domingo, 29 de agosto de 2010

Cacam: resgate da dignidade de crianças abrigadas

Por Célia Ribeiro

À primeira vista, os brinquedos coloridos do playground e a vasta área verde lembram uma escola bem cuidada, dessas que têm diretoras exigentes quanto à organização e limpeza do ambiente. Avançando alguns passos e observando o interior do prédio muito limpo, com piso novo, mobiliário reforçado e banheiros com bancada de granito, o visitante nota que esta não deve ser uma escola qualquer. E não é mesmo!

O Centro de Apoio à Criança e ao Adolescente de Marília (CACAM), entidade filantrópica, sem fins lucrativos, há 18 anos é o porto seguro para meninos e meninas de zero a 17 anos e 11 meses, que viviam em situação de risco e são resgatadas por determinação judicial, explica o presidente, Hederaldo Benetti.

Brinquedoteca
Casado, pai de um casal de filhos e rotariano, Hederaldo Benetti não disfarça a emoção ao falar sobre a entidade: “Recebemos crianças e adolescentes vítimas de maus tratos, de negligência familiar, de todo tipo de problema e violência. Por isso, digo à nossa equipe de funcionários que, antes de mais nada, devemos tratar todos com muito carinho. Isso é o principal, é o que mais as crianças precisam”.

O Rotary Clube Marília de Dirceu administra o CACAM há vários anos. No entanto, a sociedade, mais uma vez, é a grande parceira da entidade. De pessoas físicas a empresas, a ajuda à instituição sempre chega quando menos os administradores esperam: “É incrível. Sempre que precisamos de alguma coisa aparece alguém para ajudar”, revela o presidente.

Ele explicou que o CACAM possui 23 funcionários, sendo que 22 deles são custeados pela Prefeitura Municipal: assistentes sociais, professoras, enfermeira, técnica de enfermagem, auxiliar de serviços gerais, motorista, merendeiras, vigias, monitores etc. O município arca com as despesas de alimentação, água e energia elétrica.

O CACAM recebe, em média, R$ 3.000,00 por mês de subvenção. Como o custo gira em torno de R$ 7.000,00, a diferença vem da ajuda da comunidade e de empresas, como por exemplo: Tauste Supermercado (Troquinho Solidário), Unimed, Furgoben, Afresp, Galpão Móveis, Delpress, além da Igreja Matriz de São Bento e os clubes de serviço (Rotary) da cidade, entre outros.

Hederaldo Benetti
Hederaldo Benetti afirmou que “toda ajuda é bem-vinda. As pessoas podem doar o que quiserem. Aquilo que não utilizamos no CACAM vendemos em bazares, que chegam a render R$ 3.000,00. O que não for vendido a gente repassa para outras entidades necessitadas”.

Tristes histórias

Nesta semana, o CACAM, que tem capacidade para 40 crianças e adolescentes, estava com 28 internos, sendo cinco bebês. Um deles, recém-nascido. As histórias de dor são inúmeras e emocionam quem visita a entidade. “Aqui, as crianças chegam por ordem judicial e só saem, também, por determinação do juiz. Dependendo do caso, elas voltam para suas famílias ou vão para adoção”, assinalou o presidente.

Hederaldo contou que, exatamente, por lidar com crianças e adolescentes que viviam em situação de risco existe uma preocupação muito grande em oferecer um ambiente acolhedor, confortável e humanizado. Por isso, há pouco tempo, houve a troca de todo o piso, do forro com elevação do telhado, reforma dos banheiros e aquisição de mobiliário resistente.
Dormitório das meninas: enxovais novos

Além disso, os beliches, de boa qualidade, tanto no dormitório feminino quanto no masculino, receberam novos enxovais (lençóis, cobre-leitos, edredons). O berçário possui um anexo com rouparia e farmácia e os bebês recebem atenção especial, sobretudo os recém-nascidos.

A última novidade é a brinquedoteca, que deverá ser inaugurada em breve, onde as crianças têm a oportunidade de interagir e brincar com a ajuda de monitoras. A sala de estudo, por sua vez, está recebendo alguns equipamentos de informática e, futuramente, deverá ter um laboratório: “Quem quiser doar computadores será de grande ajuda”, destacou o presidente.

Playground sustentável

Brinquedos de madeira certificada
Hederaldo Benetti, que é corretor de imóveis e delegado do CRECI, informou que a reforma do playground foi uma grande vitória: “Os brinquedos antigos eram de ferro, enferrujavam com a chuva e poderiam colocar as crianças em risco. Agora, conseguimos substituir tudo por brinquedos de madeira certificada, de reflorestamento, que são muito duráveis e, além de preservar o meio ambiente, são mais seguros”.

Playground mais seguro
As crianças e adolescentes internos não podem ser fotografados. Mas, as imagens desta reportagem podem dar a noção da importância que o CACAM tem no sentido de devolver a dignidade a quem viveu situações que talvez deixem marcas para sempre. “Fazemos tudo com muito amor e dedicação. É o que podemos oferecer a essas crianças”, finalizou Benetti.

Banheiros reformados















Para saber mais, acesse:
http://www.rcmariliadedirceu.org.br/ e clique no link “Entidades Apoiadas”.

Além de Hederaldo Benetti, integram a diretoria do CACAM: Rui Queiroz Padilha, Marcos Antonio Tedesco, Edson Delabio, Eden Gregório Jr., Valdeir Fagundes de Queiroz e Wilson Mattar. A entidade está localizada à Vidal Negreiros, 367, e o telefone é (14) 34331645.

Reportagem publicada no dia 29/08/2.010 no Correio Mariliense.



segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Violência doméstica: a sociedade pode meter a colher, sim.

Por Célia Ribeiro

Dra. Rossana e milhares de arquivos
Com quase 30 anos de experiência, um incrível poder aglutinador e referência quando o assunto é violência doméstica, a delegada titular da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher) de Marília, Drª Rossana Rodrigues Rossini Camacho acredita que somente com a participação da sociedade haverá resultados efetivos na prevenção e no combate à violência contra mulheres, crianças e idosos, de ambos os sexos, no ambiente familiar.

Desde a instalação da DDM na cidade, em 1.987, o perfil das vítimas vem mudando: “Antes, para procurar a delegacia, a mulher precisava estar muito machucada. Hoje, ao menor sinal de violência, de ameaça, ela procura ajuda”, informou a delegada. Neste sentido, vale a máxima de que “em briga de marido e mulher, se mete a colher, sim”, pontuou.

Conforme disse, a cidade é privilegiada por oferecer uma estrutura de atendimento especializado às vítimas de violência doméstica e familiar reconhecida pelo Ministério da Justiça como “Programa Inovador”, na área de Segurança Pública com Cidadania.

Por exemplo: nas amplas instalações da Delegacia da Mulher, localizada à Rua Luiz Pereira Barreto, nº 201 (Jardim Maria Izabel), funciona o Núcleo de Apoio Multidisciplinar (NAM), composto por assistente social (parceria com a Prefeitura), estagiárias do curso de Serviço Social, psicólogos voluntários, estagiários do curso de Psicologia e Unidade Jurídica (em fase de implantação).

Jardins internos da DDM
Além do acolhimento humanizado, o Núcleo dá apoio e orientação às vítimas de violência e seus familiares, encaminhando-os para a rede de serviços de atendimento à mulher em situação de violência (Rede Mulher de Marília).

ECONOMIA

O impacto dos prejuízos que a violência doméstica provoca na economia foi mensurado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Segundo a Dra. Rossana, isso custa 10% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 2,8 bilhões ao País. São despesas com segurança pública, hospitais, medicamentos, faltas ao trabalho, ocorrência de doenças (depressão, hipertensão, estresse, tentativa de suicídio etc), redução da produtividade no trabalho etc.

Por isso, prosseguiu a delegada, a violência doméstica merece ser encarada sob vários aspectos, cabendo à sociedade voltar seus olhos para a problemática que, embora se inicie no ambiente familiar, afeta a todos.

A Drª Rossana Camacho elogiou as ações de instituições e empresas que exercem sua responsabilidade social ao apoiarem a causa. Ela citou a Avon, líder mundial na venda de cosméticos, que dedica amplo espaço em seus folhetos de produtos à questão da violência doméstica e destina renda para projetos da área.

“Depois que a Avon começou a publicar o telefone 180, que atende 24 horas de qualquer orelhão, mesmo sem ficha, onde o atendente orienta as vítimas sobre o serviço de apoio mais próximo, aumentou muito o número de mulheres que nos procuram”, informou. Somente na semana passada, de acordo com a delegada, houve dois casos graves em que as mulheres chegaram à DDM através do telefone 180 divulgado pela Avon.

Ela citou um caso emblemático: “Uma revendedora conseguiu quebrar o ciclo de violência de uma cliente que há 14 anos era mantida em cárcere privado pelo companheiro, que não a deixava sair de casa. A moça perguntou sobre aquele anúncio no folheto e recebeu a explicação sobre o funcionamento do telefone de emergência. A partir daí, ela conseguiu procurar ajuda”, assinalou.

CAPACITAÇÃO

A Drª Rossana afirmou que a comunidade tem apoiado a causa e muitas empresas e instituições de Marília colaboram com a delegacia onde atuam, além dela, que é delegada titular de Prevenção e Interação com a Comunidade, também os delegados Celso Antônio Borlina e Eduardo Cardoso de Melo Tucunduva (operacionais), 05 escrivãs, 04 investigadoras, 01 agente e 01 auxiliar de serviços. São registradas cerca de 2.500 ocorrências que geram mais de 400 inquéritos, por ano.

Brinquedoteca: espaço lúdico para as crianças
Além disso, periodicamente, a DDM promove capacitações sobre violência doméstica para públicos distintos como estudantes de Medicina e Enfermagem da Famema e Unimar, Polícia Militar, Polícia Civil, Secretaria Municipal da Educação (diretoras de escola), profissionais de Recursos Humanos das empresas, lideranças comunitárias etc. Ela espera montar um grupo de jornalistas e radialistas, em breve.

Articulada, a delegada Rossana leva ao pé da letra a missão de interagir com a comunidade e, ano após ano, contribui para fazer de Marília uma referência nacional no combate à violência doméstica.

INSTITUTO AVON
Lirio Cipriani e a ministra, na premiação

O Instituto Avon foi um dos homenageados pela Secretaria Nacional de Política para as Mulheres tendo recebido o prêmio “Boas Práticas na Aplicação, Divulgação ou implementação da Lei Maria da Penha pela Campanha Fale sem Medo – Não à Violência Doméstica”.

A campanha “Fale sem medo” foi lançada no país em 2008 e tem sido instrumento valioso de conscientização da sociedade sobre a necessidade de mudanças de paradigmas culturais e comportamentais para a promoção da paz no ambiente familiar, por meio do exercício do respeito, do diálogo e do conhecimento das causas que promovem estes efeitos, que envolvem principalmente a mulher.

“Esse prêmio é resultado de um trabalho que tem sido feito em conjunto com as mais de 1,1 milhão de revendedoras autônomas Avon. É o engajamento e comprometimento delas em vender os produtos Pulseira, Gargantilha e Anel da Atitude, em levar informações valiosas a outros milhões de mulheres, em divulgar o número 180 e em colocar o tema da violência doméstica em pauta, sem medo, o que torna a nossa campanha algo tão expressivo e forte. Digno de receber esse prêmio”, comemora Lírio Cipriani, diretor executivo do Instituto Avon. "Isto tudo ajuda a mudar a maneira como vemos a questão, ampliando o repertório de como podemos fazer, juntos, para transformar esta triste realidade."

Além da violência doméstica, o Instituto Avon tem atuação destacada em campanhas sobre o câncer de mama. Na região de Marília, patrocinou os programas de prevenção e detecção precoce da doença em Marília (Santa Casa de Misericórdia/Secretaria Municipal da Saúde), Hospital Amaral Carvalho de Jaú, e Santa Casa de Misericórdia de Palmital, com investimentos de mais de meio milhão de reais.

Reportagem veiculada no Jornal Correio Mariliense, edição de 22.08.2010







terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Favela experimenta um novo olhar. Colorido de esperança.

Por Célia Ribeiro

O que prostitutas, travestis e garotos de programa poderiam ensinar a estudantes universitários, numa populosa favela da zona sul de Marília? Não há uma única resposta, mas várias, que vêm sendo dadas, desde a fecundação do embrião que se tornou a Organização Não Governamental (ONG) “Psicologia Social”, há quatro anos.


Cores que transformam

Tudo começou com um trabalho de monografia elaborado pelo então estudante do 4º ano do Curso de Psicologia da Unimar, Rodrigo César Vieira. “A idéia era aproximar a psicologia dos profissionais do sexo porque, embora não seja como 20 anos atrás, a psicologia ainda é muito elitizada”, contou o psicólogo e coordenador da ONG.

Do trabalho de campo, realizado nas conhecidas ruas do centro da cidade e nos postos de combustível às margens das rodovias, a pesquisa chegou à Favela do bairro Tóffoli e agora os voluntários (profissionais de várias áreas) liderados pelo psicólogo, atendem cerca de 80 das 250 famílias do local.

Enxugando gelo


Rodrigo, coordenador

“Quando você vê um escravo apanhando, existem três maneiras de ajudá-lo. A primeira é comprar o escravo e cuidar de cada uma de suas feridas; a segunda maneira é vê-lo apanhando, se sensibilizar, juntar dinheiro e comprá-lo; a terceira opção é realizar um trabalho de articulação política e conseguir uma lei que liberte não só aquele escravo, mas todos os outros”, afirmou o psicólogo.

Com essa metáfora, Rodrigo Vieira explicou que surgiu a idéia da ONG que além dos profissionais voluntários, recebe apoio de igrejas evangélicas, da Unimar, da Cáritas Diocesana, da Casa do Pequeno Cidadão (Unidade III), da Secretaria Municipal da Juventude e militantes do movimento Hip Hop.

Além da pesquisa acadêmica, são realizados atendimentos individuais e em grupo de prostitutas, travestis e garotos de programa, além de suas famílias (principalmente crianças e idosos). Paralelo aos atendimentos, a ONG procura focar na adolescência num trabalho preventivo que quebre o círculo vicioso que leva à prostituição e às drogas. Aos 31 anos, Rodrigo destaca o apoio da esposa, Gisele, voluntária nas atividades com as crianças.

Sede no barraco

Massas geram renda


Destoando das moradias precárias da favela do Tóffoli, o barraco que funciona como sede da ONG é todo colorido. “Existe um mercado imobiliário lá. No começo, pagávamos 60 reais de aluguel”, conta o coordenador que anuncia a expansão do projeto para a favela da Vila Barros, onde moram 600 famílias, aproximadamente.

“Tentamos plantar sementes de consciência. Cada um faz o que quer”, observa Rodrigo ao contar a história de uma adolescente, de 16 anos, que se prostituía desde os 12 anos: “Normalmente, eles usam muita droga para encarar a noite. Essa garota teve um ‘insight’ quando percebeu que sua irmã caçula, de quem gostava muito, estava indo pelo mesmo caminho das drogas e prostituição”.

Segundo ele, a jovem “teve uma conversa com a irmãzinha e, neste momento, conseguiu forças para sair”. Um dos aprendizados, lembra Rodrigo, foi quando a moça disse que não se considerava vítima da sociedade porque poderia ter sido levada àquela situação, mas permanecer nela era sua opção. “Se a pessoa estiver culpando muito a sociedade,culpando muito os outros, vai ter dificuldade para sair”, pontuou.

O trabalho com as crianças e adolescentes está merecendo atenção especial da ONG. Rodrigo contou, com tristeza, que uma menina que se droga e se prostitui, aos 13 anos, chegou a passar pelo projeto quando tinha 9 anos: “É como óleo que vaza entre os dedos. Infelizmente, não conseguimos segurar”, lamentou para, em seguida, assegurar que o público infanto-juvenil é uma das prioridades agora.

Adolescentes, público alvo


Neste sentido,o psicólogo lamentou a falta de instituições locais para recuperação de usuários de álcool e drogas voltadas, principalmente, às meninas.

Geração de renda

“Trabalhar o emocional sem pensar no social é como o avião de uma asa só”. Assim, o coordenador da ONG anunciou uma nova etapa, a geração de renda. Estão começando os trabalhos para produção de sacolas retornáveis (eco bag) com apoio de uma empresária da Grande São Paulo.

Essa é daquelas notícias que tingem de esperança o futuro das comunidades assistidas pela ONG. Colorido como a sede na favela.

Favela, vista por dentro.


Reportagem veiculada na edição de 30/05/2010 do Correio Mariliense.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Quase 1.000 crianças avaliadas

Nos dois primeiros dias de levantamento antropométrico de crianças da Rede Municipal de Ensino, a equipe do Caoim (Centro de Atendimento à Obesidade Infantil de Marília) já mediu e pesou quase 1.000 alunos das EMEFs da cidade.
A coordenadora, Dra. Luciana Pfeifer, deve apresentar os primeiros resultados parciais no fim da próxima semana. É esperar pra ver.
Em 2006, o levantamento com pouco mais de 5.000 crianças apontou 30% dos alunos com obesidade ou sobrepeso.
Vamos acompanhar.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Obesidade Infantil: hipertensão assusta em Marília

Guilherme Ravanelli, fisioterapeuta
Por Célia Ribeiro

A partir desta quarta-feira, dia 11 de agosto, o Caoim (Centro de Atendimento à Obesidade Infantil de Marília), no oeste paulista,  iniciará o mais abrangente levantamento já realizado para identificar casos de sobrepeso e obesidade junto a 10 mil alunos da Rede Municipal de Ensino, na faixa etária de 06 a 10 anos.
A equipe multidisciplinar formada por: cirurgiã-dentista, enfermeira, fisioterapeuta, duas nutricionistas, psicóloga e dois educadores físicos, iniciará os trabalhos pela EMEF “Prof. Olímpio Cruz”, localizada no Jardim Santa Antonieta. No total, 19 escolas serão contempladas pela coleta de dados até o dia 15 de dezembro.
O Caoim é uma unidade da Secretaria Municipal da Saúde que atende crianças e adolescentes, de 07 a 17 anos, com indicadores de sobrepeso e obesidade. Ao iniciar a nova turma, no dia dois de agosto, os profissionais foram surpreendidos pelos dados alarmantes obtidos.
O sinal de alerta foi emitido nesta semana: “O relatório de avaliação da pressão arterial, após teste de esforço, apontou que 36% das 70 crianças e adolescentes matriculados apresentaram alteração dos valores da pressão arterial, sugerindo um quadro hipertensivo (dados baseados na V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial - Sociedade Brasileira de Cardiologia - 2006)”, segundo revelou o fisioterapeuta Guilherme Augusto Ravanelli.
Essa informação representa um aumento de 176% neste indicador em comparação com o primeiro semestre de 2010, quando das 86 crianças que permaneceram até o final do programa, apenas 13% registraram alteração nos valores de pressão arterial.
De acordo com a coordenadora do Caoim, Dra. Luciana Pfeifer, “o diagnóstico conclusivo para a hipertensão só é possível a partir de uma seqüência de exames clínicos e complementares juntamente com acompanhamento médico”.
No entanto, prosseguiu, “os resultados obtidos, sugerindo a hipertensão, nos preocupam muito e devem servir de alerta para os profissionais de saúde, para as autoridades e, também, para a população quanto à gravidade da situação, uma vez que a hipertensão normalmente se apresenta assintomática”.

Crianças são examinadas
FISIOTERAPEUTA

O fisioterapeuta Guilherme Ravanelli explicou que antes de iniciar o programa, todas as crianças e adolescentes realizam o teste de caminhada de esforço de 6 minutos. “Isso é necessário para avaliarmos as condições cardiorrespiratórias visando a liberação ou não para as atividades físicas do programa”, assinalou.
Conforme disse, o grande número de valores alterados surpreendeu e exigiu uma nova abordagem: “Estamos monitorando, semanalmente, todos os participantes. Os casos em que os valores de pressão arterial permanecerem alterados serão contra-referenciados para a Unidade de Saúde de origem a fim de que possam ter o acompanhamento médico necessário”.
Enquanto isso, “estão sendo realizadas atividades mais leves para o grupo dos 36% de modo a garantir sua participação nos circuitos de atividades propostas pelo programa de atendimento à obesidade infanto-juvenil, mantendo-os integrados com os demais”, finalizou o fisioterapeuta.

Atividades físicas fazem parte do programa
Segundo a Dra. Luciana Pfeifer, em 2.006 foi realizado um levantamento antropométrico com 5.313 crianças de 06 a 10 anos na Rede Municipal de Ensino. Na oportunidade, foi detectado que 18% estavam com sobrepeso e 12% apresentavam IMC (Índice de Massa Corporal) equivalente à obesidade.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"Amor de Mãe" resgata meninas na periferia de Marília

Alegria na hora do lanche
Por Célia Ribeiro

O azul tingindo o céu do outono e a imensa área verde remetem ao paraíso. Mas, para dezenas de famílias da conhecida favela “Argolo Ferrão” e outras tantas do Jardim Califórnia, o lugar tem um significado ainda maior. Afinal, na Associação “Amor de Mãe”, elas resgatam sua dignidade e encontram estímulo para reescreverem suas histórias de vida.

Fundada há três anos pela voluntária Marluci da Silva Gripa e coordenada por sua filha, a professora Tammy Regina Gripa, oriundas da Pastoral da Criança da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a associação sem fins lucrativos é mais um bom exemplo do que a solidariedade de cidadãos comuns pode fazer pela comunidade.

Tudo começou quando, ao percorrerem a favela, mãe e filha observaram muitas mulheres sentadas na rua, desocupadas, com muitos filhos passando necessidade. “Aquela situação nos tocou. Pensamos em fazer alguma coisa que pudesse dar abrigo, mas também ensinar as mulheres a conseguirem sua própria renda para viverem com dignidade”, contou a coordenadora, avessa a fotos e publicidade.

Como professora da Escola “Sebastião Mônaco”, outra coisa que chamou a atenção de Tammy foi o grande número de ex-alunas que, aos 12 e 13 anos “pulavam o muro da escola para namorar, deixavam de estudar e agora estão na favela, com muitos filhos”. Hoje, muitas dessas meninas são assistidas pela associação e seus filhos recebidos com todo carinho.

Geração de renda na padaria artesanal
GRANDE COMO CORAÇÃO DE MÃE

É impressionante como a entidade consegue sobreviver e atender mais de 200 pessoas, fornecendo café da manhã, almoço e café da tarde: “Quem estiver por aqui, come com a gente”, assinala a presidente que agradece o apoio do voluntariado, da comunidade e de algumas empresas que colaboram semanalmente. “Graças a Deus, nunca faltou comida”, pontua.

A Associação “Amor de Mãe” funciona com oficina de costura e artesanato, além de uma padaria. As máquinas de costura foram adquiridas com recursos do governo do Estado, através do deputado estadual Vinicius Camarinha que também ajudou na aquisição de alguns equipamentos que completaram a padaria doada pelo Fundo Social de Solidariedade do Município, através da primeira-dama, Fátima Bulgareli.

A Prefeitura de Marília colabora com duas professoras que acompanham as crianças com reforço escolar e supervisão das tarefas, de manhã e à tarde, enquanto as mães trabalham. Também doa alimentos da Cozinha Piloto e trabalhadores para as obras de reforma e ampliação da entidade.

A base da receita da associação é a venda de pães, artesanato, sabão caseiro (feito com óleo doado) e prestação de serviços terceirizados de costura. “Uma malharia nos envia as peças cortadas. Temos as mães que passaram por curso e agora trabalham na confecção. Quanto mais empresas tivermos enviando serviço, mais mães poderemos atender”, informou Tammy, que espera ajuda para ampliar a oficina de costura e garantir mais vagas para ensinar o ofício a outras mães.

As mulheres ganham conforme o volume de peças produzidas, girando em torno de 200 reais por mês. Na padaria e cozinha, há um revezamento entre as mães assistidas de modo que, a cada três meses, uma delas receba um salário mínimo. Além disso, a produção diária de pães (100 unidades de meio quilo) e de fatias húngaras (100 unidades) é distribuída entre as que trabalharam no turno para que possam vender e garantir sua renda. Cada uma consegue entre 200 e 250 reais por mês.

A entidade também possui um salão de beleza. Aos sábados, há prestação de serviço de manicure e pedicure. Durante a semana, quem se interessar pode telefonar (34225525) e agendar um horário.

Nada é perdido na associação e toda doação é bem-vinda. Ao final de cada dia, se tiver frutas ou biscoitos sobrando, as mulheres levam para casa. Do mesmo modo, os alimentos consumidos no almoço são doados às famílias.

Vitória contra o vício
VENCENDO O ÁLCOOL

Mãe de dois filhos, de 9 e 3 anos, a jovem M. é um exemplo de superação. Viciada em álcool desde adolescente, encontrou na costura a força para virar o jogo. “Ela tremia muito por causa da bebida. Mas, tinha um sonho, que era aprender a costurar. Por causa disso, acabou largando a bebida e hoje é uma das nossas melhores galoneiras”, explicou Tammy com visível orgulho.

“Pra mim, a associação é tudo”, falou a tímida M. Enquanto seus filhos freqüentam a aula de música, recebem alimentação, orientação escolar e muito carinho, ela pode trabalhar e ganhar o dinheiro (quase 300 reais) fundamental para o sustento da família. Como as outras mães, ela ainda recebe uma cesta básica por mês.

Caroline de Souza, 21 anos e Jéssica Oliveira, 20 anos, são outras duas ex-alunas da professora Tammy que trabalham na oficina de costura. Mães adolescentes, se esmeram no trabalho que garante as condições de uma vida melhor. “Compro iogurte, fralda, tudo o que meu filho precisa”, comenta Caroline.

A Associação “Amor de Mãe” já foi auxiliada por empresas como Malharia Gláucia, Bradesco, Supermercado Tauste, Supermercado Confiança, Walmart e recursos do Imposto de Renda destinado ao Fundo para a Criança e Adolescente. Foi solicitada uma subvenção à Prefeitura, em 2009, mas ainda não houve retorno.

A entidade recebe recursos do “Troquinho Solidário” do Supermercado Tauste e realizou um jantar da promoção social do Supermercado Confiança. No entanto, precisa de auxílio para construir a nova oficina de costura (materiais de construção).

A comunidade e os empresários podem colaborar doando alimentos ou o que desejarem. Para conhecer, visite a sede à Rua João Francisco Nascimento, 320, próximo ao Condomínio San Remo, no Jardim Califórnia. O telefone é (14) 34225525.

Matéria veiculada no Correio Mariliense em 16.05.2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

DORI gera energia com a casca de amendoim

Por Célia Ribeiro

Marília,  Capital Nacional do Alimento, pode se orgulhar de ser berço de uma empresa que vem se destacando no Brasil e no exterior por suas práticas preservacionistas. Decorridos seis anos desde a criação do Sistema Integrado de Gestão Ambiental (SIGA), a Dori dá um salto ao testar o uso da casca do amendoim, junto com a madeira, nas caldeiras que produzem vapor .

Segundo o diretor de Supply Chain da Dori, Carlos Bodini Barion, “a sustentabilidade tem que ser analisada sob três dimensões: a econômica, a social e a ambiental”. Neste sentido, as ações desenvolvidas na área têm um forte componente genético porque envolvem sua estrutura desde os colaboradores até seus parceiros comerciais, como um DNA da empresa.

A experiência com a casca do amendoim surgiu após a constatação de que, quando não descartado corretamente, o material era decomposto no tempo gerando gases nocivos à camada de ozônio, recorda o executivo.

Então, por que não usar a casca do amendoim como combustível? Carlos Barion explicou que o primeiro passo foi procurar os órgãos responsáveis, como a CETESB que autorizou os estudos. Hoje, com unidades fabris em Marília e em Rolândia/PR, a Dori emprega com sucesso o material que antes seria descartado na natureza, economizando madeira e dando a destinação adequada aos dejetos. Para isso, a indústria possui a chamada licença precária da CETESB.

Carlos Barion
                                                                                                    
FERTIRRIGAÇÃO

De propriedade da Dori, o Sitio Ouro Verde, localizando em Rolândia, é considerado referência em educação ambiental de estudantes das redes municipal e estadual de ensino. Eles realizam visitas monitoradas para observação do reflorestamento com espécies nativas da região, da recuperação da mata ciliar e do projeto de fertirrigação.

Na unidade do Paraná, a Dori conseguiu o ciclo fechado: os resíduos da fábrica são tratados e servem de fertilizantes para a plantação de eucalipto que, por sua vez, alimenta as caldeiras que produzem vapor para cozimento.

RECURSOS HÍDRICOS

A Dori também possui um programa de controle da qualidade da água “cujo objetivo é estabelecer procedimentos e padrões a serem adotados para manter a qualidade e a segurança da água utilizada na produção de alimentos, nos processos de limpeza, desinfecção e para consumo dos colaboradores” destaca a empresa no último Balanço Social.

Entre as práticas estão a água de reuso do desmineralizador (aproveitada em 12 vasos sanitários) e reutilização de água da caldeira, com mais economia.

Junto aos colaboradores, a Dori promove palestras sobre “Conservação do Ambiente de Trabalho” e “Boas Práticas Ambientais”, com o objetivo de sensibilizar seus funcionários para a prática de atitudes ambientalmente corretas.

Baseando-se no conceito dos 3 Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) a indústria realiza a coleta seletiva e estimula seus colaboradores a evitarem o desperdício, economizando água, energia elétrica, papéis, utensílios e matérias-primas. Assim, todo resíduo de madeira gerado nas fábricas também é utilizado como combustível nas caldeiras.

A Dori possui um container para armazenamento de lâmpadas fluorescentes e vapor de mercúrio. Em 2008, foram entregues 4.044 unidades para uma empresa especializada que realiza a descontaminação do material, recuperando o mercúrio e reutilizando-o para fins industriais.

Também são armazenados e comercializados os resíduos de óleos lubrificantes.

QUALIDADE DO AR

De acordo com o último Balanço Social, desde 2005, “com a instalação da nova caldeira movida a cavaco de madeira, em substituição à de combustíveis fósseis, a empresa conseguiu uma significativa redução de gases lançados na atmosfera”. Com a instalação do lavador de gases, em 2006, a CETESB liberou a licença de operação da caldeira, “comprovando a eficiência do sistema de lavador de gases”.

O conjunto de ações ambientalmente corretas colocou a Dori entre os melhores casos de gestão socioambiental do Brasil, ao lado de empresas de classe global como Companhia Vale, AmBev, Basf, Bayer, Bunge, Alcoa, Embraer, Ford, Klabin, Petrobras, Sadia, Siemens, Rede Globo etc.

Mais que adotar a sustentabilidade sob as dimensões econômica, social e ambiental, a Dori quer ser um exemplo para inspirar seus colaboradores, parceiros e a sociedade.


A Dori em números
                                           
Presidida por João Baptista Barion, a Dori produz, por ano, 90.000 toneladas de confeitos, balas, pastilhas de chocolate, pirulitos, gomas, dentre outros; conta com 1.990 colaboradores diretos, comercializa seus produtos em todo o Brasil e exporta para mais de 50 países.

Para saber mais: http://www.dori.com.br/

Matéria veiculada no Correio Mariliense em 06.06.2010

domingo, 1 de agosto de 2010

ONG atrai adolescentes com grafites

Instrutor voluntário
Por Célia Ribeiro

Os movimentos das mãos que sujavam paredes e muros com pichações monocromáticas, revelam cores e manifestam sua arte em um trabalho que vem conquistando espaço e respeito: o grafite. Mais que um modismo, as figuras coloridas são uma opção para arquitetos e decoradores se diferenciarem através de projetos residenciais e comerciais contribuindo, assim, na geração de trabalho e renda para dezenas de adolescentes.

E foi enxergando do outro lado do muro que a ONG (Organização Não Governamental) Unijovem percebeu uma oportunidade de atrair adolescentes, estimulando-os a canalizarem sua criatividade para as manifestações artísticas, em Marília/SP. Como resultado de sete anos de atividades, o grupo, formado em grande parte por voluntários (colaboradores da Unimed de Marília), tem muito para comemorar.

Segundo o coordenador de projetos da ONG, Samuel Augusto da Silva, de 25 anos, o “Unigraff não foi pensado para ajudar os garotos com material para fazerem um ou dois grafites. Resolvemos iniciar um projeto para atender um número maior de grafiteiros, agregando ex-pichadores, grafiteiros experientes ou aqueles que tinham vontade de fazer e não tinham oportunidade”.

O projeto não sai barato: cada grafite custa cerca de 60 reais, incluindo as latas de spray (11 reais por unidade), pincel, látex etc. Mesmo assim, em um ano e meio de trabalho, cerca de 50 jovens já passaram pelas oficinas do Unigraff e estão descobrindo nesta arte uma forma de geração de renda.

“A demanda é grande. Temos diversos pedidos de grafite”, contou empolgado o coordenador. Os interessados têm duas opções: solicitar o trabalho dos jovens atendidos no Unigraff, que freqüentam as oficinas, ou pedir a indicação de um grafiteiro profissional que saiu do projeto e caminha com seus próprios sprays. Neste caso, a ONG indica uma lista de nomes e os clientes em potencial se entendem com os grafiteiros, sem nenhuma intermediação de valores.

FORA DOS TRILHOS

A camiseta, a bermuda e o jeitão descolado escondem os 32 anos do grafiteiro profissional Fabiano Rodrigues Felisbido. Ao contrário de grande parte dos garotos do Unigraff, ele nunca foi pichador. Talentoso, trabalhava sob o sol do meio-dia, no fim de julho, na sede do Centro Cultural Brasil África que ganhou vida nova na zona sul.

Arte no lugar da pichação
Voluntário no Unigraff, e dono de um estúdio de arte, ele serve de inspiração para os garotos que resolveram trocar a pichação por outra forma de se manifestar: “É muito gratificante porque encontro muitos meninos interessados em aprender e que aceitam o desafio de um trabalho tão complexo que exige muita dedicação”, afirmou.

Ele lembrou que “as oficinas reúnem, em grande parte, ex-pichadores”, citando o painel que grafitava como um bom exemplo de que áreas degradadas podem ser revitalizadas quando as formas e as cores se harmonizam. Antes do grafite, as paredes do Centro Cultural Brasil África, no Nova Marília, eram alvo freqüente de pichadores. Hoje, as pessoas passam, se encantam e param para fotografar as figuras coloridas.

Semente que germinou

Samuel, coordenador
A ONG Unijovem de Marília foi criada, há 07 anos, por inspiração do presidente da Confederação das Unimeds do Estado de São Paulo, Dr. Antônio Alberto Felício. Como revela o portal da entidade na internet, ele “buscava o envolvimento do corpo funcional das Unimeds, dos filhos e filhas dos médicos cooperados, em ações educativas voltadas às vulnerabilidades dos jovens”.

Amparado na área de Responsabilidade Social da Unimed Marília, sua mantenedora, a Unijovem estimula o voluntariado corporativo e possui diversos projetos em andamento, como teatro, futsal, dança, grafite e CTU (Centro de Treinamento Unimed).

Diretoria: voluntários da Unimed Marília
Sediado em novas instalações, na Avenida Campinas, 67 (pertinho da Santa Casa), a Unijovem se prepara para conseguir novos apoiadores. Empresas ou entidades interessadas em investir nos projetos educacionais e culturais da ONG podem entrar em contato através do telefone (14) 32218388, ou e-mail: unijovemmarilia@hotmail.com

Para saber mais, acesse: http://www.unijovem.com.br/