiais estavam integrados no projeto”, comentou.

A aluna contou que parou de estudar em razão do trabalho, mas sempre sonhou em concluir os estudos o que foi possível ao ingressar no CEEJA depois da aposentadoria. Dedicada, ela preside o Grêmio Estudantil e, como os jovens estudantes, tem muitos planos pela frente.

 COMUNIDADE

As atividades da “Horta Literária” não ficaram restritas à escola. Alunos e professores levaram poesia, música, artes plásticas e outras manifestações culturais à comunidade. O asilo “Mansão Ismael” foi um dos locais visitados, assim como o IOM (Instituto de Olhos de Marília) em que alunos promoveram um lanche aos pacientes levando alimento para o corpo e para a alma através da declamação de poesias e apresentações musicais.
Desenhos realizados durante o Sarau do Saci
A coroação do projeto, com suas dimensões pedagógica, social e cultural aconteceu de 29 a 31 de outubro no “Sarau do Saci”. Mais de 500 pessoas participaram, incluindo visitantes de outros municípios como João Ramalho, distante 200 quilômetros de Marília: “Houve apresentações individuais e coletivas dos alunos em cima dos temas. Eles escreveram poesias, letras de música, fizeram artes plásticas etc”, informou o coordenador pedagógico.

Ele finalizou destacando o envolvimento e dedicação da equipe de professores que mereceu o reconhecimento do Instituto da Cidadania Brasil. O prêmio, criado em 2.000, contou com a participação de 5.140 escolas de 25 estados do Brasil.
 
Maria Valci: um novo caminho a trilhar.
Ter conquistado o primeiro lugar entre os estabelecimentos de ensino do estado de São Paulo mostra que o pessoal que mexeu na terra e sujou os pés na horta da escola, localizada no cruzamento das ruas 24 de Dezembro e Coronel José Brás, plantou sementes que continuarão brotando na vida de quem retomou os estudos para escrever uma nova história de vida.

Para saber mais sobre o projeto, acesse: http://my.opera.com/jpgaruda/blog.

 
* Reportagem publicada na edição de 23.12.2012 do Correio Mariliense

domingo, 16 de dezembro de 2012

OBESIDADE INFANTIL: CAOIM RESGATA BRINCADEIRAS ANTIGAS APROVEITANDO MATERIAIS RECICLÁVEIS.


Por Célia Ribeiro

A árdua batalha contra a obesidade infantil, doença que acomete 30% das crianças em idade escolar, segundo o Ministério da Saúde, recebeu uma ajuda inusitada: o Caoim (Centro de Atendimento à Obesidade Infantil de Marília) está utilizando materiais recicláveis em divertidas brincadeiras que promovem o gasto calórico de crianças e adolescentes atendidos pela unidade da Secretaria Municipal da Saúde.
"Escravo de Jó" é uma das brincadeiras escolhidas
Garrafas PET com areia substituem os pesinhos de ferro, cabos de vassoura ajudam nos alongamentos, câmaras de ar de bicicleta auxiliam nos exercícios que demandam mais esforços e até pedaços de canos de PVC viram bambolês, para alegria da meninada. Com esses materiais a equipe de educadores físicos do Caoim, formada por Sérgio Augusto Silva, Rodrigo Pereira e Katarina Bernardo, coloca a imaginação para funcionar na hora de criar os exercícios.

“Nossas crianças não sabem brincar. Hoje, a criança só tem o conhecimento da diversão oferecida pela tecnologia”, observou a coordenadora do Caoim, Dra. Luciana Pfeifer. Ela frisou que “a tecnologia não pode se sobrepor à humanidade” comentando que as crianças passam muito tempo diante da televisão, do computador, jogando videogames ou utilizando tablets e telefones celulares.
Exercício com câmara de ar de bicicleta

Através da equipe multidisciplinar composta por médica, cirurgiã-dentista, enfermeira, nutricionistas, psicólogas, fisioterapeutas e educadores físicos, o Caoim tem registrado expressivos avanços no combate à obesidade infanto-juvenil. Em 2012, dados parciais mostram o atendimento a mais de 300 crianças e adolescentes que realizam o tratamento junto com um acompanhante (pais ou responsáveis).

FUNDO DO BAÚ

A preocupação em oferecer alternativas de baixo custo para que as crianças e adolescentes pudessem realizar atividades físicas em casa, contribuindo para acelerar o metabolismo, vem de algum tempo. A educadora física Dayane Patrícia de Alencar Oliveira, ex-integrante da equipe, deu início à implantação dos recicláveis nas brincadeiras ao apresentar o vai-e-vem feito de cordinha de varal e garrafas PET.

Segundo a coordenadora do Caoim, “a gente busca resgatar brincadeiras comuns às outras gerações, dos pais, mães e avós, brincadeiras saudáveis que podem ser replicadas em casa sem custo algum”. Ela acrescentou que “aliado a isso, o Caoim também tem a preocupação com a sustentabilidade”, incentivando o reaproveitamento de materiais recicláveis.
Garrafas PET com areia substituem os pesinhos
 Por sua vez, o educador físico Sérgio Silva explicou que “a ideia surgiu também da vontade de poder ajudar as mães que estão em casa e, às vezes, não têm condições de ter um aparelho de ginástica ou ir a uma academia”. Conforme disse, com orientação adequada de um profissional, é possível aproveitar muitos materiais para o condicionamento físico. E, na base da brincadeira, pais e filhos podem ser exercitar juntos com segurança.

A educadora física Katarina Bernardo falou sobre as brincadeiras de antigamente: “A gente resgata brincadeiras que as crianças não conheciam como ‘Escravo de Jó’, ‘Detetive Ladrão e Vítima’, peteca e até brincamos de pular corda que algumas crianças não conseguiam por falta de coordenação”. São atividades de grande gasto calórico bem-vindas no processo de perda processual de peso.
Dra. Luciana Pfeifer

Ela comentou que “os pais simplesmente adoram até porque são brincadeiras que eles conhecem da infância e que na correria do dia-a-dia eles não têm tempo de brincar com os filhos”.

Para a coordenadora do Caoim, “a prevenção da obesidade inicia-se em atitudes muito simples. Mas, a patologia obesidade não é nada simples. A prevenção é muito mais fácil e muito mais tranqüila de fazer. A obesidade, enquanto patologia é muito difícil de ser tratada, principalmente pelo contexto em que as crianças vivem hoje. É muito melhor investir esforços na prevenção do que no tratamento”, pontuou.

PLANOS PARA 2013

Bilboquê de latinhas de massa de tomate, jogo de buricas (bolinha de gude), peões e outras brincadeiras serão incorporados às atividades esportivas de 2.013. “Hoje a obesidade está presente na infância porque nossa criança não sabe brincar. Ela vem de uma geração muito tecnológica. A criança tem que viver como criança”, finalizou Luciana Pfeifer.
Sérgio e Katarina acompanham atividade com cabos de vassoura
 O Caoim é uma unidade da Secretaria Municipal de Saúde criada em 2.006. No ano seguinte, através de convênio com a Maternidade e Gota de Leite, implantou o Centro de Estudos e Pesquisas com recursos doados pela Fundação Nestlé Brasil, num total de 300 mil reais. Os atendimentos são gratuitos e as crianças e adolescentes (07 a 17 anos) com sobrepeso e obesidade são encaminhados pelas Unidades de Saúde do Município. Também é possível fazer a inscrição diretamente na unidade (Rua 9 de Julho, 395). Informações no telefone: (14) 34546618 ou e-mail: caoimarilia@hotmail.com

* Reportagem publicada na edição de 16.12.2012 do Correio Mariliense

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

CAMINHO DA ROÇA: VISITAS MONITORADAS ENCANTAM CRIANÇAS E ADULTOS EM PADRE NÓBREGA

Por Célia Ribeiro

Um pouco antes do amanhecer, quando o canto dos pássaros anuncia um novo dia, a bicharada desperta animada pelos lados do Distrito de Padre Nóbrega: em uma área preservada formou-se um pedacinho do paraíso na Terra onde as crianças aprendem a respeitar a natureza e os adultos renovam seu compromisso em defesa do meio ambiente.
Peixes no lago do "Caminho da Roça" 
A “Fazendinha Caminho da Roça”, como é conhecida, nasceu do sonho acalentado pela professora aposentada e consultora de jardinagem e paisagismo, Lílian Aparecida Marques de Oliveira, que vislumbrou a possibilidade de implantar uma reserva natural na propriedade, de 48.000 metros quadrados, que serviria para difundir a educação ambiental.

Lilian recepciona as crianças
Os visitantes dificilmente acreditam que tudo aquilo foi formado em apenas seis anos: plantio de milhares de árvores nativas, frutíferas, ornamentais e exóticas de cerca de 500 espécies, organização dos viveiros com aves, coelhos, pavões e mini-animais, como pôneis, área destinada aos eqüinos, bovinos, jabutis e carneiros além do lago repleto de peixes que encantam à primeira vista.
Um dos viveiros da propriedade
Junto com o marido, Ademir Antônio de Oliveira, e o filho Adolfo Marques de Oliveira, Lilian tem a ajuda de alguns funcionários da fazenda que foram treinados em monitoria. São eles que recebem desde os grupos de estudantes até  as pessoas que agendam os passeios ao local que pertence à família há 30 anos.

VONTADE DE ENSINAR

Sorridente e exalando simpatia, a professora aposentada que é também conhecida como “Lilian Flor” no Univem, onde dá consultoria de paisagismo, contou que quando estava na ativa, costumava levar seus alunos do SESI para passeios monitorados na propriedade. Como professora de Ciências, ensinava botânica e zoologia na prática para encanto dos pequenos.
 
Fogão à lenha e utensílios da roça: clima do interior
“Depois que me aposentei, senti muita falta disso. Esse espaço tem tanto a ensinar e eu não tinha com quem compartilhar”, recordou a professora que não conseguiu ficar longe dos alunos. Segundo ela, conversando com parentes em São Paulo soube das fazendinhas que serviam de visitação às famílias ansiosas pelo contato com a natureza. Foi quando decidiu investir no negócio, aliando seus conhecimentos a uma imensa vontade de difundir o que aprendeu ao longo dos anos.

Hoje, a “Fazendinha Caminho da Roça” está muito bem organizada e a agenda, sempre lotada, é o termômetro do sucesso. Para se ter uma ideia, a agenda de 2.013  está quase toda tomada. Na semana passada, o Correio Mariliense acompanhou uma visita de crianças de 07 a 10 anos da EMEF “Prof. Olimpio Cruz”: cerca de 600 alunos, divididos em grupos, visitaram o local.
Hora de tirar leite: as crianças entram no clima
Ao chegarem, as crianças ficaram eufóricas. Maravilhadas, queriam correr para explorar o ambiente e deram um trabalhão aos monitores. Para os pequenos, foi uma experiência incrível andar de pônei e de trator, descer na tirolesa feita de canos de PVC, alimentar os peixes e as aves, ordenhar a vaca e brincar no playground ecológico construído com reaproveitamento de madeira e outros materiais.
Cadeirinha da tirolesa feita com canos PVC
“É um trabalho que dá uma felicidade imensa para eles porque é um tempo que aproveitam ao máximo”, comentou Lilian, acrescentando que as brincadeiras na casinha improvisada com fogão à lenha e o museu de utensílios da roça encantam os pequenos que podem brincar com os pés na terra.
Playground, que reaproveitou materiais, faz a alegria das crianças.
Invariavelmente, Lilian faz um bate-papo à sombra das frondosas árvores que termina com o juramento de “Amigo da Natureza”. Trata-se de um comprometimento “dessa criança que a gente pretende que, em algum momento, se lembre disso e tenha atitudes corretas em relação ao meio-ambiente”, explicou a professora.


Ademir, Lilian e Adolfo: família unida
As árvores, aliás, merecem uma observação à parte: a diversidade de mais de 500 espécies Lilian conseguiu com muita determinação. Nas viagens pelo Brasil e exterior, sempre dá um jeito de trazer sementes ou mudas: “Já trouxe sementinha na meia, de um vôo internacional”, conta entre gargalhadas. O resultado é incrível: muito verde em árvores de grande porte que deixam os visitantes boquiabertos.

VISITA SENSORIAL

Lilian contou, emocionada, sobre a experiência que teve com um grupo de deficientes visuais: “Fizemos uma visita sensorial. Eles tocaram nos pêlos dos animais para diferenciar o coelho do carneiro, por exemplo, e estimularam o olfato quando passamos por plantas como cravo, canela, alecrim, arruda”.

Na semana passada, havia um garoto cadeirante no grupo da EMEF. Com o auxílio de professoras e monitores da fazendinha, ele pode aproveitar todas as brincadeiras, incluindo a alimentação dos peixes no lago.
Cadeira de rodas não limitou as brincadeiras

Segundo Eina Cristina de Melo, que acompanhava o grupo de estudantes, a visita a surpreendeu muito: “Estou impressionada. Acho que é algo que as crianças vão se lembrar pelo resto da vida. Jamais esquecerão”.

Lilian finalizou explicando que muitos professores preparam aulas com base nas visitas e trabalham a temática nas classes, posteriormente. No caso das escolas de inglês, muitos professores vão antes mapear tudo o que o local oferece, preparam as aulas e depois realizam a visita apresentando plantas e animais no idioma.
Visita ao gado foi muito concorrida
Para manutenção da fazendinha, Lilian cobra uma taxa quase simbólica. Mas, muitas visitas são realizadas gratuitamente, dentro da responsabilidade social do lugar. Há, ainda, possibilidade das famílias locarem o espaço para comemorarem os aniversários das crianças de uma maneira diferente. Uma oportunidade rara de entrar em sintonia com a natureza bem pertinho da cidade.

Informações no site: www.caminhodaroca.com.br ou pelo telefone (14) 34257448.
 
* Reportagem publicada na edição de 11.12.2012 do Correio Mariliense

domingo, 2 de dezembro de 2012

BAZAR DAS MÃES DE CRIANÇAS COM CÂNCER TERÁ SOLIDARIEDADE EMBALADA PARA PRESENTE

Por Célia Ribeiro

O clima natalino está no ar. Nos lares, no trabalho e nas ruas, uma infinidade de árvores exibe simplicidade, sofisticação e originalidade, anunciando a aproximação das festas de fim de ano. Nesta época, muitas pessoas procuram aliar a compra de presentes a uma boa ação e aproveitam os bazares das entidades assistenciais para garantirem produtos exclusivos, de bom gosto, enquanto apóiam uma causa nobre.
Mães se reunem à tarde no GAACH
Em Marília, várias promoções foram realizadas, como o disputado Bazar da ACC (Associação de Combate ao Câncer), cujos excedentes ainda podem ser encontrados na sede da entidade. O GAACH (Grupo de Apoio à Criança com Câncer e Hemopatias) também fez uma promoção com artigos confeccionados pelas voluntárias, visando arrecadar recursos para manutenção da instituição.

No entanto, o bazar do próximo dia 07 de dezembro, que acontecerá das 13 às 19h, na sede do GAACH (Rua Alfeu Cezar Pedroso, 63) tem um diferencial: os artigos foram produzidos pelas mães de crianças portadoras de câncer. Elas confeccionaram as peças sob a supervisão de voluntárias, como Silza Más Rosa e Marineide Colucci Valoes, aprendendo um ofício que lhes garantirá uma renda extra além de ocuparem o tempo com uma atividade de lazer.
 
Marineide ensina crochê
As tardes são animadíssimas na sede da entidade, localizada em frente à Escola Orbe, no bairro Fragata. De maneira criativa, as artesãs criam peças belíssimas que chamam a atenção pelo acabamento primoroso. Silza Más Rosa prepara muitas coisas no ateliê que mantém em sua residência, cria receitas de crochê, adquire os materiais e depois leva tudo para o GAACH, onde acompanha o passo a passo e o acabamento das peças.

CABEÇA OCUPADA

Para as mulheres que passam longas temporadas acompanhando os filhos em tratamento, a oficina de artesanato é mais do que terapia. E não importa se elas têm alguma habilidade ou nunca tiveram contato com o artesanato: todas conseguem produzir coisas lindas e muitas avançaram e hoje já aceitam encomendas com que reforçam o orçamento familiar.

A assistente administrativa Virgínia Ferreira de Holanda deixou a Capital, em 2010, para acompanhar o tratamento da filha de um ano e meio de idade. Portadora de leucemia, a menina exige muita atenção da mãe que precisou deixar a profissão. Para ela, os trabalhos manuais chegaram em boa hora: “É um momento de esquecer a rotina e por alguns momentos esquecer que temos um filho com problema”.
Acabazmento caprichado em todas as peças
Na última terça-feira, o grupo estava confeccionando bolas de decoração para árvores e arranjos natalinos que estarão à venda no dia 07. Entre as artesãs, uma jovem usando a camiseta do GAACH chamava a atenção pelo bom humor e alto astral: aos 21 anos, Aline Lima Soares Bezerra é solteira e não tem filhos. Ela é paciente, faz tratamento desde os 06 anos, e freqüenta a entidade como uma segunda casa.
Enfeites natalinos estarão à venda

Muito à vontade no ambiente, Aline aprendia a fazer os laços de arremate das bolas forradas com tecido em formato de Patchwork. “Como ela, muitas chegaram aqui sem saber nem pregar um botão”, contou Silza, arrancando gargalhadas da jovem. A coordenadora da oficina comentou que “quanto menos souberem, melhor, porque chegam sem vícios e a gente pode ensinar direitinho”.
 
(Esq) Silza coordena as aulas
A voluntária Marineide Colucci Valoes, há muitos anos no GAACH, ensinava crochê às mães que estão criando belas peças originais. Cada trabalho leva uma etiqueta da entidade e no verso a identificação da autora. Dessa forma, a renda dos produtos do bazar será destinada integralmente às mães representando um reforço financeiro importante nesta época do ano.

As peças podem ser encontradas a partir de 10 reais, com muitas opções de artigos de decoração, enxoval, tapetes, toalhas etc. Além da beleza e capricho dos trabalhos, quem adquirir os artesanatos contribuirá com as famílias de crianças portadoras de câncer levando a solidariedade embalada para presente!

                     TORTAS E PÃES
Tapete de barbante original
Paralelamente ao bazar de Natal das mães, o GAACH continua com a venda do bazar permanente da entidade, além da produção de pães, tortas e outras delícias da cozinha comandada pelas voluntárias. As tortas de frango (22 reais) e de palmito (25 reais) são bem recheadas e pesam cerca de dois quilos. Há ainda pães (caseiro normal e pão de leite Ninho) que custam cinco reais a unidade. Os pedidos são recebidos até quarta-feira e  as entregas são feitas às quintas-feiras, a partir das 14 h. Informações: (14) 34224111. A renda é toda para manutenção da entidade.
 

* Reportagem publicada na edição de 02.12.2012 do Correio Mariliense