Por Célia Ribeiro
Bonito, exuberante e altamente venenoso: o peixe-leão é o terror dos mares porque, sem um predador à altura, consegue se reproduzir rapidamente ameaçando outras espécies marinhas. E foi justamente esse ser intrigante que um grupo de alunos do Colégio Sagrado Coração de Jesus de Marília elegeu como ponto de partida para o trabalho que venceu a etapa regional do Torneio Brasileiro de Robótica (TBR), garantindo a classificação para a etapa nacional, que acontecerá em dezembro, no Rio de Janeiro.
Na faixa etária de 09 a 11 anos, Felipe Beraldo, Maria Vitória Ribeiro Martin, Gabriel Macedo Rocco, Elisabeth Miyahira Matsumura, João Pedro de Carvalho Siqueira, Luis Henrique Mendes Carvalho, Miguel Vicente Sant’Ana de Oliveira, Lucas Alves queda e Cauê Cavalcanti do Carmo Lima, representam três turmas de 4º ano e três turmas de 5º ano que estão trabalhando duro para a competição nacional marcada para os dias 10 e 11 de dezembro na capital fluminense.
Grupo de alunos e a coordenadora Jecimara |
Segundo a coordenadora de Ensino Fundamental Anos Iniciais, Jecimara Vieira, o Colégio inscreveu os alunos, na categoria Kids2, a convite da empresa Zoom, que fornece o material didático utilizado nas aulas de Educação Tecnológica. Após uma seleção entre seis turmas, os nove estudantes, com o respaldo dos professores e da direção do Colégio, se dedicaram a pesquisar temas da ODS14 (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU) sobre vida abaixo d’água.
Ao centro, João Pedro e o protótipo de robô |
“Eles tinham que identificar um problema e propor uma solução”, explicou a coordenadora, assinalando que foram muitas semanas de estudo em que levantaram uma grande quantidade de subsídios. Conforme disse, um dos alunos, João Pedro, propôs encontrar um meio de minimizar o impacto do peixe-leão que habita os oceanos, sendo encontrado em regiões de Fernando de Noronha, por exemplo.
Desafio: programação para apresentar o trabalho
Daí surgiu a ideia de um peixe-robô, como um drone marinho, capaz de capturar os peixes dando-lhes uma destinação sustentável: a carne para consumo, os ossos e espinhas para produção de artesanato e o veneno para pesquisa de vacinas. Além disso, a proposta previu a remuneração dos pescadores impactados na sua renda pela redução da oferta de pescados da cadeia alimentar do peixe-leão.
PROGRAMAÇÃO
Maria Vitória e Gabriel |
Na tarde da última terça-feira, a reportagem do JM conheceu o grupo na sala de pesquisa do Colégio Sagrado. Eufóricos, os alunos tentavam explicar, ao mesmo tempo, os maiores desafios. Orgulhosos, eles se surpreenderam por vencerem a etapa regional do Torneio Brasileiro de Robótica realizado no dia 22 de outubro na unidade II do Colégio Criativo, em Marília.
“A parte mais difícil foi a programação”, afirmou Gabriel Rocco, colocando o robô para funcionar percorrendo o tapete colorido cheio de obstáculos. Ao toque no comando do notebook, em que os alunos escreveram os códigos para a movimentação do protótipo, o experimento cumpria o trajeto para alegria geral.
Peixe-leão em imagem da National Geographic |
Para auxiliar o grupo, também foram realizadas entrevistas com especialistas. Um biólogo, por exemplo, se reuniu com os alunos e lançou alguns questionamentos que foram trabalhados, posteriormente, pelos jovens pesquisadores.
Comando no mouse para o protótipo entrar em ação |
Segurando um protótipo do peixe robô construído com garrafa PET, João Pedro explicou como a proposta do experimento se encaixava no tema do TBR: “A ideia é usar um peixe, do tipo drone aquático que serve para limpeza do mar, com adaptador para reconhecimento facial capaz de identificar o peixe-leão, e com sua garra pegaria o peixe, colocaria no cesto e levaria até a superfície”.
Alunos venceram a fase regional no Colégio Criativo |
Ao seu lado, os colegas realizavam alguns ajustes e treinavam, exaustivamente, para a apresentação no Rio de Janeiro em que estarão acompanhados pelos pais e alguns professores: “Tudo tem que ser perfeito. Teremos só dois minutos”, assinalou a coordenadora Jecimara. Por sua vez, Maria Vitória acrescentou com semblante concentrado: “Estamos aprimorando a programação porque o risco é grande: errou uma manobra, errou todas”, pontuou.
Independentemente do resultado da final do Torneio Brasileiro de Robótica, os nove pequenos pesquisadores de Marília, por demonstrarem organização, senso crítico, criatividade e dedicação à pesquisa, já merecem nota 10.
*Reportagem publicada na edição de 27/11/2022 do Jornal da Manhã