A natureza é sábia: onde tem pássaros, animais, insetos e plantas, há vida. E quando a natureza é cuidada com respeito ela devolve a atenção mantendo o equilíbrio do meio-ambiente. Um exemplo se observa na residência do ambientalista Antônio Luiz Carvalho Leme em um condomínio fechado, na zona oeste de Marília. Lá, ele pratica o que defende dando a correta destinação aos resíduos sólidos, através da compostagem, obtendo adubo orgânico utilizado na horta, pomar e orquidário da família.
Leme explica como é simples o processo |
Legumes, frutas, verduras e pó de café |
Segundo o site www.ecycle.com.br, “compostagem é o processo biológico de valorização da matéria orgânica, seja ela de origem urbana, doméstica, industrial, agrícola ou florestal, e pode ser considerada como um tipo de reciclagem do lixo orgânico. Trata-se de um processo natural em que os microorganismos, como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação da matéria orgânica, transformando-a em húmus, um material muito rico em nutrientes e fértil”.
Restos de podas de plantas e árvores estão se decompondo no terreno |
Assista o vídeo abaixo:
Ao contrário do que se pensa, a composteira não tem cheiro. O chorume, líquido que desce até a última caixa e é recolhido através da torneira instalada no local, também é utilizado na pulverização das plantas (uma parte de chorume diluída em 10 partes de água). Além de frutas, legumes e verduras, podem ser utilizados sobras de podas de árvores e jardins, saquinhos de chá e casca de ovo. Proibidos estão: carnes, gorduras, papel higiênico, fraldas descartáveis etc.
Na casa do ambientalista, há dois baldes na pia da cozinha: um recebe materiais que irão para a composteira e outro para os demais resíduos, incluindo-se cascas de frutas cítricas (abacaxi e laranja) que são descartados junto com o lixo doméstico porque não são bem aceitos pelas minhocas. Quem cuida disso também se beneficia com o resultado da compostagem: a esposa, Shirlei Schorr, tem verdadeira paixão pelas plantas e mantém um bem cuidado orquidário onde cultiva belas espécies graças ao adubo orgânico que sai do seu quintal.
As plantas e flores estão sempre vistosas no quintal |
Antes da composteira ao lado do canil, a degradação dos resíduos sólidos era feita de outras duas maneiras na propriedade: Shirlei até hoje mantém enterrados sobras de legumes, verduras e frutas com pó de café em uma pequena área onde micro-organismos decompõem a matéria orgânica gerando o adubo natural.
Baldes de plástico com tampas também podem ser usados |
Na parte superior do terreno, onde está sendo formada uma horta de fitoterápicos, existe um local coberto por restos de podas de árvores e plantas em que ocorre outro processo de compostagem que leva algum tempo, mas com os mesmos resultados. Nos três tipos de compostagem, quando o processo se encerra os resíduos são aproveitados para se devolver nutrientes às plantas e flores de maneira natural e sem custos.
Existem vários modelos de composteira no mercado |
Leme afirmou que a compostagem doméstica deve ser estimulada, mas pouco adiantará se o poder público não tiver uma solução definitiva para a correta destinação dos resíduos sólidos. Conforme disse, “do lixo coletado nas cidades, cerca de 50 por cento são lixo orgânico, 30 por cento reciclável e só 17 a 20 por cento teriam que ir para os aterros”. Dessa forma, destacou a “necessidade de adoção de políticas públicas adequadas contemplando não só a coleta seletiva como a compostagem do lixo orgânico”.
Gustavo, Leme e Suzana |
As minhocas são grandes aliadas |
Neste sentido, prosseguiu: “É importante que as pessoas façam em casa, mas que as prefeituras resolvam o problema do orgânico, sem pensar só no reciclável, porque está muito sério e a gente não vê uma solução imediata que seria atender à Política Nacional de Resíduos Sólidos. Temos uma lei, existem diretrizes e a compostagem é super incentivada por esta lei”.
Chorume: líquido diluído em 10 partes de água vai direto para as plantas |
ABELHAS
Em meio às flores, plantas, legumes e verduras da horta, a propriedade tem novos hóspedes há algum tempo: são abelhas sem ferrão atraídas por um sistema utilizado por Leme e seu filho. Além de produzirem mel, elas atuam na polinização das plantas contribuindo para o equilíbrio ambiental.
No Orquidário de Shirlei as flores têm cuidado especial |
"Casinha" para atrair abelhas. No interior, mel e própolis. |
E para completar, atualmente estão investindo e aprendendo a técnica do Bokashi, microorganismos eficientes a partir do uso da “Serapilheira” que consiste na camada formada por acúmulo de material orgânico vivo. Em um recipiente, colocam arroz cozido coberto com restos de folhas e gravetos de árvore da mata nativa ao lado da propriedade, no próprio condomínio.
Serapilheira: devolvendo vida à terra |
Shirlei e suas orquídeas |