domingo, 7 de janeiro de 2018

ARVORE DA CIDADANIA: ONG CULTIVA VOLUNTARIADO EM 20 PROJETOS SOCIAIS

Por Célia Ribeiro

Suas raízes rasgaram a terra desviando de rochas e obstáculos para formarem uma base resistente capaz de sustentar a copa e os numerosos galhos. Os frutos, por sua vez, geraram sementes que em contato com a mãe terra brotaram reiniciando o ciclo da vida. Esta é a “Árvore da Cidadania”, uma ONG (Organização Não Governamental) responsável por 20 projetos sociais desenvolvidos por 160 voluntários nos municípios de Pompéia (sede da instituição) e Marília.
Projeto Octo: polvinhos de lã doados aos bebês prematuros em UTI neonatal
Para conhecer o genoma desta árvore, é preciso voltar 10 anos no tempo. Ela brotou no terreno fértil da Jacto, um dos maiores grupos empresarias do País. Em dezembro de 2008, foi realizada uma campanha para convidar os colaboradores da fábrica de máquinas agrícolas a participarem de um programa de voluntariado.

Entre os colaboradores estava o engenheiro Márcio Liberato que abraçou a ideia, junto com um grupo de profissionais, e que atualmente dedicam seu tempo à ONG instalada na sede do Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura. Entre tantos diferenciais da instituição, chama a atenção o fato de não haver uma hierarquia engessada. Não há diretoria, apenas líderes dos projetos, e Márcio faz questão de se colocar como “voluntário, apenas voluntário”.
Comemoração do Dia Internacional do Voluntariado em dezembro de 2017
CONEXÃO

Segundo Márcio Liberato, “a Árvore da Cidadania está organizada em áreas sociais: saúde, educação, assistência social, tecnologia, artes, cidadania e geração de renda, onde cada área tem seus projetos, cada um com seu líder e seus voluntários. "A gente acompanha para ver as necessidades, para dar a condição de sustentabilidade e seguir em frente”, assinalou.

Conforme disse, “na educação, estamos reformando uma escola, temos cursinho pré-vestibular para jovens carentes; temos aula de alfabetização para adultos etc. É bem eclético e de acordo com a disponibilidade dos voluntários. A gente não cria demandas, apenas apoia”.
Projeto "Um Jacto de Amor" doou quase 2 mil litros de leite materno
No site www.arvoredacidadania.org.br e nas redes sociais estão informações detalhadas sobre as atividades da ONG. O engenheiro explicou que “a Árvore da Cidadania tem como missão incentivar e apoiar o voluntariado de forma organizada e responsável. A gente entende que para chegar na ponta e alcançar o maior número de pessoas possível a gente tem que estar nos canais que essas pessoas acessam”.

Por isso, foi natural o caminho até encontrar um voluntário para desenvolver um aplicativo para celular em que os interessados acessam os projetos e informam-se sobre cada um com suas características podendo manifestar interesse em contribuir com um ou mais trabalhos. O aplicativo para Android está em funcionamento e, nos próximos dias, estará disponível para o Sistema iOS (iPhone) também.
Antonio Bezerra, Madalena Abdo (Amigos do COM) e Márcio Liberato
PROJETOS

“Somos semente de uma árvore que cresce a cada dia e que possamos semear mais, fazendo nosso mundo cada vez melhor”. Com essa apresentação a ONG deixa claro seu objetivo: fomentar o voluntariado de maneira sustentável. E um dos projetos mais longevos, nascido em 2008, contribuiu para salvar milhares de vidas de bebês prematuros: através da coleta de leite humano enviado ao Banco de Leite de Marília, já foram captados quase 2 mil litros, desde 2008. É o projeto “Um Jacto de Amor”.

Há outros projetos voltados à saúde, como “Um Parto de Amor” que desde 2017 atua na melhoria da qualidade do parto e nascimento dos bebês; o “Projeto Cuidar”(2017) voltado à assistência psicossocial aos profissionais que trabalham em regime de estresse; a “Oficina Atelier de Bordado” (2009) que ensina artes manuais para que se perpetuem algumas técnicas em vias de desaparecimento; “Projeto Aconchego” (2008) de confecção de mantas de crochê para doações no período do inverno; a “Oficina de Crochê” (2016) que ensina crochê para crianças matriculadas no Colégio das Irmãs (Pompeia); o “Projeto Octo” (2017) confecção de polvos de crochê para bebês prematuros em UTIs neonatais; “Nossa Biblioteca” (2008) com a disponibilização de livros doados na Biblioteca do Clube da Jacto; a “Oficina de Leitura” (2009) que tem atividades de leitura e contação de estórias para crianças no Colégio das Irmãs; “Projeto Árvore do Saber” (2017) que é um cursinho preparatório para o vestibular para jovens carentes; o “Projeto Caminho Suave” (2017) de alfabetização de adultos; “Família 17” que atua na reforma de salas de aula da Escola Estadual 17 de Setembro com a participação de alunos, pais e professores; “Campanha do lacre” (2010) que coleta lacres de alumínio de latinhas para reciclagem e aquisição de cadeiras de roda; “Projeto Visão 2038” (2017) é focado no  planejamento estratégico para o município de Pompéia no ano 2038; “Projeto Amor Exigente” (2015) que dá apoio e suporte em condições familiares a dependentes químicos; “Projeto Tartania” (2017) com desenvolvimento de atividades lúdicas para educação e combate ao abuso infantil; “Equoterapia Cavalgar Esperança” (2011) através de atividades de equoterapia aos participantes da APAE de Pompeia e “Viva mais” (2017) que é a campanha municipal de proteção e apoio a crianças e adolescentes.
Oficina de leitura: obras à disposição das crianças
MOTIVAÇÃO

“O Programa de Voluntariado Árvore da Cidadania nasceu em 2008 dentro da Jacto, mas, em função da significância que ele tem para a comunidade, hoje atua dentro do Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura, com a participação aberta a toda comunidade”, explicou Márcio Liberato.

Ele informou que dos 160 voluntários, 20 são de Marília: “Temos trabalhado com a Associação Anjos Guerreiros, instituída em 2016, em Marília. Fizemos um trabalho de reestruturação em conjunto com a AAG, focado no planejamento estratégico da instituição, buscando melhorar a organização para encarar a sua missão, que é orientar as famílias e dar voz às pessoas com deficiência”. A Associação Anjos Guerreiros está recebendo novos voluntários. Contatos através do telefone (14) 99613-4411, em Marília.
Projeto Aconchego: trabalhos manuais executados por voluntários
De férias do trabalho, ele concedeu a entrevista brincando que “voluntário não tira férias. Quem disse que o coração para de bater enquanto a gente dorme?” Ele falou também com entusiasmo dos resultados alcançados pelos projetos. Um dos mais emocionantes é o “Projeto Octo”: a partir de lãs doadas pela comunidade, voluntárias confeccionam polvinhos de crochê que são entregues aos bebês prematuros na UTI Neonatal do Hospital Materno Infantil de Marília.

“Eles se recuperam mais rápido. Em função da criticidade que estão passando, com o polvinho lá dentro se sentem mais confortáveis, acolhidos, ganham peso mais rápido e saem antes do tempo previsto”, observou o voluntário, acrescentando que o bebê leva o polvinho para casa após a alta. “Estas mesmas voluntárias participam do Projeto Aconchego: confeccionam mantas de lã na época do inverno ou roupinhas de bebês, casaquinhos, sapatinhos e toquinhas para doar às famílias mais carentes”, assinalou.


Com tantas histórias que renderiam um livro, a “Árvore da Cidadania” frutificou no Natal de 2017 com o “Projeto Amor de Irmão”. Vinte e cinco voluntários visitaram a Casa de Passagem na Rua Sargento Ananias, em Marília, em busca das pessoas em situação de rua quando entregaram 60 panetones, adquiridos da campanha “Panetone Solidário” do Tauste, e 70 Bíblias. Ele se emocionou ao relatar a reação das pessoas naquela noite: teve o rapaz que pediu o violão do grupo emprestado e tocou lindamente, teve o encontro de uma família (casal e filha de dois anos) que vivia na rua e recebeu uma ajuda especial.

O grupo procurou a família no dia seguinte, conseguiu emprego na construção civil para o pai e dinheiro para manter os três em um hotel modesto até que ele tivesse renda para se reerguer. Essa, na opinião dos voluntários da ONG, foi a demonstração do verdadeiro espírito de Natal.

DESAFIOS

Com tantos planos, a “Árvore da Cidadania” espera semear a solidariedade onde for possível. A meta é conquistar mais 200 voluntários em 2018, embora Márcio Liberato sonhe mais alto. Para ele, o melhor dos mundos seria ter um voluntário em cada família, atuando em prol da comunidade.

Ele destaca a importância do engajamento de todos: “A gente acredita muito nisso, que a transformação da comunidade só se consegue com engajamento de pessoas, do poder público, da iniciativa privada e do terceiro setor. Ninguém cresce sozinho. Esse é um dos valores que a gente tem no Grupo Jacto”.

Para saber mais sobre a “Arvore da Cidadania”, acesse: www.arvoredacidadania.org.br, baixe o aplicativo no celular ou acompanhe os projetos no Facebook. A ONG está sediada no Instituto de Desenvolvimento Familiar Chieko Nishimura, à Avenida Floriano Peixoto, 333 em Pompéia. Telefone para contato, informações e adesão aos projetos : (14) 98200-4080.

*Reportagem publicada na edição de 07.01.2018 do Jornal da Manhã

Fotos: Arquivo Árvore da Cidadania

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