domingo, 11 de fevereiro de 2024

SOCIEDADE AMIGOS DO BAR: DEZ ANOS DE DOSES DIÁRIAS DE SOLIDARIEDADE

Por Célia Ribeiro

“Amar a Deus sobre todas as coisas e ao teu próximo como a ti mesmo”: há 10  anos, um grupo formado por pessoas de diferentes classes sociais, nível educacional, profissão e religião, pratica o primeiro e mais importante mandamento cristão. Da inspiração de apenas 15 amigos, durante uma festa de aniversário, brotou a “Associação dos Amigos Solidários de Marília” ou popularmente chamada de “Amigos do Bar”. 

(Esq) Peracini, Milani, Tadau e Albieri
No último dia 07 de fevereiro, a data foi exaustivamente lembrada pelos veículos de comunicação em várias coberturas, através de publicações nas redes sociais e, claro, pelos mais de 50 associados ativos que se orgulham de pertenceram a uma das mais sérias instituições sem fins lucrativos da cidade.

Este blog, que registrou muitas reportagens desde 2014, reuniu o presidente, Tadaumi Tachibana (Tadau), o escritor Mário Milani, além de José Roberto Albieri e José Eduardo Peracini em um bate-papo de mais de três horas, na sede da ONG,  quando recordaram, emocionados, as campanhas e ações que tanto impactaram a vida de milhares de marilienses. 

Alimento a quem tem fome
“Sempre que a gente se reunia, alguém comentava que se a gente tinha dinheiro para beber também podia doar um pouco para ajudar quem precisava”, recordou Tadau, contando que os encontros dos amigos eram animados com horas de conversa regadas à cervejinha estupidamente gelada e petiscos de boteco.

 Mas, foi durante uma comemoração de aniversário de Eraldo Malta Rolin, Paulo Catelli e do promotor aposentado José Juarez Mustafá que este último fez uma lista com 15 nomes que passaram a contribuir, mensalmente, com uma quantia em dinheiro destinada a apoiar obras sociais.

Associados do "Amigos do Bar"
Estava lançada a semente do “Amigos do Bar” que, pouco a pouco, começou a receber novos membros indicados pelos participantes veteranos.

Tadau, Milani e Albieri lembraram que a primeira doação, em abril de 2014, foi de 20 cestas básicas para a ACC (Associação de Combate ao Câncer), seguida de ajuda à Casa do Caminho e ao GACCH (Grupo de Apoio à Criança com Câncer e Hemopatias). Mas, ao frequentarem as entidades, viram suas necessidades projetando ações mais robustas como a reforma de 14 banheiros do abrigo de idosos e, mais tarde, a doação de toda a mobília de 04 quartos do GACCH que abriga crianças em tratamento de saúde e seus acompanhantes.

PROGRESSÃO GEOMÉTRICA

 

Parte do grupo inicial
Apesar da diferença de poder aquisitivo dos membros, o grupo “Amigos do Bar” se notabilizou por não fazer distinção entre seus integrantes: todos são importantes peças na engrenagem que gira com a pontualidade de um relógio suíço na hora de encampar uma causa e trabalhar fundo para atingir os resultados esperados.

Como consequência, a credibilidade do grupo se consolidou de tal maneira que transformou a entidade em referência de organização e seriedade. Assim, como um grande imã atraindo gente de bem, os seus integrantes passaram a sonhar alto contribuindo com praticamente todas as instituições beneficentes de Marília.

Um exemplo foi a campanha “Amor no carrinho”: os clientes dos supermercados participantes doavam algum produto das suas compras ao carrinho na entrada dos estabelecimentos e, de pouco em pouco, conseguiram a proeza de chegar a 4,5 toneladas de produtos na primeira edição. Já, na quarta edição, foram 12 toneladas coletadas, separadas e entregues a 17 instituições entre asilos, hospitais, entidades de atendimento a crianças etc. 

Peracini e as cestas para entrega nos bairros
“Teve gente que até chorou quando estava contando a quantidade. Ninguém fez o que nós fizemos: 8 horas da noite do sábado, a gente encerrava a campanha e separava tudo no mesmo dia. Dezenas de variedades de produto, tudo contabilizado em peso e  quantidade. Além disso, separamos por entidade e marcamos a hora para cada uma ir retirar”, contou Tadau.

PANDEMIA

Após estes resultados expressivos, um fato impactante colocou  a “Associação Amigos do Bar” sob os holofotes: durante a pandemia do Covid, a atuação do grupo não só ajudou a salvar vidas, com a aquisição de 02 respiradores doados ao Hospital de Clínicas e milhares de máscaras e aventais para os profissionais de saúde, como matou a fome de famílias cujos trabalhadores perderam o emprego de uma hora para a outra.

 

Cartilha informativa
“Podemos separar a história do ‘Amigos do Bar’ em antes, durante e após o Covid”, observou Albieri. Ele recordou que o poder de mobilização da entidade foi de tal magnitude que faltava espaço para estocar as doações. Ainda sem sede, em 2019, uma doação de 22 mil fraldas ocupou quase todos os cômodos da residência do Tadau que precisou deixar o carro da família na rua.

As doações de leite também chamaram a atenção, chegando em grande quantidade: “Eu fazia o pedido nos grupos de WhatsApp de manhã e quando chegava de tarde já tinha chegado. Muitas doações foram de doadores anônimos, gente que não conheço”, lembrou o presidente.

A informação, como arma poderosa  no combate ao Covid, foi utilizada na promoção de palestras e na confecção e distribuição de uma cartilha com tudo o que a população precisava saber para prevenir a doença, tornando o “Amigos do Bar” ainda mais conhecido e reverenciado. Naquela época, clubes de serviço e outras organizações utilizaram a expertise do grupo para fazerem chegar suas doações a quem precisava.

E foi assim que José Eduardo Peracini chegou à entidade: “Fizemos uma campanha na Toca da Mina e arrecadamos dinheiro para comprar 150 cestas”, lembrou. Na hora doar, o “Amigos do Bar” era a saída certeira para que os alimentos chegassem às famílias mais necessitadas: “Conheci o pessoal e nunca mais saí”, revelou.

Doação de material escolar
Milani afirmou que “uma das coisas maravilhosas que acontece no nosso grupo é que quando você apresenta um colega seu, imediatamente, ele quer participar como sócio doador. Faz cadastro e contribui mensalmente. As pessoas que estão chegando ficam encantadas com a organização e a referência através dos nomes que temos aqui. Toda classificação social temos aqui o que é muito importante para o nosso grupo”.

Conhecido como “Pera”, ele não escondeu a emoção ao recordar as vezes em que lotou o porta-malas do carro com alimentos entregues aos bairros mais distantes: “Cheguei a rodar 550 quilômetros dentro de Marília. Certa vez, quando parei para fazer a entrega, uma mãe pegou o leite e saiu correndo preparar para o filho. A criança estava com fome e não podia esperar mais”.

Neste momento, os quatro fizeram uma pausa e começaram a citar muitas situações em que a dura realidade de famílias com crianças e idosos fez com que redobrassem os esforços nas campanhas de combate à fome. “Covid mata. A fome também”, era o slogan da campanha.

 NOVOS DESAFIOS

Até 2019, “a gente não tinha nem uma caneta”, contou Tadau, explicando que a sede na Rua Rio Grande do Sul, 234, trouxe um novo fôlego. Graças ao José Geraldo Albieri, o Gê, o imóvel localizado na região central foi cedido ao grupo gratuitamente. O local se tornou ponto de arrecadação e distribuição de remédios, alimentos, fraldas, material escolar etc. Se há uma necessidade, o grupo trata de supri-la. 

O empresário e esposa no lançamento da Amapon

No ano em que completa a primeira década de fundação, a “Sociedade Amigos do Bar”, como cunhou o escritor Mário Milani no livro que escreveu sobre o grupo, se prepara para um novo salto com a criação da Amapon (Associação Mariliense de Apoio ao Paciente Oncológico). A Casa de Apoio está sendo construída próxima ao Hospital de Clínicas com previsão de inauguração em junho de 2024.

O empresário Luiz Antônio Duarte Ferreira, irmão do médico e integrante do grupo, João Carlos Ferreira, tinha o sonho de criar um local para abrigar os portadores de câncer que vinham de fora para tratamento em Marília. Ao conhecer o “Amigos do Bar” ele vislumbrou a materialização do seu projeto porque se tem uma coisa a fazer, esses voluntários fazem acontecer. 

A Amapon deve ser concluída até julho

Com a doação do terreno pelo empresário e o lançamento da pedra fundamental em 25 de novembro de 2023, o sonho começou a ganhar os primeiros contornos: “Um doador pediu a planta da sede da Amapon e disse que doará toda a parte elétrica. Não sei quem é. Ele fez uma reunião e mediu quanto vai de fio. Ninguém tem mais credibilidade do que nós. Sem pedir estamos ganhando”, pontuou Tadau.

Com a expectativa de inaugurar a casa de apoio no primeiro semestre deste ano, os incansáveis associados do “Amigos do Bar” têm muito trabalho pela frente. Afinal, serão necessárias muitas doses de solidariedade para que Marília possa contar com uma importante estrutura de acolhimento a quem luta pela vida, um dia de cada vez.

Saiba mais sobre esse projeto AQUI.

Confira as ações do grupo nas redes sociais: https://www.instagram.com/amigosdobar_oficial/ 


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